A PROBLEMÁTICA DO LIXO NA ALDEIA ASSURINÍ DO TROCARÁ: UMA DISCUSSÃO NAS AULAS DE CIÊNCIAS
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Assuriní, I. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, I.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, K. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, N. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, S.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Diniz, V.W.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
A problemática do lixo se faz presente nas aulas de ciências das grandes cidades e também das aldeias indígenas. Este trabalho teve por objetivo a sensibilização dos graduandos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da aldeia Assuriní do Trocará para que estes possam elaborar ações no intuito de resolver essa problemática. A atividade aconteceu com a coleta dos diversos tipos de lixo jogados por toda a aldeia, em seguida esse material foi levado ao pátio da escola e discutido sobre diversos pontos a respeito do lixo produzido. A atividade se mostrou bastante participativa, com o levantamento de questões pertinentes ao descarte indevido e a sua relação com o surgimento de doenças. Os discentes propuseram atividades futuras para serem desenvolvidas com a comunidade após a atividade.
Palavras chaves
Educação Indígena; Lixo; Ciências
Introdução
Durante o processo escolar indígena vários desafios aparecem, um deles é o de se realizar uma educação que faça o elo entre os saberes culturais e os científicos para que juntos possam contribuir para a melhor visão e compreensão do mundo (SILVA; RAMOS, 2018). Entre os problemas que preocupam as diversas sociedades, encontra-se o lixo, uma vez que a destinação adequada dos resíduos sólidos tem preocupado não só as grandes cidades, mas também as pequenas comunidades. A educação e conscientização ambiental devem ser aplicadas desde muito cedo e a escola é um dos espaços que devem ser aproveitados para essas ações (SOUZA et al, 2013) Durante as aulas de ciências, têm-se a oportunidade de se discutir melhor sobre os problemas e as possíveis soluções para o lixo gerado nas comunidades. O objetivo desse trabalho foi a discussão, conscientização e proposição de ações para se tentar amenizar a problemática do lixo gerado e descartado de forma inadequada na aldeia Assuriní do Trocará. As propostas surgidas após a atividade, poderão melhorar a qualidade de vida da população indígena da aldeia em questão além de servir como base para práticas educativas com as crianças e jovens da escola indígena da comunidade.
Material e métodos
A atividade foi desenvolvida com os alunos da área de Ciências Naturais e Matemática da turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade do Estado do Pará, na aldeia Assuriní do Trocará no município de Tucuruí-PA. Inicialmente foi realizada a leitura e discussão de um artigo que aborda a temática do Lixo (FADINI, FADINI; 2001). Ao longo da discussão sempre se relacionava as situações apontadas no texto com a realidade da comunidade local. Em um segundo momento a área da aldeia foi mapeada e dividida em seis partes e cada aluno foi recolher os diversos tipos de lixo encontrado nessas seis partes. Após a coleta do material o mesmo foi exposto no pátio da escola onde toda a turma socializou suas experiências e realizou o estudo do perfil do lixo recolhido, para saber se era produzido por crianças, donas de casa, trabalhadores ou população em geral. Após a socialização a turma partiu para o quarto momento que foi a proposição de ações, as quais partiram dos próprios indígenas para buscar resolver a situação do lixo jogado ao longo da aldeia.
Resultado e discussão
Durante a discussão do texto muitas situações referentes à ação dos
indígenas foram partilhadas. No momento da coleta das amostras de lixo, os
alunos levaram sacolas plásticas e relataram que o lixo produzido não é tão
diversificado, porém a sua quantidade é muito grande.
Durante a socialização ficou evidente que esse material é produzido por
todos na comunidade, sem distinção clara do perfil de quem o gerou.
Embalagens de bombons, garrafas pet, sacolas de alimentos, embalagens de
salgadinhos e doces, copos descartáveis e papeis foram encontrados em todas
as áreas da aldeia.
No momento de discussão e análise do lixo foi comentado o tempo de
degradação de alguns dos materiais coletados, muitos dos alunos presentes ao
fazerem uma reflexão confessaram que eles mesmo em algum momento jogam lixo
no chão e essa atividade contribuiu para a mudança de atitude. É importante
considerar que a cidadania se exerce também quando os indivíduos participam
na sociedade e efetivam sua participação comunitária (SANTOS, SCHNETZLER,
2003).
Durante a proposição de ações, os graduandos se sensibilizaram com a questão
do lixo e lembraram que a equipe de saúde indígena sempre realiza palestras
educativas e comentam da importância de se manter a aldeia limpa. A turma
manifestou sua preocupação com a questão e se responsabilizou em realizar
ações educativas na escola e na comunidade como um todo.
Palestras para a comunidade juntamente com a equipe de saúde indígena,
palestras para os estudantes do nível fundamental e médio, mutirão de
limpeza da aldeia, tentativa de conseguir com a prefeitura de Tucuruí-PA
coleta de lixo regular na aldeia e incentivo à compostagem dos resíduos
foram as propostas que surgiram ao final da atividade.
Conclusões
A atividade desenvolvida mostrou o interesse dos alunos na problemática que envolve sua aldeia. A tentativa de resolver a situação do lixo ficou evidenciada pelas muitas propostas de ação educativa apresentada pelos discentes. O conhecimento se mostra mais eficiente quando leva à mudança de atitudes e favorece a qualidade de vida da população, trabalhar a temática do lixo é sempre desafiadora e inspiradora para práticas educativas.
Agradecimentos
Referências
FADINI, P. S.; FADINI, A. A. B. Lixo: Desafios e Compromissos. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, Edição Especial, 9-18, 2001.
SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Educação em Química: Compromisso com a Cidadania. Rio Grande do Sul: Unijuí, 3 ed. 2003. 144 p.
SILVA, S. F.; RAMOS, L. S. O. “Toré” e o ensino de geografia as músicas indígenas na etnoeducação Potiguara da Paraíba. Revista Eletrônica da Graduação/Pós-Graduação em Educação UFG/REJ, v 14, n 2, 2018.
SOUZA, G. S.; MACHADO, P. B.; REIS, V. R.; SANTOS, A. S.; DIAS, V. B. Educação Ambiental como Ferramenta para o Manejo de Resíduos Sólidos no Cotidiano Escolar. Revista Brasileira de Educação Ambiental, v 8, n 2, 118-130, 2013