IDENTIFICAÇÃO DE FUNÇÕES ORGÂNICAS E INSATURAÇÕES EM 4 TIPOS DE CHÁS.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Química Orgânica

Autores

Barroso Garcia, R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; de Oliveira Pantoja, D. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Carvalho Nogueira, F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Ribeiro dos Santos, K. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; da Silva Carneiro, J. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Além do uso de chás na medicina popular, estes dispõe de importantes questões sociais e culturais no Brasil. Ademais, a disseminação dessa bebida e seu proveito para inúmeros fins é devido aos compostos presentes em sua composição química. Por intermédio da temática em questão, objetiva-se desenvolver o estudo de fenômenos no cotidiano da sociedade, facilitando, dessa maneira, a interpretação de situações comuns através de conteúdos científicos envolvidos. Considerando os pressupostos dos chás, é possível abranger diversos tópicos da Química Orgânica. O estudo das estruturas químicas de alguns componentes dos chás, os princípios ativos, por meio da infusão dos mesmos, possibilita o aprofundamento em determinados assuntos como Reações Orgânicas e Identificação de Funções Orgânicas.

Palavras chaves

Chás; Funções Orgânicas; Experimentação

Introdução

A busca pelo conhecimento sobre os compostos químicos dos chás têm crescido bastante, já que, há algum tempo, eles mantêm sua relevância substituindo anti-inflamatórios, analgésicos, calmantes, entre outros. Conforme Brasil (2006) e (Marcondes, 2008; Delizoicov et al., 2009; Braibante; Zappe, 2012; Pazinato et al., 2012) a introdução de temáticas no ensino vem sendo sugerida por documentos oficiais, além de autores do ramo científico. Por conseguinte, na maioria dos casos, seus princípios ativos tendem a levar vantagem sobre esses remédios. Baseando-se nisso, cientistas preocupados em manter a tradição do uso dos chás, e com o intuito de promover ao homem uma forma de vida saudável, por meio de processos naturais e sem comprometer o organismo, procuraram aprofundar seus conhecimentos, seguindo para o método da pesquisa e da experimentação. Partindo da experimentação, os chás manifestam princípios ativos podendo ser extraídos por aquecimento. As funções orgânicas presentes em sua estrutura são identificadas por meio de reações tradicionais. Para a execução desses experimentos, deve-se utilizar amostras reais de chás que possuam em seus princípios ativos duplas ligações e as funções orgânicas como o fenol, cetona, álcool, entre outras (BRAIBANTE et al., 2014). O intuito de efetivar-se os devidos testes é de possibilitar a reflexão e o desenvolvimento de uma postura crítica, bem como a capacidade de argumentar e de compreender os aspectos dos chás no seu cotidiano, utilizando ferramentas científicas como principal mecanismo para o esclarecimento de sua realidade social.

Material e métodos

O procedimento experimental foi desenvolvido no Laboratório de Química da Universidade do Estado do Pará, com o propósito de conferir alguns grupos funcionais presentes em quatro tipos de chás. O procedimento se deu na maceração dos chás de boldo, camomila, capim-santo e canela, com o auxílio de pistilo e almofariz. Posteriormente, deixou-se as amostras em banho maria por 15 minutos à temperatura de 60oC. A posteriori, colocou-se os substratos em tubos de ensaios para que pudesse ser efetivado os devidos testes. Para o chá de boldo, cujo princípio ativo é o eugenol, destaca-se uma insaturação, além do fenol como Função Orgânica principal. Com relação à identificação de fenóis, utiliza-se o teste com cloreto férrico (FeCl3), já para os alcenos, recorre-se ao teste de Bayer, onde adiciona-se permanganato de potássio (KMnO4) no substrato em questão. A apigenina com o fenol em predominância na sua estrutura, é o princípio ativo para o chá de camomila. Logo, foi feito o mesmo procedimento acrescentando-se FeCl3 ao tubo com chá de camomila. Ademais, para o chá de capim-santo, cujo princípio ativo é o linalol, foi realizado o teste de Lucas, que consiste na adição de cloreto de zinco (ZnCl2) em meio concentrado de ácido clorídrico (HCl) para a identificação de álcoois. No chá de canela, por sua vez, fez-se o teste com iodofórmio, a fim de identificar aldeído. Nesse caso, o princípio ativo foi o aldeído cinâmico.

