Avaliação Sazonal da Qualidade Físico-química e Microbiológica da Bacia do rio Munim – MA

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Fonseca, N.N. (IFMA) ; Freitas, A.S. (IFMA) ; Rangel, J.H.G. (IFMA)

Resumo

Este trabalho buscou um levantamento da qualidade ambiental atual do rio Munim nos municípios de Chapadinha, Nina Rodrigues e Axixá por meio de análises físico-químicas e microbiológicas ao longo da bacia, comparando as análises às resoluções CONAMA pertinentes. As coletas foram realizadas em quatro pontos nos períodos chuvoso e seco de 2018. Os parâmetros físico-químicos verificados foram: medição de pH, Oxigênio Disssolvido (OD), Temperatura, Salinidade, Condutividade elétrica e TDS. Para microbiologia foi verificado a presença de bactérias do grupo coliforme pela técnica de tubos múltiplos. Três pontos apresentaram baixos valores de pH no período seco. Baixos valores de OD em todos os pontos no período seco. A colimetria revelou indícios de alta qualidade em todos os períodos.

Palavras chaves

Qualidade da Água; Análise físico-química; Perfil microbiológico

Introdução

As bacias hidrográficas são formadas pela coleta de toda água superficial ou subterrânea em direção ao leito de um rio, assim o índice de poluição dessas áreas afeta o rio em questão, sendo imprescindível que se desenvolvam ações de preservação e conservação desses recursos hídricos. A Bacia Hidrográfica do Rio Munim, possui uma área total de 15.918,04 km2 que representa 4,79% do estado do Maranhão, e tem o rio Munim como principal curso d’água da bacia com 331,74 km de extensão. Dos 27 municípios que compõem esta bacia, 15 sedes municipais estão dentro da mesma e possuem baixa rede de saneamento básico adequado (em média 17,3%) com densidade demográfica média de 23 hab/km2 (NUGEO, 2016; PENA, 2019; IBGE, 2019). A economia da bacia destaca-se pelo plantio de soja que representa 10% do total do território dedicado a grãos no Estado e pelo polo turístico que leva o nome do rio, onde são facilmente identificados os crimes ambientais advindos da errônea utilização dos rios em atividade turística (MARANHÃO, 2018; VIEIRA & FERREIRA, 2016). Diante do crescimento demográfico e econômico da região da bacia do rio Munim uma série de contaminantes podem comprometer a qualidade da água do rio sendo necessário uma avaliação da mesma. O Conselho Nacional do Meio Ambiente– CONAMA, por meio de suas resoluções estabelece padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, no entanto, no Maranhão, não existe monitoramento ambiental contínuo por parte da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão–SEMA (BRASIL,1981). No sentido de avaliar a qualidade da água do rio Munim realizou-se análises físico- químicas e microbiológicas ao longo da bacia nos períodos de chuva e estiagem de 2018 e comparou-se à legislação vigente.

Material e métodos

As amostras de água foram coletadas em triplicata, utilizando frascos âmbar de vidro de 1L recentemente esterilizados e no período da manhã. As coletas foram realizadas em quatro campanhas, nos dias 20 de abril, 18 de julho, 28 de novembro e 18 de dezembro de 2018 em quatro diferentes pontos do rio Munim (Figura 1), que são respectivamente: Povoado de Mangabeiras (Chapadinha) - P1 (3°48'33.9"S e 43°24'33.6"W), Povoado Riacho Fundo (Chapadinha) - P2 (3°42'19.9"S e 43°31'45.7"W), Nina Rodrigues – P3 (3°27'35.7"S e 43°54'09.0"W) e Axixá – P4 (2°50'14.3"S e 44°03'03.4"W). Foi verificado o pH e temperatura da água em potenciômetro de campo marca Hanna Modelo HI9126. Para os teores de oxigênio dissolvido foi realizado por meio de oxímetro marca instrutherm modelo MO900, e a condutividade, salinidade e TDS (Sólidos Dissolvidos Totais), através de condutivímetro multiparâmetro marca ION modelo COM-500. Para análise microbiológica foi utilizada a técnica dos tubos múltiplos para a determinação do NMP/100mL de coliformes termotolerantes, método recomendado pelo Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater- APHA/American Public Health Association (2012). Os resultados obtidos foram comparados às resoluções do CONAMA 274/00 e 357/05.

