COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADES ANTIOXIXDANTE E ANTICOLINESTERÁSICA DO EXTRATO CLOROFÓRMICO DA ALGA MARINHA Corallina subulata.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Guerra Vieira, L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Onofre de Morais, J. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Ribeiro Alves, D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Pessoa, C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Gois Ferreira, E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Moreira Rodrigues, A.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Bastos de Macedo Carneiro, P. (INSTITUTO DE CIÊNCIAS DO MAR) ; de Barros Alexandre, J. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Gomes dos Santos, V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Maia de Morais, S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE)

Resumo

O presente trabalho objetivou investigar a composição química e avaliar a atividade antioxidante e antiacetilcolinesterase do extrato clorofórmico da alga marinha Corallina subulata. As análises espectroscópicas revelaram o ácido palmítico como componente principal. O extrato demonstrou atividade antioxidante baixa, comparando-se com o padrão quercetina e bom potencial anticolinesterásico com CI50 de 4,87 de µg/mL, apontando assim a alga Corallina subulata como potencial fonte de compostos bioativos contra a doença de Alzheimer.

Palavras chaves

Corallina subulata; Ácido palmítico; Alzheimer

Introdução

A biodiversidade de organismos marinhos e o seu potencial farmacológico tem impulsionado cada vez mais pesquisas na busca de compostos contra doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Neste contexto, estão inseridas as algas marinhas que são alvo de muitos estudos por serem fontes promissoras dos mais variados metabólitos secundários. Pesquisas realizadas com espécies do gênero Corallina demonstraram a presença de compostos bioativos. A alga Corallina granifera apresenta em sua composição o ácido benzóico, que é conhecido por suas atividades anti- inflamatórias, antivirais, antitumorais, entre outras (KAMENARSKA et al., 2006). Outro estudo demonstrou a atividade citotóxica seletiva em células leucêmicas do ácido palmítico da alga vermelha Amphiroa zonata pertencente à família Corallinaceae (HARADA et al., 2002). A doença de Alzheimer (DA) é progressiva e seus sintomas têm sido associados ao estresse oxidativo, tendo como principal característica a deterioração cognitiva. Os inibidores da colinesterase (ChE) são uma das estratégias utilizadas para o tratamento sintomático de distúrbios neurológicos, como a DA. Os extratos metanólicos de algas marinhas coletadas no Golfo de Mannar, Tamilnadu, Índia foram avaliados quanto à atividade inibidora de ChE em condições in vitro e demonstraram ampla aplicação farmacêutica. Os resultados mostraram que 3/11 algas apresentaram 50% de inibição (SIVAKUMAR & PANDIAN- SHANMUGIAHTHEVAR, 2009). Sendo assim, o objetivo desse estudo foi avaliar as atividades biológicas como antioxidante e antiacetilcolinesterase do extrato clorofórmico deC. subulata , assim como identificar os seus compostos bioativos.

Material e métodos

O material vegetal foi coletado nas marés entre as praias de Itarema e Almofala, litoral oeste do Ceará. Uma parte do material coletado foi fixado em solução de água do mar e formol 4% (v/v) para identificação. O extrato clorofórmico foi obtido em aparelho de Soxhlet. A caracterização química foi obtida por espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de Hidrogênio (RMN 1H) e Carbono (RMN13 C) em espectrômetros Bruker, modelos Avance DRX-500 e DPX-300. A composição química do extrato também foi verificada por cromatografia de gás acoplada à espectrometria de massas (CG- EM) com instrumento Shimadzu QP- 2010 Ultra. A avaliação da atividade antioxidante foi realizada através do método de varredura do radical livre DPPH, adaptado de Lifang Wang. Utilizou-se uma placa de 96 poços, colocou-se uma solução metanólica 6,5 x 10-5M do radical livre DPPH. Em seguida os extratos brutos foram solubilizados também em metanol com concentrações de 125µg/ml, adicionados à solução de DPPH. Após o intervalo de 60 minutos, mediu-se então a absorbância num espectrofotômetro leitor Elisa BIOTEK, modelo ELX 800, software “Gen5 V2.04.11” no comprimento de onda de 490nm. Para comparação, usou-se a amostra padrão quercetina. A atividade inibitória da enzima acetilcolinesterase (AChE) foi aferida em placas de 96 poços de fundo chato utilizando leitor Elisa (405 nm, BIOTEK, ELX 800) software “Gen5 V2.04.11”, baseando- se na metodologia descrita por ELLMAN et al. (1961) modificada por (RHEE et al. 2001, TREVISAN et al. 2003). O padrão utilizado como controle positivo foi a fisostigmina. O teste foi realizado em triplicata. A análise dos dados foi feita pelo programa estatístico GraphPad Prism v5.01.

