Recuperação e caracterização físico-química de óleos lubrificantes de motores com utilização de butanol e argila.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Química Verde

Autores

da Silva Ferreira, N. (UFPI) ; Sales Loiola Rosa, M. (UFPI) ; Figueiredo, F.C. (UFPI) ; Pereira Oliveira, T. (UFPI) ; dos Santos Junior, J.R. (UFPI)

Resumo

A recuperação do óleo base a partir do óleo lubrificante usado e contaminado (OLUC) foi realizada com o uso de butanol na proporção de 3:1 (alcool/óleo) e argila Tonsil. A recuperação obteve um rendimento do óleo base por extração com butanol em cerca de 85% e para a caracterização dos óleos usou-se o teste de viscosidade cinemática que mostrou que a viscosidade diminuiu de 16,1cSt no óleo novo para 8,7 cSt no óleo usado para 5,6 cSt no óleo recuperado à temperatura de 100 °C e reduziu de 100,0 cSt no óleo novo para 58,0 cSt no OLUC para 30,2 cSt no óleo recuperado, à temperatura de 40°C. Com base nestes resultados, conclui-se que houve a remoção de contaminantes de elevado peso molecular que aumentavam a viscosidade do óleo.

Palavras chaves

OLUC; Recuperação do OLUC; Viscosidade cinemática

Introdução

O óleo lubrificante de motor é derivado de petróleo, empregado em fins automotivos ou industriais que após certo tempo de uso recomendado pelos fabricantes, sofre várias alterações por degradação térmica e oxidação, poeira, contaminando o óleo. Uma vez que não são mais utilizados, são queimados ou descartados de forma inadequada no meio ambiente, gerando graves danos ambientais (WAGNER; LUTHER e MANG, 2001). Então, a solução mais coerente é o rerrefino. Segundo o artigo 3 da resolução número 362/05 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA, 2005), o processo de rerrefino consiste da categoria de processos industriais de remoção de contaminantes, produtos de degradação e aditivos dos óleos lubrificantes usados ou contaminados, conferindo aos mesmos, características de óleos básicos. Entretanto, o método convencional é lento e utiliza bastante energia e reagentes(BU et al, 2013; CARRETEIRO e MOURA, 1975;KUCZENSKI et al, 2014). A fim de reduzir a quantidade de energia e de reagentes, MOHAMMED et al (2013) utilizaram apenas duas etapas. A primeira etapa, por extração com solventes orgânicos com até quatro átomos de carbonos, como, acetona, butanol, acetato de etila e a segunda etapa, por adsorção com materiais adsorventes locais, tais como, argilas, carvão ativado e celulose. Para o controle de qualidade do processo de rerrefino, pode-se usar como uma das análises de caracterização, o teste de viscosidade cinemática, onde determina-se o tempo, em segundos, para que um volume fixo de óleo escoe por gravidade pelo capilar calibrado de um viscosímetro, a uma temperatura controlada (ALI; RIPIN e AHMAD, 2010). Com base nisso, o trabalho tem como objetivo obter o óleo base do OLUC com butanol e argila Tonsil e o caracterizar por viscosidade cinemática.

Material e métodos

O solvente orgânico usado foi o butanol PA e argila comercial Tonsil de Fortaleza – Ceará. O óleo lubrificante novo é de base semissintética e de classificação viscosidade SAE 15W-40 (multiviscoso) adquiridos no comércio local e o óleo lubrificantes usados foi fornecido pela oficina monobloco – Teresina – Piauí, retirados de veículos específicos em motores gasolina. Foram recuperados óleos lubrificantes submetidos a uso por 25000 km, em motores veiculares. No processo de extração misturou-se aproximadamente 100 g do óleo lubrificante usado a 300 g de solvente (butanol) e o sistema foi agitado por 10 minutos para a obtenção de misturas adequadas. Em seguida, as misturas foram filtradas e o sedimento não ácido foi separado da mistura solvente/ óleo e calculou-se o rendimento. Separou-se o solvente da mistura solvente/ óleo pelo processo de destilação por um evaporador rotativo. No processo de adsorção adicionou-se ao óleo 4 g de argila e o sistema foi agitado por 30 minutos para aumentar a adsorção. Em seguida, foi realizado a filtração e ao filtrado foi adicionado 5 mL de água de cal para corrigir o pH e o sistema foi colocado para decantar, separando a fase oleosa da fase aquosa. A aferição da viscosidade cinemática foi determinada pelo produto do tempo de escoamento pela constante do capilar de Cannon-Fenske - 150 para temperatura de 100°C e Cannon-Fenske - 300 para temperatura de 40°C. O equipamento usado para esse ensaio foi o viscômetro automático Quimis Aparelhos Científicos – LTDA, modelo Q383SR26. Esse equipamento requer pelo menos 30 mL de amostra para cada medida de viscosidade. Como solvente de limpeza, utilizou-se hexano, e acetona, como de secagem, conforme recomendado pela norma. O tempo médio de execução do ensaio foi de aproximadamente 50 minutos.

