APLICAÇÃO MÍDIAS TECNOLÓGICAS COMO UMA PROPOSTA METODOLÓGICA NA CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DE QUÍMICA NO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ensino de Química
Autores
Cardoso, P.D.S.M. (UEAP) ; Bezerra, J.B. (UNIFAP) ; Coqueiro, P.E.V. (UEAP) ; Malcher, J. (UNIFAP) ; Silva, L.S. (IFAP) ; Silva, E.M.S. (UEAP) ; Rodrigues, J.C.M. (UEAP) ; Ataíde, R.C. (UNIFAP) ; Santos, W.M. (UNIFAP) ; Santos, C.C. (UEAP)
Resumo
A química faz parte do currículo escolar no ensino básico, sendo considerada de difícil compreensão devido sua abstração. Diante deste contexto a pesquisa aborda o uso de mídias tecnológicas como um recurso metodológico para o ensino e aprendizado de química no 9º ano do ensino fundamental. Este estudo foi de natureza quali-quantitativo, onde se fez uso de programas que envolviam o ensino de química que viabilizou a construção de conhecimento através da utilização mídias tecnológicas. Devido ao fácil acesso à tecnologia os educandos se sentiram bem à vontade em trabalhar com tais recursos o que propiciou uma ótima interação entre teoria e pratica virtual. Dessa forma a metodologia proposta mostrou ser eficaz e interativa como instrumento facilitador da aprendizagem no ensino de química.
Palavras chaves
Mídia tecnológica; Ensino de química; 9º ano
Introdução
Nos dias atuais a sociedade está cercada de informações e inovações tecnológicas, que nem sempre tem sido utilizada de forma correta. O ambiente escolar não foge dessa tendência, portanto cabe a mesma procurar meios que interligue a educação com o avanço tecnológico para auxiliar no processo de aprendizagem. Diante disso cabe ao professor modernizar-se e dessa forma usar o conhecimento cientifico como uma metodologia auxiliar ao método tradicional, proporcionando assim novas habilidade e saberes no educando, o que requer muita das vezes um trabalho amplo e contextualizado (NUNES e ADORNI, 2010). O Ensino de Química apesar de ser uma disciplina chamativa devido as reações químicas e os fenômenos ocorridos na natureza a mesma não desperta nos educando o interesse para estuda-la. Tal rejeição se deve ao fato de que a mesma sempre se apresenta de forma estática e abstrata. O motivo pelo qual haja o desinteresse deva-se ao fato de que a mesma não está sendo trabalhada de forma contextualizada ou interdisciplinar (NUNES e ADORNI, 2010). A Química tem sua introdução na matriz curricular do discente no 9º ano com conteúdo introdutório sobre a mesma, já que ela só terá aprofundamento no Ensino Médio. Fato que esse que é um grande fator de impacto para a rejeição da referida ciência, pois na maioria dos casos ela é ministrada por um profissional não capacitado para leciona-la, geralmente um professor de biologia ou de física. Outro fator que se deve levantar em conta são os livros didáticos, que na maioria das vezes não está contextualizado e em alguns casos apresenta informações ultrapassadas, o que provoca certa confusão no aprendizado do aluno, visto que as vezes esse é o único suporte didático utilizado pelo professor, que deveria utilizar outros meios além do livro didático como recurso metodológico em suas (LOBATO, 2007). O docente deve constantemente se capacitar através de cursos de formação continuada, participando de eventos científicos como congressos e simpósios, grupos de estudos que busquem novas formas de ensinar Química de uma maneira mais atrativa e prazerosa. De acordo com Lima (1996) que a participação de professores de química em programas de formação continuada mudou a forma de ensinar química em algumas escolas que proporcionaram grupos de estudos aos seus docentes, inclusive na qualidade do material didático, que já passou a ser confeccionado pelos próprios docentes e contextualizado para o cotidiano dos educandos, fazendo com que a disciplina ficasse mais leve e de fácil compreensão. A Química no 9º ano divide a matriz curricular com a física dividindo os semestres no decorrer do ano eletivo fazendo parte como componente curricular da disciplina Ciências. As disciplinas são alternadas em bimestres onde são tratadas como disciplinas distintas e sem qualquer interdisciplinaridade, apesar de serem ministradas pelo mesmo docente que não tem formação acadêmica em nenhuma das duas ciências, geralmente é um docente da área biológica que apenas faz uma introdução de ambas as disciplinas que serão aprofundadas no ensino Médio. O docente deve atentar para os conteúdos de química abordados no 9º ano, visto que