ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA POLPA DO MAMÃO FORMOSA (Carica papaya L.)

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Alimentos

Autores

Teixeira, L.D.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Souza, J.V.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Barbosa, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Carvalho, A.B.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Vasconcelos, (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Aguiar, G.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; dos Santos, A.A.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Liberato, M.C.T.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

Levando em consideração a popularidade do mamão, a facilidade de encontrar o fruto e o grande consumo do mesmo, o presente estudo objetivou caracterizar quantitativamente alguns compostos presentes na polpa natural do mamão formosa (Carica papaya L.). Desta maneira, foram analisadas as seguintes características da polpa: pH, teor de sólidos solúveis totais (SST), vitamina C, flavonoides. O valor médio do pH encontrado foi de 4,58; o teor de sólidos solúveis totais expresso em °Brix foi 11,2; o teor de vitamina C expresso em mg de ácido ascórbico(AA) em 100 g de amostra foi de 51,2502 mg/100g.

Palavras chaves

Mamão; Polpa; Análise

Introdução

O mamão é um fruto da espécie fruteira Carica papaya L., popularmente conhecido como mamoeiro, uma planta típica de climas tropicais, provavelmente nativa do noroeste da América do Sul (OLIVEIRA et al., 1994). Durante muito tempo, até o ano de 1967, o maior produtor de mamão no Brasil era a cidade de Monte Alto-SP; no entanto, com o aparecimento de doenças na plantação, ocorreu um processo de migração do mamoeiro para outras regiões, e em 1998, por motivações também comerciais, a produção do mamão chegou ao estado do Ceará (RUGGIERO et al., 2011). O mamão é muito consumido no Brasil, isto se dá por ser uma fruta de fácil cultivo e apresentar produtividade durante o ano todo (OLIVEIRA et al., 1994), além de possuir benefícios de conhecimento popular, como ser uma rica fonte de vitaminas, também possuindo capacidade antioxidante pela presença de metabólitos como os flavonoides. Então, seja na sua forma in natura , em sucos e vitaminas ou através de produtos industrializados, na forma de geleia, doces e sorvetes, o mamão faz parte da alimentação do brasileiro. Considerando essa popularidade de consumo e produção, achou-se relevante a realização de algumas análises nos frutos comercializados em supermercados de Fortaleza - CE, onde foi escolhida a variação Formosa para ser analisada. Apesar da generalização dos benefícios de cada fruta, que é feita popularmente, as propriedades, de acordo com Fagundes & Yamanishi (2001) são variáveis de acordo com diversos fatores, como condições edafoclimáticas, a época ou local da colheita, tratos culturais e manuseio pós-colheita. Sendo assim, foram analisados os seguintes parâmetros da polpa do mamão: pH, sólidos solúveis totais (°Brix), teor de vitamina C e flavonoides.

Material e métodos

A fruta analisada foi adquirida em um supermercado na cidade de Fortaleza- CE; a mesma foi transportada para o laboratório, onde foi devidamente higienizada com a solução de hipoclorito de sódio por 15 minutos, seguido do processo de lavagem com água destilada. Após a higienização a casca e as sementes foram retiradas e a polpa foi processada no liquidificador com auxílio de água destilada, para a homogeneização e a posterior realização dos testes, que foram todos realizados em triplicata. O pH da polpa foi medido por um potenciômetro da marca Ohaus, modelo STARTER 3100 em uma temperatura em torno dos 25 °C; para a determinação do pH a polpa foi diluída em água, para que se tornasse um pouco menos viscosa. Os sólidos solúveis totais (°Brix) foram determinados a 20°C, através do refratômetro da marca Biobrix, modelo 2WAJ, utilizando a polpa. Para a determinação do teor de vitamina C foi utilizada a metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008), baseado na oxidação do teor de ácido ascórbico pelo iodeto de potássio, onde o resultado é expresso em mg de ácido ascórbico(AA)/ 100 g da amostra. O teor de flavonoides foi determinado de acordo com o método Dowd com adaptações de Arvouet-Grand, Vennat, Pourrat, and Legret (1994), através do espectrofotômetro utilizando uma absorbância de 415 nm.

