PERFIL CROMATOGRAFICO POR CCD E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO EXTRATO GLICÓLICO E METANÓLICO DA CASCA DO CAULE DO MULATEIRO Calycophyllum spruceanum (Rubiaceae).

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Fonteles, A.L. (UFAM) ; Caldas Rocha, W. (UFAM) ; Kazumy de Lima Yamaguchi, K. (UFAM)

Resumo

A espécie vegetal Calycophyllum spruceanum é muito utilizada pelas populações da América do Sul no combate a doenças dermatológicas, estomacais, diabetes, parasitoses, câncer, entre outras, despertando o interesse pela investigação química deste táxon. A meta é identificar substâncias com propriedade antioxidante. Foram preparados extrato glicólico e metonólico da casa do caule de C. spruceanum e estes foram aplicados por Cromatografia em Camada Delgada para determinar o perfil cromatográfico e em seguida as placas foram imersas em solução de DPPH para determinar o potencial antioxidante. O perfil cromatográfico demonstrou que o melhor sistema para eluição foi hexano/acetato (7:3). O extrato metanólico foi que apresentou maior quantidade de substâncias com atividade antioxidante.

Palavras chaves

Mulateiro; CCD/DPPH; Extratos vegetais

Introdução

Os produtos naturais têm um papel importante em todo o mundo, sejam na forma de alimentos, cosméticos, inseticidas, defensivos agrícolas e principalmente como medicamentos (PINTO, 2009). Calycophyllum spruceanum é uma espécie natural da região amazônica, conhecida no Brasil como mulateiro, pau-mulato, pau-mulato-de-várzea, escorrega-macaco e pau-marfim (RECORD & HESS, 1943; RIZZINI, 1971; GUITTON, 1991); e, no Peru, como capirona, capirona de bajo ou capirona negra (UGARTE-GUERRA & DOMÍNGUEZ-TORREJÓN, 2010). O mulateiro apresenta diversos metabólitos secundários (ZULETA, 2002). Além desses usos, os nativos utilizam o chá da casca em banhos de rejuvenescimento (REVILLA, 2000; COSTA et al, 2011). Os antioxidantes são substâncias que eliminam os radicais livres e previnem a pele quanto aos seus danos (CHANG, 2009; SCHALLREUTER et al, 2007). O método DPPH possibilita avaliar a capacidade de sequestro deste radical livre, o mecanismo ocorre quando uma determinada substância que possui propriedade antioxidante sequestra o radical DPPH, esse radical sofre redução formando 2.2-difenil-1-picri-hidrazina (DPPH-H), dessa forma acontece uma mudança na coloração, na qual a cor violeta tornou-se amarela pálida (ALVES et al, 2010). Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo determinar o perfil cromatográfico de extratos glicólico e metanólico e casca do caule de C. Spruceanum por cromatografia em camada delgada e detectar atividades antioxidantes, visando contribuir um pouco mais para o conhecimento químico desta espécie tão importante da região Amazônica.

Material e métodos

O estudo foi realizado no Laboratório de Química Orgânica do ISB/UFAM, Campus-Coari. A coleta da casca do caule foi realizada no mês de agosto de 2018 na avenida Solimões, na estrada do Itapeuá, localizada na Cidade de Coari-AM. Depois da coleta o material vegetal foi acondicionado em saco plástico e levado ao laboratório. A desidratação do material vegetal foi feita em estufa de ar circulante, a 50ºC em seguida procedeu-se a moagem do material, em moinho de facas do tipo Willy. O processo de extração foi realizado por meio de maceração. 50 g da amostra foi colocado em Erlenmeyer e preparado 100 mL de extrato glicólico, 70 mL de glicerina e 30 mL de álcool de cereis por 72h, logo após foi pesado mais 50g de casca e adicionado metanol (MetOH) por 24h. Posteriormente a solução de glicerina e álcool de cereais foi filtrada em algodão e a solução com metanol em papel filtro e os materiais vegetais foram descartados. Na realização de perfil cromatográfico, foi usado 10 mg do extrato glicólico e metanólico para solubilizar em 5 mL de metanol, com o auxílio de um capilar a solução foi aplicada em forma de banda na placa cromatográfica recortável do tipo fase normal e depois fase reversa. com hexano/acetato (7:3) para fase normal, para a fase reversa água/acetonitrila (8:2). Para visualizar a separação das substâncias foi utilizado o revelador físico com exposição da câmara UV (luz 365 nm), utilizou-se também revelador químico que são reagentes de detecção especial, nesse caso empregou-se o DPPH que é um revelador específico para substâncias antioxidantes. O surgimento de mancha amarela sob fundo de coloração púrpura nos Rfs dos extratos é indicativo de atividade antioxidante.

