QUALIDADE PÓS-COLHEITA DO MAMÃO FORMOSA CULTIVADO COM BARRIER

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Alimentos

Autores

Bastos, M.C.A. (UFERSA) ; Aroucha, E.M.M. (UFERSA) ; Almeida, C.S. (UFERSA) ; Fernandes, F.V.M. (UFERSA) ; Azevedo, P.H.A. (UFERSA) ; Paiva, C.A. (UFERSA) ; Leite, R.H.L. (UFERSA) ; Almeida, J.G.L. (UFERSA)

Resumo

A qualidade pós-colheita de frutas e hortaliças depende grandemente do manejo pré-colheita na condição de cultivo. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da aplicação do Barrier (Cálcio e Silício) pré-colheita na qualidade e conservação do mamão Formosa. Para isto, duas concentrações do produto Barrier foram aplicados (0,5L e 1L) via fertiirrigação no início do plantio. Após colhidos, frutos provenientes das duas aplicações e sem aplicação foram lavados e armazenados em camara fria 15°C, e avaliados a 0, 7, 14, 21 e 28 dias. Verificou-se não houve mudanças significativas entres os frutos com aplicação de Barrier quando comparado ao fruto ao tratamento controle, tanto tratamento quanto para armazenamento.

Palavras chaves

Cálcio; Silício; Refrigeração

Introdução

A cultura do mamoeiro tem expressiva participação na produção nacional da fruticultura. É a terceira fruta mais consumida no país e apresenta grande relevância econômica e social, principalmente na geração de emprego e renda (GALO. B. De Queiróz Joyce et al, 2014). De acordo com uma pesquisa realizada pela a EMBRAPA, os principais estados produtores em 2017 foram: Bahia (368.875 toneladas), Espírito Santo (311.150 toneladas), Ceará (115.525 toneladas), Rio Grande do Norte (86.342 toneladas), Minas Gerais (43.556 toneladas), dentre outros com (131.653 toneladas). O mamão Formosa é bastante apreciado pelas suas caracteristicas de qualidade, é comercializado no mercado interno e externo. Todavia, a sua qualidade na ocasião da colheita é resultante de um manejo adequado pré- colheita, bem como condições ambiente favoráveis ao cultivo (CHITARRA;CHITARRA, 2005). Os minerais influenciam, bastante a qualidade dos frutos, e o silício como adubo vem despertando interesse em pesquisas em nutrição mineral de plantas, está ênfase deve-se aos inúmeros benefícios que o elemento proporciona, incluindo resistência a estresses bióticos e abióticos tais como doenças e ataques de pragas (SANTOS. 2011 apud COSTA. et al, 2009; GOMES. et al, 2009). No feijoeiro, a aplicação foliar de Si reduziu a severidade de antracnose e de mancha angular (SANTOS. 2011 apud, TEIXEIRA. et al.; 2008), contudo, para o mamoeiro sobre a aplicação do silício, pesquisas ainda são escassas (SANTOS. 2011). Assim como o silício estudos com o cálcio estão sendo realizados, pois ele é um importante agente de estabilização das paredes celulares (SILVA. 2014 apud KITTERMANN et al., 2010), onde com a sua manutenção no tecido da polpa pode influenciar no grau de amaciamento da polpa do mamão, o cálcio pode minimizar a degradação da parede celular e manter a firmeza da polpa, o uso de solução a base de cálcio pode ser utilizado como alternativa para a manutenção da firmeza do fruto. A vida útil pós-colheita dos frutos e hortaliças pode ser reduzida por causa de fatores pré e pós-colheita, como patógenos e fatores abióticos, os quais originam perdas quantitativas e/ou qualitativas (REIS, 2014 apud FOLEGATTI e MATSURA, 2002). Devido a esses fatores, em conjunto com o alto teor de água em sua composição química, as frutas tornam-se altamente perecíveis (REIS, 2014 apud CHITARRA e CHITARRA, 2005). Com isso a refrigeração se faz necessário, pois retarda algumas funções metabólicas do fruto, tais como a transpiração. De acordo com Silva (2014), uma forma de controlar a taxa respiratória e por consequência, reduzir a atividade metabólica promovendo a conservação do fruto por maior tempo, pode-se utilizar o resfriamento do fruto (ROCHA. et al. 2005, apud ABELES et al., 1992 e WILLS. et al., 1981). Diante disso, o trabalho objetivou avaliar a qualidade e conservação do mamão Formosa com a aplicação do Barrier (Cálcio e Silício) e uso de refrigeração pós-colheita.

