CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE XAROPE DE CUPIM
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Produtos Naturais
Autores
França Rodrigues, A.P. (UFPA) ; Oliveira Barbosa, M.E. (UFPA) ; Corrêa Kobayashi, N.H. (UFPA) ; Viana Farias, S. (UFPA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
O xarope de cupim é amplamente utilizado na medicina tradicional do Norte e Nordeste do Brasil, especialmente para o tratamento de bronquites, asma e pneumonia, uma vez que possui componentes com princípios ativos anti- inflamatório, antibiótico, expectorante e antioxidantes naturais. Este trabalho teve como finalidade determinar sete parâmetros físico-químicos: condutividade elétrica (CE), pH, densidade, viscosidade, umidade, sólidos solúveis totais (SST) e sólidos insolúveis totais (SIT) de xarope de cupim, produzido em Castanhal, pertencente a região metropolitana de Belém, com a intenção de contribuir para o controle de qualidade do mesmo. Os resultados concordaram com outros estudados feitos com xaropes tradicionais.
Palavras chaves
Controle de Qualidade; Amazonia; Medicamento
Introdução
De acordo com o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (2011), xarope é a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que apresenta, no mínimo, 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua composição. O xarope de cupim que é constituído por alho, açafrão, eucalipto, sucupira, jatobá, romã, angico, jucá, cambará, mel, folha de algodão e cupim da subordem Isoptera inserida na ordem Blattodea, na qual englobam os cupins térmites. Esta mistura junto do cupinzeiro é um aglomerado de terra e outros resíduos, o qual é utilizado, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, para o tratamento de doenças como: bronquites, asma e pneumonia, pois na composição do xarope contém princípios ativos anti-inflamatórios, antioxidantes, expectorante e antibiótico natural (MELO, 2004). Segundo Lenko e Papavero (1996), nas comunidades primitivas e atuais, animais e plantas ainda são partes integrantes da vida cotidiana, pois encontraram em suas pesquisas o uso dos cupins na medicina popular que foi classificado como panaceia, uma vez que é usado para remediar várias doenças. Esse trabalho teve o intuito de analisar os parâmetros físico- químicos do xarope de cupim: pH, condutividade elétrica (CE), sólidos solúveis totais (SST), sólidos insolúveis (SSI), viscosidade, densidade e umidade, de maneira a contribuir com o controle de qualidade deste produto.
Material e métodos
Foram adquiridas no Mercado do Ver-O-Peso em Belém-PA 10 amostras de xarope de cupim produzidos em Castanhal, na Região Metropolitana de Belém, elaborado com alho, açafrão, eucalipto, sucupira, jatobá, romã, angico, jucá, cambará, mel, folha de algodão e cupim (conforme descrição do rótulo do produto). Tais amostras foram adquiridas entre os meses de maio e junho de 2018, sendo levadas ao Laboratório de Físico-química da Faculdade de Farmácia da UFPA. Foram executadas as seguintes análises: condutividade elétrica, com o emprego de um condutivímetro portátil (Instrutherm, CD 880) calibrado com solução padrão de condutividade 146,9 μS/cm; pH, determinado usando um pHmetro (PHTEK) calibrado com solução tampão pH 4 e 7 (AOAC, 1992); densidade, determinada através da medida de massa do xarope contida em picnômetro de 10 mL; sólidos solúveis totais (SST), determinado em um refratômetro portátil (Instrutherm, modelo ART 90) com escala de 0 a 65º Brix, e seus resultados corrigidos para 20°C (AOAC, 1992); umidade, determinada se pesando de 3 a 4 gramas de xarope em cadinho de porcelana previamente aferido, e sendo o conjunto cadinho mais amostra levado a chapa aquecedora a 110º C até quase secura e depois à estufa a 105º C, até secura completa (ADOLFO LUTZ, 2008), sólidos insolúveis totais, através da pesagem de papel de filtro previamente aferido e que coou a solução de xarope (10 v/v), tendo sido aquecido em estufa a 110º C, previamente; viscosidade, realizada através do escoamento do xarope através do orifício do viscosímetro tipo copo Ford 3, sendo o tempo de escoamento convertido para viscosidade pela equação do aparelho. Todas as determinações foram realizadas em triplicatas, sendo que os resultados dos parâmetros obtidos foram apresentados como média e desvio padrão.
Resultado e discussão
Os resultados obtidos se encontram na Tabela 1. Os valores de pH obtidos
foram em média de 4,33 e o valor encontrado na literatura seria de pH > 4,3
(BRANDÃO, 2001), equivalendo que a ação terapêutica não promoverá maiores
prejuízos devido a sua variação. Quanto a viscosidade para xaropes comuns é
de 190 cSt (BRANDÃO, 2001), e o xarope analisado apresenta resultado abaixo
do encontrado na literatura. Em temperatura ambiente (15˚ a 20˚C), para
xaropes sem principio ativo, a densidade deve ter a variação entre 1,20 g/mL
a 1,32 g/mL (BRANDÃO, 2001), e as amostras apresentaram valor superior ao da
literatura. O xarope de cupim, por conter mel e outros elementos, obteve
valores de umidade em média de 22,23% , demonstrando percentagem dentro do
valor encontrado na literatura, a qual seria de 20 % – 100 % (A.O.A.C.,
1998). Em relação a condutividade elétrica, as amostras apresentaram média
de 0,42 mS/cm. Os valores encontrados de sólidos solutos totais foram em
média de 21,26º Brix. Em relação aos sólidos insolúveis, os resultados
alcançados foram em média 2,35%.
Legenda: CE = condutividade elétrica; SST = sólidos solutos totais; SSI = sólidos insolúveis / Média seguida de desvio padrão.
Conclusões
O xarope de cupim analisado está de acordo com a legislação nacional sobre o tema (BRASIL, 2010), logo sendo de boa qualidade em termos físico-químicos. Também se mostrou similar em muitos parâmetros investigados a outros xaropes constantes na literatura.
Agradecimentos
A UFPA e a UFRA.
Referências
AOAC. Official Methods of Analysis. Association of Official Analytical Chemists, Arlington, 16th Edition, 1998.
BRANDÃO, A. Controle da qualidade e controle da produção de medicamentos. Disponível em: <http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com/2013/04/controle-da-qualidade-e-controle-da.html>. Acesso em: 31 jul 2018.
BRASIL. RDC Nº 10, 9 de Março de 2010. Ministério da Saúde. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/res0010_09_03_2010.html>. Acesso em: 31 jul 2018.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. São Paulo, 2008.
LENKO, K. & PAPAVERO, N. Insetos no Folclore. Rev. ampl. 2 ed. Disponível em: <https://www.euppublishing.com/doi/pdfplus/10.3366/jsbnh.1980.9.4.663>. Acesso em: 31 jul 2018.
MELO, Maria de Fátima. Uso da fauna na medicina popular no município de Alagoa Nova – PB. Disponível em: <http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/698/3/PDF%20-%20Maria%20de%20F%C3%A1tima%20Melo%203.pdf.> Acesso em: 31 jul 2018.