CONSTRUÇÃO DE UM DIAGRAMA DE LINUS PAULING TÁTIL TRIDIMENSIONAL INCLUSIVO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Matias, L.B. (UECE) ; Santos, L.F. (UECE) ; Nascimento, B.N. (UECE) ; Mesquita, L.S.F. (UECE) ; Forte, C.M.S. (UECE)

Resumo

Este trabalho, realizado no âmbito do PIBID, teve como objetivo construir um Diagrama de Linus Pauling Tátil Tridimensional para auxiliar o processo de aprendizagem de alunos com deficiência visual total matriculados na E.E.M. Governador Adauto Bezerra, localizada em Fortaleza. Bem como, para acrescer o banco de materiais táteis da escola. O desenvolvimento do trabalho foi realizado com o acompanhamento da pedagoga responsável pelo AEE, e os alunos atendidos pelo projeto fizeram análises sucessivas do Diagrama para que fossem feitas melhorias de acordo com suas necessidades. O material foi utilizado durante as aulas sobre distribuição eletrônica, e possibilitou ao aluno cego não apenas a compreensão do conteúdo como também a execução das atividades propostas.

Palavras chaves

Educação inclusiva; Materiais acessíveis ; Linus Pauling

Introdução

A educação inclusiva pressupõe um trabalho que desconstrói a visão homogeneizada de educação e parte para uma necessidade de entender a singularidade de cada estudante e com isso construir projetos pedagógicos que respeitam essa forma particular de cada um se desenvolver e se relacionar com o conhecimento (AGUIAR et al, 2018). Acolher todos os estudantes com isonomia e criar estratégias para diminuir os obstáculos de aprendizagem dos alunos com deficiência é prerrogativa do professor em parceria com o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que tem ainda a função de elaborar e organizar recursos pedagógicos acessíveis que eliminem as barreiras para plena participação dos alunos, considerando suas necessidades (BRASIL, 2011). Um dos maiores desafios encontrados pelos profissionais da educação é a falta de materiais adaptados às necessidades educacionais de estudantes com deficiência. Buscando meios para superar esse desafio Rosa e Mendes (2012) desenvolveram um dominó químico tátil que auxilia na aprendizagem da química orgânica. Júnior et al (2016) construíram um kit de laboratório adaptado para auxiliar alunos cegos nas aulas práticas de identificação de vidrarias e equipamentos. Os bolsistas do PIBID-UECE que atuam na EEM Adauto Bezerra, a qual denominaremos neste trabalho Escola AB, construíram um Diagrama de Linus Pauling Tátil e Ampliado para alunos cegos e de baixa visão (AGUIAR et al, 2018), porém percebeu-se a necessidade de realização de alguns ajustes para que o referido material fosse utilizados por aluno cegos. Dessa forma, surgiu a proposta deste trabalho, desenvolver um Diagrama de Linus Pauling Tátil para auxiliar no ensino de Química de alunos cegos, o material produzido irá compor o acervo do Banco de Materiais Acessíveis (BMA) da escola AB.

Material e métodos

Foram construídos dois protótipos do Diagrama de Linus Pauling formados, cada um, por uma base em papel no tamanho: 35cm x 24cm (retrato), e 19 fichas referentes aos subníveis de energia, medindo 1cm x 5cm (paisagem). As fichas, referentes aos subníveis, foram coladas na base com um ângulo de 45° em relação à margem inferior, na mesma sequência de energia do Diagrama de Linus Pauling, e para indicar a ordem da distribuição foi utilizada cola 3D preta, que apresenta um bom relevo após a secagem. As dimensões das fichas foram determinadas pelo espaço necessário para escrever os subníveis utilizando o Sistema braille. Cada ficha, de acordo com as regras da nomenclatura braille, é constituída por células com os seguintes sinais: sinal para número, número referente à camada, sinal para o subnível, sinal de sobrescrito, sinal de número e número de elétrons, todas as fichas seguem o mesmo padrão dos sinais. Após teste do 1° protótipo foi sugerido, pelos alunos cegos que o testaram, mudança na ficha do subnível 4d¹⁰, devido ao número 4 e a letra d possuírem o mesmo sinal no braille e assim ocorrer a leitura incorreta da informação, 44 ao invés de 4d. Para correção foi construído o 2° protótipo, nesse utilizado-se o sinal para letra maiúscula antes da letra d, a fim de fazer diferenciação entre letra e número. O modelo definitivo foi construído sobre uma base de E.V.A. O braille foi escrito em papel acetato e colado sobre uma recorte de E.V.A com silicone. As fichas foram coladas na base, com cola instantânea. Para seguir a ordem de energia dos subníveis foram utilizadas duas texturas de fio, uma no sentido direita-esquerda e a outra no sentido oposto. As texturas dos fios representam as direções que o aluno deve seguir para fazer a distribuição eletrônicas dos átomos.

