Adsorção de contaminante emergente em leito fixo aplicando adsorvente obtido de resíduos
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Química Tecnológica
Autores
Regina Vasques Mendonça, A. (UNIVERSIDADE DE BRASILIA) ; Marques Cardoso, C.M. (UNIVERSIDADE DE BRASILIA)
Resumo
A adsorção aplicada em contaminantes emergentes é opção viável frente aos métodos tradicionais aplicados na mitigação e ate remoção a estes contaminantes. Este estudo revela a utilização eficaz de resíduo na adsorção de diclofenaco de sódio. Estudos de equilíbrio e em leito fixo foram conduzidos. A isoterma BET representou bem os dados experimentais e a capacidade de adsorção obtida foi de 20,2 mg/g a 25˚C. Este trabalho denota a possibilidade da aplicação de resíduos na produção de adsorventes para mitigar concentrações de contaminante emergente do meio como uma alternativa promissora, uma vez que esta aplicação é economicamente viável e ambientalmente correta.
Palavras chaves
Contaminantes emergentes; Resíduos; Adsorção
Introdução
A agua como bem comum a sociedade e vital tem sua potabilidade ameaçada. Contaminantes emergentes se refere a poluentes, como o fármaco diclofencado de sódio, cujo interesse em seu efeito na natureza é recente, a exemplo de diversos fármacos, que não eram considerados tradicionalmente poluentes relevantes ao meio ambiente (Carmalin e Lima, 2018); (Coimbra et al., 2015); (Silva, et al., 2016); (Bhadra et al., 2016). Nesse sentido, diversas opções para o tratamento desse micropoluente tem sido abordadas, entre elas, os processos de adsorção. Estes são apontados por terem alto potencial para a remoção de contaminantes emergentes da água, por, dentre outras vantagens, serem práticos, de baixo custo, não implicarem na geração de novos produtos e poderem ser convenientemente incorporados à plantas de tratamento de água corrente (Maia, 2017); (Coimbra et al., 2015). Na maioria dos processos de adsorção o fluido entra em contato com o adsorvente por uma coluna recheada. Esse processo é denominado leito fixo. (Xu et al., 2013). Este trabalho tem como objetivo obtenção e modelagem de isotermas e curvas de ruptura de adsorção de diclofenaco de sódio em adsorvente proveniente de resíduo.
Material e métodos
O adsorvente foi coletado e imediatamente seco ao sol por 24 h para evitar atividade microbiológica. Após a secagem, o mesmo foi então moído e peneirado, visando garantir a homogeneidade do material. Partículas foram selecionadas no diâmetro de 400 µm, e então impregnado na proporção 1:1 com o K2CO3 e água, sob agitação, para homogeneização e remoção da umidade. A amostra foi levada à mufla na temperatura de 600˚C durante 2h com restrição de oxigênio, assemelhando-se a um processo de pirólise. O sólido remanescente então foi funcionalizado com ácido acético, lavado com água e seca em a 105 oC até massa constante. Para ensaios de equilíbrio foram preparadas soluções de diclofenaco sódico em concentrações conhecidas de até 30 g/L. Então, adicionou-se 10,5 g de adsorvente em 40 mL da solução preparada em tubos falcon e as amostras foram deixadas sob agitação a 25˚C durante 24 h. As soluções foram então submetidas a uma varredura no espectrofotômetro UV-VIS cujos picos referentes a absorção do diclofenaco sódico forneceram o valor quantitativo de suas concentrações. Então, a partir dos resultados obtidos, diferentes modelos de isotermas foram ajustados aos dados experimentais com o auxílio do softwere OriginLab 8.0. Para a realização dos ensaios de adsorção em leito fixo, uma coluna de vidro com 25 cm de altura e diâmetro de 9 mm foi utilizada. A coluna foi alimentada com uma solução de 100 mg/L de diclofenaco sódico por uma bomba peristáltica a uma vazão de 7,5 mL/min. A coluna foi empacotada com 5 g de adsorvente. Antes do início do experimento, água destilada foi percolada pela coluna para sua homogeneização, evitando a formação de caminhos preferenciais. Após a retirada da água da coluna, iniciou-se a alimentação da mesma com a solução de diclofenaco. Para a obtenção da curva de breakthrough, foram colhidas amostras da solução na saída da coluna em intervalos de tempo determinados até sua saturação. As amostras foram quantificadas utilizando a mesma metodologia dos ensaios de equilíbrio.
