ANÁLISE DOS IMPACTOS DA POLUIÇÃO QUÍMICA CAUSADA PELO DESCARTE IRREGULAR DO LIXO ELETRÔNICO EM GRAJAÚ-MA
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ambiental
Autores
Fontineles Soares, B.J. (UFMA) ; Anunciação Conceição, Z.M. (UFMA) ; Alves de Araújo, I.M. (UFMA) ; Santos Chaves, D. (UFMA) ; Barros de Faria, C. (UFMA) ; Ferreira da Silveira, A.C. (UFMA) ; Gomes de Barros, C.F. (UFMA) ; dos Santos Sousa, L.M. (UFMA) ; Gomes Passos, I.N. (UFMA)
Resumo
Partindo de uma observação sobre a tecnologia versus lixo, surgem questionamentos que fazem refletir a problemática, como o descarte correto do lixo entre outros fatores, propondo então a seguinte pesquisa para âmbito municipal de modo que viesse a demonstrar que não é só um problema governamental, mas também populacional. A metodologia foi baseada em uma pesquisa de campo com a população comum e também com pessoas relacionadas ao comércio destes materiais. Após isso, foi realizada uma visita ao lixão municipal com o objetivo de averiguar quantos tipos de materiais são recebidos e quais os tratamentos desse lixo. Com base nessas informações foram realizadas análises de materiais, para futuramente uma possível conscientização a população.
Palavras chaves
Lixo-Eletrônico; Descarte; Poluição
Introdução
A preocupação sobre como está sendo descartado o lixo se faz cada vez mais presente no cotidiano. Considerando os resíduos sólidos que podem ser reaproveitados é necessário que hajam iniciativas que visam dar um retorno financeiro as pessoas que mantém sua renda através do lixo e o reaproveitamento dos materiais para outros fins de produção. O aumento de lixo eletrônico traz grandes preocupações para a sociedade, pois esses materiais possuem grandes índices de toxidade e radioatividade que podem causar grandes danos para a saúde humana e ao meio ambiente. O descarte desses materiais deve ser realizado em locais adequados e separado do lixo doméstico, para que não sejam produzidas misturas que se tornem prejudiciais para a população em geral. De acordo com Ferreira e Ferreira (2008), o que se conhece por resíduos ou lixo eletrônico, ou ainda elixo, são aparelhos ou materiais obsoletos gerados pela atividade humana. Os principais eletroeletrônicos são: computadores, telefones celulares, geladeiras, CDs, DVDs, microchips, baterias e pilhas, além de todo o material e peças que os compõem. Esse problema pode estar relacionado a vários fatores, dentre eles a não conscientização da população para que seja realizado o descarte além da pouca existência de locais especializados em coleta e receptação desse tipo de lixo, provocando assim em uma crescente degradação ambiental. O Brasil é um dos países que mais descarta lixo eletrônico por ano dentre os países emergentes e não apresenta estratégia para amenizar o problema do lixo eletrônico, pois durante a produção desses aparelhos são utilizados produtos tóxicos que prejudicam o meio ambiente e a saúde do ser humano (CHADE, 2010). Nessa perspectiva seria viável o uso de materiais com um baixo teor de toxidade na fabricação desses aparelhos. Desse modo, os materiais eletrônicos que chegassem ao fim de sua vida útil seriam retirados de circulação sem causar tantos danos para o meio ambiente.