Material e métodos

O experimento foi realizado no Laboratório de Pós Colheita da Universidade Federal do Rural do Semi-Árido (UFERSA), em Mossoró – RN. Foram adquiridos frutos de mamão, do tipo formosa de uma empresa de produção da cidade de Apodi – RN. Os experimentos foram realizados em três tratamentos que receberam Barrier nos estágios iniciais de desenvolvimento. O tratamento denominado D25 recebeu 1 L/semana da solução Barrier, D26 que recebeu 0,5 L/semana da solução Barrier, e o D27 denominado controle. Os mamões foram armazenados câmara fria para avaliar a influência do tempo sob as características físico químicas. As análises foram realizadas semanalmente, em triplicata, no período de 28 dias. Para a análise de perda de massa, as amostras de mamão que passaram pelos tratamentos foram retiradas da câmara fria e levadas para a pesagem, todos os testes foram realizados em triplicata, as pesagens foram realizadas numa balança de precisão, e as medidas foram acompanhadas no decorrer do experimento. As análises de coloração foram realizadas também em triplicata, foi utilizado o calorímetro Konica Minolta CR-10, que realizava medições das variáveis ( L*, C*, H*) relacionadas com coloração do fruto. Realizamos medições em todos os frutos em três regiões diferentes para obter uma medida mais exata destas variáveis. As análises de firmeza foram realizadas pelo penetrômetro F327 com ponteira de 8 mm que media o valor de pressão que o fruto podia suportar, foram realizados testes em triplicata para uma maior homogeneidade dos resultados, nesse procedimento partíamos o fruto ao meio, e realizávamos três medições com o penetrômetro na mesma banda do fruto, assim cada fruto nos dava 6 medições. Na análise de espessura da casca, realizou-se três medições em cada banda com o auxílio de um paquímetro digital, foi feito as medições nas mesmas bandas cortadas para realizar os testes de firmeza. Esse procedimento foi realizado em triplicata para cada tratamento. Em análise da Acidez titulável preparamos polpas de cada fruto que recebeu cada um dos tratamentos, e retiramos alíquotas de 10 mL de cada polpa que veio de cada mamão analisado nos procedimentos anteriores, titulamos essa solução com o Hidróxido de Sódio (NaOH), 0,02 M, com fator de correção de 97,2%. Analisamos o volume de base utilizadas para titular a solução até o pH 8,1- 8,3, essa medição de pH se deu através do auxilio de um pHmetro digital que ficava em contato com a solução durante todo o procedimento de titulação, onde o objetivo era neutralizar todo ácido presente na polpa do mamão. As titulações de cada polpa eram realizadas em duplicata, obtendo assim, os dados de volume gasto. Os sólidos solúveis são analisados com o refratômetro em temperatura ambiente, a fim de analisar os níveis dos sólidos em suspensão na polpa do fruto analisado. As análises foram realizadas em triplicata. Os dados foram submetidos à análise de variância com auxílio do software SISVAR (FERREIRA, 2010).

