Confecção do jogo didático inclusivo Missão Orgânica como proposta de ensino-aprendizagem de Química

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química

Autores

Gonçalves, A.C.C. (IFMT - BELA VISTA) ; Cunha, J.N.F. (IFMT - BELA VISTA) ; Schwingel, J.F. (IFMT - BELA VISTA) ; Esgalha, S.P.V. (IFMT - BELA VISTA)

Resumo

Os jogos didáticos auxiliam no processo de ensino e aprendizagem e ainda oferecerem momentos de divertimento. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo relatar como foi elaborado o jogo didático inclusivo aos deficientes visuais Missão Orgânica na disciplina de Química. Este projeto de cunho qualitativo foi realizado no Instituto Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá Bela Vista. Acredita-se que este será eficaz no processo de ensino e aprendizagem dos discentes, além de propiciar a inclusão de deficientes visuais, visto que estes normalmente têm dificuldades no aprendizado.

Palavras chaves

JOGO; INCLUSÃO; QUÍMICA ORGÂNICA

Introdução

O direito à educação inclusiva é conferido aos alunos em uma série de declarações, leis e diretrizes. Como exemplo, pode-se citar o enunciado do artigo 205, da Constituição Federal Brasileira (1988), que define a educação “como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho”. Nesse intuito, os professores utilizam recursos para facilitar a aprendizagem e promover a inclusão no ambiente escolar, dentre os quais se se destaca o jogo didático. Este pode ser usado em diferentes situações, como na apresentação de um conteúdo, ilustração de aspectos relevantes ao conteúdo, entre outras (CUNHA, 2004). Essa variedade de uso confere ao jogo didático uma posição de preferência em relação às outras estratégias metodológicas.Os jogos, ao oferecerem momentos de divertimento, estimulam a reflexão e a construção do conhecimento. São abundantes os autores que indicam a eficácia dos jogos como facilitadores da aprendizagem, principalmente na área de ciências (SANTANA e REZENDE, 2007; SOARES, 2004). Os jogos podem ser usados em diversas áreas de ensino, como na Matemática, onde é mais comum nos primeiros anos de ensino, e até na Química e a Física, onde o uso de jogos é ainda pouco presente. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo relatar como foi elaborado o jogo didático inclusivo aos deficientes visuais Missão Orgânica, com intuito de aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem na área de Química.

Material e métodos

O projeto foi realizado no Instituto Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá Bela Vista durante o primeiro semestre de 2019. Para a confecção do jogo, foram reutilizados alguns materiais de um outro jogo de tabuleiro. As cartas foram confeccionadas pelos alunos por meio de um programa de computador e impressas posteriormente, as notas, os pinos e os dados também foram modificados, de acordo com as normas da Grafia Braille para a Língua Portuguesa (SANTOS E OLIVEIRA, 2018). As notas utilizadas foram nos valores de 1000 (mil) e 5000 (cinco mil). O tabuleiro original foi modificado e adaptado para os jogadores com condições especiais. No total, o jogo possui: 1 tabuleiro, 6 pinos, 2 dados, 20 cartas sorte e revés, 7 cartas de missão, 100 notas de 1000 (mil), 50 notas de 5000 (cinco mil). As cartas de missão foram estabelecidas de acordo com o seguinte modelo: uma cadeia linear com insaturação e uma função qualquer dentre cetona, álcool, aldeído, amina, amida, ácido carboxílico e anidrido de ácido carboxílico. Recomenda-se, por conveniência, ter ao menos um jogador que não possua deficiência visual no jogo; preferencialmente, deve ser o banqueiro. Podem jogar de 2 a 6 pessoas, cada uma selecionando um pino. Os pinos são posicionados na casa inicial do tabuleiro. A ordem de jogadas será decidida pelo lançamento de um dado. Em seguida, os jogadores tiram a carta que representa a cadeia que eles deverão formar (carta missão). Logo depois, distribui-se as notas, na seguinte proporção: dez notas de 1000 (mil) e duas notas de 5000 (cinco mil) para cada jogador. O banco fica com as notas que sobrarem.

Resultado e discussão

O jogo inclusivo Missão Orgânica foi confeccionado por um grupo de alunos do terceiro semestre do curso de Química integrado ao ensino médio. O custo de confecção não foi elevado considerando a durabilidade do jogo, cerca de R$134,00. Este foi testado por um grupo de seis alunos visuais, que no decorrer do jogo, discutiram suas dúvidas entre si e refletiram acerca do conteúdo, lembrando das aulas anteriores e utilizando esse conhecimento para vencer. Desse modo, ficou evidente que o jogo auxiliou efetivamente no aprendizado de forma divertida e prazerosa, e que a competitividade proporcionou uma maior interação entre os jogadores, mostrando mais uma vez o potencial deste recurso. Além disso, o jogo didático propiciou aos discentes que confeccionaram uma aprendizagem significativa, possibilitando a prática dos conhecimentos assimilados nas aulas, a pesquisa, a criatividade, inovação e o trabalho em equipe. Devido à ausência de alunos com deficiência visual no Campus Cuiabá Bela Vista, não foi possível fazer o teste, o que será realizado assim que forem identificados nas escolas estaduais da rede pública da cidade. Contudo, mediante a estrutura do jogo didático, acredita-se que este auxiliará efetivamente no processo de ensino e aprendizagem destes alunos, além de promover a inclusão.

Conclusões

Em suma, pôde-se concluir que o jogo didático inclusivo Missão Orgânica mostrou-se satisfatório no processo de ensino e aprendizagem dos alunos envolvidos, além de propiciar a motivação, diversão e interação. Constatou-se também que por ser inclusivo possibilitará aos estudantes com deficiência visual, um aprendizado mais significativo e uma inclusão plena na sala de aula. Por fim, notou-se a relevância de se utilizar materiais didáticos que beneficia e auxilia não só na disciplina em questão como também na formação desse sujeito.

Agradecimentos

Queremos agradecer aos nossos colegas Antônio Carlos e Julia Costadelle por nos ajudarem na confecção do jogo, agradecemos também a professora Josane Cunha por toda ajuda e apoio e aos nossos familiares por acreditarem em nós.

Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988.

DA CUNHA, Marcia Borin. Jogos no ensino de química: considerações teóricas para sua utilização em sala de aula. Química Nova na Escola, São Paulo, [s. L.], v. 34, n. 2, p. 92-98, 2012.

DOS SANTOS, Fernanda Christina; DE OLIVEIRA, Regina Fátima Caldeira. Grafia Braille para a Língua Portuguesa – Brasília – DF, 2018, 3ª ed. 95p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2018-pdf/104041-anexo-grafia-braille-para-lingua-portguesa/file. Acesso em: 6 de junho de 2019

LIMA, E. C. et al. Uso de jogos lúdicos como auxílio para o ensino de química. Revista Eletrônica Educação em Foco, v. 3, 2011.

SANTANA, Eliana Moraes de; REZENDE, Daisy de Brito. A influência de jogos e atividades lúdicas no ensino e aprendizagem de química. Florianópolis: ABRAPEC, 2007.

SOARES, Márlon Herbert Flora Barbosa et al. O lúdico em Química: jogos e atividades aplicados ao ensino de Química. 2004.

Patrocinadores

Capes Capes CFQ CRQ-PB FAPESQPB LF Editorial

Apoio

UFPB UFPB

Realização

ABQ