USO DE PARÓDIAS COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DE QUÍMICA NA ESCOLA-CAMPO DO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA, ANANINDEUA-PA.
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Silva, A.P. (UFPA) ; Oliveira, A.N.R. (UFPA) ; Ramalho, D.M. (UFPA) ; Jardim, B.P. (UFPA) ; Santos, J.K.R. (UFPA) ; Borges, K.M. (UFPA) ; Pimenta, P.Y.L. (UFPA) ; Gatinho, K.S.R. (UFPA)
Resumo
O conhecimento químico ainda é, por diversas vezes, ministrado através de métodos tradicionais e restritivos, no entanto, limitar-se somente a tais práticas pode converter-se em dúvidas na associação entre teoria e prática pelo aluno, e este não encontrar sentido nas aulas de Química. Neste contexto, o Programa Residência Pedagógica trabalha com o intuito de ampliar de outras didáticas e metodologias na Educação Básica. Partindo desta premissa, contemplar-se-á, no âmbito do referido programa, a utilização de paródias para promover a aproximação entre o conteúdo “A água” e a realidade escolar. A partir da aplicação da atividade lúdica, os estudantes puderam colocar em destaque o uso de datas comemorativas no ensino e utilizá-las como figura central no processo de aprendizagem.
Palavras chaves
Tema Gerador; Paródias; Dia da Água
Introdução
O Programa Residência Pedagógica está vinculado à Coordenação de Aperfeiçoamento da Pessoa de Nível Superior , foi lançado em 2018 através do edital Nº 06/2018. Teve como principal objetivo selecionar instituições de Ensino Superior (IES) para implementação de projetos inovadores que estimulem articulação entre teoria e prática nos cursos de licenciatura, conduzidos em parceria com as redes públicas de educação básica. Isto posto, a Universidade Federal do Pará (Campus Ananindeua), participa do referido Programa atuando em diversos municípios e abarcando várias componentes curriculares inerentes ao currículo da educação básica no que tange à Base Nacional Comum Curricular. 11 subprojetos, 9 componentes curriculares, 32 núcleos, 10 municípios, nas redes de ensino municipal, estadual e federal (PROEG, 2018). A componente curricular Química (apresenta dois subprojetos): um em Ananindeua e outro em Belém, cada um deles com 03 escolas-campo. No projeto institucional da UFPA, consta a possibilidade de alunos dos cursos de licenciatura (denominados residentes) de participarem ativamente na rotina escolar pública através da realização e diversas atividades, criando e executando sequências didáticas, planos de aula, avaliações e outras ações pedagógicas de ensino e aprendizagem em parceria com o professor da escola (preceptor) e coordenador do núcleo. Dentre as diferentes alternativas metodológicas utilizadas durante a atuação no Residência Pedagógica pode-se elencar algumas: experimentos, visitas técnicas, sala de recursos audiovisuais, musicalização e outras, nos quais os alunos são incentivados a buscar soluções através da investigação. Assim, vale ressaltar que as paródias podem funcionar como instrumento de ensino, pois difunde ideias e soma-se a atitudes presentes no cotidiano dos alunos, os quais associam melodias já internalizadas para desenvolver e fixar conceitos requeridos por determinada disciplina. Japiassu (1976) nos diz que a interdisciplinaridade representa uma via de mão dupla entre o saber científico e a abordagem, contribuindo para a formação geral do conhecimento requerido. Neste trabalho, será relatada a atividade “Compondo Paródias para o Dia Mundial da Água” com a finalidade de contextualizar de modo interdisciplinar Química e Biologia. O objetivo é apresentar uma proposta didático pedagógica como estratégia para abordar o tema água em aulas de Química com viés interdisciplinar. As datas comemorativas podem ser adaptadas ao ensino do conhecimento químico, uma vez que, representam acontecimentos que marcaram a história e a sociedade. Diante disto, deve-se aproveitar seu potencial para estimular a criticidade nos alunos, a fim de torná-los capazes de pensar em soluções para determinados problemas, neste caso, a proposta é que os discentes avaliem a gestão adequada dos recursos hídricos através do tema gerador Dia Mundial da Água aliada à metologia de paródias. A escolha de temas geradores como ponto de partida para um estudo são, conforme Chassot (1990) novas linguagens para decodificar a química, ou seja, facilitadores para a compreensão de temas abstratos. Assim, espera-se despertar nos alunos, utilizando o dia mundial da água (comemorado em 22 de Março), não só a construção de conceitos, mas também a promoção da cidadania e mostrar que a ciência química está articulada numa relação direta com o equilíbrio entre os recursos naturais, sustentabilidade e economia. Assim, entender que cada atitude individual ou coletiva impactará no meio ambiente. Para ampliar a aprendizagem dos alunos, também serão utilizados os recursos musicais, pois, de acordo com Cabrera (2006) o caráter lúdico que envolve as paródias é capaz de tornar o processo mais satisfatório para os participantes ao familiarizá-los com memórias que auxiliarão no desenvolvimento de competências.