alguns podem ser bem complexos e abstratos, por isso o professor deve ter um olhar especial para a abordagem desses assuntos. É importante entender que existem limitações para os conteúdos abordados no 9º como os conteúdos que envolvam equações químicas que envolve todo um pensamento sobre reagentes e produtos, algo complexo para um aluno do ensino fundamental (BRASIL, 1999). O que se almeja é que o aluno seja capaz de compreender o desenvolvimento de conceitos químicos e não memorizar a complexidade de uma reação química por exemplo. Para auxiliar o docente em suas aulas minimizando assim a complexidade de se estudar química, se faz uso de metodologias que visem auxilia-lo quanto ao desenvolvimento do ensino. Uma dessas metodologias é o uso de mídias tecnológicas, visto que os alunos estão cercados por elas e possuem uma facilidade de trabalhar com as mesmas maior que os adultos (FOUREZ, 1997). A utilização de recursos tecnológicos de forma planejada e pensada exerce uma enorme contribuição para o aprendizado não só de química, mas como as demais disciplinas das ciências exatas e biológicas proporcionando desenvolvimento de raciono e tomadas de decisões, podendo resolver buscar soluções dos problemas com maior. A utilização dos recursos tecnológicos requer que quem vai manuseá- lo tenha um certo conhecimento sobre seu funcionamento a respeito de suas possibilidades e limitações. O professor necessita de qualificação e capacidade para manusear tais recursos (BICUDO 2005; BORBA, 2001), o que acarreta as vezes um certo custo financeiro para usa-los, mas que o gasto pode se converter em resultados positivos dentro de sala de aula.
Material e métodos
A pesquisa foi realizada em uma escola da rede pública, localizada no Munícipio Cutias do Araguari, Estado do Amapá. De acordo com os objetivos propostos, este estudo teve como teve um caráter qualitativo e quantitativo pois trabalhou com relatos das experiências vivenciadas na intervenção. Qualitativa, pois segundo Minayo (2007) qualquer investigação social deve contemplar o aspecto qualitativo, isso porque toda pesquisa social deve considerar o sujeito do estudo e, além disso, implica considerar que o objeto das ciências sociais é complexo, contraditório, inacabado, em permanente transformação. Além disso, optou-se pelo relato de experiência, pois conforme proposto por Dolz e Schneuwly (2004) os gêneros textuais agrupados com base em relatar, são compreendidos como o discurso da memorização e documentação das experiências humanas situadas no tempo. A execução deste trabalho ocorreu em várias etapas que são descritas a seguir: 1ª etapa: apresentação na escola campo para conversar com o docente de ciências que leciona no 9º ano do ensino fundamental. Primeiramente foi uma conversa informal para definirmos como seria o procedimento adotado para a intervenção. 2ª etapa: fui apresentado aos sujeitos da pesquisa e nesse encontro expliquei como seria o processo metodológico que eu estava propondo para executar com eles informando que a participação deles seria de grande importância pois estariam contribuindo para fazer com que o ensino se tornasse melhor. 3ª etapa: antes de começar a minha intervenção aplique a eles um questionário para investigar qual era o contato dos meios com mídias tecnológicas e o que eles pensavam sobre estudar química. 4ª etapa: comecei a intervenção primeiramente fazendo uma revisão de conteúdos de química abordados no 9º ano, a princípio todos demonstraram um total desinteresse em participar por acharem monótono e chato a revisão. Após a explanação sobre os conteúdos de química passou-se para a parte prática que foi a execução de um programa virtual chamada forca. Tal ferramenta tecnológica utilizava de conceitos químicos sobre tabelas periódica e ligações químicas. Com a execução do software os educandos começaram a participar mais da intervenção pois acharam interessante ver a química interagir com a informática e juntas usarem uma brincadeira que eles sempre fazem no quadro quando o professor não se encontra. 5ª etapa: assim que terminou a execução do programa aplicou-se mais um questionário aos discentes contendo perguntas abertas e fechadas. Este último questionário se tornou o mais importante pois foi através dele que se pode obter os resultados para as discussões que concluem se a pratica metodológica emprega foi ou não eficaz no processo de ensino. Tais resultados, discussões e considerações foram abordados nos próximos tópicos deste artigo.
