O vídeo-processo e a experimentação como ferramentas em uma oficina temática envolvendo o cinema

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Chacon, E.P. (UFF) ; Ramos, R.O.S. (UFF)

Resumo

O trabalho apresenta uma oficina temática que envolveu o vídeo-processo e a experimentação como ferramentas didáticas para o ensino-aprendizagem de Química. A oficina aplicada a 11 alunos de uma escola de formação de professores em Niterói no Rio de Janeiro, produziu um filme que utilizou como efeitos especiais experimentos consagrados na literatura. O roteiro, cenário, figurino e direção foram desenvolvidos pelos alunos. O curta metragem e o making off, editados com programas gratuitos, foram apresentados à comunidade escolar na Semana Pedagógica da escola, contribuindo para a popularização e divulgação da Química. A experimentação e o vídeo-processo foram eficazes na construção de um conhecimento químico significativo, aprimorando a autoestima e criatividade dos educandos.

Palavras chaves

vídeo-processo; experimentação; oficina temática

Introdução

O professor ao assumir o papel de mediador e facilitador da aprendizagem enfrenta uma série de desafios, dentre os quais destaca-se a missão de transformar a sala de aula em um espaço pedagógico prazeroso e instigante, que mobilize o educando na construção de um conhecimento sólido e significativo. Neste sentido, a utilização de diferentes estratégias pedagógicas se faz necessária, pois segundo Cury (2012, p. 41) “as informações se convertem em conhecimento mediante ações que estimulem os estudantes a pensá-las, conectá-las e contextualizá-las”. Dentre as várias estratégias disponíveis, a produção de um recurso audiovisual na sala de aula através do vídeo-processo merece destaque, pois pode fazer com que o processo de ensino-aprendizagem inicie por algo que atrai o aluno, antes mesmo de se enunciar teorias e conceitos, causando uma modificação do percurso geralmente seguido, indo da ação para a reflexão e do concreto para o abstrato (MORAN, 1995). Através do vídeo-processo pode-se articular conteúdos científicos a vivência cotidiana do educando e desenvolver linguagens, autonomia e criatividade através do lúdico. O tema motivador “Cinema e os efeitos especiais” para a aprendizagem de conteúdos de Química, apresenta diversos aspectos instigantes e envolventes que podem permitir a abordagem de conceitos e aplicações do conhecimento químico, principalmente quando se utiliza a experimentação na produção de efeitos especiais para um filme. Assim, este trabalho objetiva mostrar o desenvolvimento e a aplicação de uma oficina temática que promoveu uma revisão de diversos conteúdos da Química através do vídeo-processo, utilizando a experimentação para a produção de efeitos especiais para um curta metragem.

Material e métodos

A metodologia deste trabalho envolveu as seguintes etapas: (a) Pesquisa e escolha de experimentos consagrados na literatura que pudessem ser utilizados para a produção dos efeitos especiais no recurso (filme) a ser desenvolvido e sua relação com os conteúdos químicos a serem revisados. Os ensaios deveriam apresentar materiais e reagentes de fácil acesso, baixo custo e periculosidade e seus produtos sensibilizar os sentidos, envolvendo mudança de cor e aspecto, evolução de gases, etc; (b) Elaboração de uma cartilha contendo os roteiros experimentais para os ensaios selecionados, questões para serem respondidas após uma investigação e o endereço eletrônico dos ensaios; (c) Elaboração das atividades para cada um dos momentos da oficina temática; (d) Aplicação da oficina e realização de rodas de conversa para a discussão dos conceitos envolvidos; (e) Avaliação da metodologia através de um questionário e (f) Socialização dos resultados com a comunidade escolar. A oficina temática foi estruturada conforme as orientações de Marcondes et al. (2008), contou com os três momentos pedagógicos apontados por Delizoicov; Angotti e Pernambuco (2009): Problematização Inicial, Aquisição de Conhecimento e Aplicação do Conhecimento e foi aplicada à 11 alunos de uma escola de formação de professores para o primeiro segmento da Educação Básica, localizada em Niterói no Rio de Janeiro, sendo cinco do 1º ano, quatro do 2º ano e dois do 3º ano, que se voluntariaram para participar, após a apresentação do projeto em todas as turmas com o apoio da professora regente de Química. Foram realizados 3 encontros de 2 horas/cada, sendo um total de 6 horas presenciais no contraturno escolar e algumas discussões também foram realizadas virtualmente (online), através de um grupo criado no WhatsApp.

Resultado e discussão

A oficina foi aplicada no laboratório de Ciências e dividida em três momentos. No primeiro, Problematização Inicial, realizou-se uma roda de conversa sobre a relação da Química com o cinema e apresentou-se alguns efeitos especiais usados em filmes. Após o debate, os 7 experimentos selecionados foram realizados e os roteiros experimentais distribuidos. Como tarefa foi pedido aos alunos que observassem no endereço eletrônico novamente os ensaios, buscando entender a química envolvida em cada um. No segundo encontro procedeu-se a Aquisição do Conhecimento, iniciando-se com uma discussão sobre cada ensaio, as reações e conteúdos envolvidos, buscando-se construir o conhecimento e sanar todas as dúvidas. Os experimentos foram novamente realizados, discutidos e filmados. Em nova roda de conversa discutiram-se propostas de roteiros para o filme e os efeitos especiais a serem usados, além de escolhido o cenário, atores, figurino e diretor. As discussões continuaram virtualmente e os ensaios das cenas e falas, o cenário e o figurino foram realizados nos intervalos das aulas ou nas residências. No terceiro encontro deu-se a Aplicação do Conhecimento, com a filmagem do recurso e a produção de um making off explicando a química envolvida em cada ensaio. A história narrada no filme mostra uma reportagem sobre uma superbactéria que infecta os seres humanos tornando-os zumbis e se passa em um hospital fictício e em um laboratório de pesquisa. Testes de detecção de pessoas infectadas são realizados e a cura encontrada. Para os efeitos especiais usaram-se apenas 4 experimentos, já no making off todos foram explicados. O filme editado (3 min) e o making off (4 min) foram apresentados na Semana Pedagógia da escola e promoveram a compreensão, popularização e divulgação da Química.

Conclusões

A avaliação aplicada mostrou que os alunos apreciaram as estratégias usadas e evoluíram conceitualmente. Durante as aulas houve um aumento no interesse discente e na aprendizagem dos conceitos químicos ministrados, constatando-se que o vídeo-processo e a experimentação são ferramentas poderosas que contribuem para a construção de um conhecimento significativo, além de permitirem a socialização, o aumento da criatividade e da autonomia do educando. A exibição dos recursos possibilitou o compartilhamento da experiência vivida pelos educandos e a divulgação da Química para a comunidade escolar.

Agradecimentos

À direção, a professora Ana Beatriz S.J.Martins e aos alunos do Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho.

Referências

CURY, L. Revisitando Morin: os novos desafios para os educadores. Comunicação & Educação, v. 17, n. 1, p. 39-47. 2012. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/44901/48531>. Acessado em julho de 2019.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. 3 ed., São Paulo: Cortez, 2009.
MARCONDES, M. E. R. Proposições metodológicas para o ensino de química: oficinas temáticas para a aprendizagem da ciência e o desenvolvimento da cidadania. Em Extensão, v. 7, p. 67-77, 2008.
MORAN, J. M. O vídeo na sala de aula. Comunicação & Educação, v. 2, p. 27-35, 1995. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/36131/38851>. Acessado em julho de 2019.

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