CARACTERIZAÇÃO FÍSICO QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DAS COZINHAS DE UNIDADES DE ENSINO MUNICIPAIS DA CIDADE DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - SERGIPE
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ambiental
Autores
Cavalcante de Oliveira, A.P. (IFS-CAMPUS ARACAJU) ; de Matos Moreira, J. (IFS - CAMPUS SÃO CRISTÓVÃO) ; Farias Oliveira, P. (IFS - CAMPUS GLÓRIA) ; da Silva Almeida, J. (IFS - CAMPUS GLÓRIA) ; de Jesus Brito, V. (IFS - CAMPUS GLÓRIA)
Resumo
A água utilizada para consumo humano é um recurso natural renovável, porém com o mau uso dos recursos hídricos e com o seu consumo crescente vem se tornando um bem escasso. Por ser de fundamental importância para a vida humana preservá-la é questão de sobrevivência. As doenças de veiculação hídrica estão relacionadas com a qualidade, quantidade e regularidade no fornecimento de água. Água fornecida sem regularidade e em quantidade insuficiente gera hábitos de higiene inadequados que podem ocasionar doenças. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da água utilizada para preparo da merenda escolar em dez unidades de ensino, da rede municipal, da cidade de Nossa Senhora da Glória-SE.
Palavras chaves
Qualidade da água; Análise físico-química; Análise microbiológica
Introdução
Segundo a Organização Mundial da Saúde todas as pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e condições sócio-econômicas têm o direito de ter acesso a um suprimento adequado de água potável e segura (ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE, 2018). Desde 2.000 a.C. já havia preocupação com a qualidade da água para consumo humano (CAMPOS et al., 2002), porém somente a partir do século XIX é que se passou a correlacionar água consumida e transmissão de doenças (TAVARES e GRANDINI, 1999). Os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade são estabelecidos na Portaria de Consolidação Nº05/2017, do Ministério da Saúde. Do ponto de captação até o ponto de consumo a água pode ter a sua qualidade comprometida, por exemplo, por intermitência do serviço, por redes de distribuição obsoletas, por instalações hidráulico-sanitárias precárias, por falta de manutenção dos reservatórios. O município de Nossa Senhora da Glória está situado no território do alto sertão sergipano e é abastecido pelo Sistema Integrado do Semiárido, com descontinuidade. A água é coletada em manancial que faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (SERGIPE, 2016). Segundo o Censo Escolar, em 2018, o total de matrículas na rede municipal de Nossa Senhora da Glória foi de 5.195, distribuídas na zona rural e urbana. As crianças, em virtude do seu sistema imune imaturo, são bastante afetadas pelas doenças relacionadas ao consumo de água fora dos padrões de potabilidade, daí a importância de avaliar a qualidade da água por meio de análises de parâmetros microbiológicos e físico-químicos comparando os resultados obtidos com os padrões estabelecidos na legislação em vigor.
Material e métodos
As amostras de água foram coletadas em dez escolas públicas municipais,da cidade de Nossa Senhora da Glória, durante os meses de agosto, setembro e dezembro de 2018 e janeiro de 2019. Foram escolhidas escolas na zona urbana (seis) e na zona rural (quatro), para identificar possíveis diferenças quanto à localização e a forma de captação de água nessas instituições. A seleção das escolas foi feita em parceria com a Secretaria de Educação Municipal. Em cinco escolas, foram coletadas 2 amostras: rede de distribuição (água fornecida por tubulação direta, sem contato com reservatórios internos) e cozinha. Nas outras cinco, apenas amostra da cozinha, em virtude da falta de água no momento da coleta. As torneiras foram limpas com álcool 70% e deixadas sob vazão máxima durante 3 minutos até que a amostra fosse coletada. Foram utilizadas garrafas de polietileno, esterilizadas, devidamente identificadas e armazenadas em caixas térmicas com gelo. O procedimento de análise microbiológica (coliformes totais e termotolerantes) foi realizado no laboratório multifuncional situado no Instituto Federal Sergipe - Campus Glória. As analises físico-químicas foram realizadas em campo, através de aparelhos portáteis. Para a determinação do pH, foi utilizado um medidor multiparâmetro de bolso, modelo AKSO; para a turbidez, um turbidímetro, modelo Policontrol-Ap 2000; o Cloro Residual Livre foi determinado a partir do método DPD, utilizando um colorímetro multiprocessado digital (DLA-CL da Del lab).
