AÇÃO REPELENTE: AROMATIZAÇÃO DE VELAS ARTESANAIS COM ÓLEO ESSENCIAL DE ROSMARINUS OFFICINALIS NO COMBATE A CARAPANÃS EM SALVATERRA, MARAJÓ, PARÁ.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Química Orgânica

Autores

Otobo, A.O. (UFPA) ; Santos, E.L. (UEPA) ; Nunes, L.P. (UEPA) ; Gomes, K.L.S. (UEPA) ; Lima, A.M. (UEPA) ; Matos, E.S. (UEPA) ; Vital, R.M. (UEPA) ; Barbosa, A.L. (UEPA) ; Lima, A.C. (UFPA) ; Lima, M.N.N. (UEPA)

Resumo

Repelentes são substâncias aplicadas sobre a pele, roupas e superfícies que desencorajam a aproximação de insetos. Seu uso reduz o risco de transmissão de inúmeras doenças infecciosas e reações imunoalérgicas resultantes da picada desses artrópodes. Os óleos essenciais são responsáveis por conferir aroma e sabor característico às plantas e estão relacionados à atração de polinizadores, proteção contra insetos e de diversas funções necessárias à sobrevivência da planta, eles apresentam composição complexa, sendo os terpenos considerados a classe de substâncias mais encontrada nas plantas. Nesta perspectiva, uma das possibilidades é a utilização da vela aromatizada com alecrim para combater mosquitos em ambientes internos, tanto em situação de tratamento quanto para uso doméstico.

Palavras chaves

REPELENTE; ÓLEO ESSENCIAL; ALECRIM

Introdução

Os repelentes têm sido amplamente empregados na proteção contra picadas de mosquitos, visando a diminuição do incômodo causado por esses insetos e, ainda mais importante, reduzindo o contato com o homem, o que torna os repelentes uma ferramenta relevante na luta contra as doenças transmitidas por vetores (PAULA et al., 1996). Repelentes são substâncias aplicadas sobre a pele, roupas e superfícies que desencorajam a aproximação de insetos. Seu uso reduz o risco de transmissão de inúmeras doenças infecciosas e reações imunoalérgicas resultantes da picada desses artrópodes. Os repelentes químicos tópicos são os mais usados ao redor do mundo, porém, seu uso, inclusive em áreas endêmicas, ocorre de forma inapropriada, não garantindo uma proteção adequada. O repelente ideal deve ter as seguintes características: apresentar eficácia prolongada contra uma ampla variedade de artrópodes; não irritar a pele imediatamente após sua aplicação sobre ela ou sobre vestimentas; não afetar a roupa manchando-a, branqueando-a ou enfraquecendo o tecido, permanecendo na roupa após lavagens repetidas; ser inerte para plásticos de uso cotidiano; resistir à água e ao suor e não deixar resíduos oleosos na pele; não ser tóxico; ter efeito com duração prolongada; ter custo viável que permita seu uso frequente; e não ser agressivo ao meio ambiente. O Alecrim (Rosmarinus officinalis) é um arbusto originário da região do mediterrâneo, e comumente utilizado na culinária em diversas culturas. Seu óleo essencial é rico nos monoterpenos α e β-pineno, substancia com grande potencial repelente em diversas espécies de insetos (HARBONE, 1993). A planta aromática alecrim (Rosmarinus officinalis), apresenta em suas folhas o óleo essencial que possui aroma característico, sendo um repelente natural de pernilongos. O objetivo desse trabalho é propagar o conhecimento das propriedades desta planta como repelente natural do mosquito transmissor da dengue e oportunizar às pessoas a utilização de métodos naturais, que não agridam o meio ambiente, contribuam para a manutenção e conservação do planeta, sendo ao mesmo tempo um recurso de baixo custo. Na perspectiva de resgatar os conhecimentos e práticas utilizados ao longo do tempo, de despertar nos alunos o compromisso de cuidar do seu ambiente não permitindo o desenvolvimento do mosquito, de incentivar o uso de meios e técnicas simples e eficientes, o presente trabalho buscou efetivar a maior participação da população na eliminação de criadouros utilizando o alecrim para afastar o mosquito. Os óleos essenciais são extraídos de plantas com inúmeras utilidades na indústria de perfumes e cosméticos, e principalmente com uso medicinal. Eles são substâncias voláteis naturais, que evaporam a temperatura ambiente, formados de classes ésteres de ácidos graxos, mono e sesquiterpenos, fenilpropanonas, álcoois aldeidados e, podem ter hidrocarbonetos alifáticos, entre outros (SANTOS et al., 2004). Os óleos essenciais são responsáveis por conferir aroma e sabor característico às plantas e estão relacionados à atração de polinizadores, proteção contra insetos e de diversas funções necessárias à sobrevivência da planta, eles apresentam composição complexa, sendo os terpenos considerados a classe de substâncias mais encontrada nas plantas (CORAZZA; 2002). Existem várias metodologias de extração de óleos essenciais, como a hidrodestilação, maceração, extração por solvente, enfleuragem, gases supercríticos e micro- ondas. O método mais aplicado é o de hidrodestilação por arraste a vapor (SANTOS et al., 2004), que será utilizado nesse trabalho. O óleo essencial de alecrim é um líquido incolor ou amarelo pálido, com odor característico da planta e devido à sua atividade antioxidante e antimicrobiana é utilizado pela indústria na preservação de alimentos, elaboração de fragrâncias e nas velas aromáticas (RASKOVIC 2014). O alecrim (Rosmarinus officinalis) é uma erva perene nativa da região do Mediterrâneo, porém agora cultivada em todo o mundo como uma planta aromática. Suas folhas são comumente utilizadas como condimento na culinária, mas também tem sido amplamente utilizado para diferentes fins medicinais na medicina popular como no tratamento dores de cabeça, epilepsia e doenças da circulação. Também é conhecido como estimulante e um leve analgésico e costuma ser utilizado como antiespasmódico na cólica renal e na dismenorreia, no alívio das perturbações respiratórias e para estimular o crescimento dos cabelos (RASKOVIĆ 2014). Além disso, as folhas de alecrim mostram uma variedade de bioatividades tais como função antioxidante, antitumoral, anti-HIV e anti-inflamatório. O extrato de alecrim relaxa os músculos lisos da traquéia e do intestino e tem atividade colerética, hepatoprotetora e antitumorógena. Os principais constituintes do Rosmarinus officinalis são compostos polifenólicos incluindo ácido carnósico, o carnosol, o ácido rosmarínico e ácido ursólico.

