Análises Físico-Químicas e Microbiológicas da Qualidade da Água na Ressaca da Lagoa dos Índios, Macapá, Amapá, Brasil
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Ambiental
Autores
dos Santos, C.C. (UEAP) ; Silva, L.S. (UEAP) ; Silva, E.M.S. (UEAP) ; Rodrigues, J.C.M. (UEAP) ; Ataíde, R.C. (UNIFAP) ; dos Santos, W.M. (UNIFAP) ; Pereira, J.P.F.N. (UEAP)
Resumo
A ressaca da Lagoa do Índios desde sua ocupação apresenta problemas ambientais diversos, como por exemplo sua água que em virtude de algumas alterações vem provocando desequilíbrios no ecossistema aquático. O objetivo deste estudo foi avaliar alguns parâmetros físico-químicos e microbiológicos da qualidade da água nesta ressaca nas proximidades da rodovia estadual Duca Serra. As análises microbiológicas foram realizadas, seguindo metodologia específica PA e PCA para teste em água e a físico-química a metodologia SMWW. Para avaliar a potabilidade da água, os resultados das análises foram comparados com os VMP para os parâmetros estabelecido pelo Ministério da Saúde de acordo com a portaria 518/2004, onde os resultados obtidos para as análises demostram que a água apresenta contaminação.
Palavras chaves
Ressaca da Lagoa dos Índi; Qualidade da água; Análises Físico-Químico e
Introdução
A água é um recurso natural essencial, seja como componente de seres vivos ou como meio de vida para várias espécies vegetais e animais, é também um elemento representativo de valores sociais e culturais. Desde os primórdios das ocupações amazônicas, as margens dos cursos d´água foram preferidas para serem ocupadas, devido principalmente a facilidade de deslocamento e sobrevivência. E infelizmente as áreas de ressacas não fogem desta realidade, onde as mesmas compreendem áreas úmidas comuns em algumas regiões do país, tendo legislações específicas que tratam de sua preservação e conservação no combate aos impactos ambientais (TAKIYAMA et al., 2012, p. 8). Segundo Silva (2005) as áreas de ressacas não apresentam condições de infraestrutura mínimas para a sua utilização com fins habitacionais, visto que às áreas alagadas não permitem a instalação de rede de esgotos. Acarretando na contaminação da água, pois, o lixo e os dejetos humanos são lançados diretamente sem nenhum tipo de tratamento, gerando riscos para a população, além de provocar mudanças no ecossistema. A ressaca da Lagoa dos Índios sofreu diversas transformações ao longo de seu curso devido principalmente à ocupação indevida e desordenada de seu leito pela população de Macapá e Santana. Desta forma torna-se necessário o levantamento de dados da água e possíveis alterações sofridas à fauna e à flora, ocasionados por parte da população que a ocupa. Soares et al.(2002) aludem que a finalidade dos projetos na área de saneamento público vem se modificando, os métodos clássicos estão sendo substituídos por uma abordagem ambiental, que visa não só a promoção da saúde humana, mas, também, a preservação dos meios físico e biótico.