Material e métodos
A narrativa sobre a experiência desenvolvida será realizada acerca do planejamento, execução e avaliação da proposta de ensino executada em uma escola-campo do Programa Residência Pedagógica (componente curricular: Química), no município de Ananindeua-PA: Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Luiz Nunes Direito. Sobre a primeira fase, o planejamento da atividade foi realizado em conjunto com a preceptora do projeto e as residentes responsáveis pela classe a ser adotada para a intervenção. Nesta etapa, escolheu-se a turma da 2ª série do Ensino Médio da referida. O eixo temático escolhido para abordagem foi o “Dia mundial da Água” e a sequência didática da ação teve duração de 2 horas-aula. A ação foi realizada na sala de recursos audiovisuais da Escola utilizando alguns recursos: tais como data show, caixas de som e tela de projeção. Os residentes responsáveis iniciaram a intervenção explanando alguns pontos-chave sobre o tema gerador, dentre eles: A composição química, Formas de poluição hídrica e a Preservação da água. Posteriormente, disponibilizou-se algumas paródias prontas para inspirar os estudantes e despertar possíveis abordagens. A terceira fase foi realizada em grupos escolhidos por eles e auxiliados por um estagiário cada, nesta etapa houve a composição de canções baseadas no tema gerador proposto.
Resultado e discussão
As etapas de execução prática com os alunos ocorreram do seguinte modo: primeiro
houve a explanação do assunto e troca de informações; em seguinte, houve a
apresentação de paródias prontas e, por fim, a composição de paródia autoral
pelos alunos.
Para a execução desta última etapa, dividiu-se a turma em grupos de 5
integrantes, cada equipe teve auxílio de um professor-residente. O primeiro
passo consistiu em selecionar a melodia base para a elaboração da música, este
momento foi bem apreciado pelos estudantes, uma vez que puderam adotar ritmos
que eles identificavam de acordo com critérios próprios.
Posteriormente à discussão da letra da paródia de cada um dos grupos, houve a
transcrição da melodia oficial sobre a água para versão oficial e o ensaio da
apresentação também planejada por eles. Por fim, cada time revelou sua
composição no momento do show fictício.
Após a execução da atividade lúdica das paródias observou-se que as músicas base
selecionadas pertenciam ao contexto atual. Assim, pode-se inferir que o
interesse dos estudantes se expande com a utilização de canções atrativas ao
público jovem, refletindo diretamente na dedicação que empregarão para garantir
o resultado esperado.
De acordo com Silveira e Kiouranis (2008), a construção do conhecimento químico
apresenta uma relação fundamental entre as questões cotidianas e a percepção que
as crianças e jovens tem por esta ciência. Logo, a musicalização é considerada
como método alternativo para aproximar professores e alunos e desconstruir a
resistência que estes opõem à compreensão da química no dia-a-dia.
No decorrer da prática, notou-se que o conteúdo das canções trabalhou de maneira
positiva conhecimentos individualizados a respeito do assunto, o que facilitou a
memorização de determinadas nomenclaturas e conceitos. Vale ressaltar que a
referida tarefa necessita de profundidade e planejamento, no que tange à
aprendizagem em si, garantindo que a proposta seja eficaz para a assimilação de
competências e habilidades especificadas pela Base Nacional Comum Curricular e
não tão somente a gravar frases prontas.
Elaboração dos Autores
Elaboração: Grupo 2 - participantes
Conclusões
Embora, frequentemente, os alunos do Ensino Médio apresentem dificuldades em compreender alguns conceitos científicos, especialmente os que estão atrelados a ciências exatas foi possível perceber que a metodologia utilizada foi eficaz para fazer a significância da teoria e fomentar a importância do dia Mundial da água. Além disso, a apresentação do conteúdo de forma diferenciada quebra paradigmas de que a Química é, tão somente, a memorização de fórmulas e cálculos matemáticos e ajuda a despertar o interesse do estudante pela disciplina. A música além de ser fazer presente no cotidiano do aluno pode ser utilizada como estratégia de ensino dentro da referida disciplina e o seu aflora a criatividade dos alunos bem como a interação com colegas de classe. Dessa forma, observa-se que a atividade realizada além de ser bem recebida pelos alunos da escola facilitou o processo de ensino-aprendizagem pois trabalha os conteúdos de forma lúdica e torna esse processo em algo mais didático e agradável.
Agradecimentos
Agradecemos a CAPES pela oportunidade de aperfeiçoamento profissional no programa Residência Pedagógica. À docente Orientadora Profª Janes Kened, à Escola Parceira Luiz Nunes Direito e à Universidade Federal do Pará.
Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2018.
CABRERA, W.B. A ludicidade para o Ensino Médio na disciplina de Biologia: contribuição ao processo de aprendizagem em conformidade com os pressupostos teóricos da aprendizagem significativa. 159 p. 2006. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática). Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR, 2006.
CARDOSO, S.P.; COLINVAUX, D. Explorando a motivação para estudar química. Química Nova, v. 23, n. 3, p. 401-404, 2000.
CHASSOT, A. 1990. Prática de Ensino e Estágio Supervisionado de Química. DEMO (1997, p. 17). Escola revista do professor, São Paulo, n.49-51.
JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976
JUNIOR, Wilmo Ernesto Francisco; LAUTHARTE, Leidiane Caroline. Música em aulas de química: uma proposta para a avaliação e a problematização de conceitos. Ciência em tela, v. 5, n. 1, 2012.
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