ANÁLISE E COMPARAÇÃO DE MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE INAJÁ (Maximiliana maripa) COM SOLVENTE ORGÂNICO.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Química Orgânica

Autores

Leite, R.C.S. (INSTITUTO FEDERAL DO AMAPÁ-IFAP) ; Souza, M.A.F. (INSTITUTO FEDERAL DO AMAPÁ-IFAP)

Resumo

O Inajá (Maximiliana maripa) é um fruto característico da Amazônia, apresentando um óleo que possui diversas características que podem ser empregadas no setor produtivo. Dentre os métodos de extração conhecidos, aqueles que utilizam solvente orgânico são amplamente difundidos em diversas pesquisas cientificas, tais métodos apresentam vantagens de desvantagens em relação à qualidade final do óleo extraído. Esta pesquisa teve como objetivo de fazer o comparativo entre os métodos de extração do óleo de Inajá (Maximiliana maripa). O método de extração à frio, de Bligh & Dyer, apresentou rendimentos de 19,29% e 19,40%. Já o método de extração à quente, através de extrator de lipídeos tipo soxhlet apresentou rendimentos de 32,00%, 31,69% e 30,23%, apresentando maior rendimento.

Palavras chaves

Inajá; Óleo; Extração

Introdução

A extração de óleo com solvente é um processo de transferência de constituintes solúveis (o óleo) de um material inerte (a matriz graxa) para um solvente com o qual a matriz se acha em contato (BRUM et al, 2009, p.849). Este processo é unicamente físico, pois não reage com o óleo que pode ser posteriormente separado. A extração por solvente pode ser realizada isoladamente ou em conjunto com o método de prensagem, buscando, assim, um maior rendimento de óleo (VIEGAS, 2010). De acordo com Gusso et al (2012), dentre os vários métodos de extração de lipídeos, os métodos mais utilizados para avaliação do teor de lipídeos em alimentos e ingredientes alimentícios são os métodos de extração Soxhlet, hidrólise ácida e Bligh Dyer. Viegas (2010) ressalta que o método de Bligh & Dyer é um método de extração a frio que não afeta a qualidade do lipídeo, sendo um método para determinação de lipídeos totais muito utilizado e conhecido por pesquisadores, tal método utiliza uma mistura de clorofórmio: metanol: água (2:1:0,8 v/v). Outra vantagem apresentada pelos métodos baseados na mistura binária clorofórmio e metanol é a capacidade de extraírem tanto os lipídios neutros e os lipídios polares eficientemente(BRUMM,2009, p.849). Outro método tradicionalmente utilizado para extração de lipídeos é o Soxhlet, de acordo com Freitas (2007), nesse método, as sementes trituradas são levadas à extração com solventes apolares, geralmente hexano, ao longo de várias horas com temperatura por volta de 70ºC, o aumento desta temperatura pode gerar a quebra das ligações entre ácidos graxos e glicerol, ocasionando a formação de ácidos graxos livres.

Material e métodos

As amostras de fruto foram adquiridas na feira local de produtores rurais, nas quais foram retiradas a polpa e secas em estufa durante 36 horas. Foi realizada a extração pelo extrator de lipídeos MAQLABOR à 90Cº durante 2horas, neste procedimento foram utilizadas 15 gramas de amostra seca com 50 ml de acetona como solvente, o procedimento foi realizado em triplicata, após a eliminação do solvente procedeu-se os cálculos para determinação do rendimento em porcentagem, dividindo o valor da massa do óleo extraído pela massa da amostra seca. Procedeu-se a extração à frio através do Método de Bligh & Dyer, de acordo com IAL (2008) utilizando a mistura de clorofórmio: metanol: água (2:1:1 v/v). Foi utilizada 10 gramas de amostra seca que permaneceram por 30 minutos em constante agitação na solução Clorofórmio, metanol e água. Após esse procedimento, foi filtrado e transferido para um funil de decantação afim de separar a fase orgânica da fase aquosa(fig.1). Posteriormente, o solvente foi eliminado da fase orgânica e o óleo foi pesado e devidamente acondicionado. tal procedimento realizado em duplicata. Posteriormente procedeu-se aos cálculos de rendimento como na extração à quente.

Resultado e discussão

Na extração a frio por solvente orgânico obteve-se rendimentos de 19,29% e 19,40%. Já o resultado para extração à quente(fig.2) apresentou rendimentos de 32,00%, 31,69 e 30,23%. O método de extração por Soxhlet apresentou um maior rendimento em relação ao método de Bligh & Dyer. Um dos aspectos relacionados à extração via extrator de lipídeos diz respeito à temperatura elevada, que facilita o arraste do lipídeos pelo solvente, apresentando uma vantagem em relação ao método a frio de Bligh & Dyer de acordo com Gusso et al(2012), a técnica de extração a quente apresenta alguns inconvenientes como o longo tempo de extração e o grande volume de solvente utilizado,o que pode ocasionar perdas na extração de lipídeos devido a utilização de alta temperatura para extração, causando a quebra das moléculas de lipídeos e gerando ácidos graxos livres, em contrapartida, a técnica de extração de Bligh & Dyer apresenta como principais vantagens a extração de todas as classes de lipídeos sem aquecimento e equipamentos sofisticados, bem uma melhor extração de lipídeos pois não há nenhuma variação de temperatura. Este baixo rendimento nesta extração pode ser provavelmente justificado pelo uso de reagentes diferentes.

Figura 1.

Separação entre as fases orgânicas e aquosas(Método à frio)

Figura 2.

Rendimento do método de extração à quente.

Conclusões

Os métodos empregados para extração de lipídeos podem ocasionar alterações em suas estruturas químicas, dessa forma, dependendo do método empregado, o óleo extraído pode apresentar mudanças em suas características físico-químicas, como índice de acidez, peróxido ou saponificação. Assim, os métodos avaliados possuem vantagens e desvantagens, de forma que, a depender da finalidade da pesquisa, pode ser mais interessante a utilização de uma ou outra técnica.

Agradecimentos

Agradecemos ao IFAP - Instituto Federal do Amapá, por ter disponibilizado o Laboratório de Orgânica para seguirmos com nosso projeto, e também ao Prof. Dr. Marcos Antonio Feitosa pela orientação na execução do projeto.

Referências

GUSSO, Ana Paula; et al. Revista Instituto Laticinios Cândido Tostes. Nov/Dez. nº 389. 67: p.51-55. 2012

BRUM, Aelson Aloir Santana; et al. Métodos de extração e qualidade da fração lipídica de matérias-primas de origem vegetal e animal. Revista Quimica Nova, Vol. 32. No 4, P.849-854, 2009.

VIÊGAS, Carolina Vieira. EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS LIPÍDEOS DA MICROALGA Chlorella pyrenoidosa VISANDO À PRODUÇÃO DE ÉSTERES GRAXOS. Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em Química Tecnológica e Ambiental, Linha de Pesquisa em Química Orgânica Tecnológica, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Química Tecnológica e Ambiental. Rio Grande, RS.2010

FREITAS, Lisiane dos Santos. Desenvolvimento de Procedimentos de Extração do Óleo de Semente de Uva e Caracterização Química dos Compostos Extraídos. Tese apresentada ao programa de Pós-Graduação em Química do Instituto de Química do UFRGS como parte do requisito para obtenção do título de Doutor em Química. UFRGS. Porto Alegre.2007

INSTITUTO ADOLFO LUTZ (IAL). Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4ª edição, São Paulo. Instituto Adolfo Lutz, versão eletrônica, p.595, 2008.

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