Composição fitoquímica, conteúdo fenólico e atividade antioxidante de farinhas de quinoa
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Alimentos
Autores
Santos, W.N.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA) ; Magalhães, B.E.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Gomes, M.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO) ; Almeida, J.R.G.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO)
Resumo
A quinoa é amplamente conhecida e consumida como farinha, flocos e grãos integrais. Tendo em vista o crescente interesse pela quinoa e seus produtos, por se tratar de um alimento funcional de alto valor nutricional, este estudo teve por objetivo investigar a composição fitoquímica, os teores de compostos fenólicos totais e de flavonoides totais e a capacidade antioxidante de farinhas integrais de quinoa branca comercializadas em Salvador-BA. Foi verificado que a farinha de quinoa branca dispõe de ampla variedade de fitoquímicos, que apresentam diversificadas propriedades com potenciais aplicabilidades em diversas áreas. Foi constatado que as amostras analisadas são ricas em compostos fenólicos, flavonoides e antioxidantes, conhecidos por suas propriedades benéficas à saúde.
Palavras chaves
farinha de quinoa; fitoquímicos; atividade antioxidante
Introdução
É crescente o interesse por quinoa (Chenopodium quinoa Willd.) e seus produtos por se tratar de um alimento funcional rico em nutrientes. A quinoa tem um alto teor de proteína, é também uma fonte importante de vitaminas, minerais e fibras, além der ser rica em uma grande variedade de compostos com propriedades funcionais, como antioxidantes fenólicos, incluindo flavonoides (ALVAREZ-JUBETE et al., 2010; HAN et al., 2019). Quinoa é um pseudocereal consumido em grãos, como farinha e flocos. A farinha integral é o produto obtido a partir da moagem da parte comestível dos grãos integrais (ANVISA, 2018). Os produtos integrais são recomendados devido ao seu alto teor de fibras, nutrientes e compostos bioativos (CYRAN e CEGLINSKA, 2011). A quinoa é um alimento sem glúten que pode representar uma alternativa saudável para pessoas intolerantes ou alérgicas a glúten, além de ser uma alternativa para substituição dos ingredientes frequentemente usados na produção de alimentos sem glúten, capaz de agregar valor nutricional e funcional aos produtos (GÓMEZ-CARAVACA et al., 2012). Tendo em vista o crescente consumo de quinoa e seus produtos, este estudo teve por objetivo investigar a composição fitoquímica, os teores de compostos fenólicos totais e de flavonoides totais e a capacidade antioxidante de farinhas integrais de quinoa branca comercializadas em Salvador-BA.
Material e métodos
As amostras de farinha integral de quinoa branca, adquiridas em 5 diferentes estabelecimentos comerciais, foram homogeneizadas (32 mesh) e submetidas a extração com solução de metanol e acetona (8:2, v/v) e agitação a 350 rpm por 75 minutos em mesa agitadora. Os extratos foram filtrados, rotaevaporados e ressolubilizados em 1,5 mL de metanol. A prospecção fitoquímica foi realizada por cromatografia em camada delgada, os extratos foram aplicados em placas de sílica gel em suporte de alumínio e eluídos em diferentes sistemas de solventes de acordo com a classe de metabólito secundário (WAGNER e BLADT, 1996) e após a eluição foram usados reveladores específicos para cada classe e as placas foram visualizadas em câmera UV em 254 e 365 nm. O teor de compostos fenólicos totais foi determinado por método colorimétrico adaptado (OLIVEIRA-JÚNIOR et al., 2017), a 20 µL de extrato foram adicionados 3,18 mL de água ultrapura, 200 µL de reagente Folin-Denis, após 5 min 600 µL de solução aquosa de carbonato de sódio 7,5% (m/v) e após 60 min de repouso em ambiente escuro e a temperatura ambiente, a absorbância foi medida em 760 nm em espectrofotômetro UV-Vis. O teor de flavonoides totais foi determinado usando método de complexação metálica adaptado (SANTOS et al., 2017), a 100 µL de extrato foi adicionado 2,4 mL de solução metanólica de cloreto de alumínio hidratado 2% (m/v), 1,5 mL de metanol e após 30 min a absorbância foi medida em 415 nm em espectrofotômetro UV-Vis. A atividade antioxidante in vitro foi determinada em ensaio de inibição do radical livre DPPH• (RUFINO et al., 2007), em ambiente escuro foi adicionado 100 µL de extrato a 3,9 mL de solução metanólica de DPPH• 0,06 mM e após 60 min a absorbância foi medida em 515 nm em espectrofotômetro UV-Vis.