Material e métodos
A presente pesquisa foi desenvolvida na ressaca da Lagoa dos Índios, situada ao longo da Rodovia Duca Serra, no município de Macapá, abrangendo os conjuntos residenciais Buriti, Cajari, residencial da Lagoa, e parte do Cabralzinho. A maior parte dessas ocupações está na borda da lagoa que, por sua vez, está ligada à bacia hidrográfica do Igarapé da Fortaleza. Esta ressaca, onde foi realizado o estudo, recebe influência das marés do Rio Amazonas e das chuvas, o que promove no período chuvoso o transbordamento de água para os terrenos marginais alagando as depressões. Entretanto, quando o período de seca se aproxima, o nível de água é reduzido consideravelmente (MACIEL, 2001). De acordo com a sazonalidade da região as coletas foram realizadas bimestralmente, em cada ponto escolhido ao longo da ressaca. O período de cheia engloba os meses de janeiro a julho e o período de vazante marca os meses de setembro a dezembro. Para a realização deste trabalho estabeleceu seis pontos amostrais ao longo da ressaca da Lagoa dos Índios com uma distancia de 300 metros entre os pontos. A localização geográfica de cada ponto amostrado foi determinada utilizando receptor de GPS (Sistema de Posicionamento Global), modelo GARMIN’ XL12. O ponto 1, ponto 2 e os pontos 5 e 6 estão mais distantes da aérea urbana e os pontos 3 e 4 estão centralizados próximo a área urbanizada (esta no entorno da Rodovia Duca Serra, próximo ao conjunto buriti e da faculdade FAMA). As amostras foram coletadas no intervalo compreendido entre os períodos 15 de maio a 20 de fevereiro de 2019 num total de 5 coletas. Para as análises microbiológicas as amostras foram coletadas em frascos com capacidade de 100 mL já devidamente esterilizados e para as determinações físico-químicas foram coletados dois frascos em cada coleta com volumes de 200 mL cada frasco. Os frascos foram abertos nos locais de coleta e por sua vez, foram acondicionados em caixa térmica e devidamente identificados sendo transportados até o Laboratório de Análise de Água da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Amapá (CAESA). As análises microbiológicas foram realizadas, seguindo metodologia específica PA (Presence-Absense Broth). PCA (Agar Padrão para Contagem). Standard Methods for Water Testing e as ˇanalises físico-químicas seguiram a metodologia Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (SMWW). Para avaliar a potabilidade da água, os resultados das análises foram comparados com os valores máximos permissíveis (VMP) para os parâmetros pesquisados recomendados pela Portaria Nº. 518 de 25 de março 2004, do MS e a Resolução Nº. 357 de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Nas análises físico-químicas, para avaliar a qualidade da água foram selecionados os parâmetros: pH, Turbidez e Cor.
Resultado e discussão
Neste trabalho foram analisados parâmetros físico-químicos e microbiológicos para avaliar a qualidade da água em seis pontos da ressaca da Lagoa dos Índios. Durante a coleta das amostras de água, foram observadas e anotadas as particularidades de cada trecho de analise (GUEDES, 2011) (Figura 1).
Análise Microbiológica
Coliformes Totais e Potabilidade
De acordo com a Portaria N.º 518/2004, que define os parâmetros microbiológico de potabilidade da água para consumo humano onde se tem os valores qualitativa dos parâmetros microbiológicos (presença/ausência – P/A), comparando com os dados apresentados na Tabela 1, verifica-se que nos seis pontos de analises, realizados nas seis coletas dentro de um período sazonal, os resultados obtidos através de analises laboratoriais se manterão fixos, onde a qualidade microbiológica da água nos pontos de coletas mais afastados da zona urbana (pontos 1, 2, 5 e 6) no que se refere ao padrão coliformes estão dentro de padrões aceitáveis para consumo e uso, considerando os parâmetros da Portaria do MS, o mesmo não se observa nos pontos de coleta 3 e 4, que se encontram situados mais próximos nas áreas urbanas, visto que não houve mudança nos resultados obtidos através de análises durante o período de pesquisa da área em estudo. Por outro lado, a legislação do CONAMA para Classe I, não se adéqua a este estudo avaliativo deste parâmetro em virtude da necessidade de considerar “[...]. pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral” o que não se enquadra nesta pesquisa (BRASIL, 2005). Os coliformes, geralmente não patogênicos, existem em grande quantidade nas fezes e a sua presença na água indica que a mesma foi contaminada por dejetos de origem humana ou animal, sendo provável a existência de outros microrganismos intestinais patogênicos. O grupo de bactérias coliformes totais está constituído por vários gêneros da família Enterobacteriaceae (Enterobacter, Klebsiella, Citrobacter e Escherichia) e são definidos como bastonetes Gram negativos, não formadores de esporos, anaeróbios facultativos e fermentadores da lactose em 24-48 horas com produção de ácido e gás
Análise Físico-Química
pH, Turbidez e Cor
Os resultados obtidos e apresentados na Tabela 2 identificam os parâmetros selecionados para o objetivo deste estudo com os valores identificados por tipo de amostra considerando os VMP (valor Maximo permitido) apresentados pela Portaria vigente. Com o intuito de garantir a qualidade microbiológica da água, a Portaria 518/2004 recomenda também que deve ser observado o padrão de turbidez, pois a mesma pode reduzir a eficácia da desinfecção da água, pela proteção física dos microrganismos do contato direto com os desinfetantes. A turbidez da água é causada principalmente por partículas sólidas em suspensão na água que reduzem a claridade e diminuindo assim a passagem da luz no meio aquoso. Seu aparecimento pode ter origem através do surgimento de plâncton, algas, detritos orgânicos e outras substâncias resultantes do processo natural de erosão ou adição de despejos domésticos ou industriais. A proteção contra agentes patogênicos é feita pela desinfeção da água, que pode ser realizada pela adição de produtos químicos que destroem os microrganismos patógenos. A desinfecção de água para consumo humano utiliza principalmente o cloro gasoso, hipoclorito de sódio (líquido) e hipoclorito de cálcio (sólido).
