Biossíntese de nanopartículas de prata usando extrato de araçá vermelho
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Materiais
Autores
Narciso, A. (UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE) ; da Rosa, C.G. (UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE) ; Paes, J.V. (UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE) ; Masiero, A.V. (UNIVERSIDADE DO PLANALTO CATARINENSE) ; Nunes, M.R. (INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA)
Resumo
Nanopartículas de prata sintetizadas pelo método de biorredução possuem uma grande superfície de contato, com diâmetro médio em escala manométrica, e com excelentes propriedades antimicrobianas e com características não citotóxicas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as propriedades físico-químicas de nanopartículas de prata obtidas por biorredução com folhas de araçá- vermelho (Psidium catelanium Sabine). A formação das AgNPs foi confirmada pelo aparecimento de bandas em 400 nm nos espectros de UV-vis, característicos da Superfície de ressonância plasmônica (SPR), diâmetro médio em torno de 200 nm, com polidispersão de 0,300 e com estabilidade elefrorética, com valores de potencial zeta de -21 mV.
Palavras chaves
Nanopartículas; Biossíntese; Nanotecnologia
Introdução
A nanotecnologia é uma ciência interdisciplinar e multidisciplinar que visa resultar em inovações capazes de contribuir com a solução de muitos problemas enfrentados pela sociedade, nas diferentes áreas do conhecimento, com aplicações em nanomateriais, nanoeletrônica, nanofotônica, nanobiotecnologia, nanofoods, nanoenergia, nanoambiente, entre outras (CADIOLI; SALLA, 2015). Dentre os mecanismos de ação antimicrobiana das nanopartículas destacam-se: a atração eletrostática, a adsorção e a penetração na membrana celular da bactéria. A ação das nanopartículas também depende da composição, modificação da superfície, propriedades intrínsecas e tipos de microrganismos (NUNES, et al., 2018). As AgNPs por apresentarem tamanho em escala nanométrica, entre 10 a 100 nm, possuem uma grande superfície de contato, sendo capazes de penetrar na membrana celular da bactéria ou aderir na superfície bacteriana (NUNES et al.;2018). A ação das AgNPs frente as bactériaspode ser desencadeada também pela formação de radicais livres de oxigênio, chamados de ROS. Quando os ROS são produzidos, podem causar ruptura da membrana e afetar a sua permeabilidade (YUSUF et al. 2018). Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as propriedades físico-químicas de nanopartículas de prata obtidas por biorredução com folhas de araçá-vermelho (Psidium catelanium Sabine), por Espectrofotometria no UV-visível, diâmetro médio (nm), potencial zeta (mV) e Índice de Polidispersão por espalhamento dinâmico de luz (DLS).
Material e métodos
As nanopartículas de prata foram sintetizadas pela técnica de bioredução da solução de nitrato de prata 3.10-4 mol.L-1 (Nunes et al., 2018). A análise UV-VIS foram realizadas com um espectrofotômetro UV-visível Bel Photonics M51 usando uma célula de espectrofotômetro de quartzo, com o objetivo de confirmar de forma qualitativa o tamanho das nanopartículas. A determinação do tamanho da partícula de forma quantitativa (Z-ave), índice de polidispersão (IP) e potencial zeta (mV) das nanopartículas foram obtidos por meio da técnica de espalhamento de luz (DLS), utilizando um equipamento Zetasizer Nano Series (Malvern Instruments). As amostras foram diluídas apropriadamente com água filtrada Milli-Q ®, e as medições foram realizadas a 25 °C a um ângulo de 173°. Para as medições, as amostras foram colocadas em célula de eletroforese.
Resultado e discussão
As folhas de araçá possuem compostos fenólicos na sua composição (PEREIRA et
al. 2018), e as hidróxilas fenólicas da sua estrutura molecularatuam como
agente redutor, doando prótons (H+), devido ao efeito ressonante do anel
benzênico (NUNES et al. 2018). O efeito ressonante é a atração ou repulsão
que ocorre entre os elétrons da ligação π, quando eles entram em ressonância
com o próprio anel benzênico. Esse efeito pode ocorrer em ligações π de
ligações duplas ou triplas. Se o grupo substituinte for um doador de
elétrons, ele realizará a ressonância dentro do anel, isto é, deslocalizará
a carga negativa ao longo do anel benzênico. Um grupo que realiza esse
mecanismo é o radical arila (-OCH3) (HANSEN; KOCH E KLEINPETER, 2018).
A redução dos íons Ag+ presentes na solução de AgNO3 resultam na formação de
nanopartículas metálicas. A formação das AgNPs é confirmada pelo
aparecimento de bandas em 400 nm nos espectros de UV-vis, característicos da
Superfície de ressonância plasmônica (SPR) das nanopartículas de prata. As
nanopartículas apresentaram tamanho médio de 258,3±5 nm e índice de
polidispersão de 0,300±3. Essas nanopartículas apresentam tendência à
aglomeração devido à energia superficial resultante dos domínios reduzidos
(NUNES et al.2012). Sendo necessário a utilização de agentes estabilizadores
para a obtenção de diâmetros mais reduzidos (NUNES et al, 2018). As
nanopartículas apresentaram estabilidade elefroretica, com valores de
potencial zeta de -21,0±4. Valores de potencial zeta entre +30 e -30
conferem estabilidade das cargas em uma dispersão de nanopartículas (DA ROSA
et al. 2015).
Conclusões
Com o presente estudo pode se concluir que as nanopartículas de prata são sintetizadas por biorredução com folhas de aracá, sendo confirmado pelas técnicas de Espectroscopia no UV, DLS e MET. As nanopartículas mostraram-se estáveis físico-químicamente e comportam-se como excelentes biomateriais.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPQ, CAPES, IFSC e Uniplac pelo auxílio.
Referências
CADIOLI, L. P.; SALLA, L. D. Nanotecnologia: um estudo sobre seu histórico, definição e principais aplicações desta inovadora tecnologia. Revista de Ciências Exatas e Tecnologia, v. 1, p. 98-105, 2015.
HANSEN, P. E., KOCH, A., KLEINPETER, E. Ring current and anisotropy effects on OH chemical shifts in resonance-assisted intramolecular H-bonds. Tetrahedron Letters, v. 59, p. 2288–2292, 2018.
NUNES, M. R et al. Antioxidant and antimicrobial methylcellulose films containing Lippia alba extract and silver nanoparticles. Carbohydrate Polymers, v. 192, p. 37-43, 2018.
YUSUF, A. et al. Liposomal encapsulation of silver nanoparticles enhances cytotoxicity and causes induction of reactive oxygen species‐independent apoptosis. Journal of Applied Toxicology, v. 38, p. 616-627, 2018.