Uso de material tridimensional como recurso didático para auxiliar no ensino de química orgânica para alunos com deficiência visual

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Medeiros, C.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Ferreira, I.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Souza, J.V.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Oliveira, D.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Lima, C.L.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, M.L.V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Melo, L.M. (SEDUC) ; Forte, C.M.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

A inclusão de alunos com deficiência visual é uma realidade e a escola deve procurar atender e superar as necessidades educacionais de todos os alunos e independente de suas limitações, os profissionais que nela atuam devem realizar suas atividades de uma forma inclusiva potencializando o processo de aprendizagem. Nessa perspectiva, os alunos do PIBID de Química/UECE estão desenvolvendo um trabalho com alunos cegos e de baixa visão na EEM Adauto Bezerra, com o objetivo de desenvolver um material didático tridimensional e de baixo custo, para facilitar a compreensão dos alunos cegos e de baixa visão de conteúdos da Química Orgânica. O material foi avaliado pelos alunos cegos e de baixa visão que consideraram que seu uso facilitou a compreensão dos conteúdos de química orgânica.

Palavras chaves

Ensino de Química; Educação inclusiva; Moléculas tridimensionais

Introdução

O ensino de química tem dado maior ênfase à transmissão de conteúdos e à memorização de fatos, nomes, símbolos e fórmulas, deixando de lado o desenvolvimento cognitivo e o conhecimento científico dos alunos, o que torna difícil para o estudante relacionar o conhecimento teórico ao seu cotidiano (MIRANDA e COSTA, 2007). Em contraposto ao modelo de ensino tradicional, vários autores defendem que o ensino de Química deve possibilitar aos estudantes um aprendizado de forma exploratória, vislumbrando uma excelente fundamentação teórica prática (NUNES; ADORNI, 2010). O processo de ensino- aprendizagem deve ajustar-se às necessidades educacionais dos estudantes respeitando cada especificidade. Dessa forma, também os recursos didáticos utilizados devem contemplar todos os estudantes, com deficiência ou não, projetando em seu planejamento barreiras à aprendizagem que devem ser superadas ao longo do processo. Segundo Montoan (2003), para a inclusão de alunos com Necessidades Especiais Específicas (NEE) é primordial a utilização de metodologias que despertem a observação, a investigação e a experimentação. No caso de alunos cegos ou de baixa visão é mais do que estimular o processo de abstração e generalização do conhecimento, é proporcionar a esses estudantes condições de transpor um obstáculo pré-existente, que é a falta de visão. Diante dessa nova realidade os alunos do PIBID de Química/UECE estão desenvolvendo um trabalho com alunos cegos e de baixa visão na EEM Adauto Bezerra, com o objetivo de desenvolver um material didático tridimensional e de baixo custo, para facilitar a compreensão dos alunos cegos e de baixa visão de conteúdos da Química Orgânica contribuindo assim para o ensino- aprendizagem de Química.

Material e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido na EEM Adauto Bezerra, localizada em Fortaleza/CE, em seu quadro discente conta com 15 alunos cegos e de baixa visão, nas três séries do ensino médio. O trabalho foi realizado com 6 alunos do 2° e 3° ano, os os quais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e contou com o apoio da professora responsável pela Sala de Recursos Multifuncionais - SRM. O trabalho foi dividido em três etapas. Na primeira etapa: confecção do material adaptado, foram confeccionadas estruturas de moléculas orgânicas da função de hidrocarbonetos, foram utilizados para a confecção biscuit branco, tinta acrílica para tecido preta, palito de churrasco e cola de silicone. Na segunda etapa realizou-se uma avaliação do nível de conhecimento dos alunos com deficiência visual, na qual utilizou-se como instrumentos dois questionários de 5 perguntas, o primeiro com assuntos sobre as características do átomo de carbono, tipos de cadeias carbônicas e os tipos de ligações, e foi aplicado para os estudantes do 2° ano; o segundo questionário formado por perguntas relacionadas à nomenclatura e estruturas de compostos orgânicos, aplicado aos alunos do 3° ano. Os alunos cegos responderam às perguntas oralmente e os bolsistas/pesquisadores fizeram as anotações das respostas. Na terceira etapa, as estruturas foram apresentados aos estudantes, que, a partir do toque tiveram noção das ligações e estruturas dos compostos orgânicos. Ao final da apresentação, os estudantes duas séries avaliaram os modelos e foi aplicado um segundo questionário com cinco objetivas com três opções de resposta: Sim, Não e Razoável e uma subjetiva, igual para os estudantes das duas séries. Novamente as perguntas foram lidas para os estudantes e os mesmos responderam de forma oral.

