ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE UM CALDO DE FERMENTAÇÃO DE UM FUNGO ENDOFÍTICO DA ESPÉCIE PIPER ADUNCUM

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Furtado, K. (UFPA) ; Ferreira, R. (UFPA) ; Espíndula, K. (UFPA) ; Monteiro, M. (UFPA)

Resumo

Os fungos endofíticos são micro-organismos que vivem em simbiose com as plantas. A indústria tem intensificado as buscas por antioxidantes. O objetivo desse trabalho foi avaliar a atividade antioxidante do caldo de fermentação do fungo endofitico PAC 123 da planta Piper aduncum. . O fungo PAC 123 foi selecionado para a obtenção do caldo de fermentação em meio com maltose (não suplementado) e meio com maltose e milho (suplementado), cultivado em diferentes dias (1º, 2º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º) e (1º, 2º, 3º, 5º e 7º). A atividade antioxidante foi determinada pelo método de DPPH. Os resultados mostraram que os valores de inibição das amostras não suplementadas foram maiores (80%) do que das suplementadas (59%). Dessa forma, esses resultados podem contribuir para a pesquisa de novos agentes antioxidantes.

Palavras chaves

fungos endofíticos; atividade antioxidante; suplementação

Introdução

Os fungos endofíticos são um grupo de micro-organismos que habitam os tecidos internos das plantas, sem causar danos. São amplamente distribuídos no planeta e destacam-se por serem grandes produtores de metabólitos primários e secundários, apresentando amplo espectro de atividades biológicas, com propriedade imunossupressora, atividade antimicrobiana, anticoagulante, e antioxidantes (Santos,Varavallo, 2011). Antioxidantes são compostos aromáticos que possuem pelo menos uma hidroxila em sua estrutura e são capazes de atrasar ou inibir a oxidação de um substrato. Os antioxidantes atualmente disponíveis no mercado são conhecidos por sua relativa toxicidade, podendo ser prejudicial à saúde do homem (Misharina et al, 2009). Outro problema está relacionado ao estresse oxidativo e o desenvolvimento de várias doenças neurodegenerativas, cardiovasculares, câncer e o próprio envelhecimento (Amorati et al, 2013). O objetivo desse trabalho foi avaliar a capacidade antioxidante dos caldos de fermentação do fungo endofítico PAC 123 da espécie Piper aduncum. Este estudo pode contribuir para descoberta de novos agentes antioxidantes que possam amenizar os danos causados pelo estresse oxidativo no organismo humano e desenvolvimento de patologias.

Material e métodos

Material vegetal P. aduncum foi coletada no Município de Ananindeua (PARÁ) e os exemplares dessa planta estão depositados no Herbário da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Belém, Pará), sob o registro 192687. Esterilização do material e isolamento dos endófitos As folhas e os caules da espécie vegetal foram cortados em pedaços e desinfectadas com água corrente e detergente neutro e imersos em álcool 70%, hipoclorito e água destilada. Em seguida, foram inoculadas em meio ágar sabouraud dextrose (ASD) e incubadas a 25°C por 7 a 14 dias. A purificação dos endófitos fúngicos foi feita através de repiques sucessivos em ASD (CHAPLA et al, 2013). Construção da curva de crescimento do fungo PAC 123 A curva de crescimento foi construída com base na massa micelial seca do fungo PAC 123 (TANIWAKI et aL, 2006), utilizando dois tipos de meios de cultivo: um meio com maltose (meio não suplementado) e outro com maltose e o milho da espécie BRS Caimbé 272 (meio suplementado). Coleta para preparação do caldo de fermentação do fungo PAC 123 O caldo de fermentação fúngico (PAC123) foi obtido a partir do preparo do inóculo de 106 esporos/mL-1, onde foi inoculado nos meios de cultivo anteriormente mencionados, realizando-se a incubação em agitador orbital a 120 rpm por 7 a 14 dias a temperatura ambiente. Posteriormente, estes caldos foram coletados em diferentes dias: 1º, 2º, 3º, 5º, 7º, 10º e 14º (meio não suplementado) e 1º, 2º,3º,5ºe 7º (suplementado), centrifugado e filtrado, utilizando-se o sobrenadante para determinação da capacidade antioxidante (TANIWAKI et al, 2006). Ensaio Antioxidante Determinação da capacidade antioxidante por difenil-picril-hidrazina (DPPH) A técnica consistiu na transferência de 900 μL da solução padrão de DPPH (Sigma®, 27µg/m) para um microtubo e 10 μL de cada amostra testada. Após a homogeneização, adicionou-se 90μL de metanol P.A., seguida de nova homogeneização. O branco utilizado foi metanol. A absorbância foi determinada em espectrofotômetro UV-Vis (517 nm, Nova 2102 UVPC). Todas as análises foram feitas em triplicata (Schmidt et al, 2014).