Resultado e discussão

A temperatura da água se manteve em média próximo de 28 ˚C conforme a Tabela 1. O CONAMA não estabelece um limite de temperatura, no entanto, esta interfere diretamente nas demais variáveis físico-químicas. Os demais parâmetros foram verificados para classe 2 segundo a CONAMA 357/05. A condutividade depende das concentrações iônicas e da temperatura, e indica a quantidade de sais existentes na coluna de água, representando assim uma medida indireta da concentração de poluentes (MOUCHREK, 2005). A Tabela 1 mostra a relação direta entre condutividade e TDS. O limite máximo permitido é de 500 mg/L, assim, todos os pontos analisados encontram-se dentro do parâmetro. Os valores obtidos para pH (Tabela 1) revelam a inconformidade de três amostras. Os pontos P1, P2 e P3 tiveram pH abaixo do parâmetro em uma coleta no período seco (nov/18). A acidez no meio aquático é causada principalmente pela presença de CO2. Um efeito indireto de determinadas condições de pH é a precipitação de elementos químicos tóxicos como metais pesados (CETESB, 2017). O oxigênio dissolvido (OD) verificado mostrou-se abaixo da legislação em todos os pontos em dado período conforme a Tabela 1. Baixas concentrações de OD podem indicar a presença de matéria orgânica (originadas provavelmente de esgotos). Condições anaeróbicas do ambiente e geração de condições redutoras, aumentam a toxicidade de muitos elementos químicos, tornando-os mais solúveis, como por exemplo, os metais. Os níveis de OD também indicam a capacidade de um corpo d’água natural manter a vida aquática (PEREIRA, 2004; CETESB, 2017). O resultado da colimetria conforme Tabela 1, revelou um indício de alta qualidade para as águas superficiais conforme os parâmetros da resolução CONAMA 274/00.

Figura 1

Pontos de coleta das amostras P1, P2, P3 e P4 distribuídos ao longo do rio Munim - MA

Tabela 1

Resultados das análises físico-química e microbiológica da água do rio Munim -MA nos períodos de chuva e estiagem de 2018

Conclusões

De acordo com os resultados, o período seco revelou um desequilíbrio nos parâmetros pH e OD que podem estar associados à presença de CO2 na coluna d’água, e que podem alterar a biodisponibilidade de contaminantes oriundos da lixiviação do solo. Em face da importância do rio Munim e das características socioeconômicas da bacia, é necessário um diagnóstico ambiental mais abrangente que contemple outras variáveis (análise de poluentes metais e agrotóxicos), bem como a biota.

Agradecimentos

Ao Departamento Acadêmico de Química do IFMA-Campus Monte Castelo e à FAPEMA pelo apoio profissional e financeiro para o desenvolvimento deste trabalho.

Referências

BAIRD, R. B; EATON, A. D; CLESCERI, L. S. Standard methods for the examination of water and wastewater (Vol. 10). E. W. Rice (Ed.). Washington, DC: American Public Health Association.2012.
BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Política Nacional do Meio Ambiente. LEI Nº 6.938/81, Art8. Inciso VII. Brasília, DF,1981.
______. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005.
______. Resolução nº 274, de 29 de novembro de 2000.
CETESB, © Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo - 2017. Apêndice E – Significado Ambiental das Variáveis de Qualidade.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Conheça Cidades e Estados do Brasil. Disponível em < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma>. Acesso em 28 de fevereiro de 2019.
MARANHÃO. Com apoio do poder público, produtores maranhenses comemoram crescimento da safra de grãos. 2018. Disponível em: <http://www.ma.gov.br/agenciadenoticias/desenvolvimento/com-apoio-do-poder-publico-produtores-maranhenses-comemoram-crescimento-da-safra-de-graos>. Acesso em 01 de março de 2019.
MOUCHREK, V. E. F. Analise Físico-química de água. Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água, Laboratório de Bromatologia. São Luís: UFMA, 2005.
NUGEO – Nucleo Geoambiental. Centro de Ciências Agrárias. Universidade Estadual do Maranhão. Bacias hidrográficas e climatologia no Maranhão. UEMA: São Luís, 2016. 165 p.
PENA, Rodolfo F. Alves. O que é Bacia Hidrográfica? Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-bacia-hidrografica.htm>. Acesso em 09 de abril de 2019.
PEREIRA, R. S. Poluição hídrica: causas e consequências. IFSUL – Campus Pelotas. 2004. Disponível em: < http://www.vetorial.net/~regissp/pol.pdf>. Acesso em: 25 de jan. 2019.
VIEIRA, Edilana Wasney; FERREIRA, Antônio José de Araújo. Turismo como estratégia para o Desenvolvimento Socioeconômico no Polo Munim, Maranhão, Brasil. In. XVIII Encontro Nacional de Geógrafos. São Luís, 2016.

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