POTENCIAL ANTIOXIDANTE E ANTICOLINESTERÁSICO DA FRAÇÃO CLOROFÓRMIO DAS FOLHAS E DO CAULE DE Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Maria Neves, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Lima dos Santos, D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Carolina Silva e Silva, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Ribeiro Alves, D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; Lima Maciel, G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE) ; da Conceição Araújo Mesquita, M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA) ; Bezerra Souza, E. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA) ; Oliveira dos Santos Fontenelle, R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA) ; Silva dos Santos, H. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA) ; Maia de Morais, S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE)
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil químico e as atividades biológicas da fração clorofórmio das folhas e do caule de T. formosa. Para isso as amostras foram submetidas a quantificação do teor fenóis, bem como atividade antioxidante e acetil-anticolinesterase. A fração clorofórmio do caule (FCC) destacou-se por apresentar os maiores valores de fenóis totais, bem como uma melhor atividade antioxidante e anticolinesterásica, quando comparada com a fração clorofórmio das folhas (FCF). Através deste estudo, a espécie de T. formosa é considerada uma planta promissora para estudos subsequentes a fim de encontrar compostos com aplicabilidade farmacológica.
Palavras chaves
Antioxidante; Anticolinesterase; Rubiaceae
Introdução
Rubiaceae é a quarta maior família das eudicotiledôneas apresentando distribuição em muitas formações naturais como cerrado e caatinga. No Brasil, esta família é representada por 1.600 espécies distribuídas em aproximadamente 115 gêneros (DELPRETE; JARDIM, 2012; PESSOA, 2009) O gênero Tocoyena compreende cerca de 30 espécies arbóreas amplamente distribuídas nas regiões neotropicais (HAMERSKI et al., 2005). No Brasil são descritas algumas espécies, dentre estas, a espécie T. formosa conhecida popularmente pelos nomes jenipapo-do-campo e jenipapo-bravo. Esta espécie possui ampla distribuição geográfica ocorrendo nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul até o estado do Paraná. (BONAMIGO; SCALON; PEREIRA, 2016; VALLI; YOUNG; BOLZANI, 2016; COELHO, AGRA, BARBOSA, 2006). A doença de Alzheimer (DA) é uma patologia que, atualmente, representa a forma mais comum de demência em idosos devastando progressivamente a memória e as habilidades cognitivas. Pacientes com DA apresentam altas concentrações de acetilcolinesterase (AChE) enzima responsável por hidrolisar o neurotransmissor acetilcolina (ACh) para que haja a conclusão dos impulsos nervosos. Muitas pesquisas científicas com plantas medicinais com potencial antioxidante, antiacetilcolinesterase e ricas em compostos fenólicos vêm sendo realizadas para a obtenção de compostos mais eficazes, com menos efeitos colaterais e com propriedades medicamentosas (PENIDO et al.;2017; FALCO et al.; 2016). Com base nessas informações e considerando que T.formosa, é uma espécie de planta comumente encontrada em áreas do nordeste brasileiro. O objetivo do trabalho foi avaliar a quantificação de fenóis e flavonoides, o efeito antioxidante e anticolinesterásico das frações clorofórmio das folhas e do caule de T. formosa.
Material e métodos
O material vegetal (folhas e caule) foi coletado na Fazenda Experimental da Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA - Sobral, Ceará. As folhas e o caule de T. formosa foram extraídos com etanol, à temperatura ambiente, fornecendo o extrato bruto etanólico após remoção do solvente sob vácuo em evaporador rotativo. O extrato etanólico foi solubilizado em clorofórmio e submetido à partição com metanol e água, o que resultou na fração clorofórmio e na polar. A fração clorofórmio das folhas e do caule foram submetidas a quantificação do teor de fenóis totais através do método espectrofotométrico de Folin- Ciocateau utilizando o ácido gálico como padrão de referência (SOUSA et al.; 2007). Para atividade antioxidante das frações foi utilizado o método DPPH (2,2- difenil-1-picril-hidrazilo) segundo a metodologia de Blois, 1958. O ensaio para verificação da inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE) foi utilizado um ensaio de microplacas de 96 poços modificados com base no método de Ellman (1961) e modificado por Rhee (2001), um método sensível que é baseado na medição da produção de tiocolina, onde a acetiltiocolina é hidrolisada.
Resultado e discussão
Os resultados das quantificações de teor de fenois totais, bem como as
atividades antioxidante e a anti-acetilcolinesterásica estão demonstrados na
Tabela 1.
Os resultados das quantificações de teor de fenois totais, bem como as
atividades antioxidante e a anti-acetilcolinesterásica estão demonstrados na
Tabela 1.