Resultado e discussão

Foram realizados dois testes com o chá de boldo. O primeiro foi o teste de Bayer para a identificação de dupla ligação. O resultado obtido foi positivo pois o íon permanganato reagiu e houve a formação de um precipitado marrom, o dióxido de manganês (MnO2), característico do produto da reação. O segundo foi o teste com FeCl3, para a identificação da função orgânica fenol. Os fenóis formam complexos coloridos com íon Fe3+, podendo constatar os fenóis na estrutura, pois a coloração final foi verde musgo. Efetivou-se o teste para a presença de aldeído na composição do chá de canela, para a execução do teste o reagente utilizado foi o Iodofórmio. No caso, o teste efetuado deu negativo, pois o reagente manipulado, na verdade, seria o produto da reação. O correto seria usar solução de Iodo para identificar o Iodofórmio no final da reação e, assim, identificar o aldeído presente no chá. Além disso, não foi utilizado meio ácido ou básico que também favorece o meio reacional para que o resultado tenha dado positivo. Para a identificação de álcool no chá de capim santo, foi realizado o teste de Lucas, gerando o resultado negativo. O linalol é um monoterpeno alcoólico terciário de cadeia aberta e, no teste, pelas características do mesmo, deveria ter sido solubilizado. De acordo com o reativo de Lucas, os álcoois com menos de seis carbonos são solúveis nesse reagente. Dessa forma, deve-se considerar, porventura, a evaporação do ácido clorídrico durante o procedimento experimental. Para a identificação de fenol na molécula de apigenina no chá de camomila, usou-se uma solução de FeCl3 como reagente para a caracterização. O resultado foi positivo com coloração escura como produto reacional. Como especificidade dos fenóis, houve a formação de um complexo colorido com íon Fe3+.

Conclusões

Em vista disso, a execução dos devidos testes para identificação das Funções Orgânicas em diferentes princípios ativos de chás, proporciona ao ser humano a compreensão de aspectos do seu cotidiano, utilizando a ciência como importante aparato para a interpretação da realidade. Sendo assim, a abordagem desse tópico auxilia para o aperfeiçoamento em subtemas da Química Orgânica, além de contribuir para a formação humana, pois parte de conhecimentos prévios do homem e de sua rotina, ampliando horizontes, favorecendo o exercício do papel de cidadão.

Agradecimentos

Referências

BRAIBANTE, M.E.F.; ZAPPE, J.A. A química dos agrotóxi¬cos. Química Nova na Escola, v. 34, n. 1, p. 10-15, 2012.
BRAIBANTE, M.E.F.; SILVA, D. da; BRAIBANTE, H.T.S.; PAZINATO, M.S. A química dos chás. Química Nova na Escola, v. 36, n. 3, p. 168-175, 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Ensino Básico. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da Na¬tureza, Matemática e suas Tecnologias. v. 2. Brasília: MEC, 2006.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J.A.; PERNAMBUCO, M.M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
MARCONDES, M.E.R. Proposições metodológicas para o ensino de química: oficinas temáticas para a aprendizagem da ciência e o desenvolvimento da cidadania. Revista Em extensão, v. 7, 2008.
PAZINATO, M.S.; BRAIBANTE, H.T.S.; BRAIBANTE, M.E.F.; TREVISAN, M.C.; SILVA, G.S. Uma abordagem dife¬renciada para o ensino de funções orgânicas através da temática medicamentos. Química Nova na Escola, v. 34, n. 1, p. 21-25, 2012.

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