Triagem fitoquímica e atividade antioxidante frente ao radical livre DPPH do extrato etanólico das sementes de seriguela (Spondias Purpurea L.)
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Produtos Naturais
Autores
da Silva Ramos, R. (UESB) ; de Oliveira Costa, R. (UESC) ; Santos Teixeira, C. (UESB) ; Mark Passos, M. (UESB) ; Oliveira dos Santos, M.M. (UESB) ; Andrade Gualberto, S. (UESB) ; Duarte Lima, M. (UESB) ; Cavalcante de Rezende, L. (UESB)
Resumo
Este trabalho apresenta o estudo preliminar do extrato bruto e frações obtidas das sementes de Spondias purpurea L. (siriguela). A prospecção fitoquímica das sementes foi realizada seguindo a metodologia de Mattos para determinar a presença dos metabólitos secundários, e a atividade antioxidante do extrato bruto e das frações através do método de sequestro do radical livre DPPH. A prospecção fitoquímica permitiu identificar qualitativamente a presença de diversas classes de metabólitos secundários, e a avaliação da capacidade antioxidante do extrato bruto pelo método do sequestro de radicaisl livre DPPH indicou potencial antioxidante da espécie.
Palavras chaves
Spondias purpurea; antioxidante; prospecção
Introdução
Spondias purpurea L. (seriguela) pertence à família Anacardiaceae, onde estão incluídas outras espécies frutíferas como a cajá (Spondias mombin), o umbu (Spondias tuberosa), a cajarana (Spondias cytherea) e o umbu-cajá (Spondias spp.), que apresentam reconhecido potencial econômico o que tem despertado o interesse dos pesquisadores e produtores para essas frutíferas tropicais. Além disso, espécies da família Anacardiaceae têm se mostrado bastante promissoras na busca de substâncias bioativas (CORREIA, 2006). A seriguela, que é uma fruta que tem origem no México ou América Central, desponta no nordeste em virtude da qualidade de seus frutos que são consumidos “in natura” ou utilizados no preparo de polpas concentradas, geléias, bebidas fermentadas, vinhos, sucos e sorvetes (FREIRE, 2001). Além das propriedades medicinais, os frutos dessa espécie são vastamente utilizados pelas indústrias da região. Ressalta-se que essas indústrias alimentícias produzem resíduos que podem ter uma finalidade muito mais benéfica ao homem e ao meio ambiente, a partir da utilização das sementes que são descartadas. Essas sementes são consideradas boas fontes de óleo que podem ser utilizadas nas indústrias alimentícias, como óleo comestível, biodiesel, e principalmente possam ser aproveitadas nas indústrias de cosméticos e produtos farmacêuticos. Tendo em vista a potencialidade desta espécie, o objetivo deste trabalho foi realizar a análise fitoquímica das sementes da Spondias purpurea L. a fim de identificar a presença de metabólitos secundários bem como avaliar seu potencial antioxidante.
Material e métodos
As sementes foram secas em estufa de circulação de ar a 40 °C, em um período de 12 horas, trituradas e extraídas com solução etanólica 70%. Após a completa extração, o solvente foi concentrado utilizando-se evaporador rotativo obtendo-se 25g de extrato bruto etanólico 70%. A prospecção fitoquímica foi realizada seguindo a metodologia de Mattos. A identificação dos metabólitos secundários foi interpretada de acordo com critérios qualitativos e semi-qualitativos mediante reação corada, formação de precipitado e desenvolvimento de fluorescência. A atividade antioxidante foi avaliada utilizando o método de redução de absorbância pelo sequestro do radical livre •DPPH (2,2-difenil-1- picrilhidrazila) seguindo metodologia descrita por RUFINO et al. (2007). Os resultados de atividade antioxidante foram expressos em valores de CE50 (gramas de extrato para reduzir um grama de •DPPH) das curvas de inibição dos extratos e do padrão quercetina, diluídos em concentrações de (100; 80; 60; 40; 20 μg.mL-1) e (150; 125; 100; 75; 50; 25 μg.mL-1), respectivamente. A atividade antioxidante das amostras foi expressa também pelo índice de atividade antioxidante (IAA) proposto por SCHERER & GODOY (2009). Este índice facilita comparar a força antioxidante de diferentes extratos, e é calculado de acordo com a seguinte equação: IAA = [Concentração inicial de DPPH (μg.mL-1)]/CE50 (μg.mL-1).
Resultado e discussão
A prospecção fitoquímica do extrato bruto etanólico 70% das sementes indicou a
presença dos metabólitos secundários: taninos, flavonóides, triterpenos,
alcalóides e saponinas. A atividade antioxidante do extrato bruto e das
frações foi investigada espectrofotometricamente seguindo a metodologia de
Rufino para medir a capacidade de sequestro do radical livre DPPH (Figura 1).
Scherer e Godoy (2009) propõem o cálculo de um índice de atividade
antioxidante (IAA), considerando a concentração da solução de DPPH utilizada
nos ensaios e os valores de CE50 encontrados para as amostras, a fim de
avaliar a eficiência antioxidante de extratos de plantas.
A atividade antioxidante é considerada baixa quando o IAA < 0,5; moderada
quando o IAA estiver entre 0,5 e 1,0; forte quando o IAA estiver entre 1,0 e
2,0 e muito forte quando o IAA > 2,0. Com base nesta classificação, o extrato
bruto e fração hexânica apresentam atividade antioxidante moderada, enquanto
as frações acetato de etila e clorofórmica apresentaram atividade antioxidante
forte.
Índice de atividade antioxidante (IAA) por fração de reagente
Conclusões
A prospecção fitoquímica do extrato etanólico bruto das sementes da espécie Spondias purpurea L. permitiu identificar qualitativamente a presença de diversas classes de metabólitos secundários. Além disso, avaliação preliminar das sementes de Spondias purpurea mostrou um potencial antioxidante. Desta forma, a espécie estudada demonstrou a presença de compostos de interesse terapêutico, o que a torna promissora para a continuidade dos estudos fitoquímicos e biológicos.
Agradecimentos
A Deus, a minha orientadora, aos colaboradores e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
Referências
CORREIA, S. J.; DAVID. J. M.; DAVID, J. P. Secundary metabolites from species of Anacardiaceae. Química Nova, v. 29, N. 6, 1287-1300, 2006.
FREIRE, F. C. O. Uso da manipueira no controle do oídio da cerigueleira: resultados preliminares. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2001, 4p. (Comunicado Técnico, 70).
MATOS, F. J. A. Introdução a Fitoquímica Experimental. Fortaleza: UFC, 1988
RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; Morais S. M.; SAMPAIO, C. G.; PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; Saura-Calixto, F. D. Metodologia Científica: Determinação da Atividade Antioxidante Total em Frutas pela Captura do Radical Livre DPPH. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2007, 4p (Comunicado Técnico, 127).
SCHERER, R.: GODOY, H. T. Antioxidant activity index (AAI) by the 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl method. Food Chemistry, 112, 654–658, 2009.