APROVEITAMENTO DO COCO PELA EXTRAÇÃO ARTESANAL DO SEU ÓLEO PARA A PRODUÇÃO DE SABÕES CASEIROS
ISBN 978-85-85905-25-5
Área
Química Orgânica
Autores
Coutinho, S.L. (UFPA) ; Borges, K.M. (UFPA) ; Pinto, B.C. (UFPA) ; Amaral, J.L. (UFPA) ; Ribeiro, A.F. (UFPA)
Resumo
O óleo de coco (Cocos nucifera L.) vem sendo utilizado em grande escala pela indústria alimentícia, farmacêutica e até mesmo na produção de cosméticos, estética, biodiesel entre outros. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de propor uma alternativa no aproveitamento do coco seco pela extração artesanal de seu óleo e destinado para a produção de sabões caseiros. Todos os procedimentos visaram o emprego de técnicas de baixo custo, mas também eficazes, podendo ser realizadas inclusive por pessoas sem muito conhecimento científico. O rendimento do óleo extraído foi alto, sendo semelhante à outras técnicas de extração, como extração por solvente. Os sabões produzidos a partir do óleo também se demonstraram eficientes e dentro da legislação no que concerne ao pH.
Palavras chaves
Aproveitamento; Coco; Sabão
Introdução
Os óleos vegetais são extraídos de diferentes plantas oleaginosas e utilizados principalmente como fonte de alimento e na produção de cosméticos, lubrificantes, tintas, fármacos, biodiesel, entre outros. Os lipídios, biomoléculas que possuem elevada solubilidade em solventes orgânicos e baixa solubilidade em água, são suplementos essenciais de ácidos graxos, precursores de hormônios importantes como as prostaglandinas. Os ácidos graxos são considerados os blocos construtores dos lipídios e constituem cerca de 90% das gorduras nos alimentos (SANTOS, 2007). O Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial de produção de coco e, nos últimos anos, esta cultura vem se destacando economicamente pela gama de produtos que podem ser explorados (ROCHA et al., 2015). O consumo estimado de coco no mercado brasileiro corresponde a 65% de coco seco e 35% de coco verde (CUENCA et al., 2002). O Brasil é o único país produtor onde o coco é tratado como uma fruta e não como uma oleaginosa. No caso do coco seco, o endosperma (albumén sólido) é usado como coco ralado e leite de coco com largo uso na culinária; e também como ração animal; óleos; álcool graxo; ácido graxo; glicerina; solventes, entre outros (FONTENELE, 2005). O presente trabalho objetiva apresentar uma alternativa barata, sustentável e eficaz de aproveitamento do coco seco.
Material e métodos
A extração de óleo de coco pelo método artesanal foi realizada de acordo com metodologia modificada de Santos et al. (2013). Os cocos foram adquiridos na feira da Cidade Nova IV, no munícipio de Ananindeua, no estado do Pará em maio de 2019. Estes foram comprados já secos, em quantidade de 15 cocos, os quais foram ralados em raladeira manual (2.625 gramas de polpa ralada), em seguidas batidos em liquidificador sem quantidades especificadas com cerca de 50 ml de água, para obtenção do leite. Este leite foi despejado em peneira para o processo de separação da mistura da massa do coco e leite e acondicionado em panela de ferro. Este leite foi levado ao fogo até formar o óleo, tornando-se uma mistura heterôgenea bifásica de óleo e nata de coco, sendo óleo de menor densidade que a nata, ficando em baixo. Após resfriamento natural em temperatura ambiente, a nata foi desprezada e o óleo acondicionado em garrafa plástica de 500 ml. O processo da extração é retratado na Figura 01. O restante do volume obtido foi armazenado para outros fins. Para determinar o rendimento foi-se pesado em balança analítica o óleo em um becker de 500 mL previamente tarado O rendimento do extrato do óleo foi calculado a partir da densidade (%) e a partir da razão (mL/g) entre o total de extrato obtido (mL de óleo) e a massa inicial do coco utilizado (g de polpa ralada). Para o aproveitamento, o óleo foi destinado à produção de sabões caseiros em conjunto com óleo essencial de priprioca para a aromatização. Utilizou-se o NaOH (soda cáustica comercial) como base e HCl para neutralização e para cada sabão foram utilizados 50 mL de óleo de coco.
Resultado e discussão
Um parâmetro importante a ser considerado na extração do produto é a relação
rendimento e custo benefício (PINHO; SOUZA, 2018). Na pesagem do óleo obteve-
se como resultado 402,05 g de óleo. A densidade do óleo de coco corresponde a
0,921 g/mL (ANVISA), logo em 500 mL o rendimento máximo corresponde à 460,5 g
de óleo. O rendimento obtido da extração artesanal é 402,05/460,5 x 100% =
87,3%. Em mL/g o rendimento foi 0,190, semelhante ao obtido por Pinho e Sousa
(2018). O rendimento da extração artesanal é próximo da extração por solvente
orgânico (PINHO; SOUZA, 2018), entretanto bem mais barato, favorecendo seu
uso, uma vez que por solvente orgânico necessita de muita energia e alto
investimento em equipamentos para remoção de todo o solvente residual (SARTOR,
2009). O óleo foi empregado em uma reação de saponificação. Com o volume de
500 mL foi possível obter 5 sabões (Figura 02), já contabilizados com o volume
de erros. Segundo Silva (2012) para neutralizar 1 mol do óleo são necessários
3 mols de NaOH. Com base nos cálculos estequiométricos foi utilizado 8,5 g da
base. Os sabões passaram por testes de pH para avaliar a qualidade e segurança
ao consumidor. Para obter os valores foi utilizado fitas de pH durante o
processo de cura de uma semana. Todos os sabões obtiveram pH 8 no final do
perído de cura, assegurando segundo a ANVISA o uso das amostras pelo
consumidor (6,5 – 8 para contato com a pele). Além disso foram armazenados em
local ausente de luminosidade natural para não acarretar alterações em seus
aspectos físicos e até mesmo químicos, devido ao contato com o oxigênio
atmosférico também, incluindo descoloração, presença de manchas, aparecimento
de odores desagradáveis e granulosidade superficial (CARAZZA et al., 1995).
Extração artesanal do extrato do óleo de coco
Amostras dos sabões obtidos a partir do óleo extraído
Conclusões
Uma alternativa sustentável e eficaz para o aproveitamento do coco é a extração artesanal de seu óleo para variados fins, entre eles, a produção de sabões caseiros. A extração artesanal apresentou rendimento alto e baixo custo o que favorece seu uso, além de produzir sabões adequados para o consumo e contato com a pele.
Agradecimentos
A Deus, por tornar todas as coisas possíveis, e à Maria de Jesus Belo pelo suporte
Referências
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