AS CONTRIBUIÇÕES DA EXPERIMENTAÇÃO INVESTIGATIVA PARA O ENSINO DE OXIRREDUÇÃO
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Silva, A.T. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assunção, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Carneiro, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
No ensino de Química, muito se defende a experimentação como prática motivadora para a abordagem de conteúdos teóricos. A prática experimental vem sendo aliada como uma ferramenta facilitadora, visando diminuir a rejeição dos alunos pela disciplina e, principalmente, como alternativa para prender ou atrair a atenção dos alunos. O presente trabalho buscou verificar as contribuições da experimentação investigativa para o ensino de oxirredução, em uma escola no município de Abaetetuba-PA. Utilizou-se como instrumentos para tal pesquisa um questionário contendo 03 questões subjetivas, uma ficha de observação do experimento e outra de Investigação para as hipótese. Como um dos resultados, foi observado que a prática experimental investigativa promoveu uma aprendizagem centrada dos alunos.
Palavras chaves
EXPERIMENTAÇÃO; ENSINO; OXIRREDUÇÃO
Introdução
As disciplinas da aréa das exatas, como a Química, são as mais complicadas na visão dos alunos, pelo fato de trazer em seus conteúdos fórmulas e cálculos, que necessitam de um maior interesse dos estudantes em aprender. Segundo Nunes e Adorni (2010) a aprendizagem de Química deve possibilitar aos alunos a compreensão das transformações químicas, para que ele possa julgá-las com fundamentos teóricos-práticos. No ensino de Química, muito se defende a experimentação como prática motivadora, para a abordagem de conteúdos teóricos. Nesse sentido, a prática experimental vem sendo aliada como uma ferramenta facilitadora, visando diminuir a rejeição dos alunos pela disciplina e principalmente, como alternativa para prender ou atrair a atenção dos alunos para a disciplina. Para Polleti (2011), a realização de práticas experimentais tem grande contribuição no processo de ensino- aprendizagem. A experimentação e dividida em quatro vertentes: Demonstrativa, Ilustrativa, Expositiva e a Investigativa. Todas possuem grandes contribuições para o ensino, das quatro vertentes, a experimentação por investigação é a mais interessante de se trabalhar, pois permite que o aluno construa suas hipóteses, acerca de determinado assunto ou conteúdo, dando a ele, autonomia para a construção do seu próprio conhecimento. Nesse cenário, ao professor cabe o papel de mediador do conhecimento entre aluno e a ciência. Segundo Dominguez e Pereira (2016) a participação do educador como mediador, promove intensas modificações, no que diz respeito à interação, entre professor-aluno e aluno-aluno. Apesar do uso desse tipo de metodologia, seja considerada muita limitada pelo tempo, carga horária, estrutura dos laboratórios ou falta do mesmo e, principalmente, pelo interesse do professor em realizar atividades desta natureza, ainda assim, talvez seja um viés importante para o melhoramento da qualidade do ensino. Deste modo, o presente trabalho analisa as contribuições da experimentação investigativa para o ensino de oxirredução, em uma escola no município de Abaetetuba-PA.
Material e métodos
A pesquisa realizada se instituiu a partir do projeto Residência Pedagógica. A atividade foi realizada com uma turma de 35 alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma Escola Estadual de Educação Básica, localizada no município de Abaetetuba/PA. Os instrumentos de pesquisa utilizados para a construção dos dados foram: Questionário contendo 3 questões subjetivas, uma ficha de observação do experimento e outra ficha de Investigação para as hipóteses. A atividade foi dividida em três momentos. No primeiro teve como intuito analisar os conhecimentos prévios que os alunos tinham sobre conceito de oxirredução e suas aplicações no cotidiano, para isso, foi entregue aos alunos um questionário. No segundo momento foi feito a atividade experimental investigativa. Para a realização da prática utilizou-se, como materiais para o desenvolvimento da prática experimental: maça, suco do fruto da laranja e um comprimido efervescente de ácido ascórbico (Vitamina C). Antes da prática experimental foi entregue uma ficha de observação, para os grupos formados, para que os alunos pudessem escrever suas dúvidas, bem como, suas observações, durante o período da experimentação. No terceiro momento, os grupos receberam a ficha de Investigação, na qual estava apresentada à situação-problema do experimento. Foi disponibilizado, também, um texto de apoio aos grupos, visando a elaboração hipóteses, as quais deveriam ser escritas na Ficha Investigativa, para explicar o fenômeno químico, ocorrido na situação-problema. Por fim, foi realizada uma socialização da problemática, para que os alunos apresentassem as suas hipóteses sobre a situação problema e suas conclusões sobre a prática experimental, para a indagação do que havia acontecido com os pedaços de maçã usados no experimento, para a turma toda.