Resultado e discussão

Os dois protótipos confeccionados foram testados por dois alunos do ensino médio, ambos cegos. O 1° protótipo foi testado por uma aluna da 3ª série, que deu dicas de como melhorar o material a fim de facilitar a percepção dos alunos menos experientes que usariam o material posteriormente, como a utilização de diferentes texturas de fio para indicar o sentido da distribuição eletrônica e o oposto, respectivamente. A aluna relatou que quando estudou distribuição eletrônica, um material tátil teria facilitado a compreensão, isso corrobora com Rosa e Mendes (2018). O 2° protótipo, com os ajustes sugeridos pela aluna, foi aplicado com outro aluno cego, durante a aula do 1° ano, no momento da abordagem do conteúdo pela professora titular. O aluno foi acompanhado pela bolsista do PIBID, o mesmo conseguiu acompanhar o conteúdo, bem como realizar todas as atividades propostas. Ao final da aula, o aluno respondeu verbalmente a um questionário sobre a estrutura e viabilidade do uso do material. Para o aluno, que estava tendo contato com o assunto pela primeira vez, o uso do material tridimensional facilitou a compreensão do assunto, bem como despertou seu interesse pela disciplina, tornando a aprendizagem mais prazerosa. Essa experiência com o Diagrama Tátil indica que o grupo está no caminho certo, que a inclusão sem excluir é possível, e o quão gratificante é presenciar um aluno cego se sentindo incluído na sua turma, percebendo que os professores buscam a cada dia encontrar as forma de ensiná-lo, assim como descrito por Júnior et al. (2018), em seu trabalho com materiais inclusivos.

Figura 1

Bolsista do PIBID realizando aplicação do segundo protótipo, em sala de aula.

Figura 2

Diagrama tátil tridimensional finalizado.

Conclusões

Apesar das dificuldade enfrentadas pelos professores em relação a falta de recursos e materiais para construção de uma aula inclusiva o trabalho obteve um resultado muito satisfatório pois, o material didático produzido mostrou-se uma ferramenta eficaz para auxiliar estudantes cegos na compreensão de um tópico tão importante no estudo da Química. Outra contribuição importante deste trabalho é a vivência dos licenciandos, professores em formação estão tendo no cotidiano da educação inclusiva, possibilitando uma rica experiência e assim construindo uma base sólida da sua formação acadêmica.

Agradecimentos

Referências

AGUIAR, G. C. et al. Elaboração de um Diagrama de Linus Pauling Tridimensional com Vistas à Inclusão do Aluno com Deficiência Visual. In: ENCONTRO NACIONAL DAS LICENCIATURAS, 7., 2018. Fortaleza. Anais [...] João Pessoa: Realize Eventos e Editora, 2018.

BRASIL. Constituição (2011). Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília, 2011.

JÚNIOR, C. A. A. et al. Desenvolvimento de material didático para o ensino de ciências a estudantes deficientes visuais. In: Colóquio Luso-Brasileiro de Educação, 2, 2016. V.1. Joinville. Anais… Joinville, 2018.

INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT – IBC. Recursos didáticos na educação especial. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?itemid=102>. Acesso em 11 ago. 2019.

OLIVEIRA, R. L.; LAMEGO, L. S. R.; DELOU, C. M. C. Ensino de química para deficientes visuais. 25ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química. Disponível em: <https://sec.sbq.org.br/cdrom/30ra/resumos/T0014-1.pdf>. Acesso em 11 ago. 2019.

ROSA, L. R.; MENDES, A. N. F.. Construção de um Dominó Químico Tátil com Materiais Alternativos como Forma de Auxiliar na Aprendizagem em Química Orgânica de Deficientes Visuais. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, 16., 2012. Salvador. Anais... Salvador, 2018.

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