O uso de Aplicativos Educacionais para o melhor Desenvolvimento do ensino de Química

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Santos, G.L. (UFCG) ; Lima, A.M. (UFCG) ; Berto, F.R. (UFCG) ; Pereira, P.K.L. (UFCG) ; Queiroz, L.W.P. (UFCG) ; Lima, J.P. (UFCG) ; Silva, I.S.O. (UFCG) ; Lima, J.O. (UFCG) ; Andrade, V.M. (UFCG) ; Silva, A.S. (EEEFM JOSÉ ROLDERICK DE OLIVEIRA) ; Neto, M.H.L. (UFCG)

Resumo

O seguinte trabalho relata a importância do uso de aplicativos educacionais para o ensino de Química, bem como a criação dessas ferramentas para proporcionarem um melhor conhecimento do conteúdo abordado em sala. Essa investigação ocorreu em uma turma do 9º ano do ensino fundamental em 3 etapas: uma aula mostrando os desafios do ensino de Química e a apresentação de um slide com algumas sugestões de aplicativos. A segunda etapa, dividida em dois momentos: divisão da turma em grupos e a apresentação de sites para a criação de aplicativos, os discentes foram para o laboratório de informática para dar início a criação da sua própria ferramenta. Por fim, foi aplicado um questionário online, o qual mostrou que é possível o uso de aplicativos em sala de aula.

Palavras chaves

Ensino; Tecnologia; Ciência

Introdução

Atualmente, a educação no Brasil vem desenvolvendo grandes dificuldades no ensino. Segundo Meksenas (2002), a educação se desenvolve quando um indivíduo transmite seu conhecimento, mostrando domínio para as outras pessoas, conhecimento de crenças, técnicas e hábitos que um grupo social já desenvolveu, baseado na sua vivência e experiências. Em razão disso, pode se observar que a educação nasce quando um indivíduo sente a necessidade de converter a sua prática cotidiana e passar para o próximo. Tendo em vista essa abordagem, é notório que nos dias atuais a falta de investimento na área da educação vem agravando cada vez mais as dificuldades de ensino e, principalmente, a aprendizagem dos alunos. Isso acontece por vários motivos, dentre eles: baixo salário dos professores, falta de infraestrutura nas escolas e o ensino de baixa qualidade que contribui para o desestímulo dos alunos e até mesmo dos professores. Ensinar tem o propósito de trazer o aprendizado, para isso é necessário que o professor esteja preparado para realizar seu papel. De acordo com Valente (1999), proporcionar um cenário de mudanças em que o professor possa rever a sua forma de expressar e de agir é de grande importância para a aprendizagem. Todavia mesmo com mudanças no cotidiano da escola, as transformações não têm sido significativas, na maioria das vezes acontecem desvinculadas do trabalho docente. A tecnologia está inserida nesse cenário, pois hoje em dia a escola dispõe de ferramentas que possibilitam uma dinâmica em sala de aula. Nesse sentido, o ensino de química também demonstra suas dificuldades, pois hoje essa disciplina é considerada pelos discentes uma matéria chata e de baixa importância, mesmo que a química seja considerada uma ciência central que está presente em nosso cotidiano. Na grande parte das escolas brasileiras o ensino de química é de maneira tradicional, ou seja, dão maior destaque a transmissão de conteúdo, decorar fórmulas, símbolos, nomes, deixando de lado a construção do conhecimento científico dos discentes e não relacionando o conhecimento químico com o cotidiano. Esse fator vem dificultando a aprendizagem, uma vez que os alunos não conseguem compreender o que estão estudando com situações da sua própria vida. (MIRANDA; COSTA, 2007). Com o desenvolvimento dos aparelhos móveis a tecnologia trouxe uma conexão mais estável sem fio, com uma interface digital sensível ao toque (touchscreen), por exemplo, os smartphones e tablets, relacionando diretamente a diferentes possibilidades de aplicativos, que possibilita o acesso fácil à informação e ao modo como utilizamos e relacionamos, assim gerando o conhecimento, trazendo uma mudança que eleva o potencial para alterar a forma de ensinar e aprender. (NICHELE, 2014). Portanto, com o grande avanço tecnológico e a disseminação dos smartphones perceber-se que a facilidade do aprendizado por parte dos estudantes que estão a ingresar no ensino médio poderá melhorar com a utilização de ferramentas digitais voltadas para a área da educação. O uso de aplicativos auxilia no processo de aprendizagem além de contribuir e reforçar conteúdos de maior dificuldade, trazendo um diferencial na forma de abordar métodos educativos formais. Inserir em sala de aula esse recurso é trazer uma tendência, pois, se os professores não recomendarem e utilizarem os alunos poderão encarar métodos de ensino desatualizados, gerando desmotivação e, consequentemente, queda no rendimento escolar. (LIBMAN, HUANG, 2013; FELDT et al. 2011). Devido a essas perspectivas, este projeto procurou investigar como os aplicativos educacionais voltados para área de química podem influenciar o aprendizado dos alunos? Uma vez que a tecnologia está cada vez mais presente em seu cotidiano.

