ELABORAÇÃO DE SABÃO EM PASTA “ECOLÓGICO” PARA A LIMPEZA DE UTENSÍLIOS DE ALUMÍNIO

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Melo, A.L.M. (UFCG) ; Medeiros, M.E.S. (IFRN/CA) ; Souza, W.M. (UFRN) ; Costa, C.H.C. (IFRN/CA) ; Melo, J.C.S. (IFRN/CA) ; Badoró, A.D.S. (IFRN/CA)

Resumo

A produção de sabão como alternativa da reciclagem do óleo de fritura é uma opção viável, pois é ecologicamente correto, não causa danos ao meio ambiente, e pode gerar renda. Logo, o objetivo desse trabalho é estudar seis formulações de sabões em pasta (F1, F2, F3, F4, F5 e F6) com diferentes quantidades de álcool etílico (70°INPM). Foi realizada a caracterização físico-química das formulações e também testes de aceitação. As formulações apresentaram pH alcalino. Todos os rendimentos ficaram acima de 40%. As formulações F4 e F6 apresentaram os melhores resultados quanto a facilidade de limpeza e ao potencial de recomendação. Nesse sentido, a formulação F4 foi a que apresentou os melhores resultados quanto aos parâmetros físico- químicos e ao teste de aceitação.

Palavras chaves

RECICLAGEM; SABÃO EM PASTA; FORMULAÇÕES

Introdução

A quantidade de alimentos fritos sendo consumidos pela população brasileira aumenta gradativamente dia após dia, sobretudo pelo fato destes alimentos se apresentarem como uma alternativa de alimentação rápida e atrativa. Dessa forma, a quantidade de resíduos de óleo de cozinha gerados principalmente por essa atividade tem acompanhado esse crescimento (OLIVEIRA et al., 2017a). Nesse sentido, de acordo com recentes pesquisas, cada litro de óleo despejado no esgoto tem capacidade para poluir cerca de um milhão de litros de água (OLIVEIRA; SOMMERLATTE, 2008). Toda essa gordura, após ser utilizada, acaba por ser descartada de forma inadequada no meio ambiente, ocasionando inúmeros danos à natureza e à sociedade em geral, como o entupimento das tubulações, a infertilidade do solo, a diminuição da oxigenação da água, forte odor, dentre outros (FERNANDES et al., 2008). Todavia, surgindo como uma alternativa ao despejo indevido dos resíduos de óleo, é possível encontrar na literatura alguns produtos provenientes desses resíduos, a exemplo do sabão. A produção desse produto a partir do óleo residual de cozinha é uma saída para diminuir os impactos ambientais causados pelo seu descarte inadequado, pois além de ser ecologicamente correto, não causa danos ao meio ambiente, utiliza pouca água no seu preparo e o produto possui um ciclo, haja vista ser biodegradável, ou seja, é decomposto depois de utilizado (LIMA et al, 2014). Pereira et al. (2014) utilizaram o óleo de fritura para produzir o sabão em barra a partir da reação de saponificação do óleo de fritura com a soda cáustica (NaOH) e água, para melhorar o aspecto do sabão adicionaram outros produtos químicos, como corantes, essências, lauril, entre outros. Já Oliveira et al. (2017), por sua vez, usaram o óleo residual de fritura, hidróxido de sódio (NaOH), água e álcool etílico à 70° INPM para produzir o sabão líquido, evidenciando as diversas metodologias de sabões (em barra e líquido) encontradas na literatura. A obtenção de sabões ocorre através de uma reação denominada saponificação mediante um agente alcalino e a gordura. A molécula do sabão possui grupos hidrofóbicos (sem afinidade com a água) e grupos hidrofílicos (têm afinidade com a água) (SILVA et al, 2010). Por se tratar de um produto semipolar, os sabões se comportam de forma que as moléculas apolares se dissolvem em gorduras e óleos e as moléculas polares são solúveis em água (LIMA, Maciel, 2011). Assim sendo, a remoção de sujidades é dada a partir dessas interações, quando a molécula do sabão interage com a sujidade e, ao fim, a sujeira é removida. Além de seus benefícios ao meio ambiente, o sabão produzido a partir do óleo vegetal pode servir como uma alternativa sustentável, onde poderá ser utilizado como fonte de renda. Desse modo, considera-se como objetivo desse trabalho a elaboração e avaliação de seis formulações de sabões em pasta, voltadas para a limpeza e remoção de sujidades em alumínios, utilizando álcool etílico a uma concentração de 70° INPM (Instituto Nacional de Pesos e Medidas), variando as quantidades de álcool etílico e água.