Resultado e discussão

Foi coletado 270 g da casca do caule de mulateiro. Uma alíquota de 50 g foi utilizada para a extração resultando em 2,4 g de extrato oque equivale a 4,8% de rendimento. No perfil cromatográfico do extrato metanólico do mulateiro em fase normal, eluida com uma mistura de hexano e acetato de etila 7:3 pode-se observar que duas bandas que tiveram mais afinidade pela fase móvel e outras que tiveram mais afinidade pela fase estacionária e ficaram praticamente retidas no ponto de aplicação. Quando o mesmo extrato foi analisado em fase reversa com uma mistura de água/acetonitrila (8:2) o mesmo comportamento foi observado tanto às sustâncias que ficaram retidas quanto as que eluiram apresentam atividade antioxidante. O extrato glicólico não eluiu em fase normal, já que teve grande afinidade pela fase estacionária utilizada neste trabalho, ainda assim quando revelado em DPPH, a banda na origem apresenta substâncias com atividade antioxidante. Não foi encontrado na literatura consultada nenhum trabalho realizado com mulateiro que apresentasse o perfil cromatográfico por CCD para que pudesse ser comparado.

Conclusões

Na determinação do potencial antioxidante pelo método qualitativo o extrato glicólico e metanólico da casca do caule demostrou uma interessante fonte de substâncias com potencial antioxidante. O perfil cromatográfico dos extratos revelou uma melhor separação de seus componentes no sistema de solventes hexano/acetato e água/acetonitrila. Baseado nos perfis obtidos é possível concluir que trabalhos com este servem como suplemento e geram informações úteis para estudos mais específicos, onde a planta em questão pode ser utilizada para a descoberta de novos produtos naturais.

Agradecimentos

Agradeço ao IBS/UFAM Campus Coari-AM, pela utilização dos materiais para a realização deste trabalho e a FAPEAM pela bolsa concedida.

Referências

ALVES, et al. Método para determinação de atividade antioxidante in vitro em substratos orgânicos. V. 33, n 10. 2010.
CHANG, T. S. An Updated Review of Tyrosinase Inhibitors. International Journal of Molecular Science, 2009.
COSTA, L. M.; SANTOS, V. A; OHANA, D. T.; LIMA, E. S.; PEREIRA, M. M., SOUZA, T. P. Technological development of aqueous extracts from Calycophyllum spruceanum (mulateiro) using factorial design. Revista Brasileira de Farmacognosia, 2011.
GUITTON, T.L. Madeiras da Amazônia: características e utilização. 1.ed., Rio Branco: CEAGAC, 1991.
PINTO, A. C. et al. Produtos naturais: atualidade, desafios e perspectivas. Química Nova, v. 25, supl. 2009.
RECORD, S.J.; HESS, R.W. Timbers of the New World. 1.ed. New Haven: Yale University Press, 1943.
REVILLA, J. Plantas da Amazônia: oportunidades econômicas e sustentáveis. SEBRAE/AM. 1. ed. Programa de Desenvolvimento Empresarial e Tecnológico, Manaus. 2000.
RIZZINI, C.T. Árvores e madeiras úteis no Brasil: manual de dendrologia brasileira. 1.ed. São Paulo: Blücher.1971.
SCHALLREUTER, K. U.; KOTHARI, S.; CHAVAN, B.; SPENCER, J. D. Regulation of melanogenesis – controversies and new concepts. Experimental Dermatology, v. 17, 2007.
UGARTE-GUERRA, L.J.; DOMÍNGUEZ-TORREJÓN, G. Índice de Sitio (IS) de Calycophyllum spruceanum Benth. en relación con la altura dominante del rodal en ensayos de plantación en la Cuenca del Aguaytía, Ucayali, Perú. Ecología Aplicada, v. 9, n. 2, 2010.

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