O USO DO KIT DE MODELO MOLECULAR COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DE QUÍMICA ORGÂNICA

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Silva, M.L.B. (UECE/FECLESC) ; Menezes, J.L.R. (UECE/FECLESC) ; Menezes, F.A.M. (UECE) ; Moura, G.M.A. (UECE/FECLESC) ; Santos, G.L. (UECE/FECLESC) ; Moreira, E.S. (UECE/FECLESC)

Resumo

A disciplina de química orgânica é descrita por muitos como de difícil compreensão. No entanto esta dificuldade pode estar associada a dificuldade que os alunos possuem em visualizar a molécula na forma tridimensional. Acreditando que o professor deve criar e incentivar a prática pedagógica fundamentada em diferentes metodologias, este trabalho teve como objetivo o uso de modelos moleculares como recurso didático para melhorar o aprendizado de conceitos químicos que envolvem química orgânica e estrutura molecular. Utilizou-se um “kit de modelo molecular” com alunos do 3º ano do Ensino médio em uma escola pública, localizada no município de Quíxadá-CE. Observou-se que a utilização deste método proporcionou melhorias na aprendizagem do conteúdo da disciplina.

Palavras chaves

Modelos moleculares; Recurso didático; Ensino médio

Introdução

Vários estudos e pesquisas mostram que o ensino de química é em geral, tradicional, centralizando-se na simples memorização e repetição de nomes, fórmulas e cálculos, totalmente desvinculados do dia a dia e da realidade em que os alunos se encontram. A química, nessa situação, torna-se uma matéria maçante e monótona, fazendo com que os próprios estudantes questionem o motivo pelo qual ela lhes é ensinada (SANTANA, 2006). Para estimular e resgatar o interesse dos discentes pelas aulas de química é fundamental que o professor busque metodologias diferenciadas que o auxiliem no processo de ensino-aprendizagem. No ensino de Química Orgânica, quando se trata do arranjo estrutural das moléculas, tem-se uma dificuldade na visualização tridimensional destas estruturas. A utilização de modelos moleculares desenvolve uma habilidade de representação importante e facilita a visualização espacial destas. Além disso, favorece a compreensão dos principais conceitos relativos ao estudo e geometria molecular no ensino médio. Segundo Farias et al. (2015), a aprendizagem de Química requer habilidades visuoespaciais que dão suporte para a realização de determinadas operações cognitivas espaciais. É pelo uso dessas operações que nos tornamos aptos a construir modelos mentais das estruturas moleculares, manipulá-los e expressá-los. No entanto, conforme relata Raupp, Serrano e Moreira (2009), os alunos apresentam grandes dificuldades na correlação das representações estruturais moleculares bidimensionais com as representações pseudotridimensionais. Diante do exposto, buscou-se neste trabalho, utilizar um kit de peças para montagem de modelos moleculares e analisar a percepção dos alunos do 3º ano do Ensino médio na utilização desta ferramenta durante a disciplina de Química orgânica.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido durante atividade de Estágio supervisionado na graduação em Licenciatura em Química. A pesquisa foi realizada em Escola pública de Ensino Médio, localizada no município de Quíxadá-CE, com 22 alunos matriculados no 3º ano. Utilizou-se um kit de peças para montagem de modelos moleculares, já existente na escola, com o objetivo de analisar a percepção dos alunos na utilização desta ferramenta durante o estudo das funções orgânica, na disciplina de Química orgânica. A turma foi dividida em 5 grupos: dois grupos com 5 alunos e dois grupos com 6 alunos. Cada grupo montou, com o kit de modelo molecular, diferentes estruturas moleculares, mais utilizadas na química orgânica, retiradas do livro didático adotado na escola. Em seguida cada grupo fez a apresentação das moléculas escolhidas, informando sua função orgânica, nome e suas principias características. Após as apresentações foi entregue, para cada aluno, um questionário contendo quatro questões objetivas para fazer o levantamentos e análise dos dados.