TABELA 1. Teor de fenóis e flavonoides totais, atividade antioxidante (EC50) e
inibição da atividade da enzima acetilcolinesterase (IC50) de T. formosa
TABELA 1. Teor de fenóis e flavonoides totais, atividade antioxidante (EC50) e inibição da atividade da enzima acetilcolinesterase (IC50) de T.formosa
Conclusões
As FCF e FCC de T. formosa possuem ação antioxidante e anticolinesterase, sendo a FCC a mais ativa. Esta atividade poderá está relacionada aos seus compostos fenólicos. Portanto, o isolamento de compostos químicos provenientes das frações desta espécie, bioguiado pelas ações antioxidante e anticolinesterásica poderão ser potenciais inibidores para o tratamento da Doença do Alzheimer.
Agradecimentos
FUNCAP - Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico LQPN- Laboratório de Química de Produtos Naturais
Referências
BONAMIGO, T.; SCALON, S.P.Q.; PEREIRA, Z.V. Substratos e níveis de luminosidade no crescimento inicial de mudas de Tocoyena formosa (cham. & schltdl.) k. schum. (rubiaceae). Ciência Florestal, v. 26, n. 2, p. 501-511, 2016.
BLOIS, M.S. Antioxidant determinations by the use of a stable free radical. Nature, v. 181, p. 1199-1200, 1958.
CESÁRIO, F.R.A.S.; ALBUQUERQUE, T.R.; SILVA, A.F.; LACERDA, G.M.; RODRIGUES, L.B.; MARTINS, A.O.B.P.B; QUINTAS-JUNIOR, L.J.; ALMEIDA, J.R.G.S.; VALE, M.L.V.; COUTINHO, H.D.M.; MENEZES, I.R.A. Evaluation of the antioxidant and gastroprotective activity and HPLC analysis of the hydroalcoholic extract of Tocoyena formosa leaves (Cham. & Schlecht) K. Schum. Food and Chemical Toxicology, v.112, p. 355-362, 2018.
COELHO, V. P. M.; AGRA, M. F.; BARBOSA, M. R. V. Estudo farmacobotânico das folhas de Tocoyena Formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. (Rubiaceae). Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 16, p. 170-177, 2006.
CRUZ-SILVA, S.C.B.; MATIAS, R.; BONO, J.A.M.; SANTOS, K.S.; LUDWIG, J. Antifungal potential of extracts and fractions of Randia nitida leaves on soybean pathogens and their phytochemistry. Caatinga, v. 29, n. 3, p. 594 – 602, 2016.
DASH, U.C.; SAHOO, A.K. In vitro antioxidant assessment and a rapid HPTLC bioautographic method for the detection of anticholinesterase inhibitory activity of Geophila repens. Journal of integrative medicine, v. 15, n. 3, p. 231-241, 2017.
DELPRETE, P. G.; JARDIM, J. G. Systematics, taxonomy and floristics of Brazilian Rubiaceae: an overview about the current status and future challenges. Rodriguésia, v. 63, n.1, p. 101-128, 2012.
FALCO, A.D.; CUKIERMAN, D.S.; HAUSER-DAVIS, R.A.; REY, N.A. Doença de Alzheimer: hipóteses etiológicas e perspectivas de tratamento. Quim. Nova, v. 39, n. 1, p. 63-80, 2016.
HAMERSKI, L.; CARBONEZI, C.A.; CAVALHEIRO, A.J.; BOLZANI, V.S.; YOUNG,
M.C.M. Saponinas triterpênicas de Tocoyena brasiliensis MART. (RUBIACEAE). Química Nova, v. 28, n. 4, p. 601-604, 2005.
PENIDO, A.B., DE MORAIS, S.M., RIBEIRO, A.B., ALVES, D.R., RODRIGUES, A.L.M., DOS SANTOS, L.H.; DE MENEZES, J.E.S.A. Medicinal plants from northeastern Brazil against Alzheimer’s disease. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, 2017.
PESSOA, M.C.R. Diversidade e riqueza da família rubiaceae Juss. no cariri paraibano. 2009.107f. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal). Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.
RHEE, I.K.; MEENT, V.D.; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of chromatography A, v. 915, n. 1-2, p. 217-223, 2001.
SOUSA, C.M.M.; SILVA, H.R.; VIEIRA-JUNIOR, G.M.; AYRES, M.C.C.; COSTA, C.L.S.; ARAÚJO, D.S.; CAVALCANTE, L.C.D.; BARROS, E.D.S.; ARAÚJO, P.B.M.; BRANDÃO, M.S.; CHAVES, M.H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química nova, v. 30, n. 2, p. 351-355, 2007.
VALLI, M.; YOUNG, M. C. M.; BOLZANI, V. S. A Beleza Invisível da Biodiversidade: O Táxon Rubiaceae. Revista Virtual de Química, v. 8, n. 1, p. 296-310, 2016.