COMPOSIÇÃO FENÓLICA E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS DE PRÓPOLIS CASTANHO PRODUZIDO POR ABELHAS APIS MELÍFERA DA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO CEARÁ

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Frota, V.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Aguiar, D.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Nascimento, M.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Gomes, G.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Vale, J.P.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Bandeira, P.N. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Santos, H.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Rodrigues, T.H.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ)

Resumo

A própolis é uma mistura complexa de substâncias, sendo sua composição química variável de acordo com as características edafoclimáticas da região onde é produzida. O objetivo deste trabalho foi realizar pela primeira vez a quantificação do teor de fenóis totais e avaliar o potencial antioxidante de extratos de própolis castanho produzido por abelhas Apis melífera da região norte do estado do Ceará obtidos com etanol, etanol/água (7:3) e H2O. Os diferentes solventes utilizados influenciaram significativamente nos rendimentos dos extratos e apresentaram diferentes teores de polifenóis. Por outro lado, não houve diferença expressiva na atividade antioxidante dos diferentes extratos obtidos.

Palavras chaves

Própolis Castanho; Ácidos Fenólicos; Maceração a frio

Introdução

Própolis é um material resinoso, produzido pelas abelhas a partir de fluidos extraídos de ramos, flores e pólen de diversas plantas[1]. Os inúmeros estudos científicos em própolis existentes podem ser justificados pelo seu alto valor agregado, um frasco do extrato hidroalcoólico é vendido nas farmácias por cerca de 5 a 10 reias e por suas diversas propriedades farmacológicas, tais como: atividades antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana e anticâncer[2]. As propriedades farmacologicas atribuidas a propolis estão diretamete relacionadas com sua composição química que por sua vez depende da flora da região, epóca de colheita e espéie de abelha. Devido a propólis ter uma composição química extremamente variada, com mais de 300 compostos identificados em várias amostras de diversas regiões e, por ser largamente utilizada na medicina popular e em cosméticos[3], o conhecimento da composição química de amostras de propólis é extremamente importante no sentido de comprovar a eficácia e promover o uso seguro deste recurso natural. Para se utilizar à própolis, inicialmente esta deve passar por um processo de remoção do material ceroso com o objetivo de preservar a fração polifenólica, a qual provavelmente pode ser considerada como a fonte dos compostos bioativos[4]. Em vista disso, o objetivo deste trabalho foi realizar pela primeira vez a quantificação do teor de fenóis totais e avaliar o potencial antioxidante de uma amostra de própolis castanho produzido por abelhas Apis melífera da região norte do estado do Ceará.

Material e métodos

A própolis castanho de Apis mellifera foi coletada do apiário do sítio Belém, em Alcântaras-CE, no período de estação chuvosa da região. O material, após o beneficiamento, foi triturado, estocado sob refrigeração e submetido a temperatura ambiente utilizando como solventes etanol, etanol/água (7:3) e água. O teor de fenóis totais foi determinado pelo método colorimétrico de Folin-Ciocalteu[6] e a atividade antioxidante pelo método de sequestro de radicais com DPPH (1,1-difenil-2-picrilidrazilo)[7].

Resultado e discussão

De acordo com os resultados, o extrato etanólico apresentou o maior rendimento, 40,65 ± 0,21%, seguido pelo extrato hidroalcoólico com 19,73 ± 0,56% de rendimento, enquanto o extrato aquoso apresentou o menor rendimento 7,07 ± 0,65%. Esses resultados corroboram com os dados da literatura, em que extratos de própolis com maiores rendimentos foram obtidos utilizando álcoois como solventes[4]. Em relação à composição fenólica, o extrato obtido com etanol/H2O 7:3 apresentou um teor de polifenóis de 51,78 ± 1,61, seguido do extrato etanólico com teor de 41,33 ± 1,68 e do extrato aquoso com teor de 28,51 ± 0,40 mgpolifenóis/gextrato. Desta forma, o extrato hidroalcoólico de própolis apresentou a maior concentração de compostos fenólicos, sendo este solvente o mais promissor para extrair compostos fenólicos, o que está de acordo com a literatura[4,5]. Com relação a atividade antioxidante, os extratos de própolis apresentaram 21% de ação antiradical contra radicais de 1,1-difenil-2-picrilidrazilo (DPPH) na concentração de 250 ppm. Os resultados demostraram uma a falta de correlação entre teor de polifenóis e capacidade antioxidante dos extratos de própolis obtidos em diferentes solventes, o que de acordo com a literatura pode ser justificado pela presença nos extratos de outros compostos como ceras e substâncias não polares[4].

Conclusões

Com base neste estudo, percebe-se que a composição do solvente influencia expressivamente nos rendimentos de extrato da própolis. Além disso, mesmo com baixa atividade antioxidante para os extratos, os resultados para composição de fenólicos totais determinaram que estes compostos, possuem atividade antioxidante, onde estão presentes na própolis castanho da região norte do estado de Ceará, mostrando assim que o estudo pode auxiliar apicultores da região na agregação de valor sobre produto estudado, gerando aumento no número de empregos e melhoria na qualidade de vida da população cearense.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq, à FUNCAP pelo apoio financeiro, ao IFCE (Campus Sobral) e a Embrapa Agroindústria Tropical pelo suporte técnico no desenvolvimento deste trabalho.

Referências

1. SFORCIN J. M. Biological Properties and Therapeutic Applications of Propolis. Phytother Res. v. 30, p. 894 – 905, 2016. DOI: 10.1002/ptr.5605.
2. MOHDALY A. A. A., MAHMOUD A. A., ROBY M. H. H., SMETANSKA I., AMADAN M. F. (2015) Phenolic extract from propolis and bee pollen: composition, antioxidant and antibacterial activities. J Food Biochem 39:538–547.
3. ANDRADE, J. K. S., DENADAI, M., OLIVEIRA, C. S. DE, NUNES, M. L., NARAIN, N., 2017. Evaluation of bioactive compounds potential and antioxidant activity of brown, green and red propolis from Brazilian northeast region. Food Research International, 101,129–138.
4. SUN, C., WU, Z., WANG, Z., ZHANG, H. (2015). Effect of ethanol/water solvents on phenolic profiles and antioxidant properties of Beijing propolis extracts. Evidence-based Complementary and Alternative Medicine, 2015, 9.
5. SOUSA A. D; MAIA A. I. V.; RODRIGUES T. H. S.; CANUTO K. M.; RIBEIRO P. R.; PEREIRA R. C. A.; VIEIRA R. F; BRITO E. S. Ultrasound-assisted and pressurized liquid extraction of phenolic compounds from Phyllanthus amarus and its composition evaluation by UPLC-QTOF. Industrial Crops and Products. v. 79, p. 91–103, 2016.
6. VASCONCELOS, M.A.; ARRUDA, F.V.S.; ALENCAR, D.B.; SAKER-SAMPAIO, S.; ALBUQUERQUE, M.R.F.R.; SANTOS, H.S.; BANDEIRA, P.N.; PESSOA, O.D.L.; CAVADA, B.S.; HENRIQUES, M.; PEREIRA, M.O.; TEIXEIRA, E.H. Antibacterial and Antioxidant Activities of Derriobtusone A Isolated from Lonchocarpus obtusus. BioMed Research International. p. 1–9, 2014.
7. SALGUEIRO F. B.; CASTRO R. N. Comparação entre a composição química e capacidade antioxidante de diferentes extratos de própolis verde. Química Nova. v. 39, n. 10, p. 1192 – 1199, 2016.

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