Material e métodos

Este trabalho foi desenvolvido em uma turma com 18 alunos do 9º ano do ensino fundamental da escola José Rolderick de Oliveira situada na cidade de Nova Floresta-PB. O presente trabalho desenvolveu-se em três etapas: a primeira, foi a intervenção com uma aula expositiva, mostrando o desafio do ensino na área de química e, como a busca por novas didáticas podem influenciar na aprendizagem, além disso, também foi discutido o que os discentes achavam do uso de aplicativos na sala de aula e a importância da preparação do professor para usar essas ferramentas em sala, tornando a aula mais interativa. O slide continha um top quatro com sugestões de aplicativos de jogos químicos que contribuem para o aprendizado e incentivam a estudar, dentre eles estavam: Chirality-2, Lab. de Reações, Tabela Periódica, Aminoácido Quiz. Para a segunda etapa, foi realizada a divisão em grupos e a entrega de funções correspondentes a criação do aplicativo da turma, cada grupo ficou com uma função especifica. Essa etapa foi desenvolvida com o intuito de mostrar sites para criação de aplicativos dentre eles estão: fábrica de aplicativos, appsbuilder, good barber e shoutem, appsgeyser. Foi apresentado também “O química em foco”. Este aplicativo foi desenvolvido exclusivamente para essa pesquisa, sendo usado como uma amostra, a fim de motivar os alunos a criarem seus próprios aplicativos, despertando, assim, no discente uma certa curiosidade sobre esses mecanismos. O química em foco é um aplicativo que dispõe de varias categorias com assuntos da disciplina de química como: história da química, a tabela periódica, reações químicas, dentre outros O objetivo do aplicativo é incentivar a aprendizagem pelo erro. A interface do app é bastante chamativa com uma visão futurística, foi mostrado como se jogava o game, que à medida que vai passando o dedo na tela uma imagem aparece e são mostradas quatro opções a respeito da imagem sendo que apenas uma corresponde a imagem correta. A terceira parte se desenvolveu na obtenção de dados, através de um questionário online na turma, cujo objetivo foi obter informações sobre a utilização de smartphones por meio dos estudantes e quais as suas opiniões em relação ao uso de apps na sala de aula. O questionário foi enviado para a turma em forma de link, o total de respondentes foram 18 alunos.

Resultado e discussão

No primeiro momento, o site que chamou mais atenção foi o appsgeyser, o qual foi escolhido pelos discentes para ser trabalhado, houve a apresentação de suas principais finalidades, como por exemplo as templates totalmente gratuitas que possibilitam uma interface dinâmica e diferenciada dos outros sites, o qual foi ultilizado para a criação do “Química em Foco” apresentado na aula (Imagem 1). Foi proposto que trouxessem para a próxima aula um tema já estudado em sala para iniciar a criação de seus próprios apps. No segundo momento, os discentes foram para o laboratório de informática onde ocorreu a orientação para desenvolvimento da ferramenta de acordo com o tema e a template escolhida. Na terceira etapa, foi aplicado um questionário online que continha quatro perguntas fechadas e uma aberta, o principal objetivo das questões era obter o resultado após a aula e a criação do aplicativo. Foi notório que a empolgação dos alunos para iniciar seu próprio aplicativo, o que deixou a aula mais interativa, os jogos proporcionam aos discentes diversas habilidades buscadas pela educação como a comunicação, interação, colaboração e resolução de problemas. Nos jogos digitais, o leitor é um componente do significado do jogo, ele atribui um tipo de liberdade que um leitor de um texto tradicional não tem. (SOUZA e LEITE, 2013). Foi proposto que os mesmos pesquisassem assuntos e imagens voltados para o tema do seu aplicativo, em grupo realizaram a escolha da template da plataforma appsgeyser. O tema abordado pelo grupo foi a tabela periódica pois demonstravam pouco interesse sobre esse conteúdo. Quando questionados sobre o porquê desse tema, alguns responderam se tratar de um tema um pouco complexo e um também chato de ser trabalhado. A template trabalhada foi encontre o par, a qual proporciona a memorização pelo erro. A intenção foi mesclar um jogo de memorização com os elementos da tabela periódica. Por fim, foi desenvolvido “Tabela Periódica” (Imagem 2), um aplicativo elaborado pelos discentes, que proporciona a memorização dos elementos da tabela, cuja idéia era encontrar o par. Levando o aluno a ter um melhor entendimento sobre a abreviação dos elementos, ajudando-os a aprender que os elementos dispõem de uma simbologia de letras, uma maiúscula e uma minúscula, além de possuírem informações adicionais como massa e número atômico. Esse tipo de jogo estimula a atenção dos discentes, além de trabalhar a concentração e a observação. É notório que um simples jogo de memorização pode trazer grandes resultados. O uso de jogos em sala de aula, a fim de solucionar um problema proposto, melhora o aprendizado pelo erro e induz o discente a estudar sua falha. Ao modernizar esses jogos para a forma digital, levar para a sala de aula, só irá melhorar esse estímulo. (KISHIMOTO, 1996). Quando questionados sobre esse método, o qual mescla a tecnologia e a sala de aula, o que na sua visão é estimulador para que você sinta o interesse em estudar Química? 16 alunos responderam que a utilização de apps pode sim ser um estimulador para aumentar o interesse em estudar química. E apenas 2 alunos não tiveram a certeza, quando questionados sobre o porquê do talvez, alguns responderam que não tinham muito conhecimento em informática. Segundo Valente (1999), o uso de recursos tecnológicos proporcionam um cenário de mudanças que acarretam a disseminação do conhecimento e permitem que o aluno se torne mais ativo e participativo. É fundamental para que se tornem construtores do seu conhecimento sendo o professor O facilitador desse processo. Então é evidente que o uso da tecnologia e, principalmente, de aplicativos na educação reflete diretamente no estímulo dos discentes proporcionando mais interesse pelo conteúdo trabalhado em sala pelo docente. Quando interrogados sobre a percepção sobre o auxílio dos aplicativos educacionais para contribuir para o aprendizado, 09 dos alunos responderam que foi “satisfatório” ter o auxílio dos aplicativos educacionais para contribuir em seu aprendizado. E 09 dos alunos corresponde a quantidade que em sua compreensão foi “bom" ter a assistência dessas ferramentas digitais. O uso da tecnologia não deve estar direcionado ao que o discente produz, mas sim como essa ferramenta pode simplificar sua compreensão e a assimilação dos assuntos exposto pelo professor em sala. (VALENTE, 1998). Foi perguntado também depois da intervenção, o que os discentes acham dos professores usarem os aplicativos para auxiliar seu método de ensino, 14 dos discentes responderam que o professor deveria usar os aplicativos para auxiliar no seu método de ensino, tornando a aula mais interativa e dinâmica. E 04 responderam que talvez o professor pudesse usar esse método pois é fundamental um certo controle sobre a ferramenta usada em sala como o celular por exemplo, assim não mudaria o propósito da aula. É fundamental que todos tenham uma certa preparação para o uso das TIC (Tecnologia da Informação e da Comunicação) no método de ensino, a fim de estimular e motivar uma aprendizagem significativa (LEVY, 2001). Essa indecisão não deve interferir ou gerar dificuldades no uso da tecnologia em sala de aula, pois é um recurso extremamente importante na atualidade, uma vez que sofre transformações rápidas e proporciona outras circunstâncias de trabalho para o ensino e a aprendizagem. É de grande importância que haja a busca para o aprender a todo tempo, e está apto a mudanças significativas que a tecnologia oferta. (KENSKI, 1998).