Resultado e discussão

Para confecção dos átomos de carbono, utilizou-se biscuit tingindo de preto, e os átomos de hidrogênio, biscuit branco, os átomos de carbono e hidrogênio foram confeccionados em tamanhos diferentes. As ligações químicas foram representadas com os palitos entre os átomos fixados com cola de silicone. Nas estruturas que representam as moléculas dos alcanos, formadas somente por ligações simples, os átomos foram ligados entre si com 1 palito entre os carbonos; nas que representam os alcenos, 2 palitos e para as que representam as moléculas dos alcinos, utilizou-se 3 palitos entre os carbonos. As estruturas (Figura 1) foram apresentadas aos estudantes cegos (Figura 2) e com baixa visão e em seguida os estudantes avaliaram o material produzido. As moléculas tridimensionais ajudaram na compreensão dos conteúdos estudados em sala de aula na opinião de 66,6% alunos e 33,4% consideraram o material razoável. Foi sugerido que as moléculas também fossem confeccionadas na forma plana para ajudar na compreensão. 100% dos alunos com baixa visão, consideraram as moléculas adequadas para o bom entendimento, os alunos relataram que o contraste de cor os ajudou a diferenciar os átomos de carbono e hidrogênio. Os alunos consideraram os tamanhos das moléculas adequados para o bom entendimento e a representação dos tipos de ligações compreensível, permitindo-os diferenciar os tipos de ligações químicas. Por conseguinte, 100% dos alunos também concordaram que o uso desse tipo de material pelos professores é importante para facilitar a compreensão dos conteúdos de química. Assim como o defendido por Maranhão, Daxenberger e Santos (2018) esses materiais didáticos possibilitam uma compreensão mais efetiva e instiga a curiosidade do aluno, sendo um facilitador para o processo de ensino aprendizagem.

Figura 1: Moléculas dos Hidrocarbonetos

Fonte: Acervo do PIBID de Química/UECE.

Figura 2: Aluna cega testando o material tridimensional

Fonte: Acervo do PIBID de Química/UECE.

Conclusões

O material didático produzido foi bem avaliado pelos estudantes com deficiência visual que consideraram que as moléculas tridimensionais ajudaram na compreensão dos conteúdos e a utilização dessas estruturas durante as aulas de química seriam importantes para uma melhor compreensão dos conteúdos de Química Orgânica, em especial, funções hidrocarbonetos. Portanto, a utilização de material tridimensional é necessária, pois contribui para o ensino inclusivo e facilita o processo de ensino- aprendizagem dos alunos cegos e baixa visão.

Agradecimentos

Agradecemos aos alunos da escola, à Marisa, responsável pela SRM pelo apoio e sugestões, ao PIBID/UECE por proporcionar experiências novas e Capes pelo apoio financeiro.

Referências

MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
MARANHÃO, J. da C., DAXENBERGER, A. C. S. e SANTOS, M. B. H. dos. O ENSINO DE QUÍMICA EM UMA PERSPECTIVA INCLUSIVA: proposta de adaptação curricular para o ensino da evolução dos modelos atômicos. Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar Mossoró, v. 4, n. 12, Novembro, 2018.
MIRANDA, D. G. P e COSTA, N. S. Professor de Química: Formação, competências/ habilidades e posturas. 2007.
NUNES , A. S.; ADORN, D. S. O ensino de química nas escolas de rede pública de ensino fundamental e médio do município de Itapetinga-BA. O olhar dos alunos.. In: Encontro Dialógico Transdisciplinar - Enditrans, 2010, Vitória da Conquista- BA. -Educação e conhecimento científico, 2010.

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