Resultado e discussão
A presença dos fitoquímicos nos extratos foi avaliada com base no perfil de manchas nas placas eluídas. Foram testadas 14 classes de metabólitos secundários, sendo constatada a ausência para alcaloides gerais e para mono, sesqui e diterpenos. Foi indicada a presença de antocianinas, antraquinonas, compostos fenólicos, cumarinas, derivados antracênicos, lignanas, naftoquinonas, saponinas, triterpenos e esteroides, taninos condensados, taninos hidrolisáveis e xantinas. Portanto, evidencia-se que as farinhas integrais de quinoa branca analisadas dispõem de ampla variedade de metabólitos secundários, que apresentam diversificadas propriedades. Os resultados das determinações espectrofotométricas são apresentados na Tabela 1. O teor de compostos fenólicos totais foi calculado utilizando uma curva de calibração de ácido gálico e expresso como equivalente de ácido gálico por 100 gramas de farinha. A concentração de flavonoides totais foi calculada utilizando uma curva de calibração de quercetina e expressa como equivalente de quercetina por 100 gramas de farinha. A atividade antioxidante foi calculada com base nas absorvâncias do branco e das amostras e expressa como porcentagem de inibição do radical livre DPPH•. O teor de compostos fenólicos das amostras variou de 229 a 295 mg EAG 100 g-1, o teor de flavonoides variou de 34 a 59 mg EQ 100 g-1, e a inibição do radical DPPH variou de 75 a 85%. Assim, demonstra-se que as farinhas integrais de quinoa branca analisadas são ricas em compostos fenólicos, flavonoides e antioxidantes, conhecidos por suas propriedades benéficas à saúde. A variação do teor de fenólicos e da atividade antioxidante entre as amostras pode estar associada a fatores ambientais e origem geográfica dos grãos (COSTA et al., 2016).
Teor de compostos fenólicos totais, teor de flavonoides totais e atividade antioxidante de extratos de farinha integral de quinoa branca.
Conclusões
Foi verificado que a farinha integral de quinoa branca dispõe de ampla variedade de metabólitos secundários, que apresentam diversas propriedades, com potenciais aplicabilidades em diferentes áreas, como nas indústrias de alimentos e farmacêutica. Foi constatado que as amostras de farinha de quinoa analisadas são ricas em compostos fenólicos, flavonoides e antioxidantes, conhecidos por suas propriedades benéficas à saúde. Portanto, a incorporação de farinha de quinoa branca à alimentação pode proporcionar potenciais efeitos benéficos à saúde, além de agregar valor nutricional à dieta.
Agradecimentos
A Capes, ao CNPq, ao Programa de Pós-Graduação em Química da UFBA, ao Programa de Pós-Graduação em Química Aplicada da UNEB e ao Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Química Analítica.
Referências
ALVAREZ-JUBETE, L.; WIJNGAARD, H.; ARENDT, E. K.; GALLAGHER, E. Polyphenol composition and in vitro antioxidant activity of amaranth, quinoa and buckwheat as affected by sprouting and baking. Food Chemistry, v. 119, 770-778, 2010.
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farinhas - Resolução CNNPA nº 12 de 1978. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/12_78_farinhas.htm. Acesso em: 19 set. 2018.
COSTA, G.; GRANGEIA, H.; FIGUEIRINHA, A.; FIGUEIREDO, I. V.; BATISTA, M. T. Influence of harvest date and material quality on polyphenolic content and antioxidant activity of Cymbopogon citratus infusion. Industrial Crops and Products, v. 83, 738-745, 2016.
CYRAN, M. R.; CEGLINSKA, A. Genetic variation in the extract viscosity of rye (Secale cereale L.) bread made from endosperm and wholemeal flour: impact of high‐molecular‐weight arabinoxylan, starch and protein. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 91, 469-479, 2011.
GÓMEZ-CARAVACA, A. M.; IAFELICE, G.; LAVINI, A.; PULVENTO, C.; CABONI, M. F.; MARCONI, E. Phenolic Compounds and Saponins in Quinoa Samples (Chenopodium quinoa Willd.) Grown under Different Saline and Nonsaline Irrigation Regimens. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 60, 4620-4627, 2012.
HAN, Y.; CHI, J.; ZHANG, M.; ZHANG, R.; FAN, S.; DONG, L.; HUANG, F.; LIU, L. Changes in saponins, phenolics and antioxidant activity of quinoa (Chenopodium quinoa willd) during milling process. LWT - Food Science and Technology, v. 114, 2019.
OLIVEIRA-JÚNIOR, R. G.; FERRAZ, C. A. A.; SOUZA, G. R.; GUIMARÃES, A. L.; OLIVEIRA, A. P.; LIMA-SARAIVA, S. R. G.; ROLIM, L. A.; ROLIM-NETO, P. J.; ALMEIDA, J. R. G. S. Phytochemical analysis and evaluation of antioxidant and photoprotective activities of extracts from flowers of Bromelia laciniosa (Bromeliaceae). Biotechnology & Biotechnological Equipment, v. 31, 600-605, 2017.
RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; MORAIS, S. M.; SAMPAIO, C. G.; PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F. D. Metodologia Científica: Determinação da Atividade Antioxidante Total em Frutas pela Captura do Radical Livre DPPH, Comunicado Técnico Online 127, Embrapa, ISSN 1679-6535, 2007.
SANTOS, W. N. L.; SAUTHIER, M. C. S.; SANTOS, A. M. P.; SANTANA, D. A.; AZEVEDO, R. S. A.; CALDAS, J. C. Simultaneous determination of 13 phenolic bioactive compounds in guava (Psidium guajava L.) by HPLC-PAD with evaluation using PCA and Neural Network Analysis (NNA). Microchemical Journal, n° 133, 583-592, 2017.
WAGNER, H.; BLADT, S. Plant drug analysis: a thin layer chromatography atlas, Springer Verlag, Berlin Heidelberg, 1996.