Resultado e discussão

Na primeira questão (Tabela 1), perguntou-se aos alunos se estes conheciam ou já haviam utilizado o Kit de modelos químicos moleculares. Nesta questão, 96% dos alunos afirmaram nunca terem utilizado o material. O material já havia sido adquirido pela escola e estava inutilizado no laboratório de química desta. Perguntou-se ao docente da disciplina, o motivo pelo qual o kit não costumava ser utilizado. Segundo a professora regente, o conteúdo da disciplina é muito extenso e a quantidade de horas/aulas semanais (4 h/aula/semana) impossibilita o uso do material que demanda bastante tempo para a montagem das moléculas. Desta forma, a docente preferia utilizar somente o livro didático adotado na escola e a lousa para exposição e explicação do conteúdo. Segundo Lima e Alves (2016) aulas estritamente expositivas e o descaso com a parte experimental, contribuem para que muitos alunos acabem considerando a disciplina ‘chata’, desmotivando o interesse para seu estudo. Na segunda e terceira questões (Tabela 1), observou-se que 98% dos alunos responderam que conseguiram compreender melhor o conteúdo sobre funções orgânicas, através da utilização do kit e somente 14% dos alunos tiveram alguma dificuldade na montagem das estruturas moleculares, demonstrando que a ferramenta é de fácil utilização e as vantagens do método superam as dificuldades. Dori e Barak(2001) constataram que alunos que em suas aulas manipularam modelos moleculares físicos ou virtuais (computador) apresentaram um maior desenvolvimento no processo ensino-aprendizagem nesses campos do que o grupo controle,. Na última pergunta do questionário (Fig 1) observou-se que a utilização do kit foi muito bem recebida pelos discentes que demonstraram estar bastante satisfeitos (57%) e satisfeitos (40%) com o método utilizado.

Tabela 1

Questionário de pesquisa entregue aos alunos do 3º ano do Ensino médio, após a utilização do kit de modelo molecular durante aula de Química orgânica.

Figura 1

Qual o seu grau de satisfação em relação a aula utilizando o kit de modelo molecular?

Conclusões

Verificou-se que a utilização do kit de peças para montagem de modelos moleculares obteve resultado bastante satisfatório, no que diz respeito a um melhor entendimento da formação das moléculas,do seu arranjo tridimensional e da função orgânica correspondente, melhorando o rendimento de aprendizagem na química orgânica. A ferramenta foi muito bem aceita pelos discentes, trazendo ludicidade à aula, tornando-a mais prazerosa e aproximando o aluno do conteúdo da disciplina, favorecendo o processo de ensino–aprendizagem.

Agradecimentos

Referências

DORI, Y. J.; BARAK, M. Virtual and physical molecular modeling: Fostering model perception and spacial understanding. Educational Technology & Society, v.4, n.1, p. 61-74, 2001.
FARIAS, F. M. C.; DEL-VECCHIO, R. R; CALDAS, F. R. R.; GOUVEIA-MATOS, J. A. M. Construção de um Modelo Molecular: Uma Abordagem Interdisciplinar Química-Matemática no Ensino Médio. Rev. Virtual Quim., 2015, v.7 , n.3, p. 849-863, 2015. Disponível em:< http://rvq.sbq.org.br/imagebank/pdf/v7n3a06.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2019.
LIMA, J. O. G.; ALVES, I. M. R. Aulas experimentais para um Ensino de Química mais satisfatório. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, Ponta Grossa, v. 9, n. 1, p. 428-447, 2016. Disponível em: <https://periodicos.utfpr.edu.br/rbect/article/view/2913>. Acesso em: 14 fev. 2019.
RAUPP, D; SERRANO, A.; MOREIRA, M. A. Desenvolvendo habilidades visuoespaciais: Uso de software de construção de modelos moleculares no ensino de isomeria geométrica em química. Experiências em Ensino de Ciências 2009, v.4, n.1, p. 65-78, 2009.
SANTANA, E. M. O ensino de química através de jogos e atividades lúdicas baseados na teoria motivacional de Maslow. Ilhéus (Bahia), 2006, 62p. Monografia (Licenciatura em Química) - Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas –Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2006.

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