A contextualização no ensino de Química como fator de estímulo do interesse dos alunos no processo de ensino- aprendizagem: Relato de uma experiência.
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Marques dos Santos, W. (IFMA) ; Guimarães Ferreira, M. (IFMA)
Resumo
O trabalho tem como intento, relatar uma experiência vivenciada na disciplina de Estágio II, com alunos do primeiro ano do ensino médio do Centro de Ensino Governador Edison Lobão- CEGEL, localizado na cidade de São Luís do Maranhão. Realizou-se uma pesquisa de caráter qualitativo, antes e depois da ministração de uma aula com proposta contextualizada sobre tabela periódica. A abordagem de uma forma diferenciada desse conteúdo, despertou o interesse e a atenção dos estudantes, que se demonstraram mais participativos. As análises suscitadas a partir da pesquisa realizada após a ministração dessa aula, levou-nos a concluir que a contextualização do ensino de Química fomenta o interesse do lecionando, contribuindo de forma significativa e construtiva no processo de ensino- aprendizagem.
Palavras chaves
Ensino ; Química; Contextualização
Introdução
Estimular o interesse dos alunos pela disciplina de Química no ensino médio é um dos maiores desafios encontrados pelos professores. Tal desinteresse pode estar relacionado, em parte, pelo tradicionalismo entediante em que, na maioria das vezes, a química é abordada nas aulas, exigindo dos alunos memorização de regras, fórmulas e definições, contribuindo assim para a desmotivação e disseminação de concepções equivocadas a respeito dessa ciência (CHASSOT,2003). Neste contexto fica evidente o motivo pelo qual os jovens não se interessam pela Química, chegando ao absurdo de considerar que essa ciência não terá utilidade em suas vidas (ARROIO et al., 2006). A falta de contextualização entre a química estudada em sala de aula e o cotidiano dos alunos tem sido um forte motivo para o desinteresse dos discentes pela disciplina. Como não conseguem associar os conceitos estudados em sala de aula com o seu cotidiano, muitos alunos alegam que a química não terá importância em suas vidas, e que desta forma não necessita ser estudada. Este equívoco pode ser desfeito contextualizando os conceitos químicos abordados nas aulas com o dia-a-dia dos alunos (CARDOSO & COLINVAUX,2000). Diante do exposto, se faz necessário a prática de um ensino mais contextualizado, onde se pretende relacionar os conteúdos de química com o cotidiano dos alunos, objetivando despertar a motivação e o interesse dos discentes pela disciplina, e além disso, visando à formação do cidadão e o exercício de seu senso crítico, retirando o estudante da condição de espectador passivo.
Material e métodos
O trabalho foi desenvolvido na disciplina de Estágio II, com estudantes do 1° ano do Ensino Médio do Centro Educacional Governador Edison Lobão- CEGEL, localizado em São Luís do Maranhão. Os discentes não demonstravam interesse pelas aulas de Química, comportamento este que suscitou o desejo em investigar os motivos de tal conduta. Para isto, fez-se uma pesquisa de caráter qualitativo com a participação de 45 alunos, onde responderam um questionário contendo cinco perguntas abertas, sobre o que achavam das aulas ministradas pelo professor de Química, se achavam os conteúdos das aulas interessantes, se achavam que os conteúdos estudados poderiam os ajudar em situações do dia a dia, se tinham dificuldade em prestar atenção às aulas e por quê, e o quanto achavam a disciplina de Química importante. As repostas dos alunos foram analisadas juntamente com o professor da disciplina, concluindo-se que era necessário a elaboração de uma aula diferenciada. Nesse sentido, trabalhou-se em conjunto, estagiário e professor, para elaboração de uma aula contextualizada, objetivando estimular o interesse dos alunos pela disciplina. Para a construção da aula, fez-se pesquisas de artigos e outros trabalhos acadêmicos que apresentavam alternativas para o ensino contextualizado do assunto. A partir dos estudos, foram trabalhados os seguintes métodos em sala de aula: utilizou-se uma tabela periódica encontrada na internet, onde cada elemento estava associado à uma figura de um objeto ou outras fontes onde pode-se encontrar aquele elemento químico, e também análise de rótulos de alimentos e outros produtos presentes no dia a dia dos alunos. A aula desenvolveu-se de forma investigava, estimulando a participação dos estudantes com perguntas e outras contribuições que dispunham sobre o assunto.
