CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DA AMÊNDOA DA MACAÚBA (Acrocomia aculeata) EXTRAÍDO POR PRENSAGEM MECÂNICA MANUAL PROVENIENTE DO DISTRITO AGROINDUSTRIAL NO MUNICÍPIO DE PARAÍSO DO TOCANTINS
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Alimentos
Autores
Martins, R.G. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Saraiva, W.S. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Viroli, S.L.M. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Ferreira, L.C. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Santos, M.R. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS)
Resumo
O objetivo deste trabalho foi a caracterização biométrica da macaúba, extração por prensa manual e caracterização do óleo da amêndoa da macaúba proveniente do distrito agroindustrial da Cidade de Paraíso do Tocantins. A caracterização biométrica da macaúba foi realizada utilizando a metodologia proposta por Manfio. O óleo foi extraído por uma prensa manual e submetido às análises físico-químicas de umidade, acidez total, índice de peróxido, índice de saponificação seguindo metodologias descritas pelo Instituto Adolfo Lutz. Os resultados encontrados indicaram viabilidade da exploração da macaúba como espécie energética e possibilidade da obtenção dos óleos com qualidade alimentícia e também para a produção do biodiesel.
Palavras chaves
Enegia; Alimentação; Macaúba
Introdução
A macaúba (Acrocomia aculeata) é uma palmeira nativa das florestas tropicais, que apresenta ampla difusão com povoamentos naturais em quase todo território brasileiro, mas com extensas concentrações localizadas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Cerrado brasileiro (LORENZI, 2006; PINTO, 2010; CICONINI, 2012 ; MISSOURI, 2012). A macaúba tem uma produtividade de óleo no fruto na faixa de 50-60% em base seca e 20-25% em base úmida, com potencial de produtividade de até 6000 kg de óleo por hectare. Assim, a palmeira macaúba pode ser uma fonte de óleos vegetais para os setores de produção de energia, alimentos e cosméticos (KALTNER et al., 2004; SILVA, 2007; MELO, 2012). O óleo de macaúba pode ser obtido por diferentes processos de extração, entre eles a extração mecânica. A prensagem mecânica é o método mais popular para eliminar o óleo das sementes oleaginosas. Esse método de extração apresenta maior segurança, simplicidade do processo, favorece a qualidade do óleo bruto e não há presença de resíduos químicos, tanto para o óleo quanto para a torta (PIMENTA, 2010; CICONINI, 2012; MELO, 2012). O óleo extraído da amêndoa tem alto teor de ácido láurico (38-45%) alcançando altos valores no mercado, sendo utilizado na indústria de cosméticos e ultimamente para a produção de bioquerosene, visando o setor de aviação (LIMA et al., 2007; SILVA, 2009). O objetivo deste trabalho foi a caracterização biométrica da macaúba, extração por prensa manual e caracterização do óleo da amêndoa da macaúba proveniente do distrito agroindustrial da Cidade de Paraíso do Tocantins.
Material e métodos
O experimento foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO) - Campus Paraíso do Tocantins. A extração do óleo foi realizada na cozinha industrial e as análises físico-químicas no Laboratório de Química analítica do IFTO. Foram coletados 11 quilos do fruto da macaúba coletado no estacionamento IFTO , localizado no distrito agroindustrial do município de Paraíso do Tocantins . A caracterização biométrica da macaúba foi realizada utilizando a metodologia proposta por Manfio et al. (2011) com vinte frutos escolhidos aleatoriamente, onde foram mensuradas as seguintes características: massa do fruto (g), massa da amêndoa (g) em balança eletrônica de 0,01g de precisão, diâmetro longitudinal (cm), transversal do fruto (cm) com paquímetro de precisão e volume do fruto em proveta (mL). Os frutos coletados passaram por uma seleção quanto ao estado de maturação e integridade. Após a avaliação foram selecionados 10 quilos de frutos para a extração de óleo. As amêndoas foram separadas manualmente, trituradas e aquecidas a 105 °C por 1 hora. A extração do óleo por prensagem manual foi realizada utilizando uma prensa idealizada e projetados pelos pesquisadores com peças do motor de carro (pistão e camisa do motor). O óleo extraído foi submetido às análises físico-químicas de umidade, acidez total, índice de peróxido, índice de saponificação seguindo metodologias descritas pelo Instituto Adolfo Lutz (2004).
Resultado e discussão
A tabela 01 demostra os resultados da biometria do fruto da macaúba. A
biometria auxilia na esquematização de um processo de produção que
possibilite o dimensionamento de equipamentos para indústria facilitando o
processo de separação dos componentes do fruto. O valor da massa média da
macaúba nesse estudo foi de 25,67 g, inferior ao 32,1 g encontrado por
Manfio
et al. (2011). As macaúbas analisadas possuem diâmetros externo longitudinal
igual a 3,65 cm e externo transversal igual a 4,18 cm, valores superiores
aos
3,61 cm e 3,86 cm encontrados por Ciconini et al. (2012), O volume
encontrado
é inferior os descritos por Manfio et al. no qual foram encontrados valores
de
36,68 ml, ficando entre ambos os valores dos autores. A tabela 02 demostram
os
resultados das análises físicas e químicas do óleo extraído da
amêndoa.Segundo
Amaral (2007), a umidade nos óleos pode influenciar no processo de
transesterificação desativando os catalisadores básicos, liberando moléculas
de água diminuindo o rendimento. Os baixos valores de peróxidos encontrados
no
óleo da amêndoa indica óleo de boa qualidade. O índice de saponificação
varia
com as ácidos graxos constituintes do óleo, ou seja, quanto menor o peso
molecular maior será o índice de saponificação (MORETTO & FETT, 1998). O
valor
encontrado foi inferior ao apresentado por CETEC (1983), que encontrou
valores
de 221 mg KOH-1. O índice de acidez pode revelar formas incorretas de
colheita
dos frutos, amadurecimento e armazenamento impróprios, além de processos
insatisfatórios de extração. De acordo com as normas estipuladas em BRASIL
(2008) as análises realizadas no óleo da amêndoa de macaúba madura estão
dentro dos parâmetros exigidos pela mesma e também em conformidade com os
resultados encontrados por Hiane et. al., (2005).
Conclusões
A caracterização biométrica da macaúba indicou valores satisfatórios com relação aos frutos da macaubeiras de outras regiões, essas características biométrica potencializa a extração de seus óleos. O óleo extraído apresentou valores dentro do permitido pela Resolução Nº 270/2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O estudo indica viabilidade da exploração da macaúba como espécie energética e possibilidade da obtenção dos óleos com qualidade alimentícia e também para a produção do biodiesel.
Agradecimentos
A DEUS. AO IFTO campus Paraíso do Tocantins. Ao Professor Sérgio Luis Melo Viroli
Referências
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