Resultado e discussão
A tabela 01 apresenta os resultados das amostras de água das cozinhas, enquanto a tabela 02 apresenta os resultados das amostras da rede de distribuição. As amostras da rede foram coletadas como controle. Todos os valores de pH estão de acordo com o previsto na Portaria de Consolidação Nº05/2017, do Ministério da Saúde. Em relação ao parâmetro cloro livre algumas amostras apresentaram valores 20 vezes menor que o mínimo estabelecido pela legislação vigente (0,2 a 2,0 mg/L). O cloro é um agente oxidante usado para destruir os microrganismos presentes na água, logo se ela apresentar valores abaixo do especificado para esse parâmetro, a probabilidade de contaminação microbiana é maior. Quanto à turbidez, as variações observadas, podem estar relacionadas ao rompimento da Adutora do Sertão e chuvas ocasionais que ocorreram em finais de semana que antecederam o dia da coleta. Convém ressaltar que das unidades de ensino situadas na zona rural (D, E, X e Y), apenas a Y não sofre desabastecimento regular. Durante os 4 ciclos de coleta, a escola D e a E, foram abastecidas por carros pipa. Quanto aos parâmetros microbiológicos, 50% das amostras indicou a presença de coliformes totais e termotolerantes o que está em desacordo com o previsto na portaria supracitada. Das amostras da rede de distribuição, apenas a coletada na escola Y, apresentou contaminação microbiológica. O desabastecimento constante, o armazenamento de água em locais indevidos, o manuseio inadequado e caixas d’água sujas, foram alguns fatores negativos observados.
Conclusões
Os resultados indicaram a presença de contaminação microbiológica (coliformes totais e termotolerantes) em amostras de cinco cozinhas de escolas municipais de Nossa Senhora da Glória-SE e em uma amostra da rede de distribuição. O desabastecimento frequente, a falta de infraestrutura e de boas práticas de higiene implicam na perda da qualidade da água, no ambiente escolar. Para que seja garantida a utilização de água de boa qualidade no preparo da merenda é recomendado um monitoramento contínuo.
Agradecimentos
Fapitec/SE, CNPq, Propex/IFS, Secretaria Municipal de Educação de Nossa Senhora da Glória
Referências
ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE. Água e Saúde. Disponível em:< http://www.opas.org.br/ambiente/UploadArq/água.pdf>. Acesso em: 15 de julho de 2019.
CAMPOS, Juliana Alvares Duarte Bonini; FARACHE FILHO, Adalberto; FARIA, João Bosco. Qualidade sanitária da água distribuída para consumo humano pelo sistema de abastecimento público da cidade de Araraquara, SP. Rev. Alim. Nutr.,v. 13, p. 117-129, 2002.
SERGIPE. Companhia de Saneamento de Sergipe. Relatório Anual de Informações ao Consumidor 2016. Disponível em:< https://www.deso-se.com.br/v2/images/documentos/qualidade/sertao/NSGloria-16.pdf>. Acesso em: 15 de janeiro de 2018.
TAVARES-DIAS, Marcos .; GRANDINI Adriana Aparecida. Prevalência e aspectos epidemiológicos de enteroparasitoses na população de São José da Bela Vista, S.P. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v.32, p.63-65, 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 05, Anexo XX, de 28 de setembro de 2017. Normas e padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0005_03_10_2017.html> Acesso em: 20 Jul. 2019.