De acordo com a Legislação do Ministério da Saúde, Portaria 518/2004, observa-se com a clareza que a qualidade da água no parâmetro turbidez está dentro dos padrões nos pontos de analises 1, 2, 5 e 6 para as cinco coletas realizadas tendo apenas uma pequena variação nos resultados obtidos devido a influência do período sazonal enquanto que nos pontos 3 e 4 os mesmo se encontram um pouco acima do valor máximo permitido (VMP = 5,0 UT) também nas cinco coletas o que deve ser ocasionado pela presença humana no local, onde se constatou que na referida área de estudo ocorre o descarte de esgoto e lixo por parte dos habitantes da referida localidade.
Em relação à cor, a água coletada nos seis pontos de coleta no período das cinco coletas está dentro do estabelecido por lei com valores abaixo do VMP (15 uH) apresentando uma pequena variação devido o período sazonal. Nos seis pontos de coleta de água no período das cinco coletas apresentam valores de pH na faixa adequada (pH entre 6,0 e 9,5), apresentando uma pequena variação em decorrência das mudanças climáticas sofridas na região.
Diante dos resultados apresentados recomenda-se um plano de ação para os pontos que apresentam alterações nos parâmetros físico-químicos e microbiológicos, afim de amenizar os impactos ambientais causados pela intervenção do homem buscando com isso a preservação da vida aquática da ressaca da Lagoa dos Índios.
Conclusões
Ao analisar a qualidade desta água através de um estudo de parâmetros estabelecidos por leis há que se atentar para o uso desta água como fonte para consumo humano e preservação da vida nela existente em virtude dos índices apresentados nos resultados dos seis pontos de coletas, principalmente quanto às análises microbiológicas no que se refere à presença de Coliformes Totais. Os resultados das análises físico-química para o parâmetro turbidez apresentam índices que atendem aos VMP da Portaria 518/2004 em quatro dos seis pontos de coletas. Para o parâmetro cor, onde a maior variação observada são nos pontos 3 e 4, isso pode estar relacionado com o descarte de esgoto ou lixo pelos habitantes residentes próximos destes pontos mais que ainda se encontram dentro da faixa aceitável estabelecida por lei vigente do M.S.. A presente pesquisa apresentou um diagnostico a partir de resultados obtidos através de analise no qual alerta que se deve sempre manter o controle sobre tal área para que os resultados que se encontram fora do padrão estabelecido por lei não sofram uma variação maior do que já esta, e sim elaborar projetos de ação para minimizar os impactos causados pelo homem nesta área. Embasando-se nos VMP da Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde e Resolução 357/2005 do CONAMA, a água atende ao padrão de potabilidade nos pontos 1, 2, 5 e 6, enquanto que o mesmo não se observa nos pontos 3 e 4 visto que o consumo humano desta água é fator de risco à saúde neste pontos que se apresentam fora da legislação vigente, haja vista que a determinação da concentração dos coliformes assume importância como parâmetro indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifóide, paratifóide, desinteria e cólera. Verifica-se, portanto, que um trabalho intensivo deve ser realizado no sentido de efetuar a vigilância da qualidade da água e da preservação da mesma
Agradecimentos
Referências
BRASIL. Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: ˂http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf˃. Acesso em: 10 fev. de 2019.
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