AGROBIODIVERSIDADE: manejo nos quintais da comunidade Indígena Morro Branco, Grajaú/Maranhão

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Carvalho, T.P. (UFMA) ; Silva, J.C. (UFMA) ; Silva, S.C. (UFMA) ; Silva, M.E.G.S. (UFMA) ; Ives-félix, N.O. (UFPA)

Resumo

A agrobiodiversidade é o grupo de espécies da biodiversidade utilizada em comunidades, povos indígenas e agricultores. Também pode ser entendida como parte da biodiversidade utilizada pelo homem na agricultura ou na natureza de forma domesticada ou semi-domesticada. O presente estudo nasce do interesse em conhecer de que forma se apresenta a agrobiodiversidade nos quintais da comunidade indígena Morro Branco, no município de Grajaú-MA. Como metodologia, utilizou-se estudo qualitativo, entrevistas abertas e estudos bibliográficos. Fundamentou-se em Almeida (2012), Tonini (2013) e etc. Conclui-se que, a comunidade pesquisada faz manejo sustentável de seus quintais e atitudes como estas demonstram consciência no tocante ao meio ambiente, uma vez que as ações de hoje, terão reflexos no futuro.

Palavras chaves

Agrobiodiversidade; Produções em Quintais; Comunidade Tradicional

Introdução

Como ponto de partida, o presente estudo originou-se do interesse em conhecer de que maneira se apresenta a agrobiodiversidade nos quintais da comunidade indígena Morro Branco, localizada no perímetro urbano do município de Grajaú-MA, situada no centro-sul maranhense que, segundo o IBGE (2010), possui uma população de 62.093 habitantes. É sabido que, a agrobiodiversidade é o conjunto de espécies da biodiversidade utilizada nas comunidades locais, povos indígenas e agricultores familiares. Estas diferentes comunidades conservam manejam e utilizam os diferentes componentes da agrobiodiversidade, ou seja, esta pode ser compreendida como a parcela da biodiversidade utilizada pelo homem na agricultura, ou em prática correlatas, na natureza de forma domesticada ou semi-domesticada. Sendo assim, “a agrobiodiversidade contempla os três níveis de complexidade relacionados a biodiversidade: diversidade entre espécies, dentro de espécies e de ecossistemas” (ALMEIDA, 2012, p. 12). Sendo assim, os quintais são compreendidos como um ecossistema, nos quais fazem parte do cotidiano do ser humano, mais fortemente atrelado as comunidades tradicionais, tais como as comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhos e entre outras. Ao partirmos dessa premissa, quintais podem ser entendidos de “forma geral às áreas localizadas no entorno das residências [...] são encontradas espécies vegetais anuais ou perenes [...] acolhem criações animais, sendo o manejo realizado com a força de trabalho do grupo familiar residente na casa” (FERNANDES e NAIR, 1986 apud TONINI, 2013, p. 82).

Material e métodos

Tendo em vista o objetivo proposto, este trabalho será desenvolvido em uma perspectiva de estudo qualitativo, no qual “aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas” (MINAYO, 2001, p.22). Em relação aos procedimentos, utilizou-se entrevistas abertas com dois homens e uma mulher, ambos indígenas, onde, segundo Boni e Quaresma (2005), as entrevistas abertas são utilizadas em casos que o pesquisador anseia conseguir um número superior de informação sobre o objeto de estudo e, maior detalhamento do assunto abordado pelo entrevistado. Utilizou-se, também, estudos bibliográficos e observações diretas como procedimentos metodológicos. Em relação a esta última, observou-se 10 quintais da comunidade em questão, na qual o critério se deu de forma aleatória.

Resultado e discussão

Diversidade de plantas encontradas em quintais da comunidade Morro Branco No que tange a comunidade Morro Branco, diante dos relatos adquiridos e realização de observações foi possível perceber que o cultivo nos quintais da comunidade é direcionado a subsistência da mesma, ou seja, para fins alimentícios e fitoterápicos. Dentre as culturas vegetais mais cultivadas, destacam-se as árvores frutíferas como mangueiras, cajueiros, mamoeiros, goiabeira, limoeiro, coqueiro, cana-de-açúcar e entre outras. Podemos citar, também, outras espécies de vegetais utilizadas como complementos e temperos nas refeições diárias, como vinagreira, pimenta malagueta, quiabo, batata- doce, cheiro-verde e macaxeira. As cultivares existentes nos quintais da comunidade geralmente é destinada ao autoconsumo, pequenas vendas em feiras e o consumo animal. O cultivo das arvores frutíferas e vegetais na comunidade pesquisada está associado intimamente a sua identidade cultural como comunidade tradicional, uma vez que este cultivo se atrela às práticas sustentáveis, por entender que a ligação homem/natureza se faz imprescindível para que as atuais e futuras gerações possam refletir e agir com responsabilidade pensado em práticas agroecológicas, as quais visam a preservação do meio em que vivem. Portanto, entende-se que a agrobiodiversidade se apresenta nos quintais a partir das riquezas de arvores que embelezam os quintais, purificam o ar e trazem um simbolismo que remete a ancestralidade dos indígenas que viveram outrora, presente e reafirmada naquelas que vivenciam e praticam o manejo de tais cultivares pautados nos saberes que foram repassados de geração em geração na comunidade Morro Branco.

Conclusões

Em virtude dos fatos mencionados, os resultados obtidos nesta pesquisa poderão despertar uma reflexão e uma desmitificação de uma imagem utópica sobre o ser indígena, construída socialmente e historicamente pela sociedade não-indígena, na qual atribui a este uma postura de um indivíduo não-proativo. Conclui-se que, a comunidade indígena Morro Branco faz um manejo sustentável de seus quintais e atitudes como estas demonstram a mudança de consciência no tocante ao meio ambiente, uma vez que as ações de hoje serão reflexos no futuro. Sendo assim, somos responsáveis por um habitat mais saudável.

Agradecimentos

Referências

ALMEIDA, Thiago Valente Vieira de. A Agrobiodiversidade nas Terras Indígenas Guarani Nhandewa no Norte do Paraná: memória, resgate e perspectivas. 2013. Dissertação (Mestrado) - Aluno, São Carlos, 2013. Disponível em: <https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/152>. Acesso em: 14 jun. 2019.

BONI, Valdete; QUARESMA, Sílvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, Santa Catarina, v. 2, n. 1, p. 68-80, jan-jul. 2005. Disponível em: <https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1255603/mod_resource/content/0/Aprendendo_a_entrevistar.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2019.

BRASIL. IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em: <https://indigenas.ibge.gov.br/images/pdf/indigenas/folder_indigenas_web.pdf> Acesso em 15 jun. 2019.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 80.

TONINI, Renato de Traglia. Agrobiodiversidade e Quintais Agroflorestais como Estratégias de Autonomia em Assentamento Rural. 2013. Dissertação (Mestrado) - Aluna, Viçosa-MG, 2013. Disponível em: <http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UFV_90ae2bf640ad40d78819d21e1aba993c>. Acesso em: 14 jun. 2019.

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