Experimentação e Educação Ambiental: Construção de saberes científicos voltados para atitudes ecológicas

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Silva, C.C. (UFMA) ; Marques, C.V.V.C.O. (UFMA)

Resumo

Um dos meios considerados mais pertinentes para trabalhar a Alfabetização Científica no ensino de química se enquadra na promoção de atividades experimentais, por despertar efetivo interesse na comunidade escolar, em todos os níveis de escolarização (GIORDAN, 2009). O presente trabalho teve por objetivo implementar uma Sequências Experimental Investigativa para levar os alunos a refletirem sobre a realidade cultural das queimadas, por argumentos próprios das ciências, e para tal, abordamos como metodologia a perspectiva de pesquisa qualitativa para verificação dos argumentos. Os resultados apontaram que os alunos têm conceitos superficiais sobre a questão das queimadas e mostram poucas atitudes ecológicas em relação as diversas situações que ocorrem todos os anos na realidade da cidade.

Palavras chaves

Ensino de Quimica; Experimentação; Queimadas

Introdução

As discussões sobre o ensino de ciências têm sido confrontadas sob a ótica de muitas vertentes interpretativas afim de se marcar meios de aprimoramento e de eficácia das práticas educativas para uma efetiva aprendizagem e alfabetização cientifica. Contudo, o que a literatura da área vem relatando é que a prática docente não vem priorizando ações consistentes que possibilitem aos alunos se apropriarem de linguagem científica para além de memorização e mecanização dos saberes e ao mesmo tempo saberem aplicar nas suas necessidades cotidianas (CARVALHO, 2004). Traduzir, portanto, aos alunos em todas as fases de formação, a importância de conceitos base das ciências vinculados ao contexto social, ao seu cotidiano, a realidade e a cultura é uma das formas mais pertinentes de se trabalhar a autorregulação do ensino e trabalhar a alfabetização científica (BASSO e ABRAHÃO, 2018). Um dos meios mais oportunos de se trabalhar a AC no ensino de ciências se envereda na promoção de atividades experimentais, levando em consideração que a experimentação desperta interesse geral dentre a comunidade escolar, em todos os níveis de escolarização fomentando, dessa forma, interações conjuntas dentro e fora de sala de aula (GIORDAN, 2009). Portanto, considerando meio ambiente como um dos temas de transversalidade fundamental à escola, e que também denota um fator social relevante, buscamos trabalhar a questão das queimadas por apresentar uma ampla visibilidade na cidade, e a partir disso trabalhar informações e conceitos necessários, aliando o trabalho desenvolvido para a pesquisa em função do espaço escolar que contribua para a formação de atitudes, valores e habilidades (BRASIL, 1998). De tal forma, nossa questão de pesquisa se debruça sob a seguinte situação-problema: Como os alunos percebem as queimadas na cidade e quais os conhecimentos químicos usados nesse contexto dentro da escola e na formação cientifica dos alunos?

Material e métodos

As atividades propostas neste trabalho foram conduzidas sob aspectos de uma questão recorrente da cidade de Codó/Maranhão, as queimadas. Por entender que a construção e efetivação de saberes científicos se encontram estritamente vinculados ao alcance da Alfabetização Científica, desenvolvemos uma Sequência Experimental Investigativa, entendida como técnica de ensino que visa introduzir uma sequência de atividades previamente pensadas e estruturadas de acordo com o currículo escolar, engajando os alunos no processo de construção dos saberes científicos, que se fazem contínuos e em constantes mudanças ((SASSERON; CARVALHO, 2008; NASCIMENTO, 2016). De tal forma, as ações desenvolvidas nesta pesquisa formaram-se pelas seguintes etapas: (i) apresentação das ideias sobre as queimadas, seus processos, causas e efeitos; (ii) verificação como os alunos enxergam a prática experimental e quais argumentos utilizam para responder às questões impostas durante todo o percurso da sequência didática; (iii) evidenciar a aproximação dos alunos em relação a atividade experimental, para então desenvolvermos competências e habilidades para que se estabeleça uma relação íntima com a Alfabetização Científica; (iv) estimular a curiosidade dos alunos em relação a prática experimental científica, além da leitura e escrita nesse sentido. A coleta e o tratamento dos dados dessa pesquisa seguiram a abordagem qualitativa, utilizando analiticamente, os conceitos prévios dos alunos, enquanto sujeitos da pesquisa, buscando identificar em seus diálogos as descrições em relação à situação-problema empregada. Partimos do pressuposto de que a mente humana se apropria de informações e conceitos que considera relevante para seu cotidiano a partir das observações que faz do meio ao qual se encontra inserido, podendo assim, ter influência no dia a dia de quem observa (LÜDKE e ANDRÉ, 1986).