Material e métodos
O presente trabalho teve como base a pesquisa de campo e bibliográfica, segundo Fonseca (2002) “Esse tipo de análise caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realizam coletas de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (pesquisa ex-post-facto, pesquisa-ação, pesquisa participante, etc.). A pesquisa de campo foi realizada com a população grajauense incluindo pequenos empresários relacionadas ao comércio de eletrônicos, seguido por uma visita ao local onde são depositados estes resíduos e investigado quais as medidas que serão tomadas após isso. Inicialmente foi aplicado um breve questionário de nível básico, ressaltando principalmente o destino que essas pessoas dão a esses materiais, citando inclusive os seus conhecimentos a respeito dos resíduos químicos presentes nesses produtos descartados no meio ambiente, podendo causar um grande risco aos seres vivos. E outro questionário direcionado aos empresários desse ramo com a mesma temática e objetivo. A análise dos materiais foi realizada através da verificação dos equipamentos eletrônicos pertencentes a lixos eletrônicos comumente descartados no lixão do município de Grajaú como: TVs, Computadores, aparelhos celulares, impressoras etc. Outro método utilizado para a elaboração desse trabalho foi a realização de pesquisas bibliográficas através de diversos meios previamente elaborados dentre eles: Livros, dissertações e artigos científicos.
Resultado e discussão
Com base nos dados coletados através de um questionário aplicado com
empresários do ramo tecnológico no município de Grajaú- MA, de início
perguntou-se sobre os métodos corretos de descarte do lixo eletrônico e se
eles conheciam, com um total de cinco empresas pesquisadas, quatro dos
representantes responderam que sim e um que não, com isso foi possível notar
que enquanto a maioria tem conhecimento prévio, outros ainda não possuem.
Em seguida questionou-se que, durante o seu trabalho com os equipamentos
eletrônicos, buscou informações sobre o descarte do elixo, se sim quais
encontradas. Entre as respostas, apenas dois replicaram positivamente e
ainda procuraram as possibilidades viáveis, entretanto não obtiveram sucesso
e seguiram descantando juntamente ao lixo convencional.
Após, foi argumentado a respeito das consequências ambientais do elixo. Como
resposta, obteve-se um total de três empresários afirmando que desconheciam
e dois que reconheciam os mesmos. Diante destas afirmativas percebeu que há
um certo conhecimento por parte dos donos das empresas sobre o risco para os
seres vivos em relação a contaminação dos produtos químicos no meio
ambiente, porém vem o questionamento por qual motivo ainda descartam estes
lixos de forma incorreta? Sugestões são pertinentes e uma delas seriam
locais apropriados para tais.
Dias (2003) destaca que a composição química dos resíduos eletrônicos é
muito variada, são utilizados muitos tipos de metais. Se descartados
inadequadamente contaminam o solo, o lençol freático e a água potável.
Metais pesados usados em sua composição constituem, portanto, um sério risco
para o meio ambiente. Altamente tóxicos, encontramos metais, como: mercúrio,
cádmio, berílio e chumbo.
Tendo em vista os conhecimentos adquiridos até então, trouxeram uma
indagação a respeito de quantidades, baseando-se em pesquisas bibliográficas
obtiveram-se valores em escala nacional. Então, buscou-se verificar a escala
municipal de modo aproximado realizando a seguinte questão aos gestores
empresariais: “Você sabe qual a média de descarte do seu lixo eletrônico
mensal? Se sim, qual?” todos responderam que não, como justificativa um dos
entrevistados disse que “ não sabe pelo fato de armazenar o lixo por se
tratar de uma loja nova no ramo” porém daria sim para obter-se informações
sobre a quantidade pois ainda se encontra armazenando podendo calcular um
valor médio mensal.
Segundo Tavares, (2017) o atual ciclo de mudança tecnológico pode gerar um
grande impacto ambiental, caso o equipamento não passe pelo processo
adequado de descarte. Hoje o Brasil, produz 36% do Lixo Eletrônico da
América Latina: 1,4 milhão de toneladas em 2014. Infelizmente, a maior parte
desse lixo é simplesmente descartada, ou seja, literalmente desperdiçamos,
pela simples ausência de informação, treinamento, incentivos e recursos, uma
vez que o lixo poderia ser reciclado e gera riquezas.
