Comparação antioxidante in vitro da casca do caule e folhas de Pachira aquatica Aubl. (Malvaceae) coletada em diferentes épocas
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Bioquímica e Biotecnologia
Autores
Araujo, R.D.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ) ; Gomes, C.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ) ; Silva, G.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ)
Resumo
P. aquatica pode ser encontrada nas margens dos rios na Amazônia e seu fruto é bastante apreciado na região. E devido a pesquisas prévias relativa aos metabólitos desta espécie, foi proposto a comparação antioxidante e de fenólicos de extratos da casca do caule e folhas coletados em estações climáticas distintas. Foi mensurado a atividade antioxidante por sequestro de DPPH, FRAP, Fosfomolibdênio e quantificação de fenóis e flavonoides totais. Os extratos do caule exibiram maiores teores de fenóis e maior força antioxidante em todos os métodos do que as folhas nos dois períodos; os flavonoides foram reduzidos na segunda coleta para ambos. Conclui-se que a casca do caule apresenta melhor capacidade antioxidante do que as folhas, o que sugere sua possível aplicação como conservante natural.
Palavras chaves
Amazônia.; Mamorana; Compostos fenólicos.
Introdução
Pachira aquatica Aubl. (PaA) é um vegetal de médio porte, nativa do continente americano, distribuída do sul do México até o norte brasileiro, foi introduzida em alguns países asiáticos como Taiwan. É popularmente conhecida como mamorana na Amazônia e seu fruto é bastante consumido, apresentando bom perfil nutricional e antioxidante (RODRIGUES et al., 2019); protegendo o organismo de danos oxidativos. Neste contexto antioxidante, os radicais livres que são produzidos durante eventos celulares no organismo de forma natural, mas sua produção pode ser potencializada por eventos endógenos e/ou ambientais. E os mais conhecidos são as espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio; consequentemente estes átomos ou moléculas podem proporcionar o desenvolvimento de muitas doenças como o câncer, por exemplo (BIRBEN et al., 2012). No entanto, o organismo é capaz de combater e neutralizar os radicias livres, mas quando a produção dos mesmos ultrapassa os antioxidantes enzimáticos, isto pode resultar em estresse oxidativo (SASTRE et al., 2003). E é nessa perspectiva que ganham destaque os antioxidantes naturais, advindo das plantas, principalmente, compostos fenólicos, tais como, flavonoides e ácidos fenólicos (SIMÕES et al., 2010). Com o intuito de realizar coletas assertivas das partes que contém taxas consideráveis destes metabólitos e consequentemente atividades biológicas elevadas, como a antioxidante, faz se necessário uma investigação comparativa do melhor órgão vegetal, com o propósito de direcionar futuras extrações. Neste sentido, este trabalho objetivou comparar a atividade antioxidante e o teor de flavonoides e polifenóis totais da casca do caule e folhas de PaA, coletadas em períodos sazonais diferentes, além de agregar valor antioxidante a esta espécie.
Material e métodos
Foram coletadas amostras de casca do caule e folhas de PaA, no município de Macapá-AP, balneário da fazendinha, as margens do rio Amazonas e identificadas no herbário do IEPA; as coletas foram nos meses de Março e outubro de 2018, no período da manhã. O material foi seco em estufa a 40º graus por 48 horas, em seguida moídos e submetidos a maceração por 7 dias consecutivos no escuro, foi utilizado solvente hidroetanólico (70˚ GL) para a extração. Após maceração o material foi filtrado e rotaevaporado, obtendo- se o extrato bruto hidroetanólico. Seus rendimentos foram calculadas para comparação das diferentes épocas de coleta. Foi realizado quantificação de polifenóis totais, pelo método de folin ciucateu (SINGLETON et al., 1999), utilizando curva de calibração o ácido gálico; além de determinação de flavonoides totais, com uso de rutina para a calibração dos mesmos (WOISKY, SALANTINO, 1998). Para a atividade antioxidante (DPPH), foi utilizada a metodologia proposta por Sousa et al. (2007), com modificações; os extratos foram diluídos em diferentes concentrações (12, 50, 100, 200 e 300 μg/mL), para o cálculo da concentração efetiva (CE50). Para o poder redutor do ferro, foram lidas suas absorbâncias em 700 nm e comparadas com o controle positivo (ácido ascórbico), segundo (OYAIZU, 1986; DORMAN et al., 2003), todos em 2.000 μg/mL. Quanto a porcentagem de redução do complexo fosfomolibdênio, foi usada metodologia, conforme (PRIETO et al., 1999), representando a vitamina c (controle) 100 % de atividade antioxidante total, controle e amostras estavam a 120 μg/mL. Todos os ensaios foram feitos em triplicata e para análise estatística foi utilizado o programa Bioestat 5.0, onde calculou-se média, desvio padrão e teste Anova seguido de Tukey.
Resultado e discussão
A partir dos resultados obtidos pôde-se
perceber que o período menos chuvoso
(outubro) apresentou melhores resultados
de rendimento na extração, tanto do
caule (12%) quanto das folhas (8.1%). A
casca do caule exibiu maiores teores
de fenóis totais que as folhas nas duas
épocas de coleta, entretanto, para
flavonoides foi apenas no mês de março que
as cascas demonstraram maior
conteúdo de flavonoides. Para os testes de
atividade antioxidante in vitro
os extratos das cascas foram muito
superiores em comparação as folhas,
exibindo resultados bastante promissores.
Em que os preparos hidroalcoólicos
da casca apresentaram os melhores efeitos
para DPPH no mês de outubro com
CE50 de (126,89 µg/mL), assim como o teste
Frap (0,201 DO) e redução do
complexo fosfomolibdênio (96.70 %). Muitos
compostos de natureza
polifenólica já foram extraídos e isolados
do caule de P. aquatica, o que
sugere potencial atividade biológica a
partir deste órgão vegetal (CHENG et
al., 2017). Além de promissores resultados
de atividade antioxidante também
para as cascas (CHENG et al., 2017). As
sementes de mamorana exibem bom
perfil antioxidante (RODRIGUES et al.,
2019), assim como as cascas mostraram
neste estudo. No entanto, as folhas exibem
menor potencial antioxidante em
relação ao fruto, conforme pesquisa de
Damasceno et al. (2013), corroborando
com este trabalho, no qual as folhas
também apresentaram fraco perfil
antioxidante frente aos extratos das
cascas. Os extratos etanólicos das
cascas podem apresentar eminente ação
antifúngica em coletas nos meses mais
chuvosos, como o de março, pois pesquisas
mostram efetividade de misturas
etanólicas contra algumas espécies de
fungos (SOUZA et al., 2014).
Conclusões
A comparação entre os extratos das casca do caule e folhas de P. aquatica revelou que as cascas apresentaram maior conteúdos de polifenóis totais que as folhas nas duas datas de coleta. E que os flavonoides totais são maiores nas cascas no mês de março e superiores nas folhas no mês de outubro. Para a atividade antioxidante os preparos das cascas foram melhores em todas as épocas e testes do que as folhas. Mais estudos são necessários a partir das cascas de PaA, para comprovar seu potencial antioxidante em testes in vivo ou sua possível aplicação em alimentos como corantes ou conservantes.
Agradecimentos
Agradecemos a Universidade do Estado do Amapá - UEAP e o Laboratório de Química Orgânica e Bioquímica.
Referências
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