Material e métodos

O preparo do material para destilação do óleo essencial foi realizado no laboratório de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus XIX – Salvaterra. Foram pesadas 60g de folhas do Rosmarinus Officinalis in natura e submetidas ao processo de extração através da hidrodestilação por arraste a vapor para a obtenção do óleo essencial. Para tanto, utilizou-se da metodologia descrita por Maia e Andrade (2009), em sistema de vidro do tipo Clevenger modificado, acoplado a um sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação entre 10-15ºC, durante 3 h. Após a extração do óleo, prosseguiu-se o preparo das velas aromatizadas onde no primeiro momento, pesou-se 5 amostras de parafina granulada, suas respectivas pesagem foram três de 10g, uma de 45g e uma de 90 g, estas foram derretidas separadamente. Na primeira foi adicionada 10 gotas do óleo essencial, na segunda e quinta amostra 5 gotas; na terceira e quarta amostra 2 gotas, posteriormente a mistura foi colocada nos moldes junto com o pavio em repouso até sua textura final. As velas caseiras aromatizadas com o óleo essencial de alecrim, foram produzidas para testar se teria eficácia como ação repelente. Para isso, foi escolhida uma turma do PAFOR com 20 alunos residentes dos municípios de Salvaterra e Soure, para que estes fizessem o teste em suas residências no período noturno e no dia seguinte pudessem responder a um questionário qualitativo referente a eficiência da vela e se esta tem condições de ação como repelente para proteção contra carapanãs.