Resultado e discussão
ENTREVISTA COM O DOCENTE
Através do questionário aplicado ao docente pode montar o perfil do
mesmo e com isso buscar meios pedagógicos que venham lhe auxiliar, visto que o
objetivo desta pesquisa não é só a verificação se uma metodologia dará certo,
mas também oferecer ao docente em sala mecanismo para dinamizar o ensino
facilitando assim o processo ensino aprendizagem.
Ao aplicar o questionário ao mesmo obteve a informação de que o mesmo
possui formação superior e especialização em docência do ensino superior, tem
mais de 40 anos e está a mais de 10 anos atuando como professor, costuma
trabalhar em sala os conteúdos oferecidos pela Secretaria de Estado da
Educação e outros materiais que acha na internet para diversificar a forma de
ensinar para não deixar o aluno desinteressado e desmotivado em sala.
Segundo o mesmo o educando participa em suas aulas realizando
atividades, palestras e seminários. Em suas aulas o aluno tem liberdade para
discutir os conteúdos e tirar dúvidas a qualquer hora. Quando possível realiza
experimentos para sair do cotidiano e dessa forma proporcionar ao discente
novas forma de saber.
QUESTIONÁRIO PRÉ-INTEVRNAÇÃO
No questionário aplicado antes da intervenção pode-se conhecer um
pouco do educando, visto que o mesmo não faz uso da tecnologia para estudar
devido ao seu lado financeiro não possibilitar. E muitos só têm acesso a
tecnologias quando algum amigo ou parente que tenha condições financeiras lhe
empresta.
Apresenta dificuldades em aprender química por achar uma disciplina
morna sem ação. Que o obriga a decorar fórmulas e conceitos. De acordo com as
respostas obtidas a maioria dos discentes ainda não tiveram a oportunidade de
ter uma aula diferenciada, mas na visão dos mesmos aulas assim seriam de
grande contribuição para a construção de conhecimento.
QUESTIONÁRIO PÓS-INTERVENÇÃO
Com o termino da intervenção aplicou-se novo questionário para
averiguara eficácia da metodologia tendo sua discussão e conclusão a seguir.
Tendo a participação de 17 alunos na turma A e 14 para a turma B.
O gráfico apresenta a discussão sobre a intervenção se ela foi de grande valia
para que o discente entenda a química. De acordo com o Gráfico 1 52,41%
acharam que sim enquanto que para a turma B foi 100%
No Gráfico 2 questionou-se com o aluno se aulas diferenciadas são
interessantes. Para os alunos da turma A 58,82% responderam que sim enquanto
que na turma B esse percentual atingiu 100%. Tais valores são explicados pois
tal pratica pedagógica sai da rotina do quadro e pincel fazendo com que a
química passe a ganhar dinamismo.
O Gráfico 3 apresenta o percentual de aceitação da metodologia, visto
que a maioria dos educandos da turma A (58,82%) e da turma B (78,5%),
afirmaram que a pratica diferenciada lhe ajudou a compreender os conteúdos de
química.