Resultado e discussão

Os dados espectrais obtidos a partir de RMN (figuras 1 e 2) e CG- EM (figura 3) foram utilizados para interpretar a estrutura da composição química do extrato clorofórmio de C. subulata. O composto foi identificado como ácido N- hexadecanóico (Ácido palmítico). Algumas espécies de algas marinhas são fontes de ácidos graxos com propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras. As algas verdes, como Ulva pertusa, são caracterizadas pela presença de ácido hexadecanoico, oleico e palmítico (MOREIRA e VASCONCELOS, 2014). Quanto às atividades biológicas, a tabela 1 apresenta os resultados obtidos para o Extrato Clorofórmico de Corallina subulata (ECCS), e para as substâncias utilizadas como padrão. No teste antioxidante, a CI50, concentração que inibe 50 % do radical livre DPPH, revelou baixa atividade. Um estudo realizado por Henry e colaboradores (2002) avaliou a atividade de ácidos graxos insaturados e saturados e revelou que os ácidos graxos saturados, como o ácido palmítico, demonstraram melhor atividade nos produtos de origem vegetal e ainda afirmaram que o potencial antioxidante está diretamente relacionado ao tamanho da cadeia de hidrocarbonetos. O extrato clorofórmico da alga Corallina subulata demonstrou potencial anticolinesterásico com CI50 de 4,87 de µg/mL (Tabela 1). O ácido palmítico extraído da alga vermelha Gloiopeltis furcata apresentou CI50 de 8.69 ±0.23 µg/mL considerada como uma ação moderada quando comparada com o padrão Galanthamine 0.02 µg/mL (FANG et al., 2010). Quando comparado com a fisostigmina (CI50 1,15 ± 0,04 µg/mL) neste estudo, apresenta uma boa atividade.

tabela 1

Atividades Biológicas testadas para o Extrato Clorofórmico de Corallina subulata (ECCS)

Figura 1

Espectros RMN 13C, RMN 1H e massas do extrato clorofórmico de C.subulata

Conclusões

O extrato clorofórmico de C. subulata mostrou-se rico em ácidos graxos, que possuem propriedades anti- inflamatórias e imunomoduladoras. A caracterização química identificou o ácido palmítico como componente majoritário do extrato bruto, que de acordo com a literatura apresenta atividade antioxidante e anticolinesterásica, corroborando com os resultados deste trabalho e apontando a alga Corallina subulata como fonte de compostos bioativos contra a doença de Alzheimer.

Agradecimentos

CAPES LABORATÓRIO DE QUÍMICA DE PRODUTOS NATURAIS-UECE

Referências

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HARADA, H., U. YAMASHITA, H. KURIHARA, F. FUKUSHI, J. KAWABATA AND Y. KAMEI, 2002. Antitumor activity of palmitic acid found as a selective cytotoxic substance in a marine red alga. Anticancer Res., 22: 2587-2590.

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KAMENARSKA, Z.; IVANOVA, A.; STANCHEVA, R; STOYNEVA, M.; STEFANOV, K.; DIMITROVA-KONAKLIEVA, S.; POPOV, S. Volatile compounds from some Black Sea red algae and their chemotaxonimic application. Botanica Marina, v.49, p.47-56, 2006.

MOREIRA, B. S, VASCONCELOS D. F. S. A. Produtos marinhos como fonte promissora de fármacos: um foco para ação cardiovascular. Rev. Ciênc. Méd. Biol., Salvador, v. 13, n. 3 – especial, p. 363-369, set./dez. 2014.

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SIVAKUMAR, S., PANDIAN-SHANMUGIAHTHEVAR, K., KASI, P.D. Cholinesterase inhibitors from Sargassum and Gracilaria gracilis: Seaweeds inhabiting South Indian coastal areas (Hare Island, Gulf of Mannar). Natural Product Research, 23, 355-69, 2009.

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