A Utilização de Jogo Didático como Ferramenta Pedagógica no Ensino de Tabela Periódica
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Henrique de Souza Mendes, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Gemaque de Medeiros, I. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Mendes de Albuquerque, S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; de Sousa Miranda, I. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Mayara Soares Miranda, A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Mendes Reis, (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Santana de Oliveira, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Gomes Silva, S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Neves da Cruz, J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)
Resumo
Este trabalho propôs como tema de estudo a utilização do jogo didático como auxiliar na compreensão da tabela periódica e seus elementos. Nosso objetivo foi melhorar a compreensão dos estudantes sobre a tabela periódica, suas propriedades e elementos químicos, tendo o interesse pelo assunto despertado a partir da contextualização do conteúdo. Para o desenvolvimento desse estudo, foi feita uma revisão bibliográfica para descrever teorias que abordassem o ensino através da ludicidade, de modo que pudessem ser desenvolvidos aspectos teóricos da utilização de jogos. A bibliografia serviu de fundamento para a pesquisa de campo, que teve a finalidade de avaliar o método de ensino adotado e assim contribuir com o processo de ensino-aprendizagem da tabela periódica.
Palavras chaves
Ensino de química; aprendizagem; jogo
Introdução
O ano de 2019 foi eleito pela ONU o Ano Internacional da Tabela Periódica pelo fato deste ano a tabela de Dmitri Ivanovich Mendeleev (1869), está completando 150 anos, essa homenagem se deve a grande importância da Tabela Periódica (TP) para a ciências moderna. A organização periódica é considerado basilar tanto para a ciência Química e sua interpretação quando feita corretamente transforma-se num recurso didático precioso e de grande potencial (LOPES ROMERO; BORIN DA CUNHA, 2018). Segundo Ritter; da Cunha; Stanzani (2017) (RITTER; DA CUNHA; STANZANI, 2017) mesmo com toda essa relevância o estudo de TP, em sala de aula, ainda é desenvolvido desconectado dos princípios fundamentais que a compõem, isto é, não é feito a relação das propriedades periódicas dos elementos com forma organizacional da TP (períodos - linhas horizontais e grupos - colunas verticais). Para Lee et al., (2016) (LEE et al., 2016) essa forma de ministrar as aulas de TP pode passar para o aluno a falsa mensagem que o estudo e aprendizagem desse assunto é centralizado na simples memorização e repetição de nomes, totalmente desvinculados do dia a dia e da sua realidade, assim diminui a motivação do discente para prosseguir o estudo da disciplina Química. O ensino de ciências, em especial o de Química, no Brasil em sua grande maioria, é baseado no sistema tradicional fundamentado na transmissão de informações, em aulas expositivas que ainda tem o livro didático como principal recurso pedagógico. Os conteúdos são vistos de forma repetitiva por meio de exercícios e provas. Os alunos criam aversão a disciplina que é percebido, pois, na maioria dos casos, não demostram entusiasmo e interesse pela aula. Talvez, por não conseguirem visualizar a disciplina como algo útil em sua vida. Ao refletir sobre como se dá o ensino de química na maioria das escolas brasileiras e sobre a sensação de tédio e insatisfação repassadas por grande parte dos alunos, se faz necessário encontrar maneiras de reverter esse cenário. Nesse sentido, os professores têm o desafio de buscar e/ou desenvolver metodologias e estratégias de ensino que sejam ao mesmo tempo, atrativas, motivadoras, acessíveis e que tenham baixo custo de aquisição ou elaboração (MARTÍ-CENTELLES; RUBIO-MAGNIETO, 2014). Uma opção é o uso de jogos educativos como recurso didático no ensino de Química e consequentemente dos tópicos pertinentes à tabela periódica (FRANCO-MARISCAL et al., 2016). No que diz respeito ao ensino de química, estudos bibliográficos, constatam que os jogos têm se mostrado bastante eficientes como auxiliares também no ensino de química. Em grande parte dos trabalhos sobre o tema são retratados resultados positivos, um avanço significativo do aprendizado a partir da utilização dos jogos didáticos. Esse avanço pode ser atribuído ao fato de que a atividade cientifica possui dois importantes aspectos, a comunicação e a argumentação que são fortalecidos pela atividade em grupo. Desse modo, os alunos podem construir hipóteses, analisar dados, observar criticamente os problemas de interesse e implicações da própria Ciência (SOARES, 2016) Neste sentido elaborou-se o jogo “Química em cartas”, que é um jogo de cartas voltado para o ensino da tabela periódica dos elementos a partir da contextualização do tema. O jogo foi pensado e elaborado para suprir a necessidade que os alunos do 1º ano do ensino médio de uma escola Estadual de Cametá-Pa têm ao estudar a tabela periódica. Buscou-se uma forma de introduzir esse conhecimento, que é indispensável quando se trata de estudar Química, de uma maneira mais próxima da realidade dos jovens. Desse modo o presente trabalho tem como objetivo elaborar e testar (no locus da pesquisa) a eficiência de um jogo didático para o ensino de tabela periódica (classificação da tabela, classificação dos elementos e propriedades periódicas) dentro de uma perspectiva de contextualização do conteúdo.