Quando foram perguntados se fariam uso da tecnologia para prender
agora que foi apresentado a eles mecanismos de ensino para buscas e outras
coisas, o que se constata é que para os educandos da turma A 70,59% se
beneficiaram desse recurso tecnológico enquanto que na turma B 100% irá fazer
uso do mesmo (gráfico 4).
O Gráfico 5 questiona se os alunos já tinham algum conhecimento prévio de que
era possível estudar através da tecnologia, e o que nota que muitos de alguma
forma já utilizaram algum recurso tecnológico para fazer alguma atividade
escolar ou tirar dúvidas sobre determinados assunto. Como podemos observar na
turma A temos um total de 70,59% enquanto que na turma B esse valor chega a
85,71%.
Nota-se com isso que o educador tem que se atualizar e procurar mecanismo que
o faça acompanhar os alunos no mesmo ritmo tecnológico, para usar essa
ferramenta a seu favor e com isso fazer com que o aluno participe mais
ativamente das aulas evitando assim que ele fique despeço.
O Gráfico 6 aborda a contextualização da metodologia com o intuito de
investigar se o educando está conseguindo relacionar o conteúdo abordado em
sala com seu cotidiano. Se o mundo tecnológico que a cerca tem lhe
proporcionado oportunidade em aprender e o mesmo não está conseguindo
visualizar.
A partir do Gráfico 7 o discente confirma ou nega a importância da metodologia
diferencia.
O gráfico faz um último questionamento para finalizar a avaliação da
metodologia diferenciada. Que questiona se o educando é capaz de relacionar a
química com o meio tecnológico que o cerca.
Conclusões
Na sociedade atual onde a tecnologia está ativamente presente é que o educador também se modernize e busque meios de fazer com que esses avanços tecnológicos trabalhem a seu favor. A Química, por ser uma ciência experimental e que muitas vezes se refere ao campo microscópico, necessita de especial atenção para melhorar os aspectos relacionados à aprendizagem. O uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e de jogos tem mostrado ser eficiente não só na compreensão de conceitos, mas também por despertar o interesse por esta área da ciência. Mediante ao que foi exposto nesta pesquisa, conclui-se que é preciso saber e utilizar metodologias que envolvam o aluno para o aprendizado dessa disciplina complexa, porém, essencial. Muitos profissionais de áreas afins buscam a formação pedagógica para atuarem no magistério, para que possam aprender soluções inovadoras no ensino da disciplina de Química.
Agradecimentos
Referências
BICUDO, M. A. (2005). Fenomenologia: confrontos e avanços. São Paulo: Cortez.
BORBA, Marcelo C. - Informática e Educação Matemática - coleção tendências em Educação Matemática - Autêntica, Belo Horizonte - 2001
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999. 364 p.
DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita - Elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: ROJO, Roxane; CORDEIRO, Glaís Sales (Orgs./Trads). Gêneros orais e escritos na escola: tradução de trabalhos de Schneuwly e Dolz, Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 38-71.
FOUREZ, G. Alfabetización Científica y Tecnológica. Argentina: Ediciones Colihue, 1997.
LIMA, E.G. O revisitar de práticas docentes constituídos em torno do brincar infantil –focalizando a formação inicial. Curitiba: XII ENDIPE, 1996.
LOBATO, A., C., A abordagem do efeito estufa nos livros de química: uma análise crítica. Monografia de especialização. Belo Horizonte, 2007, CECIERJ.
MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 26. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
NUNES, A. S. ; ADORNI, D.S . O ensino de química nas escolas da rede pública de ensino fundamental e médio do município de Itapetinga-BA: O olhar dos alunos. In: Encontro Dialógico Transdisciplinar - Enditrans, 2010, Vitória da Conquista, BA. - Educação e conhecimento científico, 2010.