Formação Continuada para Professores de Ciências: O Despertar de Percepções A Partir de Experimentos
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Felisberta dos Santos, A. (IFMT) ; Soares de Andrade, I. (IFMT) ; Athie Goulart, M. (IFMT) ; Pego Panizi, T.R. (IFMT)
Resumo
O objetivo deste trabalho foi a formação continuada dos docentes que lecionam a disciplina de Ciências no ensino fundamental na zona rural do município de Comodoro e na aldeia indígena dos Nambikuara,no Vale do Guaporé Mato Grosso,introduzindo a aula prática em sala,com experimentos para explicação de conteúdos,mesmo sem laboratórios para o ensino da disciplina, de maneira simples e objetiva,voltada para aprendizagem relacionada com o cotidiano do educando.O curso aconteceu utilizando-se de quatro experimentos simples para explicar efeito estufa,chuva ácida,inversão térmica e ligação química,mesmo com poucos recursos.Este fez com que os docentes mudassem sua opinião quanto às práticas,relacionando o conteúdo teórico que pode ser aplicado de maneira concomitante,independente de laboratório.
Palavras chaves
Formação Continuada; Experimentos ; Percepções.
Introdução
Ferramentas do cotidiano podem ser usadas para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, quando não se tem um laboratório para aulas práticas, facilitando assim, o desenvolvimento do conteúdo em sala de aula. Em termos práticos, pode-se levar em consideração o clima da região, o solo, água, plantas, lixo e a cultura da localidade, para facilitar o entendimento do aluno quanto algumas disciplinas que se tem dificuldade de desenvolvimento, mas alguns docentes por não terem conhecimento sobre outras possibilidades para enfrentar às precariedades das condições de trabalho, acabam ficando ausentes as ações pedagógicas responsáveis para mudança de tal situação, acreditando não ser possível conciliar a prática com a teoria, em uma sala de aula. Segundo Ciríaco, (2013), se faz necessário ter referências e buscar suportes capazes de intervir no campo da prática docente trazendo novos conhecimentos e novas experiências, para que a formação de professores seja um fazer reflexivo na busca de novas significações e ações sobre o “ensinar a ensinar” modificando as atuais práticas de formação docente. Por isso a importância da formação continuada para o professor, para que este saiba que existem várias possibilidades de se trabalhar um conteúdo, principalmente para aqueles que lecionam na zona rural e indígena que por muitas vezes tem dificuldades para desenvolver trabalhos voltados a experimentos, projetos e pesquisas.
Material e métodos
Foi realizado um curso de formação continuada com dez horas de duração, para nove docentes que lecionam a disciplina de Ciências na Aldeia Nambikuara a cerca de 30km do município de Comodoro e na zona rural do município de Comodoro, todos localizados no Estado de mato Grosso. Uma dinâmica conhecida como peixe vivo, que consiste em desenhar um peixe em um papel e desenhar um lago no quadro, foi feita com os docentes, para que após desenharem cada um o seu peixe, colocassem estes no lago desenhado no quadro. Após a realização da dinâmica, foram feitos quatro experimentos que podem ser aplicados em sala de aula sem o auxilio de um laboratório específico, o primeiro experimento foi sobre o Efeito estufa que utilizou os seguintes materiais: uma caixa de sapato, dois copos com água em temperatura ambiente, termômetro, papel filme, papel alumínio, fita adesiva, apenas o sol para acontecer o efeito. O segundo experimento foi sobre a chuva ácida que teve como materiais utilizados: duas rosas, um vidro com tampa, uma vela, acendedor, fita adesiva, papel tornassol, furadeira, colher e enxofre. O terceiro experimento teve como objetivo explicar a inversão térmica, os materiais utilizados foram: quatro garrafas de água mineral, corante azul e vermelho, fita isolante, água bem gelada, uma jarra e água fervendo. O quarto experimento foi sobre ligações químicas, sendo utilizado o experimento nó em pingo de água também conhecido como trança, materiais: água, uma garrafa pet, corante de qualquer cor, uma bacia e compasso.
Resultado e discussão
A dinâmica conhecida como peixe vivo, fez com que os docentes, assim que
colocaram os peixes desenhados por estes no lago que também foi desenhado no
quadro, percebessem que os peixes não são iguais, não tem a mesma forma,
tamanho, cores, nem todos estão indo para o mesmo lado e tem o mesmo
objetivo. Essa dinâmica foi realizada para que o docente chegasse a
conclusão de como é necessário transferir essas ideias para a vida escolar e
a importância de um planejamento em sala de aula de acordo com a realidade
do aluno, seja ele da zona rural, aldeia indígena ou área urbana, pois cada
um tem suas particularidades. Segundo Lima e Neto (1999) a maneira como os
conteúdos de Química são ministrados em sala de aula, leva o estudante a
imaginá-la como uma ciência abstrata, pois nenhum outro recurso que
evidencie e/ou comprove o conteúdo é apresentado aos alunos. Neste sentido,
conforme Tapia e Fita (2009) a motivação proveniente de uma inovação é um
fator imprescindível para que os alunos desenvolvam ao máximo suas
capacidades em todos os âmbitos e em relação ao ensino de Ciências, a
realização de práticas experimentais paralelas a explicação é fundamental. A
utilização de experimentos alternativos para explicar conteúdos que por
muitas vezes não são de fácil entendimento para os alunos, fez com que os
próprios docentes, ao realizar os experimentos durante o curso, conseguissem
relacionar a teoria com a prática, como uma forma de ensino e aprendizagem
que desperta a reflexão e a vontade de aprender no aluno e no professor que
acaba despertando para busca de novas maneiras de aprender e ensinar.
Imagens final do primeiro e segundo experimento (imagem autores)
Imagens do terceiro e quarto experimento (imagem autores)
Conclusões
Com os resultados obtidos, percebeu-se que os experimentos despertaram nos docentes o interesse em busca de conhecimentos, facilitando assim a sua prática e a relação com os conteúdos teóricos. Os mesmos relataram sobre sua empolgação e pediram mais momentos como este, ressaltando ser a primeira vez que alguém se lembra deles e que muitas dúvidas foram sanadas.
Agradecimentos
Agradecemos primeiramente a Deus. em segundo lugar nossa família, a secretária de educação: Cleide Larini R. Ávila, ao Coord. Gecimar A. Pereira, Claudio Messias, Ao querido professore Luiz Both pelo apoio e incentivo.
Referências
CIRÍACO, M.G.S. A formação de professores de química: reflexões teóricas. In ENCONTRO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA UFPI, 5, 2009, Teresina. Anais... Terezinha: UFPI, 2009.
GUIMARÃES,C.C. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e Descaminhos Rumo à Aprendizagem Significativa. Rev. Química Nova na Escola.V31, N.3, 2009.
2LIMA, M. B.; NETO, P. L. Construção de modelos para ilustração de estruturas moleculares em aulas de química. Química Nova, v. 22 (6), p. 903, 1999.
3TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em sala de aula: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 2009.