Composição Química dos extratos de Eugenia Punicifolia (Cereja do Cerrado)

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Bioquímica e Biotecnologia

Autores

Santos, J.R.C. (IFG CAMPUS GOIÂNIA) ; Silva, S.S. (UFG) ; Christofoli, M. (UFG) ; Oliveira Filho, J.G.O. (UNESP) ; Alves, C.C.F. (IFGOIANO CAMPUS RIO VERDE) ; Pereira, P.S. (IFGOIANO CAMPUS RIO VERDE)

Resumo

A Eugenia punicifolia, também conhecida Cereja do Cerrado, é uma Myrtaceae utilizada para tratar feridas e doenças infecciosas, além de ser utilizada em doenças como reumatismo, artrite e ação anti-inflamatória. Na literatura, já é possível observar relatos de identificação de taninos, flavonoides e terpenos. Os perfis químicos das espécies de Eugenia, de forma geral, demonstraram uma composição química diversificada com a presença de flavonoides, taninos, terpenos, sendo α-pineno, β-pineno, β- cariofileno, espatulenol e limoneno os componentes majoritários Através de análises cromatográficas, tanto por camada delgada quanto por líquida de alta eficiência, pôde- se verificar a presença de Flavonóides e ácidos fenólicos nos extratos metanólico, de acetato de etila e aquoso.

Palavras chaves

cereja do cerrado; caracterização; cromatografia

Introdução

A família Myrtaceae apresenta espécies nativas e exóticas de grande importância para o país, as quais se distribuem em todas as formações brasileiras (SIQUEIRA et al., 2013).Dentro do genero Eugenia, a Eugenia punicifolia, popularmente conhecida como cereja do cerrado, é uma espécie que pertence à família Myrtaceae, Existem também estudos sobre o potencial da cereja do cerrado e suas folhas. Eugenia punicifolia (Kunth) DC, é uma das plantas medicinais tradicionais inexploradas do Brasil; e são popularmente usadas em infusões aquosas como um agente terapêutico natural para tratar inflamação (MAIA et al., 2001), febre (CHAVES e BARROS, 2012; SILVA, 1998), diabetes (LEITE et al., 2010) e em infiltrações alcoólicas para o tratamento de feridas e doenças infecciosas (OLIVEIRA et al., 2005). Estudos fitoquímicos realizados com o gênero Eugenia demonstraram a ocorrência de muitas classes de constituintes, incluindo flavonoides, taninos, terpenoides e óleos essenciais (OLIVEIRA et al., 2006; GALENO et al., 2014).Para análise de constituintes de extratos, Nunes e Ribeiro (2008) descrevem a cromatografia como uma técnica de separação especialmente adequada para ilustrar os conceitos de interações intermoleculares, polaridade e propriedades de funções orgânicas, com uma abordagem ilustrativa e relevante. Os métodos cromatográficos são utilizados para separar misturas contendo duas ou mais substâncias ou íons, e baseiam-se na distribuição diferencial dessas substâncias entre duas fases: uma das quais é estacionária e a outra, móvel (FONSECA E GONÇALVES, 2004). Portanto, este trabalho teve por objetivo de elucidação da composição química dos extratos acetato de etila, metanólico e aquoso de Eugenia punicifolia.

