CLORADOR DE FLUXO DE LINHA POR GRAVIDADE COM CÂMARA DE DISSOLUÇÃO E CONTROLE DE DOSAGEM

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Sousa, F.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS) ; Picanço, A.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS)

Resumo

Muitas pessoas não tem água de qualidade para o seu consumo e a maioria delas é de baixa renda e pertencem a comunidades difusas, como: Assentados, quilombolas, indígenas e moradores da zona rural. Normalmente fazem uso de água de chuva ou de poço que não recebem uma simples desinfecção. Este trabalho objetivou desenvolver um clorador de baixo custo. Foram construídos vários modelos de cloradores utilizando vários materiais e submetidos a testes. Uma versão final de clorador foi concebida e apresentou ótimos resultados na desinfecção de água de chuva eliminando os patógenos presentes. Os resultados de ausência de Coliformes totais e Echerichia coli, e a manutenção do residual de cloro livre ficaram dentro do que preconiza a Portaria de Consolidação nº 05, Anexo XX.

Palavras chaves

Clorador ; Desinfecção; Água

Introdução

Segundo o Instituto Trata Brasil, é quase 35 milhões de brasileiros sem o acesso a água potável. Sabemos que o consumo de água tratada trás a melhoria da qualidade de vida e redução de morbidade e mortalidade da população. A Resolução CONAMA 357/2005, trás em seu capítulo inicial as seguintes definições: desinfecção é remoção ou inativação de organismos potencialmente patogênicos e o tratamento simplificado é a clarificação por meio de filtração, desinfecção e correção de pH quando necessário. De acordo com Portaria de Consolidação nº 05, Anexo XX, do Ministério da Saúde, a água para consumo humano deve ser desinfetada e estipula um valor mínimo de residual de cloro livre de 0,2 mgL-1, recomenda um valor até 2,0 mgL-1 e limita como valor máximo permitido 5,0 mgL-1 , ainda exige ausência de Coliformes totais e Escherichia coli em de 100ml de amostras. Estas exigências são para garantir uma água de qualidade para o consumo humano, denominada de água potável. A desinfecção de água para o consumo humano é uma das mais importantes etapas do processo de tratamento de água. O desinfetante mais utilizado em todo mundo é o cloro, por ser de baixo custo e fácil aplicação. O convívio com comunidades difusas no estado do Tocantins mostrou que muitas dessas comunidades carecem de água de qualidade, em muitos dos casos, nem se quer possuem um tratamento simplificado. Com o objetivo de contribuir para sanar este problema, apresenta-se o resultado de uma pesquisa que concebeu um dispositivo que atende essa demanda. O desenvolvimento de tecnologia de baixo custo que venha trazer uma melhor qualidade de vida a população carente, em relação ao consumo de água potável, é altamente bem vinda. Após várias tentativas e testes, chegou-se a um modelo de clorador.

Material e métodos

Muitas montagens e testes foram realizados ao longo do período dessa pesquisa. Testando vários materiais e componentes, chegou-se a essa versão final que apresentou ótimos resultados. Trata-se de um Clorador para desinfecção de águas que funciona por gravidade, sem a necessidade de bomba ou qualquer equipamento sofisticado. O clorador concebido é de baixo custo e foi construído com material de fácil acesso. Tem operação simplificada e pouca manutenção. Apresenta ótima eficiência e atende toda faixa de concentração de cloro livre para água potável da Portaria de Consolidação nº 05, Anexo XX. Seu funcionamento é todo automático e sem a intervenção de operador. Parte da água que entra por gravidade no clorador, passa por uma câmara de dissolução aonde se encontra a pastilha de cloro apoiada e presa a uma grelha. A outra parte continua o fluxo normal de água para o reservatório, esse fluxo arrasta a solução clorada até o reservatório. O controle de dosagem é feito através do registro e/ou ajuste da grelha anti- mosquito, girando para fechar ou abrir. Utiliza-se um medidor de piscina para ajuste e controle da dosagem de cloro. A solução clorada em contato com a massa de água do reservatório e, com o passar do tempo, promove a desinfecção da mesma. O clorador concebido foi montado em uma chácara na zona rural de Palmas-TO para tratamento de água de chuva e monitorado dentro do período chuvoso de novembro de 2018 a abril de 2019. O telhado de captação tinha uma área de 150 m2 com calha de coleta e o reservatório controle usado foi um caixa de água de mil litros. Um separador de primeiras águas foi utilizado para remoção da sujeira carreada do telhado.

