CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE DAS FOLHAS DE Xylopia emargina Mart. e Xylopia frutescens Aubl.
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Sousa, E.M. (MPEG) ; Cascaes, M.M. (MPEG) ; Moraes, A.A.B. (MPEG) ; Andrade, E.H.A. (MPEG) ; Nascimento, L.D. (MPEG) ; Anjos, T.O. (MPEG) ; Silva, R.C. (UFPA) ; Costa, J.S. (UFPA) ; Figueiredo, P.L.B. (UFPA) ; Silva, S.G. (UFPA)
Resumo
Os óleos essenciais consistem em fontes alternativas na busca por substâncias biologicamente ativas. A família Annonaceae é amplamente distribuída no Brasil, possui cerca de 29 gêneros, entre eles Xylopia. Desta forma o presente trabalho avaliou a capacidade antioxidante dos óleos essenciais das folhas de Xylopia emarginata e Xylopia frutescens por meio do método de sequestro dos radicais livres DPPH. Os óleos essenciais de X. emarginata são majoritariamente constituídos pelos sesquiterpenos espatulenol e óxido de cariofileno. Elevados porcentuais dos monoterpenos α e β-pineno caracterizaram X. frutescens. O óleo essencial mais ativo na captura dos radicais DPPH foi de X. emarginata (69,28%) cerca de três vezes menor que o padrão Trolox (382,06 mgET/mL).
Palavras chaves
DPPH; Annonaceae; Xylopia
Introdução
O interesse por plantas aromáticas está em constante crescimento, devido suas propriedades fitoquímicas e flavorizantes, as quais agregam valor à essas matérias primas (Chen e Mujumdar, 2015). Há no Brasil, 29 gêneros e 386 espécies de Annonaceae, distribuídas principalmente na Amazônia, mas também na Mata Atlântica e no Cerrado (Lopes; Mello-Silva, 2014). A família Annonaceae possui representantes de grande interesse medicinal e o gênero Xylopia é um dos que merecem destaque. (Silva et al., 2015). Xylopia emarginata é conhecida vulgarmente como pindaíba-reta, embira-preta, e pindaibuna, podendo variar conforme a região em que é encontrada (Lorenzi, 1992). Xylopia frutescens é conhecida popularmente como “embira”, e “embira-vermelha” e apresenta valor medicinal como anti- inflamatória e analgésica (Mass et al., 2012; Hiruma-Lima et al., 2002). Há um crescente interesse pelos antioxidantes naturais provenientes de plantas aromáticas, uma vez que seus metabólitos agem inibindo a formação de radicais livres. Os óleos essenciais têm sido alvo de estudos devido ao seu amplo espectro de atividades biológicas, incluindo ação antioxidante (Silva et al., 2018). O gênero Xylopia produz uma variedade de metabólitos com potencial aplicação farmacológica assim como para o desenvolvimento de bioinseticidas (Silva et al., 2015), mas ainda há escassez de informações a respeito da capacidade antioxidante de espécies desse gênero. Dessa forma, o presente trabalho avaliou a capacidade antioxidante dos óleos essenciais das folhas secas de Xylopia emarginata e Xylopia frutescens.
Material e métodos
As folhas de X. emarginata e X. frutescens foram coletadas no município de Magalhães Barata, Pará, em dezembro de 2017. A obtenção e análise da composição química dos óleos essências foi descrita por Cascaes et al (2018). Determinação do Potencial antioxidante Para avaliação do potencial antioxidante foi utilizado o método de sequestro dos radicais livres DPPH. A mistura reacional foi composta de 5 μL de óleo, 45 μL de etanol, 50 μL de tween 20 (0,5%), 900 μL de Tris-HCl 100 mM e 1000 μL de DPPH 0,5 mM em etanol. O controle foi feito substituindo o óleo por etanol. O meio reacional foi deixado em repouso ao abrigo de luz e a reação foi monitorada pela medida da absorbância a 517 nm em tempos de 30 min até um tempo total de 120min (CHOI et al., 2000). Os dados da atividade antioxidante de cada espécie foram analisados por análise de variância (ANOVA) de um fator, seguida de teste de Tukey, com 95% de significância usando o software GraphPad Prism 5.0. A porcentagem de inibição dos radicais DPPH• (IDPPH) para cada amostra foi calculada de acordo com a equação: IDPPH(%) = [(AbsB – AbsA)/AbsB] x 100 Onde: AbsA e AbsB são as absorbâncias da amostra e do controle (branco), respectivamente. Os percentuais de inibição dos óleos foram comparados com a inibição induzida pela solução de trolox 1 mM. A capacidade antioxidante total expressa em mg ET/mL de óleo foi calculada de acordo com a equação: mg ET/mL = [(A-B/(A-C)]x[CTrolox/1000]x[250,29/1000]x[100xD] Onde: A = Abs517 do branco B = Abs517 da amostra C = Abs517 do Trolox CTrolox = concentração da solução de trolox usada como referência. 250,29 = peso molecular do trolox D = fator de diluição.
Resultado e discussão
A tabela 1, apresenta os constituintes químicos identificados (≥1,0%) nos
óleos essenciais de Xylopia emarginata (Xyem) e X. frutescens (Xyfr) com seus
respectivos índices de retenção (IR), em ordem crescente. A composição
completa bem como informações de rendimento foram descritos por Cascaes et al
(2018).Os monoterpenos α- e β-pineno foram os constituintes principais do óleo
essencial de X. frutescens, com teores de 20,84% e 25,95%, respectivamente,
além do sesquiterpeno biciclogermacreno (7,85%). O óleo essencial de X.
emarginata não apresentou nenhum constituinte com teor elevado, os
sesquiterpenos oxigenados espatulenol (5,65%), óxido de cariofileno (5,63%), e
os monoterpenos oxigenados trans-pinocarveol (4,46%) e 1,8-cineol (3,36%)
foram os compostos em maiores concentrações.
Os óleos essenciais mostraram capacidade antioxidante diferentes o que foi
confirmado pelo teste de Tukey (p > 0,05), conforme mostra a Tabela 2. A
amostra mais ativa na captura dos radicais DPPH foi X. emarginata (69,28%)
cerca de três vezes menor que o padrão Trolox (382,06 mgET/mL). É importante
ressaltar que o óleo essencial desta espécie apresentou uma composição química
bem distribuída, na qual espatulenol (5,65%) e óxido de cariofileno (5,63%)
foram os constituintes majoritários, indicando que essa capacidade
antioxidante pode estar associada ao efeito sinérgico entre os constituintes
presentes no óleo essencial. Xylopia frutescens (inibição 15,87%, 87,38
mgET/ML) foi cerca de 10 vezes menos reativa que o padrão Trolox.
Conclusões
O óleo essencial das folhas secas de Xylopia emarginata apresentou maior capacidade de combater os radicais livres quando comparada a espécie X. frutescens. Possivelmente, tal diferença pode estar associada a composição química das espécies, uma vez que, apesar de pertencerem ao mesmo gênero, o perfil químico das espécies foram diferenciados, pois X. emarginata foi caracterizada principalmente por compostos sesquiterpênicos e monoterpenos oxigenados enquanto que o óleo essencial de X. frutescens foi predominatemente composto por monoterpenos.
Agradecimentos
Ao CNPq, à Universidade Federal do Pará e ao Museu Paraense Emílio Goeldi.
Referências
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