Material e métodos

As folhas de Eugenia punicifolia, foram durante o mês de fevereiro de 2017, sendo coletadas no município de Goiânia sob a latitude 16° 68’ 175” S e longitude 49° 24’ 581” W e identificadas pelo herbário do IF-Goiano Campus Rio Verde, com o número de deposito 256. Foram armazenadas em sacos de papel kraft, após secarem por 7 dias ao ar livre. Os extratos foram preparados com as folhas de E. punicifolia, que foram ao ar livre e moídos em moinho. O material moído foi extraído por maceração por 24 horas acetato de etila AcOET (1000 mL – 3x), o metanol (1000 mL – 3x), e por último a água (1000 mL – 3x), em 600 g da amostra, utilizou-se 3 recipientes, o procedimento foi repetido 3x. Os extratos foram filtrados em papel de filtro e concentrados em evaporador rotatório. Em seguida deixados em capela até a evaporação do solvente. Após isso, foram liofilizados e armazenados na geladeira até a sua utilização nos ensaios. A avaliação dos extratos brutos foi realizada por meio de HPLC (Cromatógrafo líquido acoplado ao detector de arranjo de diodo), tanto para extratos foliares de acetato de etila, metanólico e aquoso. As amostras foram dissolvidas e filtradas para análise em Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência - comparativa (Shimadzu®), nas condições: Coluna reversa (4,6 x 250mm), fase móvel MeOH:H2O (ácido acético 0,1%). Os solventes utilizados na eluição serão: A - água + ác. acético (0,1%), B – metanol. O tempo total de corrida proposto de 40 minutos. Como padrões foram utilizados Rutina 0,5 e 0,05 mg/mL, Isovitexina, KAQL 0,25 mg/mL, Quercitrina, Miricetina, Ácido gálico, Ácido ferrúlico, Ácido rosmarínico, Ácido clorogênico e ácido elágico.

Resultado e discussão

Através dos cromatogramas dos extratos brutos em acetato de etila (AcOEt), metanólico (MeOH) e aquoso (Aq), da espécie Eugenia punicifolia pode-se verificar, a presença de flavonoides, segundo as Figuras 1 e 2, podendo relacioná-los através dos padrões de miricetina (pico em 25,1 min), rutina (pico em 26,2 min) e quercitrina (28,6 min) e ainda sugerir a presença de ácidos fenólicos, uma vez que podem ser relacionados com os padrões (ácidos: gálico (5,8 min), ferrúlico (21,7 min), rosmarínico (24,8 min), clorogênico (14,4 min) e ácido elágico (27,9 min)). Para o extrato de AcOEt pode correlacionar com padrão da Miricetina (25,1 min). Arumugam (2014), relata em sua pesquisa com extrato de folha da Myrtaceae - Syzygium malaccense (L.), a identificação da miricetina, usando técnicas de cromatografia líquida de alta performance (HPLC) e cromatografia líquida-espectrometria de massa (LCMS) como o principal composto bioativo presente no extrato. Por outro lado, em menor proporção, foi identificado o ácido gálico, o que pode ter contribuído para suas atividades antioxidantes, demonstradas neste estudo. O extrato metanólico, pode-se relacionar ao padrão de Rutina e Quercitrina, corroborando com estudos de Reynertson et al. (2008), que trabalhou com extratos metanólicos de 14 espécies de frutas da família Myrtaceae, e pode verificar um teor significativo dos padrões de cianidina 3-glucósido, delfinidina 3-glucósido, ácido elágico, kaempferol, miricetina, quercetina, quercitrina e rutina, método quantificado por HPLC-PDA, sugerindo assim, a presença de flavonoides, ácidos fólicos em Myrtaceaes. Sabe-se que, os fenólicos, em plantas, são essenciais no crescimento e reprodução dos vegetais, além de atuarem como agente antipatogênico e contribuírem na pigmentação.

Cromatograma e espectrograma do Extrato de Acetato de Etila

Cromatograma e espectrograma do Extrato de Acetato de Etila

Cromatogramas e espectrogramas do Extrato Aquoso e Metanólico

Cromatogramas e espectrogramas do Extrato Aquoso e Metanólico

Conclusões

Pode-se concluir que a partir dos extratos bruto, metanólico e acetato de etila e aquoso da espécie Eugenia punicifolia possui um considerável potencial antioxidante, podendo relacionar esta atividade à presença dos ácidos fenólicos e dos flavonóides (miricetina, rutina e quercitrina) identificados por HPLC. Sugere-se, para trabalhos futuros com a cereja do cerrado, análises mais específicas em relação ao potencial químico, a fim de quantificar este potencial.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde e a CAPES pela viabilidade da pesquisa.

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