Resultado e discussão

O rendimento do óleo base da extração do álcool iso-amílico e do álcool terc- butílico foi calculado em função da proporção da massa recuperada de óleo, livre de álcool e água, e da massa do resíduo lubrificante usando Equação 1. O rendimento obtido a partir da extração do butanol foi de 85% em massa. (MOrec/MOres)x100 Eq. 1 Onde , MO rec é a massa do óleo recuperado e MO res é a massa do óleo residual. Na tabela 1, a viscosidade do óleo novo, usado e recuperado, neste estudo, foram de 16,1cSt, 8,7 cSt, 5,6 cSt à temperatura de 100 °C, respectivamente. Na temperatura de 40ºC, a viscosidade do óleo novo, usado e recuperado foram de 100,0 cSt, 58,0 cSt e 30,2 cSt, respectivamente. Comparando os valores da Tabela 2 pode-se afirmar que a diminuição da viscosidade na seqüência óleo novo> óleo usado> óleo recuperado. A viscosidade do óleo é maior em relação aos óleos usados e recuperados devido à presença de óleo base parafínico e aditivos não degradados de alto peso molecular. A redução da viscosidade do óleo usado está relacionada à produção de substâncias voláteis e de baixo peso molecular, devido às reações químicas de oxidação e degradação térmica sofridas pelo óleo usado. A redução de viscosidade dos óleos recuperados em relação aos óleos usados e novo é devido à remoção de contaminantes floculantes por extração e contaminantes de corantes, , por adsorção em materiais adsorventes (FILHO et al, 2010). Tabela 2: Analise de viscosidade cinemática em centistoikes (cSt) nas amostras de óleos lubrificantes em diferentes temperaturas.

Figura 1

Equação de rendimento do óleo base.

Figura 2

Análise de viscosidade cinemática em centistokes(cSt) nas amostras de óleos lubrificantes em diferentes temperaturas.

Conclusões

Portanto, a recuperação do óleo base por extração com butanol teve um bom rendimento de óleo base, cerca de 85% em massa e o uso da argila tonsil, foi eficaz no clareamento do óleo. Além disso, houve uma redução da viscosidade cinemática do óleo recuperado, tanto a 40°C quanto à 100°C, confirmando a remoção de contaminantes de elevado peso molecular que aumentavam a viscosidade do óleo.

Agradecimentos

UFPI, CAPES, CBQ

Referências

• Wagner, H eLuther, R. Mang, L. (2001). Lubricant base fluids based on renewable raw materials their catalytic manufacture and modification. Elsevier.429-442.

• Conama, Resolução n° 362, de 23 de junho de 2005. Ministério do Meio Ambiente.

• Bu, D. et al. (2013). Remediation of Used Motor Engine Oil Contaminated Soil: A Soil Washing Treatment Approach. Civil & Environmental Engineering, 3.

• Carreteiro, R.P e Moura, C. R. S (1975). Lubrificantes e Lubrificação. São Paulo: L.T.C. Editora S.A

• Kuczenski, B et al. (2014). Material flow analysis of lubricating oil use in California. Resources, Conservation and Recycling,93, 59-66.

• Mohammed, R. R.et al. (2013). Waste lubricating oil treatment by extraction and adsorption. Chemical Engineering Journal, 220, 343–351.

• Ali, W. M. S., Ripin, A e Ahmad, A (2010). Adsorption of heavy metal from recovered base oil using zeolite. Journal of Applied Sciences,10, 2688-2692.

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