Material e métodos

O óleo utilizado na pesquisa foi coletado no IFRN – Campus Caicó sendo conservado em recipiente plástico à temperatura ambiente. A fabricação dos sabões em pasta seguiu os seguintes passos: foram transferidos 500 mL de óleo fritura para um recipiente plástico; em seguida, foi adicionado ao óleo 85g de hidróxido de sódio na forma sólida. Para as formulações F1, F2 e F3 foram adicionados 300, 250 e 200 mL de álcool, respectivamente e 500 mL de água. Enquanto para as formulações F4, F5 e F6, a quantidade de água adicionada foi de 400 mL com quantidade de álcool igual as formulações anteriores. A mistura foi agitada até que se tornasse homogênea e viscosa. A caracterização físico-química das formulações foi realizada quanto aos parâmetros pH, rendimento e formação de espuma. As análises foram realizadas em triplicatas. A leitura dos valores de pH dos sabões em pasta foi realizada no peagâmetro de bancada; os valores de rendimento foram a partir da massa dos reagentes iniciais (antes da produção do sabão) e a massa final (dos produtos depois da elaboração do mesmo); os valores da quantidade de espuma foram obtidos de acordo com o método de Rodrigues (1997). O teste de aceitação foi realizado com as formulações que apresentaram as melhores análises físico-químicas, com 20 participantes, sendo entregue a eles três amostras do sabão em pasta e um formulário com as seguintes perguntas: “O aspecto do sabão te agradou?” (Sim ou não), “O sabão limpou com facilidade o alumínio?” (Sim ou não) e “Recomendaria o uso desse produto para a limpeza do alumínio?” (Sim ou não).

Resultado e discussão

Na Tabela 1 encontram-se os valores dos parâmetros físico-químicos das diferentes formulações estudadas. Os valores médios do pH das Formulações F1, F2, F3, F4, F5 e F6 foram iguais a 13,45; 13,14; 12,15; 13,3; 13,63 e 13,69, respectivamente. Oliveira et al. (2017b) obtiveram valor de pH igual a 13,27 para o sabão líquido, com 500 mL de água e 350 mL de álcool, um valor próximo aos obtidos nesse trabalho. A basicidade presente no sabão é interessante, pois, o sabão líquido com pH igual a 10 apresenta maior ação de limpeza e apresenta-se inferior ao máximo permitido pela a ANVISA que segundo a Resolução normativa nº 1/78 que é de 11,5 (VENTURA et al, 2014). O problema do sabão com pH muito básico é que poderá causar irritações e inflamações nas mãos dos usuários ao ser manipulados sem luvas (SOUZA, 2008). Em contrapartida, considera-se bom para limpeza de alumínios. Nota-se ainda que o rendimento e a quantidade de espuma das formulações com 400 mL de água (F4, F5 e F6) foram as que apresentam os maiores valores quando comparados com as formulações com 500 mL de água (F1, F2 e F3). Segundo Diez e Carvalho (2000), a quantidade de espuma é um atributo muito observado pelo consumidor, sendo associados à qualidade e desempenho do sabão, porém não é algo que interfere no potencial de limpeza dele. Na Figura 1, encontram-se os resultados das análises de aceitação das formulações F4, F5 e F6 quanto aos parâmetros de aspecto, limpeza e recomendação das formulações, as quais foram escolhidas de acordo com as melhores análises físico-químicas. Na avaliação do aspecto das formulações, o sabão F6 foi o que apresentou maior percentual de aceitação (90%), sendo caracterizado pelos avaliadores como consistente. As formulações de sabão F4 e F5 também foram avaliadas com 50% e 80% respectivamente. Ventura et al. (2014), a partir do teste de aceitação do sabão líquido utilizando óleo de fritura, observou que, com relação ao aspecto do produto, a nota média (0 a 10) dada pelos avaliadores foi igual a 7. Quanto a facilidade de limpeza dos utensílios de alumínios observada pelos avaliadores, os sabões F4 e F6 apresentaram maior desempenho nesse parâmetro analisado, com 90% (cada) seguido pela formulação F5, com 70%. Baldasso et al. (2010), ao realizarem o teste de aceitação do sabão em barra, produzido através óleo residual de fritura, observou que 100% dos avaliadores aprovaram a receita do sabão no quesito limpeza. Quanto a opinião dos avaliadores em relação a recomendação do uso do sabão em pasta para a limpeza de utensílios de alumínio, as formulações F4 e F6 obtiveram 100% de aprovação. Já a formulação F5 do sabão em pasta apresentou 80% de aprovação. já Medeiros et al. (2016), obtiveram resultados semelhantes quanto a aprovação dos sabões líquidos produzidos a partir do óleo de fritura, com 100% das respostas indicando a aceitação do uso que do sabão líquido.

Tabela 1–Parâmetros físico-químicos das formulações do sabão em pasta



Figura 1 – Teste de aceitação: aspecto, limpeza e recomendação



Conclusões

As formulações de sabão com 400 mL de água (F4, F5 e F6) foram as que apresentaram os melhores resultados físico-químicos em comparação com as formulações de 500 mL de água (F1, F2 e F3), sendo essas as três formulações escolhidas para serem submetidas ao teste de aceitação. De acordo com o teste de aceitação foi possível notar que as melhores formulações foram F4 e F6, pois obtiveram os maiores percentuais em relação a facilidade de limpeza com 100 e 90%, respectivamente, e ao potencial de recomendação com 100% cada. Dessa forma, tanto a formulação F4 quanto a formulação F6 pode ser utilizada para a limpeza dos utensílios de alumínio.

Agradecimentos

Ao IFRN/CA e à PROEX pelas bolsas concedidas.

Referências

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