Variabilidade sazonal do teor de flavonoides na Senna Fistula
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Cabral, G.A.J.C. (UFC) ; Lima, V.L.F. (UFC) ; Barros, J.F.S. (UFC) ; Silva, M.G.V. (UFC)
Resumo
O presente estudo relata a variabilidade sazonal de um metabólito, a quercetina em Senna fistula e sua atividade antioxidante. A quercetina apresenta significativa atividade como antioxidante o que torna interessante a identificação do melhor momento de coleta das plantas. As coletas foram realizadas mensalmente, sendo o material botânico extraído com acetona. O teor de quercetina foi determinado espectrofotometricamente. A atividade antioxidante foi realizada através do método de varredura de radical livre DPPH em solução metanólica. Quercetina (fig. 1) foi identificada em maior teor na coleta do mês de janeiro (539,63 µg/mg de planta seca. A atividade antioxidante apresentou o melhor resultado para a amostra de S. fistula coletada em setembro (IC50 = 0,380mg/mL).
Palavras chaves
Senna Fistula; Quercetina; Ação antioxidante
Introdução
O gênero Senna Mill. têm ampla distribuição ocorrendo no Brasil inteiro e em outros países da América do Sul. Na medicina popular são utilizadas preparações de várias espécies do gênero utilizadas como febrífuga, anti-herpética, antianêmica, antiblenorrágica, antinefrítica, antídota, antimicótica, parasiticida, laxante, e contra doenças de pele [Rodrigues, 2009]. Os metabólitos conhecidos deste gênero apresentam uma variedade de aplicações, embora a mais antiga seja como purgativa e sua preparação está presente na Farmacopéia britânica, européia, americana e brasileira com indicação para casos de constipação. A composição química das espécies do gênero Senna apresenta polissacarídeos, esteroides, estilbenos e triterpenos, porém as classes mais comuns são as antraquinonas, alcaloides e flavonoides [Santos, 2008], justificando o grande potencial biológico do gênero, devido as relevantes propriedades farmacológicas que estas classes de compostos apresentam. Senna fistula é uma espécie deste gênero é conhecida como chuva de ouro, devido sua belíssima floração amarela. Apresenta flavonoides, principalmente quercetina em sua composição química, que possui significativo potencial antioxidante, além de propriedades anti-inflamatórias, anticarcinogênica, antiviral e reduz o efeito da formação de cataratas nos diabéticos [Behling et al, 2004]. O presente estudo relata a variabilidade sazonal da quercetina em Senna fistula para a identificação do período em que este biocomposto seja produzida em maior teor.
Material e métodos
Coleta: As coletas do material botânico (galhos, casca do caule, folhas), foram realizadas no Campus do Pici, Fortaleza,CE. As coletas foram realizadas no mesmo horário durante os doze meses do ano. Preparação das amostras: As amostras foram extraídas a frio com acetona, visto que estudos anteriores no laboratório comprovaram que este solvente possuía maior capacidade extrativa para flavonoides. A amostra permaneceu durante uma semana em contato com o solvente, que foi posteriormente evaporado a pressão reduzida. Análise das amostras: Os extratos foram submetidos a determinação de flavonoides (Markhan, 1982), que consiste na mistura de uma solução contendo o extrato a ser analisado, uma solução de cloreto de alumínio e ácido acético em metanol. Na reação, o íon alumínio (Al3¨+) forma um complexo com os flavonoides presentes na amostra. A intensidade da coloração amarela característica deste come plexo proporcional à concentração de flavonoides presente na amostra (Mabry et al., 1970). Determinação do potencial Antioxidante (método de varredura do radical livre DPPH) Na avaliação da atividade antioxidante foi utilizado o método de varredura do radical livre DPPH, descrito por YEPEZ et al (2002).Em um tubo de ensaio, colocaram-se 3,9 mL de uma solução metanólica 6,5 x 10-5 mol/L do radical livre DPPH. Em seguida foi adicionado ao tubo 0,1 mL da solução metanólica das amostras a serem testadas nas concentrações de 5.000, 1.000, 500, 100, 50, 10, 5 e 1 ppm. Após o intervalo de 60 minutos, mediu-se então a absorbância num espectrofotômetro FEMTO 700 plus no comprimento de onda de 515 nm. Calculou-se então o Índice Varredor da amostra em percentual (IV%). Todos os experimentos foram feitos em triplicata.
Resultado e discussão
As variações químicas são de grande importância para a qualidade e preparo das
espécies medicinais de interesse terapêutico e/ou industrial, tendo sua
utilidade focada para a extração e isolamento de princípios ativos desejados ou
para a determinação da interrupção da coleta em épocas de produção de
metabólitos tóxicos (BAUER et al, 1996).
Neste estudo de sazonalidade, não houve a possibilidade de avaliar todos os
fatores que influenciam a produção dos metabólitos de S. fistula devido a
grande quantidade de variáveis envolvidas.
Observou-se uma variabilidade sazonal significativa de flavonoides, expressa em
teor de quercetina, (tabela 1) para as amostras de Senna fistula estudadas
(138,15 µg/mg a 539,63 µg/mg).
A determinação do potencial antioxidante pelo método do DPPH permitiu obter os
seguintes resultados para o mês de Janeiro e Setembro, IC50 = 0,380mg/mL e
IC50=0,349mg mL-1, bem abaixo do valor da quercetina (padrão), IC50 = 3,12
mg/mL.
Conclusões
Apesar desta espécie apresentar vários relatos na literatura, este estudo é inédito para esta espécie, podendo orientar o momento da coleta, para a obtenção de maior teor de flavonoides. Para Senna fistula, os meses em que as amostras apresentaram maior e menor teor de quercetina por extrato respectivamente, não foram relacionados positivamente com a atividade antioxidante, o que indica que a quercetina não é o principal responsável pela ação antioxidante observada na planta.
Agradecimentos
UFC e CNPQ
Referências
BAUER, R.; TITTLEL, G. Quality assessment of herbal preparations as a preconization of pharmacological and clinical studies. Phytomedine, v. 2, n. 3, p. 193-198, 1996.
BEHLING, E. B., SENDÃO, M. C., FRANCESCATO, H. D. C., ANTUNES, L. M. G., BIANCHI, M. L. P., Flavonóide quercetina: aspectos gerais e ações biológicas, Alimentos e Nutrição, v. 15, n. 3, p. 285-292, 2004 .
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MATOS,F.J.A.de. Introdução à Fitoquímica Experimental.Ed UFC, Fortaleza, 2009.
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SPAGOLLA, L.C.; SANTOS, M.M., PASSOS, L.M.L., AGUIAR, C.L. Rev Ciênc. Farm Básica Apl., 2009;30(2):59-64.