Resultado e discussão

Na tabela 1, estão expressos os resultados médios obtidos nas análises. O valor médio encontrado de pH foi 4,58, ele está de acordo com o intervalo de variação proposto por Chan Junior et al. (1971) para a espécie solo que é de 4,5 a 6,0, no entanto fica abaixo do valor descrito por Draetta et al. (1975) para o mamão comum que é de 4,8 a 5,8. Os sólidos solúveis totais indicam o teor de açúcar presente no alimento, o valor obtido da polpa foi de 11,2 °Brix, onde não houve variações nas triplicatas; o valor encontrado está abaixo do determinado por Viegas (1992) que foi 13,3 °Brix, citado por Júnior (2007). O teor de AA encontrado na polpa do mamão foi de 51,2502 mg/100g de amostra, valor inferior ao que determinou Franke et al. (2004) 74 mg/100g, mas se encontra no intervalo de variação determinado por Wall (2006) entre 45,3 e 55,6mg/100g, ambos citados por Oliveira (2011). Apesar do resultado obtido ser abaixo de algumas referências, o mamão ainda se mostrou como uma rica fonte de vitamina C, substância bastante importante para diversos processos bioquímicos do organismo humano. Os valores obtidos de absorbância para os flavonoides foram 0,130; 0,118; 0,127. Esses valores foram aplicados na tabela do EXCEL de curva padrão da Quercetina para determinar a concentração média correspondente, que foi 1,518 ± 0,094.




Conclusões

A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que a polpa do mamão da variedade Formosa, comercializado em supermercado da cidade de Fortaleza-CE, está de acordo com algumas referências presentes na literatura. A variação de alguns valores encontrados em comparação com a literatura pode ser justificada através das diferentes condições em que os frutos são armazenados, uma vez que este e outros fatores, como o ponto de colheita, influenciam as propriedades do fruto.

Agradecimentos

LABBIOTEC/UECE, no nome da Professora Conceição Liberato. Ao programa de bolsas FECOP/UECE.

Referências

ARVOUET-GRANT, A.; VENNAT, B.; POURRAT, A.; LEGRET, P. Standardisation d’un extrait de propolis et identification des principaux constituants. J. Pharm. Belg, v. 49, n. 6, p. 462-468, 1994.
DRAETTA, I.S.; SHIMOKOMAKI, M.; YOKOMIZO, Y., FUJITA, J.T.; MENEZES, H.C. De; Bleinroth, E.W. Transformações bioquímicas do mamão (Carica papaya) durante a maturação. Coletânea do Instituto de Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 6, n. 1, p. 395-408, 1975.
FAGUNDES, G. R.; YAMANISHI, O. K. Estudo da comercialização do mamão em Brasília-DF. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 24, n. 1, p. 91-95, abril 2002.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos Físico-Químicos para Análise de Alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020 p. (Versão eletrônica).
CHAN JR., H.T. et al. Nonvolatile acids of papaya. J. Agr. Food Chem., n.19, p.263-265. 1971.
JÚNIOR, R.; TORRES, L.; CAMPOS, V.; OLIVEIRA, A.; MOTAS, J. Caracterização físico-química de frutos de mamoeiro comercializados na EMPASA de Campina Grande-PB. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais , v. 9, n.1, p. 53-58, 2007.
OLIVEIRA, A. M. G.; FARIAS, A. R. N.; SANTOS FILHO, H. P.; OLIVEIRA, J. R. P.; DANTAS, J. L. L.; SANTOS, L. D.; NICKEL, O. Mamão para exportação: aspectos técnicos da produção . EMBRAPA-SPI, 1994.
OLIVEIRA, D. da S.; AQUINO, P. P.; RIBEIRO, S. M. R.; PROENÇA, R. P. da C.; PINHEIRO-SANT'ANA, H. M.
Vitamina C, carotenoides, fenólicos totais e atividade antioxidante de goiaba, manga e mamão procedentes da Ceasa do Estado de Minas Gerais. Acta Scientiarum. Health Sciences ; v. 33 n. 1, p. 89-98, 2011.
RUGGIERO, C.; MARIN, S. L. D.; DURIGAN, J. F. Mamão, uma história de sucesso. Revista Brasileira de Fruticultura , v. 33, n. SPE1, p. 76-82, 2011.

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