COMPOSIÇÃO QUÍMICA VOLÁTIL DE PRÓPOLIS VERDE E CASTANHO DA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO CEARÁ UTILIZANDO HS-SPME-GCMS.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Rodrigues Gonçalves, B.M. (UVA) ; Freire Pinto, B.J. (UVA) ; Moreira Frota, V. (UVA) ; Ferreira do Nascimento, M. (UVA) ; Bezerra Fernandes, J.A. (IFCE) ; Julião Zocolo, G. (EMBRAPA) ; Silva dos Santos, H. (UVA) ; Nogueira Bandeira, P. (UVA) ; Soares Rodrigues, T.H. (UVA)

Resumo

Neste trabalho, realizou-se a identificação da composição química volátil de própolis verde e castanho da região norte do estado do Ceará por cromatografia gasosa. Cerca de quarenta e cinco componentes foram identificados em ambas às amostras de própolis, cuja composição química é predominantemente sesquiterpênica. Para a própolis castanho, identificaram se o β-cariofileno e δ-cadineno como componentes majoritários, correpondendo a 42,94% da composição volátil. Para a própolis verde, os componentes majoritários identificados foram o nonadecano, 7-epi-α Selineno e β-cariofileno, totalizando 44,62% dos voláteis.

Palavras chaves

própolis; terpenos; cromatografia gasosa

Introdução

Própolis é um material resinoso extraído pelas abelhas de brotos florais e outras partes de varias plantas, constituída de resinas vegetais, cera de abelha, pólen e óleos essenciais, para proteção da colmeia evitando o crescimento de microrganismos e o ataque de agentes invasores(SALGUEIROeCASTRO,2016). Sua utilização na medicina popular é dada as suas propriedades antibacteriana, fungicida, antiinflamatória, antioxidante, dentre outras, muito em parte devido à presença de polifenóis(ácidos fenólicos e flavonóides). Por outro lado,é possível encontrar em sua composição outras classes de compostos apolares(voláteis e não-voláteis)como terpenos e derivados,ácidos graxos,esteroides,triterpenóides dentre outras(PELLATI et al.,2013; BANKOVA et al.,2014).Em geral, os compostos voláteis presentes na própolis são responsáveis pelo aroma dessa matriz e podem sinalizar sobre sua atividade antimicrobiana. As classes de compostos presentes na fração volátil de exsudatos vegetais utilizados na sua obtenção, contribuem para a identificação da origem botânica da própolis. Além da origem botânica, as condições edafoclimáticas locais não obstante a espécie da abelha que a produziu influenciam demasiadamente na composição química da própolis como um todo, incluindo sua composição volátil(BANKOVA et al.,2014).No Brasil, assim como no Ceará, é possível a ocorrência de vários tipos de própolis atribuída a sua variada biodiversidade, o que resulta em produtos com características específicas(SALGUEIROeCASTRO,2016). Nesse contexto, este trabalho tem por objetivo a identificação da composição volátil de própolis castanho e verde da região norte do estado do Ceará pela utilização da técnica de microextração em fase sólida(HS-SPME)acoplado à cromatografia gasosa e espectrometria de massas(GC-MS).

Material e métodos

As própolis utilizadas neste estudo foram coletadas em apiáros distintos, sendo a própolis castanho obtida do apiário do sítio Belém, em Alcântaras- CE; e a própolis verde do apiário da Fazenda São Vicente, em Caioca-CE. Para a análise da composição volátil, cerca de 2 g de própolis foram adicionadas em vials de 20 mL e submetidas à temperatura de 75 °C/30 min, seguida da extração dos voláteis por 20 min utilizando fibra de PDMS de 100 um de filme. Em seguida, os componentes da fibra foram dessorvidos a 230 °C em sistema GC-MS (GC-7890B /MSD-5977A, Agilent) de acordo com a seguinte programação do forno: temperatura inicial de 40 °C com rampa de aquecimento de 3 °C/min até 280 °C, a qual foi mantida por 5 min. O espectrômetro de massas tipo quadrupolo, foi ajustado no modo EI (70 eV) com aquisição na faixa 40 – 660 m/z, temperatura do analisador de massas à 150 °C e fonte de íons à 230 °C. A identificação dos compostos foi conduzida pelo cálculo do índice aritmético (IR) do perfil cromatográfico de série homóloga de alcanos lineares (ADAMS, 2007), padrões de fragmentação nos espectros de massas com os presentes na base de dados do equipamento (NIST versão 2.0) e de dados da literatura.

Resultado e discussão

Os resultados da composição química volátil das própolis castanho e verde estão descritos nas Tabelas 1 e 2 respectivamente. A análise dos padrões de fragmentação associado à comparação dos índices aritméticos obtidos experimentalmente com os disponíveis na literatura permitiram a identificação de quarenta e cinco compostos voláteis, dentre eles o β-Cariofileno (33,17%) e δ-Cadineno (9,77%) foram os majoritários para a própolis castanho e nonadecaeno (16,84%), 7-epi-α- selineno (14,35%) e β-Cariofileno (13,43%) para a própolis verde. Na amostra de própolis castanho, embora tenha sido identificado um composto monoterpênico (α- pineno), os hidrocarbonetos sesquiterpênicos foram os constituintes de maior ocorrência, sendo o mesmo observado para a própolis verde. Essa característica na composição química é relatada na literatura para a própolis brasileira, cuja composição volátil é predominantemente constituída de sesquiterpênicos (BANKOVA et al., 2014), embora em algumas amostras do nordeste brasileiro tenham sido identificados alguns monoterpenos (TORRES et al., 2008). O conhecimento da composição volátil da própolis é visto por muitos autores como uma indicação das propriedades antimicrobianas dessa matriz. Os óleos essenciais obtidos de diferentes amostras de própolis resultaram em resultados promissores contra bactérias gram- positivas e negativas além de fungos patogênicos (BANKOVA et al.,2014).

Tabela 1

Composição química volátil da própolis castanha da região norte do estado do Ceará.

Tabela 2

Composição química volátil da própolis verde da região norte do estado do Ceará.

Conclusões

Através da aplicação da técnica HS-SPME-GCMS foi possível a identificação de cerca de 45 compostos voláteis nas amostras de própolis castanho e verde da região norte do estado do Ceará. As diferentes amostras de própolis apresentaram composição química volátil distinta, embora os sesquiterpênicos sejam a classe predominantemente em ambas as matrizes. Com base nos resultados, estudos posteriores da fração volátil dessa matriz serão investigados para avaliação do seu potencial antimicrobiano.

Agradecimentos

CNPq, FUNCAP e Embrapa Agroindústria Tropical (Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais - LMQPN).

Referências

ADAMS, R.P. Identification of Essential Oil Components by Gas chromatography/Mass Spectrometry. Allured Publishing Corporation, Carol Stream, IL.4a edição. 2007.
PELLATI F.; PRENCIPE F. P.; BENVENUTI S. Headspace solid-phase microextraction-gas chromatography-mass spectrometry characterization of propolis volatile compounds. J. Pharm. Biomed. Anal. DOI:10.1016/j.jpba.2013.05.045, 2013.
SALGUEIRO, F. B.; CASTRO, R. N. Comparação entre a composição química e capacidade antioxidante de diferentes extratos de própolis verde. Quim. Nova. v. 39, n. 10, p. 1192 – 1199, 2016.
TORRES, R. Composição Volátil de Própolis Piauiense.(2008)
BANKOVA, V. Propolis Volatile Composites.

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