Material e métodos
2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Sondagem inicial A pesquisa foi realizada na Escola Estadual de Ensino Médio Prof.ª Osvaldina Muniz, localizada no município de Cametá-Pa. A proposta foi desenvolvida com uma amostra de três turmas do primeiro ano do ensino médio que denominadas A, B e C. A turma “A” possui quarenta e dois alunos, a turma “B”, quarenta e cinco e a turma “C” possui quarenta alunos. Num total de cento e vinte e sete estudantes. No primeiro contato com os alunos, inicialmente foi realizado um levantamento a respeito das impressões que os mesmos possuíam sobre a Química e sobre o tema Tabela Periódica. As informações da sondagem inicial foram obtidas por meio do questionário 1 (Quadro 1). (Inserir Quadro 1) Quadro 1. Questionário1 de sondagem inicial da pesquisa 2.2 Elaboração do jogo de cartas e aplicação do jogo O jogo de cartas foi pensado e elaborado para suprir a necessidade que os alunos da 1ª série do ensino médio têm em compreender a tabela periódica e os elementos químicos. Foram feitas as seleções das imagens relacionadas com a utilização dos elementos químicos no cotidiano. Para a aplicação do jogo as turmas formam divididas, através de sorteio, em quatro equipes de aproximadamente 10 estudantes. Os jogos tiveram uma duração média de 40 minutos. O professor mediou o jogo de maneira a não deixar que os alunos se distanciassem dos objetivos da atividade. Após a realização a aplicação do jogo houve aplicação do questionário 2 (Quadro 2) para avaliar a eficiência do recurso didático em questão. (Inserir Quadro 2) Quadro 2 – Questionário-2 de avaliação da eficiência do jogo didático construído no ensino de Tabela Periódica.
Resultado e discussão
3.1 Sondagem Inicial
De acordo com a análise dos resultados do primeiro questionário,
aplicado aos alunos no primeiro contato com as turmas, 55,9% eram do sexo
feminino e 44,1% do sexo masculino. Do total dos discente envolvidos com a
pesquisa 53,57% tinham entre quatorze e dezesseis anos de idade, 44,64%
entre dezessete e vinte anos e 1, 79% mais de vinte anos. 78,57% dos alunos
afirmaram gostar de estudar a disciplina de química (questão 3 do Quadro 1)
e 87,49% disseram já ter tido contato com a tabela periódica (questão 4 do
Quadro 1).
Mesmo a maioria dos alunos afirmando gostar de estudar química e grande
parte já ter tido contato com a tabela periódica é contraditório o índice de
alunos que não conhecem a organização da tabela periódica (54%) ou conhecem
apenas de forma insignificante (7%) (questão 5 do quadro 1).
Esses resultados são um indicativo da necessidade da utilização de novos
métodos de ensino que possam fazer com que haja um aprendizado significativo
nas aulas de química.
3.2 Jogo Construído e sua Avaliação como Recurso Didático no Ensino de
Tabela Periódica
O jogo confeccionado é composto de oitenta cartas, sendo que quatro são
cartas bônus que dão privilégios a equipe, um tabuleiro para demarcar a
pontuação, dois pinos e um livreto contendo as regras, no momento da
aplicação será solicitado que os alunos tenham em mãos uma tabela periódica
para consulta.
Neste sentido, após a aplicação do jogo “Química em cartas” fora obtido os
seguintes resultados.
Em resposta a questão 2 (questionário 1), 100% dos alunos responderam
considerar a tabela periódica importante para o estudo da química. Levando
em consideração que antes à aplicação do jogo “Química em cartas” 58% dos
estudantes diziam não saber qual a utilidade dos elementos químicos, O jogo
proporcionou um avanço significativo ao aprendizado da tabela.
