Confecção de material didático inclusivo aos deficientes visuais no ensino de Química

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química

Autores

Brandão Pereira, M. (IFMT - CUIABÁ, BELA VISTA) ; Malta dos Santos Dias, J. (IFMT - CUIABÁ, BELA VISTA) ; do Nascimento Ferreira Cunha, J. (IFMT - CUIABÁ, BELA VISTA)

Resumo

A inclusão social tem sido um assunto muito debatido na contemporaneidade, e a busca por métodos de ensino que auxilie nesse processo tem aumentado. Neste sentido, o presento trabalho tem como objetivo relatar a produção de um material didático inclusivo para os deficientes visuais relacionado com a Química Orgânica. Este foi realizado no Instituto Federal de Mato Grosso, utilizando-se placas de MDF, pérolas e tampinhas de garrafas. Constatou-se que o material foi muito bem avaliado por alguns alunos do curso integrado em Química do campus Cuiabá Bela Vista do Instituto Federal de Mato Groso, e por professores do Instituto dos Cegos.

Palavras chaves

Inclusão; Química Orgânica; Material didático

Introdução

Um dos assuntos que tem ganhado cada vez mais espaço e conscientização na sociedade atual é a inclusão social. No entanto, deve-se frisar que há muito a se fazer a respeito da temática. Quando se fala em inclusão dos alunos com deficiência no sistema regular de ensino no Brasil, verifica-se que esta ocorreu mediante a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, lei 9394 de 1996 (BRASIL, 1996). Mas na prática ainda nota-se as dificuldades da efetivação desta. De acordo com Schwahn e Neto (2011), para que a escola seja de fato inclusiva é fundamental o empenho, a dedicação dos docentes e de toda a equipe, inclusive da família. No processo educativo uma das formas de auxiliar na inclusão dos deficientes visuais é por meio dos materiais didáticos. Segundo Raposo e Mól (2010), a elaboração desses materiais para serem investigados com os discentes deficientes visuais pode favorecer o processo inclusivo onde todos aprendam e participem. Dessa forma, muitos trabalhos vêm sendo realizados com o intuito de colaborar com a inclusão. Nesse sentido, o presente projeto teve como objetivo relatar a produção de um material didático inclusivo para deficientes visuais relacionado ao ensino de Química Orgânica.

Material e métodos

O presente projeto foi realizado no Instituto Federal de Mato Grosso, Campus Cuiabá - Bela Vista. Para a construção do material didático utilizou-se placas de MDF, pérolas de diversos tamanhos para a representação dos elementos nitrogênio, oxigênio e hidrogênio e tampas de garrafas pet de tamanhos equivalentes embrulhadas com tecido de cor preta,as quais representam o carbono. As pérolas foram pintadas com corantes de tecido de acordo com as cores de acordo com a recomendação da União Internacional de Química pura e aplicada (IUPAC). Para simbolizar as ligações químicas, empregou-se tinta em alto relevo. Posteriormente desenvolveu- se no MDF as representações das Funções Orgânicas Oxigenadas e Nitrogenadas, dispondo as tampinhas e as pérolas segundo a cadeia carbônica de cada substância, seguidamente representou-se as legendas em braile com pérolas pequenas. Em seguida o material foi avaliado pelos discentes da educação básica, alunos videntes do curso de Química integrado ao ensino médio, e por alguns professores do Instituto dos Cegos do Estado de Mato Grosso (ICEMAT).

Resultado e discussão

É exequível a observação sobre as dificuldades e obstáculos dos estudantes deficientes visuais, na inserção destes no ensino médio e superior, já que as condições geralmente não estão adaptadas às necessidades, lidam com a falta de recursos didáticos, pesquisas, profissionais capazes de auxiliá-los neste processo de aprendizagem. Mediante esse trabalho foi possível confeccionar um material didático em placa de MDF, tamanho 40x40 cm, que representa as substâncias com as respectivas funções orgânicas em alto relevo e a legenda em braile. Foram usados exemplos comuns presentes no cotidiano. As placas foram apresentadas aos discentes do ensino técnico em Química integrado ao médio, da licenciatura em Química e alguns docentes, que avaliaram positivamente o material, e muitos demonstraram interesses em aprender mais sobre o braile. Como não há alunos com deficiência visual no campus, não foi possível testar o material, porém este será realizado com discentes da rede estadual de ensino. Observou-se que o material didático inclusivo tem um grande potencial para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da Química Orgânica. Na avaliação do material foi aplicado um questionário com itens a serem avaliados, como qualidade de confecção, design, inovação, criatividade e importância de conteúdo. Os avaliadores atribuíram notas de 0 a 10 a cada um dos itens, e verificou-se que 80% dos professores do ICEMAT deram nota 10 no item qualidade, inovação e criatividade, 60% atribuíram nota 10 e 40% entre 8 e 9 em relação ao design e todos os avaliadores deram 10 em importância do conteúdo. Sobre alunos do IFMT, 73% deram nota entre 9 e 10 nos itens qualidade, design e criatividade, 93% avaliaram em 8, 9 ou 10 na inovação e no quesito importância do conteúdo 66% anuíram entre 7 e 10.

Conclusões

Foi possível concluir que o respectivo material didático inclusivo auxiliará efetivamente no ensino das funções orgânicas. Constatou-se também que este foi bem aceito pelos discentes do IFMT e alguns docentes do ICEMAT, certificando que o mesmo contribuirá com o processo e aprendizagem, além de propiciar a inclusão dos deficientes visuais.

Agradecimentos

Agradecemos ao Instituto Federal de Mato Grosso Campus Cuiabá Bela Vista pelo apoio. A professora Josane do Nascimento Ferreira Cunha, orientadora deste projeto ao qual nos auxiliou, agradecemos também ao ICEMAT.

Referências

BRASIL. Lei n.º 9.394, de 20 dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: Acesso em: 12 abr. 2015.

SCHWAHN, M.C.A.; NETO, A.S.A. Ensinando química para alunos com deficiência visual: uma revisão de literatura. VIII ENPEC- Encontro Nacional de Pesquisa de Educação e Ciências e I CIEC- Congresso Iberoamenricano de Investigación em Enseñanza de las ciências. Campinas, SP, 2011.< www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R1557-1.pdf>. Acesso em 17 maio 2017.

RAPOSO, P. N.; MÓL, G. S. A diversidade para aprender conceitos científicos: a ressignificação do Ensino de Ciências a partir do trabalho pedagógico com alunos cegos. In: SANTOS, Wildson Luiz P. dos; MALDANER, Otavio Aloisio. (Org.). Ensino de Química em Foco. Ijuí: Editora Unijuí, 2013. p. 287-311.

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