DISCUTINDO EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA RIBEIRINHA DO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA-PA

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Gonçalves, L.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Teles, M.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Assunção, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Lobato, S.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Carneiro, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Discutir a Educação Ambiental (EA) nas comunidades ribeirinhas é essencial, pois os moradores necessitam de um entendimento sobre o ambiente em que vivem, para se posicionar frente as problemáticas existentes e assim conscientizar-se sobre a preservação desse ambiente. O trabalho desenvolveu- se numa comunidade ribeirinha quilombola, no Município de Abaetetuba-PA, com o objetivo de conhecer, discutir e analisar as concepções dos mesmos à respeito da EA, preservação e tratamento da água, destino de resíduos sólidos e doenças hídricas. A pesquisa consistiu na aplicação de um questionário e a realização de uma palestra sobre EA. Ao final, notou-se que as discussões sobre a temática foram essenciais para a sensibilização e adoção de práticas corretas para a preservação do meio ambiente.

Palavras chaves

Educação Ambiental; Ribeirinhos Quilombola; Conscientização

Introdução

As ilhas de Abaetetuba são muitas, algumas habitadas e outras não, porém poucas ficam próximas a sede do município. Assim percebe-se que nas comunidades mais distantes não chega o serviço de coleta seletiva. Santiago et al. (2012) argumentam que nas comunidades ribeirinhas da Amazônia, o lixo na maioria dos casos, é frequentemente queimado, o que comprova que há certa preocupação desses moradores, em dar o melhor destino a esses resíduos, dentro das possibilidades de cada comunidade. Outra questão importante observada e que deve ser discutida é a falta de tratamento de água nesses locais, que gera sérios problemas de saúde aos moradores. Frente as diversas fontes de contaminação existentes, os recursos hídricos passaram a trazer risco à saúde da população devido a má qualidade, sendo um veículo transmissor de diversos agentes químicos e biológicos (QUEIROZ et al. 2012). Discutir sobre a Educação Ambiental (EA) nas comunidades ribeirinhas é de suma importância, principalmente porque os indivíduos necessitam de um melhor entendimento para se posicionar frente as problemáticas decorrentes do mal uso dos recursos naturais e também, desenvolver condições e consciência para preservar o ambiente em que vive. Assim, considera-se que a EA tem grande relevância para o enfrentamento das alterações ambientais resultantes das relações entre homem e ambiente, pelo fato de poder intervir na construção do indivíduo enquanto sujeito ecológico (CARVALHO; RODRIGUES, 2015). Mediante isso, essa pesquisa concentra-se em uma comunidade ribeirinha quilombola no município de Abaetetuba-PA, com o objetivo de conhecer, discutir e analisar as concepções dos ribeirinhos à respeito da EA, preservação e tratamento da água, destino de resíduos sólidos e doenças hídricas.