Contudo que foi dissertado com os comerciantes, foi dando-lhes a
oportunidade de sugerir uma destinação viável ao município, as propostas
apresentadas foram parecidas, e caminham com a ideia cooperativista do
presente trabalho, que seria “implementar uma coleta destinada a esse
material para fins reutilizáveis e destinar as empresas de tratamento”
No que diz respeito ao diagnóstico dos elementos presentes nos acessórios
que compõem os produtos eletrônicos jogado no lixão municipal que podem
causar danos ao meio ambiente, conheceu-se as suas composições através de
experimentos investigativos e análise dos rótulos que eles possuem e
bibliográficas. A parir disso obteve-se os resultados em destaque no quadro
1.
Após a análise dos rótulos verificou-se a que a quantidade exorbitante de
material tóxico despejado a céu aberto, há muitos anos vem causando inúmeros
problemas a saúde humana e ambiental, tanto aos moradores da área quanto aos
que estão em contato indireto trazidos pelo vento, ou através da água
contaminada dos lençóis freáticos. O risco populacional cresce a cada dia
juntamente com número de elixo despejado em locais impróprios, Roa (2009)
vem contribuir com essas afirmativas.
Elementos químicos encontrados no lixo eletrônico e depositados a céu aberto em Grajaú-MA.
Demonstrativo do e-lixo em lixão grajauense.
Conclusões
Através do estudo realizado, foi possível observar que a sociedade Grajauense, assim como as empresas que trabalham com manutenção de materiais eletrônicos não possuem conhecimento prévio quanto ao perigo que o descarte inadequado desses materiais pode trazer a população e ao meio ambiente. Nota-se que o município não disponibiliza orientações ou um local específico para o descarte desses materiais, ocasionando assim o direcionamento desse material ao lixo comum, e consequentemente a contaminação do solo e ocasionando futuramente problemas relacionados a saúde humana e ambiental através da distribuição desordenada do lixo a céu aberto.
Agradecimentos
Primeiramente a Deus e a nossa instituição de ensino UFMA. Aos amigos de estudo de todas as noites e a colaboração de terceiros sem os quais não seriam possível a conclusão deste trabalho.
Referências
CARPANEZ, J. 10 mandamentos do lixo eletrônico. In: <http://g1.globo.com/noticias/tecnologia/0,,mul87082-6174,00.html> Acesso em 07 junho de 2019.
CHADE, Jamil. Brasil é o campeão do lixo eletrônico entre emergentes. O Estado de S. Paulo. 2010. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,brasil-e-o-campeao-do-lixo-eletronico-entre-emergentes,514495,0.htm> Acesso em 27 mar. 2019.
FERREIRA, Juliana Martins de Bessa; FERREIRA, Antônio Claudio. A sociedade da informação e o desafio da sucata eletrônica. Revista de Ciências Exatas e Tecnologia, São Paulo, v. 3, n. 3, 8 dez. 2008. Disponível em: <http://revista.pgsskroton.com.br/index.php/rcext/article/viewFile/2374/2278> Acesso em 27 mar. 2019.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GONÇALVES, A.T. O lado obscuro da high tech na era do neoliberalismo: seu impacto no meio ambiente. 2007. Disponível em: <http://lixotecnologico.blogspot.com/2007/07/o-lado-obscuro-da-high-tech-na-era-do.html > Acesso em 30 mar.2019
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 14. ed. rev. amp. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
ROA, K.R.V., et al. Pilhas e baterias: usos e descartes x impactos ambientais. Caderno do professor. GEPEQ- USP: curso de formação continuada de professores, 2009. Disponível em: < http://www.cienciamao.if.usp.br/dados/aas/_indefinidopilhasebateria.arquivo.pdf> Acesso em 29 de Junho de 2019.
STEFANELLO FISCHBORN, Márcia. Lixo eletrônico no brasil. Revista Educação Ambiental em Ação. Número 57, Ano 15.
Setembro-Novembro/2016. Disponível em: <http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2423> Acesso: 27/03/2019
VIEIRA. M.J. Logística reversa aplicada a reciclagem de lixo eletrônico: estudo de caso Oxil manufatura reversa. 2009. 44 f. Monografia (Graduação em Logística) – Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo, 2009.