A respeito da questão 3 do questionário 1, 92,12% dos estudantes aprenderam
algo que ainda não sabiam a respeito do tema tabela periódica, e que apenas
3,94% não aprenderam nada assim como 3,94% aprenderam ao novo apenas de
forma insignificante.
Ao responder à questão 4, sobre a contribuição do jogo proposto para a
retirada de dúvidas a respeito da tabela periódica, 84,25% dos alunos
tiveram dúvidas esclarecidas. Ou seja, a maioria dos alunos tiveram a
aprendizagem facilitada pelo jogo em questão.
Isso é justificado, pois, a função lúdica de diferentes atividades,
inclusive do jogo, caracteriza conduta livre, prazer, satisfação, expressão
de vontade, exploração, descoberta e divertimento.
Após a aplicação do jogo no ensino de TP o índice de alunos que
reconhecem a importância da química em seu dia a dia, a partir dos elementos
químicos aumentou, indo de 57,14% (na sondagem inicial) para 93%. Segundo
Cunha (2012) um jogo pode localizar-se no planejamento didático do professor
para vários motivos, dentre eles, integrar assuntos e temas de forma
interdisciplinar e contextualizar conhecimentos. Frente a uma melhora
significativa concluiu-se, então que, o Jogo “Química em cartas”
contextualizou o tema de maneira satisfatória, oportunizando o aprendizado.
Quadro 1. Questionário1 de sondagem inicial da pesquisa
Questionário 2 de avaliação da eficiência do jogo didático construído no ensino de Tabela Periódica.
Conclusões
As funções lúdicas e pedagógicas do jogo puderam ser observadas no decorrer da atividade de aplicação, onde esteve explicita a obtenção, reorganização e retenção de conhecimento dos alunos de forma descontraída e prazerosa, tendo sempre as funções em questão bem definidas. Acreditamos que a utilização de jogos didáticos pode se constituir na ruptura do pensamento de que o papel do estudante é o de assimilar conceitos e informações passivamente, sem agir ou interagir com modalidades procedimentais diferenciadas O jogo “química em cartas” proporcionou aos alunos um meio interativo de conhecimento e descobertas que induz ao raciocínio, à reflexão e consequentemente à construção do conhecimento. De acordo com os resultados, analisados e expostos anteriormente, entende-se que os objetivos do trabalho foram alcançados, apesar de a minoria dos alunos não terem apresentado opinião positiva em relação ao jogo “química em cartas”. Ao propor atividades lúdicas em sala de aula deve-se sempre levar em consideração que na escola são encontradas diferentes culturas e classes sociais e que os alunos enquanto indivíduos terão níveis de aprendizado e assimilação diferentes.
Agradecimentos
Referências
FRANCO-MARISCAL, A. J. et al. A Game-Based Approach To Learning the Idea of Chemical Elements and Their Periodic Classification. Journal of Chemical Education, v. 93, n. 7, p. 1173–1190, jul. 2016.
FRANCO-MARISCAL, A. J.; OLIVA-MARTÍNEZ, J. M.; ALMORAIMA GIL, M. L. Students’ Perceptions about the Use of Educational Games as a Tool for Teaching the Periodic Table of Elements at the High School Level. Journal of Chemical Education, v. 92, n. 2, p. 278–285, fev. 2015.
LEE, C.-H. et al. Using a Table Tennis Game, “ Elemental Knock-Out ”, To Increase Students’ Familiarity with Chemical Elements, Symbols, and Atomic Numbers. Journal of Chemical Education, v. 93, n. 10, p. 1744–1748, out. 2016.
LOPES ROMERO, A.; BORIN DA CUNHA, M. Jogos Didáticos Acerca da Tabela Periódica Publicados, no Período de 2010-2017, no Journal Of Chemical Education. Revista Valore, v. 3, p. 690–701, 26 dez. 2018.
MARTÍ-CENTELLES, V.; RUBIO-MAGNIETO, J. ChemMend: A card game to introduce and explore the periodic table while engaging students’ interest. Journal of Chemical Education, v. 91, n. 6, p. 868–871, 10 jun. 2014.
RITTER, O. M. S.; DA CUNHA, M. B.; STANZANI, E. D. L. Discutindo a classificação periódica dos elementos e a elaboração de uma tabela periódica interativa. ACTIO: Docência em Ciências, v. 2, n. 1, p. 359, ago. 2017.
SOARES, M. H. F. B. O lúdico em Química : jogos e atividades aplicados ao ensino de Química.