Resultado e discussão

Não houve diferença estatistica entre tratamentos para as caracteristicas de qualidade do mamão (Figura 1 e 2). Porém, houve diferença significativa em todos os tratamentos em função do armazenamento. Para perda de massa, observa-se que não houve diferenças significativas, entre os tratamentos aplicados( Figura 1A). No entanto, foi verificado diferença significativa para os períodos de armazenamento. Esse parâmetro, aumentou ao longo do armazenamento sendo observado uma maior perda de massa aos 28 dias para todos os tratamentos. Aos 14 e 21 dias não houve diferença significativa entre esses períodos, em todos os tratamentos. O acréscimo na perda de massa do fruto, ao longo do armazenamento, pode resultar em deterioração e perdas quantitativas e qualitativas dos frutos, pois altera negativamente a aparência e qualidades texturais (amaciamento, perda de frescor e suculência), tornando-os pouco atrativos para a comercialização e consumo (OLIVEIRA, 2014). Para o parâmetro de luminosidade (L), não houve diferença significativa para os fatores tratamento e tempo de armazenamento ( Figura 1B). Apesar de não apresentar essa diferença o gráfico demonstra o aumento do parâmetro L* de 0 a 7 dias no tratamento com uso de Barriel 1L e no controle, tendo um decréscimo do dia 14 ao 21 dias, seguido de um leve aumento no intervalo de 21 a 28 dias. Já o tratamento Barrier 0,5L se comportou de forma inversa aos 2 anteriores onde, do dia 0 ao 7 dia houve a dimunuição da luminosidade, e a partir do dia 14 ao 21 houve um aumento deste parâmetro e decaindo após o dia 21. O parâmetro L é um indicador de escurecimento do fruto, expressando a alteração de cor durante o período de senescência, onde os frutos tendem a ficar mais escuros e vermelhos ao longo do armazenamento (OLIVEIRA, 2017). A Cromaticidade (C), avalia a saturação do fruto, e quanto maior for o seu valor mais brilhante é o fruto. Analisando a Figura 1C, nota-se diferença significativa para tratamento somente aos sete dias para o tratamento com uso de Barrier 0,5L, cujo valor foi inferior aos demais. Não obstante, os valores de cromaticidade oscilaram ao longo do periodo de armazenamento, mas aos 28 dias os valores se assemelharam ao tempo zero, mostrando um retardo substancial no amadurecimento do fruto, propiciado pelo uso de refrigeração. O Ângulo Hue (H), representa as nuances de cor, identificando que quanto maior for o valor de coloração, mais verdoso é o fruto. Observa-se que não houve diferença significativa para tratamento e tempo de armazenamento( figura 1D). E verificou-se que com o aumento dos dias de armazenamento houve uma diminuição dos valores de coloração, o que sugere degradação de clorofila.A letras minúsculas para tratamento e letra maiúsculas para armazenamento, letras diferentes mostram mudança significativa a 5% de probabilidade para teste de Tukey.Para a firmeza de polpa, verificou-se que não houve diferença significativa para tratamento (figura 2A). Ao contrário, a aplicação do silício na forma de silicato de cálcio, em plantas de meloeiro das cultivares Goldex e Gold Mine, influenciou na firmeza da polpa dos frutos pós-colheita, propiciando maior tempo de conservação dos frutos sem alterar os atributos químicos (SILVA et al., 2014; CRUZ et al., 2014). Observa-se efeito de tempo de armazenamento, houve diferença significativa apenas aos 28 dias, em todos os tratamentos. O decréscimo da firmeza de polpa dos frutos ocorre em função das reações químicas e bioquímicas durante a maturação dos frutos na qual há síntese e ativação de enzimas hidrolíticas que atuam na despolimerização das substâncias pécticas que conferem rigidez à parede celular dos frutos (KAYS, 1991). Nos sólidos solúveis (figura 2B), não houve diferença significativa para tratamento. Enquanto que para armazenamento, apenas o controle apresentou diferença significativa que apresentou maior média aos 28 dias (12,96%). Na acidez titulável (figura C), não houve diferença significativa no tratamento. No armazenamento houve diferença significativa aos 21 dias para o tratamento controle. Segundo Bicalho (1998) a acidez titulável do mamão aumenta com o amadurecimento até quando alcança aproximadamente 75% da coloração da casca amarela, e a partir daí os níveis decrescem, exceto no interior do mesocarpo, que a acidez aumenta até o fruto atingir completo amarelecimento.

Figura 01.

Perda de massa (%) – A, Luminosidade – B, Cromaticidade – C, Ângulo Hue – (D), Espessura (mm) – E, de mamão tratado com Barrier 1L, 0,5L e Controle.

Figura 02.

Firmeza (N) – A , Sólidos Solúveis(%) – B, Acidez Titulável(%) - C , Espessura (mm) – E,de mamão tratado com Barrier 1L, 0,5L e Controle.

Conclusões

Conclui-se que apenas a cromaticidade da casca sofreu a influencia da aplicação de Barrier durante o armazenamento do fruto. As demais cracteristicas de qualidade sofreram alteração de tempo de armazenamento do fruto.

Agradecimentos

A UFERSA pelo suporte técnico.

Referências

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