PERFIL FITOQUÍMICO DO EXTRATO AQUOSO DAS FOLHAS DA PLANTA ARANTO (Kalanchoe sp)
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Mendonça, C.J.S.M. (UFMA) ; Ribeiro, D.G. (UFMA) ; Pires, T.P.R.S. (UFMA) ; Prazeres, G.M.P. (UFMA) ; Maciel, A.P. (UFMA) ; Silva, F.C. (UFMA)
Resumo
As plantas são usadas, frequentemente, pela população para o tratamento e cura de alguns tipos de doenças. O Aranto é uma planta que pertence ao Gênero Kalanchoe, utilizada na medicina popular do Brasil e de outras partes do mundo, devido as suas propriedades medicinais. Sendo assim, este trabalho apresentou como objetivo inicial a análise do extrato bruto aquoso (EBA) das folhas secas do Aranto, cultivado no Campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Os testes Fitoquímicos mostraram a presença dos metabolitos secundários fenóis, catequinas, flavonas e esteroides. As frações em diclorometano (FRD) e metanol (FRM) analisadas por HPLC-DAD, apresentaram perfil característico de compostos fenólicos e flavonoides.
Palavras chaves
Aranto; Kalachoe; Perfil Fitoquímico
Introdução
As plantas medicinais sempre tiveram destaque no uso popular para fins de tratamentos e cura de algum tipo de doença. Atualmente, as plantas medicinais tem o uso diversificado em diversos países, principalmente nos países em desenvolvimento (Ásia, África, América Latina), para o tratamento ou alivio de algum tipo de enfermidade. Plantas dos Gênero Kalonchoe são nativas das regiões subtropicais e tropicais da Ásia, África, América, Austrália Ilha de Madagascar (CZEPAS e STOCHMAL, 2017). Na Europa as espécies K. pinnata e K. draigremontiana são cultivadas como plantas ornamentais domésticas, todavia são ervas medicinais populares em diferentes regiões do mundo. O Aranto é uma planta de origem africana e devido sua aparência suculenta faz com que a mesma seja incluída no gênero Kalanchoe da família Crassulaceae. O gênero Kalanchoe compreende 125 espécies de plantas conhecidas por possuírem o metabolismo para plantas com adaptação a ambientes secos, devido possuírem folhas suculentas em todo gênero, tornando este um caractere diagnostico da família (COSTA, 2012). Existem várias espécies deste gênero, descritos na literatura cientifica, que são utilizadas pela população, devido suas propriedades medicinais como exemplos no tratamento de ulceras gástricas, cálculos renais, artrite reumatoide, infecções bacterianas e virais, doenças de pele e até mesmo ação anti- câncer. No Brasil, com destaque ao estado do Maranhão, espécies do gênero Kalanchoe, são utilizadas, na medicina tradicional. Diante deste contexto o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo preliminar, através de testes Fitoquímicos das folhas secas da planta Aranto.
Material e métodos
A planta foi coletada no Campus Dom Delgada da Universidade Federal do Maranhão em São Luís - MA. Após a coleta, as folhas frescas (350 gramas) foram submetidas à secagem em estufa a 50°C por 15 dias. Após secagem as folhas foram trituradas no almofariz e o pó foi pesado (8,03 gramas) e armazenado em tubo falcon. Testes Fitoquímicos:Os testes Fitoquímicos para determinação das principais classes de metabolitos secundários foram realizados, de acordo com a metodologia descrita por MATOS (2009). A triagem foi realizada com 10 mL do extrato bruto aquoso (EBA), onde para cada ensaio eram retiradas alíquotas de 1 mL e adicionadas em vials de 1,5 mL devidamente identificados. O fluxograma do procedimento experimental está descrito na Figura 1. Cromatografia Liquida de Alta Eficiência (HPLC-DAD):O EBA foi particionado (partição liquido/liquido) com uma sequência de solventes, seguindo o critério de polaridade (hexano, diclometano, acetato de etila e metanol). As frações em diclorometano (FRD) e em metanol (FRM) foram analisadas em um Cromatógrafo a Líquido (LC-20AD0 com detector de arranjo fotodiodo (SPD-M20A), ambos da marca Shimadzu. A separação dos compostos foi realizada em uma coluna C18 (250 mm x 4.6 mm ID) da Shimadzu a 40oC (forno CTO-20A, da Shimadzu) fase móvel água acidificada com ácido fórmico 0,1% e acetonitrila, eluição por gradiente, 1 mL/min e loop de 20 µLm. As corridas cromatográficas foram realizadas em 280 nm para FRD e 354 nm para FRM, respectivamente.
Resultado e discussão
Os resultados dos ensaios Fitoquímicos do EBA das folhas secas do Aranto
estão descritos na Figura 2, onde se observa resultados positivos para
algumas classes de compostos orgânicos. Confrontando estes resultados, pode-
se inferir os seguintes comentários: para os fenóis observa-se uma coloração
esverdeada, Figura 2 (A), sendo considerado um indicativo da presença para
os mesmos, embora não tão intensa, o mesmo observado para taninos
flobabênicos, formação de precipitado verde. Nos testes para flavonas,
flavonóis e xantonas, Figura 2 (C), em meio básico apresentaram uma cor
amarela indicativo das mesmas, presentes no extrato. Com relação às
Chalconas, Flavonóis e Leucoantocianidinas não foi verificado a formação de
cor (vermelha, lilás ou azul-púrpura) características desses metabolitos
quando presentes na planta. O teste positivo, para catequinas Figura 2 (D)
foi confirmado através da formação de cor amarelo pálido, em meio ácido, e
para os esteroides a formação de cor verde Figura 2 (E) foi o indicativo da
presença dessa substância no extrato.A Figura 2 (F) apresenta a
cromatografia em camada delgada (CCD) do EB. Na Figura 2 (G) e 2 (H) estão
representados os cromatogramas das frações FRM e FRD, respectivamente, onde
observa-se a presença de substâncias de natureza fenólica e flavanoídicas,
corroborando com os testes fitoquímicos, descritos acima. Esses resultados
foram significativos, pois vários trabalhos na Literatura Cientifica
(BOGUCKA-KOCKA et al, 2018; CZEPAS, et al, 2016; CZEPAS e STOCHMAL, 2017;
SOBREIRA, 2013; KAMBOJ et al, 2013) comprovam a presença dos metabolitos;
Fenóis, Flavonas, Catequinas e Esteroides, em espécies do gênero Kalanchoe e
que através de estudos demonstram o potencial terapêutico para diversos
tipos de doenças.
(C)Flavonóis, Flavanonas e Xantonas, (D)Flavanonas e Catequinas,(E)Esteroides,(G,H)– Cromatogramas das frações FRD e FRM, obtidos no HPLC-DAD.
Conclusões
Os resultados dos testes Fitoquímicos realizados com o extrato aquoso das folhas secas da planta Aranto e a análise cromatográfica por HPLC-DAD, das frações FRD e FRM, foram satisfatórios e promissores, pois de posse destes, podemos dar continuidade a pesquisa no sentido de fornecer, através de métodos científicos complementares, dados que justifiquem seu uso na medicina popular.
Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES pela bolsa (PNPD) concedida e ao Núcleo de Combustíveis, Catálise e Ambiental (NCCA-UFMA).
Referências
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