REAPROVEITAMENTO DE PNEUS INSERVÍVEIS PARA A FABRICAÇÃO DE ACESSÓRIOS PARA LABORATÓRIOS DE QUÍMICA
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ambiental
Autores
Negrão Rodrigues, A. (IFPA- CAMPUS BELÉM) ; Yasmim da Silva Dias, (IFPA- CAMPUS BELÉM) ; Cauã Rodrigures da Silva, G. (IFPA- CAMPUS BELÉM) ; Nazareno Monteiro Pereira, M. (IFPA- CAMPUS BELÉM) ; Soares Costa, N. (IFPA- CAMPUS BELÉM) ; Matheus Bezerra da Silva, V. (IFPA- CAMPUS BELÉM)
Resumo
É evidente que o descarte inadequado de pneus traz malefícios para o ecossistema, fato responsável pela criação de uma grande consciência coletiva e debates nos quais são apresentadas idéias que visam minimizar os impactos ambientais. Este trabalho visa o reaproveitamento de pneus inservíveis, submetendo-os a tratamentos físicos, como cortes e perfurações, fabricando, a partir disso, acessórios que auxiliem os profissionais em laboratórios de química, como estantes e suportes para vidrarias que foram aquecidas, visto que a borracha apresenta alto ponto de fusão e não é corroída por solventes comumente utilizados nos laboratórios. Notou-se que os componentes presentes na borracha, decorrentes de processos como a vulcanização, não interferiram no seu desempenho como acessório.
Palavras chaves
reaproveitamento; pneus; acessórios
Introdução
Segundo consta no Relatório de Pneumáticos da resolução CONAMA n° 416/09, publicado em 2018 (tendo como ano-base 2017), foram cadastrados 1.718 pontos de coleta no Brasil, sendo 925 localizados em municípios com população residente acima de 100 mil habitantes. No estado do Pará, no mesmo ano, constam 20 pontos de coleta cadastrados em 2017. Apesar dos pontos de coleta presentes em cada estado, existe uma grande dificuldade por parte de setores que manuseiam esses pneus em dar a destinação adequada para os mesmos após o fim da sua vida útil, sendo assim, a alternativa que os mesmos aderem é descartá-los em lixões ou aterros sanitários. Todavia, essa destinação é inadequada e prejudicial ao meio ambiente, visto que o tempo de deterioração desse material ultrapassa cem anos, o que também dificulta o saneamento básico, pois os mesmos podem ser foco de mosquitos como o Aedes aegypti, o responsável por transmitir dengue e febre amarela. Segundo Lagarinho (2011), cerca de 424,91 milhões de pneus inservíveis de automóveis deixaram de ser descartados corretamente por empresas brasileiras. Em controvérsia, se manejados de maneira correta, os pneus inservíveis podem trazer um retorno econômico para a sociedade, visto que o seu reaproveitamento é amplo e sua duração é longa. Sendo assim, o objetivo do projeto em questão é a realização de procedimentos técnicos em pneus inservíveis para o reaproveitamento de seus constituintes, tais como aro, banda de rodagem, flanco e talão na fabricação de acessórios para os laboratórios de química, auxiliando, assim, os profissionais da área e diminuindo os impactos ambientais do descarte indevido dos pneus.
Material e métodos
Para a realização dos métodos descritos abaixo, foram utilizados os seguintes materiais: arame, broca, chave de fenda, faca, furadeira, lixa, martelo, serra mármore, morsa torno, régua, parafuso e prego. Objetivando o corte das extremidades do pneu, utilizou-se uma faca exposta à água frequentemente. Com o auxílio de uma serra mármore, cortou-se em quatro partes o aro do pneu e alinhou-os manualmente com a morsa torno. O ambiente em que foram feitos todos os cortes, perfurações e alinhamentos foi o laboratório de mecânica do IFPA – Campus Belém, com o auxílio frequente do técnico responsável pelo laboratório. Após o corte das partes do aro, banda de rodagem, flanco e talão, adequou-se a metodologia para a elaboração de cada utensílio a ser produzido, como por exemplo, na fabricação do suporte para buretas e pipetas, onde foi realizada a perfuração do pneu por meio de um prego e um martelo, e com uma furadeira aumentou-se o diâmetro dos orifícios, sendo utilizadospara dar sustentação ao suporte dos quatro aros do pneu que foram cortados e alinhados. Outro exemplo de um material também confeccionado foi uma base para balões de fundo redondo, de fundo chato e Erlenmeyer, em que foi utilizada a parte da borracha presente no talão, sendo esta retorcida em formato circular, posteriormente, parafusou-se a borracha, apertando o parafuso com uma chave de fenda,para assim atribuir estabilidade abase. Na produção dos demais utensílios, foi seguido o mesmo princípio de corte, perfuração e adequação ao material a ser fabricado, sendo a etapa de confecção, acabamento realizado no laboratório.
Resultado e discussão
O uso de pneus inservíveis na confecção de acessórios para laboratórios de
química mostrou-se útil e de simples fabricação, visto que os objetivos
foram atingidos e que não houve descarte de efluentes químicos. O
reaproveitamento do pneu foi de aproximadamente 95%, porcentagem
considerável se comparada a outros processos físico-químicos, como a
queima de pneus em caldeiras, procedimento que utiliza apenas 5% em massa de
pneus inservíveis e 95% em bagaço de cana de açúcar. A utilização de pneus
na confecção de artigos não é algo novo, todavia, o emprego desse material
no laboratório de química, sim, pois se leva em consideração a restrita
quantidade de materiais que podem ser utilizados, já que
devem atender a determinados critérios, como a sua não compatibilidade com
reagentes diariamente utilizados. Dessa forma, a borracha mostrou-se
adequada e viável para o suporte de vidrarias previamente aquecidas, e como
estante para tubos de ensaio e buretas.
Trata-se de uma estante para buretas e pipetas produzida a partir da banda de rodagem e do aro do pneu, atendendo a altura e largura das vidrarias.
Se trata de um suporte produzido a partir do talão do pneu, sendo utilizado como suporte para vidrarias previamente aquecidas ou de fundo arrendondado.
Conclusões
Como o referido trabalho tinha como objetivo a utilização de pneus classificados como inservíveis para a produção de utensílios para o laboratório de química, conclui-se que houve êxito na realização de tal situação proposta, pois como visto e descrito, ocorreu a reutilização quase em sua totalidade de um pneu que poderia ser descartado no meio ambiente, ocorrendo a redução da disposição de resíduos e ainda produzindo artigos de grande utilidade para as rotinas em laboratório como o suporte de vidrarias aquecidas ou que não possuem uma base achatada.
Agradecimentos
As coordenações de química e mecânica pelo suporte necessário à realização do trabalho e pela disposição em contribuir com o desenvolvimento cientifico e com o meio ambiente.
Referências
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Relatório de
pneumáticos: Resolução Conama nº 416/09: 20178 (ano base 2017) / Diretoria de Qualidade
Ambiental. – Brasília: Ibama, 2018 75 p.
LAGARINHOS, C. A. F. Reciclagem de pneus: análise do impacto da legislação ambiental
através da logística reversa. 2011. tese (Doutorado em engenharia)-Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.