Resultado e discussão
As respostas obtidas no primeiro momento da pesquisa(precedente à aula
elaborada de forma contextualizada) apresentaram, em sua maioria, respostas
negativas. Porém, a pesquisa feita após a aula, resultou em respostas de cunho
muito positivo. Sobre o que achavam das aulas ministradas pelo professor e o
quanto os conteúdos eram interessantes, antes da aula, 90% dos alunos
responderam negativamente, após a aula apenas 5% dos alunos responderam de
forma negativa. Sobre se os conteúdos aprendidos poderiam os ajudar no dia a
dia, 95% dos estudantes responderam que não, pós aula, só 6% responderam não.
Quanto à dificuldade de prestar atenção nas aulas, 96% dos alunos tinham
dificuldade, após a aula, somente 5% responderam que não conseguiram prestar
atenção, e sobre a importância da disciplina, antes da ministração da aula,
90% não achavam muito importante, pós ministração, 95% passaram a enxergar a
disciplina como importante. Os resultados obtidos validam a afirmação de
Pereira et al.,(2010) que diz que "através do trabalho contextualizado a
química passa a ter mais sentido para o estudante que reconhece a ciência em
seu dia a dia e assim passa de sujeito espectador para sujeito ativo,
participando e contribuindo com a formação do próprio conhecimento
cientifico". Segundo Bernardelli (2004), devemos criar condições favoráveis e
agradáveis para o ensino e aprendizagem da disciplina, aproveitando a vivência
dos alunos, os fatos do dia-a-dia,...buscando reconstruir os conhecimentos
químicos para que o aluno possa refazer a leitura do seu mundo. Portanto,para
que o estudante consiga compreender o conhecimento científico, cabe ao
professor dar-lhe fundamentos teóricos de maneira contextualizada utilizando
uma metodologia que desperte o interesse pela aprendizagem.
Conclusões
Diante da experiência vivenciada e das análises geradas a partir das pesquisas realizadas, infere-se que o exercício do ensino contextualizado da Química, de forma dinâmica e diferenciada, confrontando os assuntos estudados com o dia a dia dos alunos, desperta o interesse e curiosidade dos mesmos, estimulando-os a serem agentes participativos nas aulas, fomentando a busca pelo aprendizado e favorecendo de forma edificante, harmoniosa e positiva, o processo de ensino- aprendizagem, fazendo com que o aluno perceba a importância e a presença da Química em seu cotidiano.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal do Maranhão- IFMA, por me proporcionar à oportunidade do Estágio, e consequentemente a vivência da experiência relatada. À escola Centro Educacional Governador Edson Lobão- CEGEL, por sua receptividade.
Referências
ARROIO, A. et al. O Show da química: Motivando o interesse científico. Química Nova, v. 29, n. 1, p. 173-178, 2006.
BERNARDELLI,M.S.Encantar para ensinar - um procedimento alternativo para o ensino de Química. In:CONVENÇÃO BRASIL LATINO AMÉRICA, CONGRESSO BRASILEIRO E ENCONTRO PARANAENSE DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS.1.,4.,9., Foz do Iguaçu. Anais, 2004.
CARDOSO, S. P.; COLINVAUX, D. Explorando a motivação para estudar química. Química Nova, v. 23, n. 2, p. 401-404, 2000.
CHASSOT, A. I. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 3ª.ed. Unijuí: Ijuí, 2003.
PEREIRA, Gracielle C. L. et al.. Alimentos: tema gerador para aquisição de conhecimento químico. Disponível em <http://connepi.ifal.edu.br/ocs/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/1710/1025>. Acesso em: 16 dez.2018.