Resultado e discussão

Os dados obtidos neste ensaio mostram que todas as amostras do fungo PAC 123 não suplementadas (figura 1) e suplementadas (figura 2) apresentaram atividade antioxidante, entretanto os valores de inibição do radical DPPH das amostras não suplementadas foram maiores (80%) do que das suplementadas (59%). O caldo de fermentação não suplementado demonstra um comportamento mais estável em sua atividade antioxidante, iniciando-se no 1º dia de cultivo com uma inibição do radical DPPH acima de 60%, aumentando discretamente no 2º dia, alcançando valores de mais de 70% de inibição no 3º dia. No 5º dia ocorre um leve declínio da atividade, alcançando o máximo de inibição a partir do 7 º dia (80%), onde permanece estável até o 14º dia. Com relação ao caldo de fermentação suplementado, obtivemos o máximo de inibição do radical DPPH logo no 1º dia de cultivo (59%), entrando em declínio nos dias posteriores até chegar ao 5 º dia onde visualizamos sua menor atividade antioxidante (25%), voltando a ter uma discreto aumento no 7º dia de cultivo.

dpph pac 123 não suplementado

Atividade antioxidante pelo método de DPPH dos caldos de fermentação do fungo PAC 123 não suplementado cultivado em diferentes dias (1º, 2º, 3º, 5º,7º,10º e 14º).

dpph pac 123 suplementado

Atividade antioxidante pelo método de DPPH dos caldos de fermentação do fungo PAC 123 suplementado cultivado em diferentes dias (1º, 2º, 3º, 5º e 7º dias).

Conclusões

Os caldos de fermentação do fungo PAC 123 suplementado e não suplementado apresentaram promissora capacidade antioxidante in vitro. Esses resultados podem contribuir para indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica na pesquisa de novos agentes antioxidantes de origem natural que ajudem na proteção ou prevenção do organismo contra o dano oxidativo em macromoléculas como lipídeos, proteínas e ácidos nucléicos, causando patologias como o câncer.

Agradecimentos

Capes, cnpq, fadesp, ufpa

Referências

AMORATI, R.; FOTI, M.C.; VALGIMIGLI, L. Antioxidant Activity of Essential Oils. Agric. Food Chem.V.61, 10835−10847, 2013.
CHAPLA, VME; BIASETTO, CRE ;ARAUJO, AR. Fungos Endofíticos : Uma Fonte Inexplorada e Sustentável de Novos e Bioativos Produtos Naturais Revista Virtual de Química, v. 5, n. 3, p. 421–437, 2013.
MISHARINA, T.A.; TERENINA, M.B.; N. I KRIKUNOVA, N.I. Antioxidant Properties of Essential Oils. Applied Biochemistry and Microbiology, Vol. 45, No. 6, pp. 642–647, 2009.
MOHARRAM, HA; YOUSSEF,M.M. Methods for Determining the Antioxidant Activity: A Review Alex. J. Fd. Sci. & Technol. Vol. 11, No. 1, pp. 31-42, 2014.
SCHMIDT, EM; STOCK, D; CHADA, FJG; FINGER, D; SAWAYA, ACHF; EBERLIN, MN; FELSNER, ML; QUINÁIA,SP, MONTEIRO, MC; TORRES, YR. A Comparison between Characterization and Biological Properties of Brazilian Fresh and Aged Propolis. BioMed Research International, 2014.
SANTOS;T.T; VARAVALLO, M.A. Aplicação de microrganismos endofíticos na agricultura e na produção de substâncias de interesse econômico. Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 32, n. 2, p. 199-212, jul./dez. 2011.
TANIWAKI, M H; PITT JI, HOCKING AD, FLEET GH.Comparison of hyphal length, ergosterol, mycelium dry weight, and colony diameter for quantifying growth of fungi from foods. Advances in experimental medicine and biology, v. 571, p. 49–67, 2006.


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