Resultado e discussão

Foram aplicados questionários em duas turmas de 6º ano do Ensino Fundamental, e a análise dos dados foi realizada por análise de conteúdo, organizando as unidades de significados extraídas das respostas dos alunos em 4 blocos de discussões, a saber: Bloco I – O QUE PENSA SOBRE QUEIMADAS? Este bloco tem por objetivo traçar um paralelo entre os conhecimentos que os alunos já detinham sobre o assunto abordado e o que obtiveram durante nossas conversas. Para este primeiro bloco, foram construídas três categorias, sendo elas, (i) Agente Poluidor, (ii) Ação Antrópica e (iii) Deletéria. Bloco II – PERCEBENDO OS EFEITOS PROVENIENTES? Neste bloco, buscamos unidades de significados mais diretos sobre como percebem os efeitos que as queimadas podem causar, de forma mais geral, apontando as consequências características das queimadas. O segundo bloco apresenta, assim como o bloco anterior, três categorias, entendidas como (i) Elevação da temperatura; (ii) Desmatamento e (iii) Danosa à saúde. Bloco III – COMO IDENTIFICAM A INCIDÊNCIA DAS QUEIMADAS NA CIDADE? Aqui, buscamos identificar como percebem e identificam a ocorrência dos focos de queimadas na cidade, e também verificar quais fatores colocam como influência para que haja a incidência das queimadas. Este bloco foi disposto em duas categorias, (i) Calor excessivo e (ii) Nuvens de fumaça, característicos por destacar unidades de significados que denotam o clima seco, a baixa umidade, além das fumaças espessas e escuras que deixam os dias mais “turvos” e que são próprios, obviamente, desse período de queimadas na região. BLOCO IV – QUAL RELAÇÃO PODEMOS NOTAR ENTRE AS PRÁTICAS EXPERIMENTAIS PROPOSTAS E REALIDADE LOCAL? Este bloco revela como os alunos enxergam a relação entre o que apresentamos por atividade experimental com o que ocorre constantemente na cidade e arredores. Aqui dispusemos as unidades de significados em 2 categorias, (i) Emissões de gases e (ii) Degradação do meio. Os resultados apontaram que os alunos têm conceitos superficiais sobre a questão das queimadas, baseadas em maior parte em senso comum e mostram poucas atitudes ecológicas em relação as diversas situações que ocorrem todos os anos na realidade da cidade.

Conclusões

Ficou evidente as diversas possibilidades de trabalhar a argumentação dos alunos vinculando atividades práticas como meio que facilite o entendimento de uma ideia previamente estabelecida que desperte inquietações possibilitando-os repensar suas atitudes e práticas cotidianas. Os dados obtidos nos possibilitaram perceber que as descrições dos alunos se caracterizam ainda pautados no senso comum, de forma rasa em ralação ao que se espera por AC. De maneira geral, destaca-se que cada pessoa detém um momento próprio para construir seus conhecimentos, e para que isso ocorra, é importante se agregar novos mecanismos de apresentação de conteúdo bem estruturados e adaptados à realidade de cada aluno.

Agradecimentos

FAPEMA SEDUC/CODÓ

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