Resultado e discussão
Através dos dados analisados, foi possível perceber que, grande partes dos
alunos, não tinham conhecimento do que se tratava com relação a primeira
pergunta do questionário: "Para você o que é oxidação? E qual a sua
aplicação no cotidiano?”. Para a referida pergunta Houveram diferentes
respostas, nas quais, apenas dois alunos conseguiram explicar, quimicamente,
o processo de oxidação, associando o mesmo a perda de elétrons e aumento da
carga de uma espécie química. Com relação à sua aplicação no cotidiano o
aluno A1 associou a oxidação, à mudança de coloração. Nesta questão, pode-se
considerar uma resposta muito abrangente, visto que a mudança de coloração
pode ser resultado de uma variedade de reações químicas. Já o aluno A2
relacionou a oxidação à formação do ferrugem, em algum objeto feito de ferro
quando entra em contato com a água. Nesta questão, pode-se observar que
mesmo eles não conseguindo definir, corretamente, o conceito de oxidação,
conseguiram relacionar processo a um fenômeno do cotidiano. A segunda
questão consistia em saber o conceito de agente oxidante e agente redutor.
Nesta questão, 20% dos alunos conseguiram responder, corretamente, os
conceitos e 30% responderam de forma satisfatória e 50% responderam de forma
errada. Para a última pergunta, sobre o que seria um antioxidade? Foi
observado que 99% dos alunos responderam que não sabiam a resposta. No
entanto, um aluno respondeu que seria um elemento que evita a oxidação de
outro elemento. Estudos como o de Klein e Braibante (2017), mostraram que o
assunto reações de oxirredução (redox), também, é de difícil compreensão
pelos alunos. Na etapa, relativa a experimentação, os alunos observaram
sobre que aconteceu e ao longo de um determinado tempo, com os pedaços de
maçã e, fizeram suas as anotação nas Ficha de Observação. Nesta etapa,
observou-se resultados bastantes interessantes, pois todos conseguiram
observar a mudança na coloração, no primeiro pedaço da maça, no qual foi
adicionado o suco da laranja, e o oposto no segundo pedaço que foi
adicionado o ácido ascórbico. Na Ficha de Investigação, alguns alunos
anotaram que a reação com os pedaços da maçã se tratava de um fenômeno
químico. Outros afirmaram que tinha acontecido o apodrecimento da maça,
utilizando para isso uma linguagem química, associando o ocorrido as reações
de oxidação. Nesta questão Pôde-se perceber, que já no processo de
investigação de um fenômeno, os alunos conseguem identificar conceitos
químicos, mesmo que, superficialmente. Durante os debates, os alunos foram
expondo suas hipóteses e conclusões, e as mesmas foram escritas no quadro
branco, como forma de conduzi-los a compreensão dos processos de
oxirredução, frente aos conhecimentos e conceitos científicos inerentes ao
conteúdo. Ao final da atividade, todos os alunos relataram compreender a
reação ocorrida, bem como, argumentavam que o método utilizado para isso,
possibilitou a eles entender que os processos de oxirredução podem ser
relacionados com o cotidiano.
Conclusões
Foi notório o progresso dos alunos na construção do conhecimento sobre oxirredução mediante a experimentação investigativa proposta. Visto que, nas concepções prévias para sabermos os seus conhecimentos sobre oxidação a maioria dos alunos não sabia do que se tratava. Durante a observação experimental, os alunos conseguiram identificar o fenômeno de oxidação e ainda supor fatores que podiam influenciar no processo, mesmo com algumas respostas incompletas ou até confusas, porém, foi notável o avanço. Durante a investigação da situação problema, eles conseguiram associar o que aprenderam até ali e levantar hipóteses aceitáveis para resolução do caso. Desta forma, pôde-se observar o quanto o ensino investigativo contribuiu para que os alunos construíssem o conhecimento sobre oxirredução. Sendo eles mesmos, os próprios os autores nesse processo, fazendo, assim, que eles estivessem no centro a construção do conhecimento no processo de ensino aprendizagem. A prática experimental investigativa promoveu uma aprendizagem centrada nos alunos, sendo os pesquisadores meros mediadores no processo de construção do conhecimento. Assim, o problema proposto foi um estímulo para a aprendizagem, e para o desenvolvimento das habilidades de resolução e aprendizagem.
Agradecimentos
A Universidade do Estado do Pará Campus XVI- Barcarena-Pa, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Referências
DOMINGUEZ, L. A. E.; PEREIRA, J. R. Análise de metodologias de ensino de química do primeiro ano do ensino médio do IFSUL-CaVG baseado na visão dos discentes. XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVIII ENEQ) Florianópolis, SC, Brasil – 25 a 28 de julho de 2016.
KLEIN, S. G.; BRAIBANTE, M. E. F. Reações de oxi-redução e suas diferentes abordagens. Química Nova na Escola, v. 39, n. 1, p. 35-45, 2017.
NUNES, A. S. ; ADORNI, D.S . O ensino de química nas escolas da rede pública deensino fundamental e médio do município de Itapetinga-BA: O olhar dos alunos. In:Encontro Dialógico Transdisciplinar - Enditrans, 2010, Vitória da Conquista, BA. - Educação e conhecimento científico, 2010.
POLETTI, N. Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental. 26 ed. Sao Paulo: Ática, 2011.