Resultado e discussão
Os modelos de Freundlich, Langmuir e BET foram ajustados aos dados
experimentais, como mostrado abaixo na figura 1:
É possível observar uma boa capacidade de adsorção de diclofenaco sódico
para o adsorvente. O modelo de BET se ajustou melhor aos dados. Krajisnik et
al. (2011) em seu trabalho investigou a adsorção de diclofenaco sódico em
zeólitas modificadas, obtendo uma capacidade de adsorção de 22,3 mg/L pelo
modelo de Langmuir. Já Fernandez et al. (2015) obtiveram para a adsorção de
diclofenaco sódico em hidrochar obtido sob atmosfera de N2 a partir de
cascas de laranja uma capacidade de adsorção de 52,17 mg/g, pelo modelo de
Langmuir.
O modelo de Thomas ajustado à curva de ruptura está apresentado abaixo na
figura 2:
A adsorção de diclofenaco sódico em leito fixo foi investigada por Franco et
al. (2018) utilizando carvão ativado em experimento semelhante. Para o
modelo de Thomas ajustado, foi obtida uma capacidade de adsorção de 12,43
mg/g na vazão de 3 mL/min. Para uma vazão de 5 mL/min, a capacidade de
adsorção foi de 11,85 mg/g. Para processos cuja etapa de transferência
externa de massa é limitante, ou seja, há resistência significativa, a vazão
de alimentação contribui negativamente para a capacidade de adsorção do
leito (Franco et al., 2018).
Isotermas de adsorção em adsorvente
Curva de ruptura ajustada ao modelo de Thomas
Conclusões
Neste trabalho foi possível verificar a capacidade de adsorção de diclofenaco sódico em adsorvente proveniente de lodo residual de ETA. Os resultados apontaram positivamente para a aplicabilidade desse processo. Foi possível ajustar aos dados experimentais modelos amplamente utilizados para descrever esse tipo de processo, possibilitando a obtenção de parâmetros necessários para a compreensão deste. Dado o baixo custo do lodo residual, bem como a dificuldade de gerir tal resíduo, mostram-se oportunos futuros trabalhos nesse sentido, a fim de investigar com maior rigor o comportamento do processo adsortivo e sua aplicação em larga escala.
Agradecimentos
IQ/UnB; LMC, LARSEN, LabCat,FAPEMA e ABQ.
Referências
BHADRA, B. N.; SEO, P. W.; JHUNG, S. H. Chem. Eng. J. v. 301, p. 27-34.
CARMALIN, S. A.; LIMA, E. C. Ecotox. Envir. Safety. v. 150, p. 1-17. 2018.
COIMBRA, R. N.; CALISTO, V.; FERREIRA, C. I. A.; ESTEVES, V. I.; OTERO, M. Arabian J. Chem. In Press: Corrected Proof. 2015.
FERNANDEZ, M. E.; LEDESMA, B.; ROMÁN, S.; BONELLI, P. R.; CUKIERMAN, A. L. Biosource Tech. v. 183, p. 221-228, 2015.
FRANCO, M. A. E.; CARVALHO, C. B.; BONETTO, M. M; SOARES, R. P.; FÉRIS, L. A. J. Clean. Prod. In Press, Accepted Manuscript. 2018.
KRAJISNIK, D.; DAKOVIC, A.; MILOJEVIC, M.; ANDELIJA, M.; KRAGOVIC, M.; BOGDANOVIC, D. B.; DONDUR, V.; MILIC, J. Coll. Surf. B: Bioint. v. 83, p. 165-172. 2011.
MAIA, G. S. Dissertação de Mestrado. Campinas. 2017.
SILVA, R. F.; SILVA, G. L.; SILVA, G. L.; SILVA, V. L. Rev. Virtual Quim. v. 8, p. 702-715. 2016.
XU, Z.; CAI, J.; PAN, B. J. Zhejiang univ-Sci. A (Appl. Phys. & Eng.). v. 14(3), p. 155-176. 2013.