Imagem 2: Aplicativo desenvolvido pelos discentes



Imagem 1: Aula expositiva e a interface do app desenvolvido pelos auto



Conclusões

Com o resultado dessa pesquisa notou-se o interesse dos estudantes em utilizar essas ferramentas, os mesmos acham que esse método auxilia no seu processo de aprendizagem. Tendo em vista isso, o desafio a ser enfrentado é inserir esses métodos de ensino nos demais componentes curriculares e não só em química, pois a difusão do conhecimento abrange o todo e não uma só área específica.

Agradecimentos

UFCG, CAPES, PIBID, E.E.E.F.M José Rolderick de Oliveira

Referências

KENSKI, V. M. "Novas tecnologias, o redimensionamento do espaço e do tempo e os impactos no trabalho docente." 1998. Disponível em: www.ufba.br/prossiga/vani.htm. Acesso em 20/11/2014.
KISHIMOTO, T. M. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez Editora, 1996.
LEVY, P. A. Conexão Planetária: o mercado, o ciberespaço, a consciência. São Paulo: Editora 34, 2001.
LIBMAN, D.; HUANG, L. Chemistry on the Go: Review of Chemistry Apps on Smartphones. Journal of Chemical Education, n. 90, p. 320-325, 2013..
MEKSENAS, Paulo. Sociologia da educação: introdução ao estudo da escola no processo de transformação social. 10 ed. São Paulo: Loyola, 2002.
MIRANDA, D. G. P; COSTA, N. S. Professor de Química: Formação, competências/habilidades e posturas. 2007. Disponível em: <http://www.ufpa.br/eduquim/formdoc.html>Acesso em: 18 de julho de 2018.
NICHELE,A.G.Aplicativos para o ensino e aprendizagem de Química:IFRS-Campus Porto Alegre, aline.nichele@poa.ifrs.edu.br Eliane Schlemmer, UNISINOS, elianes@unisinos.br V.12No 2, dezembro, 2014
SACCOL, A.; SCHLEMMER, E.; BARBOSA, J. M-learning e u-learning: novas perspectivas das aprendizagens móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
VALENTE, J. A. Computadores e conhecimento: repensando educação. Campinas, SP: UNICAMP/NIED, 1998
VALENTE, J. A. Diferentes usos do Computador na Educação. 1999.
VALENTE, J. A. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED, 1999.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. ducação. São Paulo: Cortez Editora, 1996.

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