Resultado e discussão

A Figura 01 apresenta o esquema geral do clorador concebido com o respectivo material utilizado para sua construção, bem como a foto do equipamento em pleno funcionamento. Na Tabela 1 temos os valores médios dos parâmetros analisados no monitoramento da água imatura e tratada com o Clorador durante o período de seis meses. A coleta de amostra do reservatório foi feita 30 minutos após a cloração. A metodologia de análises seguiu métodos padrões APHA (2005). De acordo com a Tabela 1, podemos verificar que os parâmetros monitorados, tanto antes como após a cloração, estão dentro do que preconiza a Portaria de Consolidação nº 05, Anexo XX, exceto no que se refere ao cloro residual livre, Coliformes totais e Escherichia coli. Estes parâmetros só atenderam a legislação após a cloração utilizando o clorador concebido. A ausência de Coliformes totais, e Escherichia coli e a presença de uma residual de cloro livre na água após a cloração garante uma água de qualidade para preservação da saúde humana e consequente melhoria da qualidade de vida para os consumidores. O clorador desenvolvido não apresentou perda de carga nem redução ou impedimento livre do fluxo de água. O fluxo segue normal, sendo apenas uma parcela desviada para dissolução da pastilha de cloro formando a solução cloradora que, por sua vez, é arrastado pelo fluxo principal até o reservatório. Observou-se durante o monitoramento que a variação da vazão, no caso de tratamento de água de chuva, imprime uma mudança na dissolução e arraste da solução cloradora para o reservatório, mantendo-se assim uma dosagem média final equalizada no reservatório próxima a que foi ajustada previamente e dentro dos limites da Portaria de Consolidação nº 05, Anexo XX.

Clorador de fluxo de linha por gravidade com câmara de dissolução e co

Esquema geral com os respectivos materiais utilizados e foto do clorador em funcionamento

Tabela com valores médios dos parâmetros monitorados

Resultados médios dos parâmetros monitorados

Conclusões

Conclui-se que O clorador concebido é de baixo custo, fabricado com material de fácil acesso. É de instalação simples e não requer muita manutenção. Apresentou ótima eficiência na eliminação dos patógenos com manutenção do cloro residual livre de acordo com o que preconiza a Portaria de Consolidação nº 05, Anexo XX. Aplica-se perfeitamente em comunidades difusas de forma a contribuir com a saúde e a qualidade de vida dessas populações. O sistema apresentou uma ótima autonomia de funcionamento, pois uma única pastilha de cloro de 200g é suficiente para tratara 100 m3 de água de chuva. Apresentou um custo por metro cúbico de água tratada muito baixo, apenas seis centavos.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Tocantins Ao chacareiro da zona rural de Palmas-TO

Referências

APHA; AWWA; WEF – American Public Health Association; American Water Works Association; Water Environment Federation. (2005) Standard methods for the examination of water and wastewater. 21 ed. Washington, D.C.: American Public Health Association.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. (2005). Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento e condições e padrões de lançamento de efluentes. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: < http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459 > Acesso em: 20 Jun. 2019.
Brasil. Instituto Trata Brasil. http://www.tratabrasil.org.br/saneamento/principais-estatisticas/no-brasil/agua (2019)
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 05, Anexo XX, de 28 de setembro de 2017. Normas e padrão de potabilidade da água destinada ao consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0005_03_10_2017.html> Acesso em: 20 Jun. 2019.

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