Material e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido na comunidade ribeirinha quilombola, intitulada Nossa Senhora do Bom Remédio, que é constituída por 130 famílias e está localizada no Rio Assacú no município de Abaetetuba-PA. A proposta de ação para a pesquisa ocorreu durante 20 dias do mês de julho e foi dividida em dois momentos: no primeiro momento, foi a aplicação de 80 questionários com perguntas abertas e fechadas sendo estas: “Você conhece a forma de tratamento da água da sua comunidade realizado pelo Salta-Z?”; “Quando não havia o tratamento de água, qual era o método usado por você para poder consumir a água”; “Qual a forma que você utiliza para descartar o lixo produzido?”; “Você já ouviu falar sobre educação ambiental”; “É comum pessoas da sua residência serem acometidas por doenças algumas doenças como: Disenteria, Amebíase, Hepatite Infecciosa, Ascaridíase. “No segundo momento da pesquisa, foi a realização de uma palestra sobre Educação Ambiental, falando de sua importância para as atitudes cidadãs, como uma solução na busca de compreensão, sensibilização e ação sobre a fundamental relação ambientada do ser humano com a natureza; proporcionando uma consciência da influência humana sobre o ambiente que seja ecologicamente equilibrada. Para Leff (2001) um dos princípios que a EA se fundamenta é na busca de uma nova visão de mundo, diferente da visão, atualmente, dominante.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos com base nas perguntas feitas no questionário, têve-se os seguintes posicionamentos: quando questionados sobre a forma de tratamento da água, 19 famílias afirmaram conhecer esse tratamento, enquanto que 61 famílias afirmaram não ter esse conhecimento. Na sequência, quando questionados sobre qual era o método utilizado antes do projeto para eles poderem consumir a água, a maioria relatou que utilizava o hipoclorito, ou utilizava a água sem fazer qualquer forma de tratamento. Na terceira questão, quando perguntados sobre o descarte do lixo 79 famílias afirmaram queimar o lixo, somente um morador dá o descarte adequado aos resíduos. Na quarta questão, 50 famílias afirmaram ter conhecimento sobre a educação ambiental, em contrapartida 30 famílias relataram não conhecer esta temática. A quinta questão, perguntava sobre algumas doenças, causadas por veiculação hídrica. Nesta questão foram obtidos os números colocados no gráfico 01, abaixo. De acordo com o gráfico, 57% dos entrevistados afirmaram já terem sido acometidos por outros tipos de doença como coceira e vômito. 24% dos entrevistados afirmaram ter tido mais de uma doença das quais foram citadas, e apenas 19% afirmaram não ter tido qualquer tipo de doença causada pela água. Na realização da palestra tratou-se à respeito da EA, abordando pontos importantes que contribuíssem para a formação dos moradores; como cidadão educado ambientalmente. Notou-se o interesse dos mesmos em participar e dialogar sobre a temática. Segundo Dias (2004, p. 107) um objetivo fundamental da EA é que os indivíduos compreendam o resultado da ação antrópica sobre a natureza, adquirindo valores, comportamentos e habilidades que passam ser responsáveis na gestão da qualidade do meio ambiente.

Dados numéricos obtidos sobre vinculação de Doenças Hídricas.

O gráfico apresenta dados sobre as doenças de maior incidência na comunidade.

Conclusões

A pesquisa demonstrou que a comunidade em questão ainda enfrenta algumas adversidades que confirmam a situação de descaso por parte dos serviços públicos, principalmente no que tange a coleta seletiva, dessa forma a falta desse serviço, os obriga a agir de maneira imprópria frente a esse descarte. A aquisição do projeto Salta-Z favoreceu uma melhoria na qualidade de água consumida. As discussões sobre a EA foram essenciais na busca da sensibilização e adoção de práticas ecologicamente corretas, que possibilitem uma melhor qualidade de vida aos moradores da comunidade ribeirinha quilombola.

Agradecimentos

Universidade Federal do Pará Campus de Ananindeua-PA e Universidade Estadual do Pará Campus XVI- Barcarena-PA.

Referências

CARVALHO, A. P.; RODRIGUES, M. A. N. Percepção ambiental de moradores no entorno do açude Soledade no estado da Paraíba. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, Santa Maria, v. 19, n. 3, p. 25-35, 2015.
COUTO, R. C.; CASTRO, E. R.; MARIN, R. A. (Org.). Saúde, trabalho e meio ambiente: meio ambiente políticas públicas na Amazônia. Belém: NAEA, 2002.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2004, 9. ed.
LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. São Paulo, Cortez, 2001.
LISBOA, P. L. B. (Org.). Natureza, homem e manejo de recursos naturais na região de Caxiuanã, Melgaço, Pará. Belém: Museu Paraense ará Emílio Goeldi/MCT, 2002.
QUEIROZ, A. C. et al. Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua): lacunas entre a formulação do programa e sua implantação na instância municipal. Saúde e Sociedade, v. 21, n. 2, p. 465-478. 2012.
SANTIAGO, E. R.M; MARANGON, C.; SOUZA, J. e LOPES, P. L. de J.e RIZZATTI, I. M. Estudo da percepção ambiental das comunidades das vilas Caicubi e Sacaí, Caracaraí – RR, Região do Baixo Rio Branco. In: VII Semana Nacional de Ciência e Tecnologia no Estado de Roraima. Resumo. Boa Vista, 2012.

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