Caracterização físico-química das folhas da Eugenia stipitata (Myrtaceae)
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Bay, M. (IFRO) ; Santos, A.R. (UFPR) ; Souza, N.C.V. (IFRO) ; Oliveira, J.V.S. (IFRO) ; Hurtado, F.B. (UNIR) ; Pereira, M.V.D. (IFRO) ; Silva, J.L.A. (IFRO) ; Lima, R.A. (UFAM)
Resumo
A planta Eugenia stipitata, conhecida como araçá-boi, pertence à família Myrtaceae composta por mais de 130 gêneros e 4000 espécies de arbustos e árvores verdes durante todo o ano. Entretanto, para que a planta possa ser utilizada na forma medicinal, há a necessidade de estabelecer os parâmetros do controle de qualidade da matéria prima vegetal e do extrato seco. O presente trabalho tem como objetivo contribuir para elaboração de monografia da espécie, através do estudo físico químico da droga vegetal constituída de folhas que foi submetida a ensaios físicos e químicos. Com isso, objetivou- se analisar a qualidade das folhas de E. stipitata por meio de testes previstos na Farmacopeia Brasileira.
Palavras chaves
ARAÇA BOI; CONTROLE DE QUALIDADE; ENSAIO FÍSICO QUÍMICO
Introdução
A biodiversidade brasileira é reconhecida como uma das mais expressivas da biosfera terrestre e tem um papel muito importante no bem-estar e na saúde do homem, ao prover produtos básicos e serviços ecossistêmicos. Com mais de 55 mil espécies vegetais descritas, o que corresponde a 22 % do total mundial, esta rica biodiversidade é acompanhada por uma longa aceitação de uso de plantas medicinais e conhecimento tradicional associado. Aproximadamente 48 % dos medicamentos empregados na terapêutica advêm direta ou indiretamente, de produtos naturais, especialmente de plantas medicinais (ALHO, 2012). O araçá-boi (Eugenia stipitata McVaugh ssp. sororia McVaugh, Myrtaceae) é uma frutífera nativa da Amazônia Ocidental com potencial para a indústria de sucos e flavorizantes. Embora pouco plantada na Amazônia brasileira devido a sua acidez, é frequentemente cultivada na Amazônia peruana (FALCÃO et al. 2000).Dentre a grande diversidade de plantas medicinais da Amazônia, o araçá-boi foi selecionado para este trabalho em virtude de sua pluralidade de usos e da escassez de trabalhos científicos a seu respeito. Tendo em vista a necessidade de uma padronização farmacognóstica da planta, realizou- se este trabalho, cujo objetivo foi obter parâmetros de controle de qualidade da droga vegetal oriunda das folhas de E. stipitata.
Material e métodos
As folhas da espécie, E. Stipitata foram coletadas coletadas em Porto Velho- RO com as seguintes coordenadas geográficas (S 08º 47 221' W 063º 53 136'). Após a coleta, o material vegetal fresco 580 gramas foi lavado com água, aspergido com álcool etílico a 70 % e seco em estufa da marca Odontobras 1.4 durante sete dias, à temperatura entre 42 e 45º C. Após a retirada do material vegetal da estufa, este foi triturado em moinho de facas, obtendo-se pó seco. Os testes realizados visam identificar o pH, a densidade relativa, determinação por dessecação, determinação de cinzas totais e determinação da granulometria dos pós (BRASIL, 2010). A solução extrativa de utilizando-se 75 g de droga vegetal para 500 mL de etanol 96 P.A.
Resultado e discussão
O potencial de hidrogênio iônico é um parâmetro que está relacionado com o
crescimento dos microrganismos, segundo a Farmacopeia Brasileira 5ª edição
(BRASIL, 2010) e o valor de referência é de 4,0 a 7,0. O pH para o extrato
foi calculado como a média de três determinações e o resultado foi de 6,16
(Tabela 1), valor condizente com o encontrado como referência. A
determinação Granulométrica do Pó As partículas retidas no tamis estão
contidas na tabela 2, classificando o material vegetal segundo a Farmacopéia
Brasileira (2010) como pó moderadamente grosso. A perda por dessecação foi
determinada de acordo com os métodos gerais (BRASIL, 2010), obtendo o valor
de 8,22 % pelo método gravimétrico. Em seguida, foi calculada a diferença de
peso entre a amostra inicial e a final determinando-se a perda por
dessecação. Os resultados da perda por dessecação estão dentro dos limites
farmacopéicos para drogas vegetais, que variam de 8 a 14 % de umidade para a
droga seca. A determinação do teor de cinzas permitiu verificar a presença
de substâncias inorgânicas não voláteis presentes nas substâncias orgânicas,
isto é, verificar a presença de matéria inorgânica na amostra analisada.
Quanto mais baixo forem os resultados obtidos para teor de cinzas totais,
menor será a quantidade de compostos inorgânicos não voláteis presentes na
amostra (BRASIL, 2010). Essa análise foi feita com o material seco triturado
do vegetal. O resultado para E. stipitata foi de 6,62 % e o limite para
cinzas totais é de 8 %. A combinação destes parâmetros físico-químicos é
exclusiva de cada espécie, sendo considerada como identidade da planta.
Neste trabalho, os parâmetros físico-químicos da espécie foram determinados
pela primeira vez.A densidade para o extrato foi calculada em porcentagem.
Conclusões
Apesar de abordagens já descritas na literatura sobre algumas espécies da família Myrtaceae, na literatura até o momento não foram encontrados estudos envolvendo o estudo físico e físico-químico da E. stipitata, assim os resultados obtidos veem a corroborar com estudos futuros da espécie. Sendo assim, a caracterização realizada com o material vegetal mostrou resultados dentro dos padrões estabelecidos e que este poderá a ser utilizado para o desenvolvimento de possíveis pesquisas e especificações de uma futura farmacopeica da E. stipitata.
Agradecimentos
INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE RONDÔNIA - IFRO ( CAMPUS CALAMA/REITORIA) DEPESP/ PROPESP
Referências
ALHO, C.J.R. 2012. Importância da biodiversidade para a saúde humana: uma perspectiva ecológica. Estudos avançados, 26: 156-164.
BRASIL, F.B. 2010. 5ª Farmacopeia Brasileira. 5.ed. v. 1. Brasília, ANVISA. 546p.
FALCÃO, M.A.; GALVÃO, R.M.S.; CLEMENT, C.R.; FERREIRA, S.A.N.; SAMPAIO, S.G. 2000. Fenologia e produtividade do araçá-boi (Eugenia stipitata, Myrtaceae) na Amazônia Central. Acta Amazônica, 30: 9-21.
SANTOS, V.A.; RAMOS, D.R; TOSTES, N.V.; SILVA, F.O.R.; ALMEIDA, L.G.F. 2017. Caracterização física e química de frutos de araçá-boi (Eugenia stipitata McVAugh) em Lavras-MG. Centro Científico Conhecer, 14: 167-180.