Resultado e discussão

Os resultados encontrados no presente estudo referente aos efeitos repelentes observados no óleo essencial de alecrim (Rosmarinus Officinalis) permitiram-nos analisar a ação que estes mostram em relação a sua eficácia e seu real combate em relação ao desaparecimento dos mosquitos (pernilongo). A atuação da vela repelente mostrou-nos resultados positivos, onde respostas obtidas fizeram-nos perceber que a mesma tem real ação repelente. Dentre as respostas obtidas, destacam-se três das mais relevantes com identificação A, B e C para respectivas pessoas. A pessoa A em seu questionamento sobre quais considerações você tem a fazer quanto a vela com ação repelente? Relatou “senti um aroma agradável e suave o que lembra cânfora. Não tem cheiro de vela comum e também não deixou nenhum aroma impregnante no ambiente. Notei também que após 30 minutos do início do seu uso as carapanãs como por milagre desapareceram mesmo deixando a porta aberta e ainda deixando meu nariz desentupido” esse fato que a pessoa A relatou dá-se em decorrência da vela proveniente do óleo essencial de alecrim, para tanto, ALSALME et al. 2010; KUMAR e ANDO, 2007; MOGRICH et al., 2005; MARTN et al. 2004, apud FÁVERO, 2014 diz que o uso da cânfora: “[...] vai desde o uso contra gripes, contra histeria, nervosismo, neurologia e diarreia por uso interno, e externamente empregada contra reumatismos, bronquites e até ação antibacteriana, pois esta era utilizada antigamente pelos egípcios para mumificação com finalidade de conservação”. A pessoa identificada como “B” relatou “Ela espantou as carapanãs tinha um aroma muito agradável e tinha um formato muito bonitinho” enquanto que a pessoa C mostrou-nos um diferente relato ao qual disse que “o cheiro é muito forte, fiquei com um pouco de dor de cabeça, porém pude analisar que ela realmente espantou os mosquitos que tinham em minha residência, mas depois que acabou as carapanãs voltaram”. Comparando o relato da pessoa identificado como C ao trabalho realizado por (FÁVERO, 2014) “O óleo essencial de alecrim mostrou efeito repelente durante os primeiros 40 minutos de analise, resultando graficamente nas medianas que se mostraram distantes. Após esse período, os resultados obtidos para o grupo controle e o grupo tratado se aproximaram, mas continuaram com valores significativos, até que no tempo de 80 minutos, os valores estatísticos não são significativos, mostrando que o óleo essencial de alecrim perde seu efeito repelente após esse intervalo de tempo na maioria dos testes realizados”.

Conclusões

O teste de repelência com óleo essencial do alecrim em vela mostrou resultados relevantes no combate aos mosquitos (pernilongos), tendo em vista os parâmetros estabelecidos na ação contraventora a estes agentes patógenos, ficando evidente tal afirmativa ao analisar os relatos dos entrevistados A, B e C, que identificaram propriedades significativas, com as quais pode-se inferir estatisticamente resultados positivos. Com base nos dados da pesquisa qualitativa e quantitativa também pode-se afirmar que o produto deste estudo possui fatores de benefício a sociedade em geral, tendo em vista o potencial metabólico das plantas, e se tratar de uma alternativa economicamente viável. Além de que cabe ressaltar a importância cientifica de pesquisas nesta área de atuação, que busquem evidenciar a importância da exploração da matéria-prima natural, que visem a possibilidade de integrar esses métodos alternativos aos atuais métodos de controle de manejo integrado, culminando na utilização de compostos vegetais como controle de vetores de forma consciente e sustentável. Em suma dentre as inúmeras vantagens como, rápida degradação, não persistindo por longo período no ambiente induzindo menor risco aos organismos não-alvo e menor índice de desenvolvimento de resistência pelos vetores; possuem rápida ação, dentre outros, pode-se destacar a alta disponibilidade de material vegetal e baixo custo de fabricação.

Agradecimentos

UEPA

Referências

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CARAMICO, T. Que cheirinho bom. Guia de plantas medicinais. 2006. Ano 2
CORAZZA, S. Aromacologia: Uma ciência de muitos cheiros. São Paulo: Editora SENAC, 2002.
FÁVERO, R. Estudo de repelência com diversos produtos de origem natural em operárias de apis mellifera em semi-campo. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro. Rio Claro, 2014. Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/118982/000799022.pdf?sequence=1>. Acesso em: 14 de Ago. 2019
FRADIN, M.S. 1998. Mosquitoes and Mosquito Repellents: A Clinician’s Guide. Annals of Internal Medicine, 128: 931-940.
HARBONE, J. B.Ecological biochemistry. 4 ed. London: Academic, 1993.
PAULA, J.P. Atividade Repelente do Óleo Essencial de Ocimum selloi Benth. (variedade eugenol) contra o Anopheles braziliensis Chagas. Acta Farm. Bonaerense, Argentina, vol. 23, n. 3, p. 376- 377, Abril 2004.
RASKOVIC, A . Atividade Antioxidante de Alecrim (Rosmarinus officinalis L.) Óleo Essencial e seu Potencial Hepatoprotetor. BMC. Medicina Complementar e Alternativa, v. 14, p. 225, 2014.
SILVA, I. et al. Noções sobre o organismo humano e utilização de plantas medicinais. Cascavel: Assoeste, 1995.
WOLFFENBUTTEL, N.A. Óleos essenciais. Informativo CRQ-V, ano XI, v. 6, n.105, p. 6-7, nov/dez 2007.




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