Avaliação da atividade antimicrobiana do extrato fracionado da casca do caule da espécie vegetal Luehea candicans (Açoita Cavalo)

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Pinheiro, A.A. (UFMA) ; Pereira Filho, J.L. (UFMA) ; Nascimento, J.R. (UFMA) ; Vieira, F.C. (UFMA) ; Vasconcelos, L.N. (UFMA) ; Rodrigues, C.D.P. (UFMA) ; Rocha, C.Q. (UFMA) ; Camara, M.B.P. (IFMA) ; Cantanhede Filho, A.J. (IFMA) ; Carneiro, F.J.C. (IFMA)

Resumo

Conhecida popularmente como açoita cavalo ou mutamba preta, a Luehea candicans apresenta comprovadas atividades antiproliferativa, antibacteriana e antifúngica (SILVA, 2004). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana do extrato fracionado da casca do caule de Luehea candicans por meio das técnicas de difusão em ágar por poço e microdiluição. Diante dos resultados obtidos, verificou-se efetividade antimicrobiana satisfatória da fração do extrato quando exposta aos microrganismos, constatando-se então a presença de metabólitos com potencial antimicrobiano em sua composição.

Palavras chaves

Luehea candicans; Atividade Antimicrobiana; Fração

Introdução

Os resultados negativos recorrentes do uso da medicina tradicional intensificaram a busca pela medicação a base de plantas, principalmente devido ao aumento de microrganismos resistentes em função do uso inadequado de antimicrobianos (PALMEIRA et al, 2010). A espécie Luehea candicans, popularmente conhecida como mutamba preta ou açoita cavalo, pertence à família Malvaceae, que compreende cerca de 70 gêneros e 757 espécies, distribuídas em todo território brasileiro (BOVINI et al, 2014). É uma espécie nativa que ocorre principalmente nas regiões sudeste e centro-oeste do país (ESTEVES, 2015). Seu uso terapêutico relaciona-se à atividade antiproliferativa, antibacteriana e antifúngica (SILVA, 2004). A ágil obtenção de medicamentos de baixo custo e acessível à população é a característica fundamental da pesquisa de princípios ativos com propriedades terapêuticas em plantas medicinais, sendo que esses medicamentos devem ser utilizados no atendimento das necessidades básicas de saúde (FURLAM, 1998 apud MENDES et al, 2011). Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana do extrato fracionado da casca do caule da espécie vegetal Luehea candicans através das técnicas de difusão em ágar por poço e microdiluição.

Material e métodos

O material botânico foi coletado no povoado Contrato- Morros/MA e sua identificação taxonômica está sob o número 4586, no herbário Rosa Mochel da UEMA. A fração acetato de etila foi obtida a partir do extrato bruto hidroetanólico de Luehea candicans por partição líquido-líquido. Para avaliação da atividade antimicrobiana, fez-se, primeiramente, a padronização dos inóculos bacterianos e fúngicos, e realizaram-se testes com cepas de E. coli (ATCC 25922), P. aeruginosa (ATCC 27853), K. pneumoniae (ATCC 700603), S. aureus (ATCC 29923), S. typhi (ATCC 14028), S. flexneri (ATCC 700930), C. albicans (ATCC 14053), dentre outras. Na técnica de difusão em ágar, utilizaram-se placas de TSA (Teste de Sensibilidade Antimicrobiana), contendo 50 mL de ágar Mueller Hinton (para bactérias) e ágar Sabouraud (para fungos), e para formação dos poços, utilizaram-se canudos estéreis de 5 mm de diâmetro. Utilizou-se como controle positivo o cloranfenicol à 30 μg/mL (50 μL) para bactérias e o fluconazol à 64 μg/mL (50 μL) para fungos. O controle negativo usado para ambos foi o álcool 70% (50 µL). As placas de TSA foram incubadas por 24h em estufa para as bactérias e em 48h para os fungos, a 37 °C. Realizou-se a Concentração Inibitória Mínima (CIM) em ensaio de microdiluição em caldo BHI (Brain Heart Infusion). Utilizou-se como controle positivo o fluconazol 50 μL para Candida, cloranfenicol 50 μL para as cepas bacterianas, e para controle negativo de ambas, o álcool 70% estéril. Incubou-se as microplacas em estufa a 37 °C, por 24h para as bactérias e 48h para os fungos. Avaliou-se a Concentração Bactericida Mínima (CBM)/Concentração Fungicida Mínima (CFM) através da obtenção da CIM.

Resultado e discussão

A fração do extrato de Luehea candicans (9,77mg/mL), por meio do método de difusão em ágar, apresentou atividade perante às cepas P. aeruginosa, K. pneumoniae, C. albicans, C. parapsilosis e C. krusei, com halo de inibição ao redor dos poços (Tabela 1). Os valores da CIM da fração do extrato constatam o potencial antibacteriano da espécie (Tabela 2). Através do método de microdiluição, observou-se a atividade inibitória do extrato em concentrações menores, diferentemente do método de difusão em ágar. De modo geral, a variação da CIM foi entre 0,30 e 4,88 mg/mL. Para as bactérias gram-positivas foram iguais a 2,44mg/mL; para as gram-negativas, entre 0,61 e 4,88 mg/mL. A CIM variou de 0,30 a 0,61 mg/mL para as leveduras. Estas variações podem estar relacionadas a diversos fatores, como: a técnica aplicada, a cepa utilizada, a origem da planta, a época da coleta, preparação do extrato e o solvente usado (OSTROSKY et al, 2008). A atividade antimicrobiana da espécie Luehea candicans é atribuída principalmente aos flavonóides (SILVA, 2004). O presente estudo demonstrou atividade associada sobretudo as procianidinas.

Tabela 1- Média dos halos de inibição (mm)

T1: Fração; CP: Controle Positivo; CN: Controle Negativo.

Tabela 2- CIM e CBM/CFM da fração do extrato

T1: Fração; CN: Controle Negativo; CIM: Concentração Inibitória Mínima; CBM/CFM: Concentração Bactericida/Fungicida Mínima.

Conclusões

O extrato fracionado da casca do caule de Luehea candicans apresentou atividade antimicrobiana significativa frente as cepas testadas. Os resultados obtidos demonstram-se passíveis de estudo para o desenvolvimento de novas drogas com potencial antimicrobiano. Contudo, é necessário avaliar a toxicidade dos compostos a fim de assegurar um efeito terapêutico satisfatório e baixa incidência de efeitos colaterais para futuro uso como fitoterápico.

Agradecimentos

Universidade Federal do Maranhão, Programa de Pós-Graduação em Química do IFMA- Campus Monte Castelo, FAPEMA, LEAF e Faculdade Estácio de São Luís.

Referências

BOVINI, M.G.; ESTEVES, G.; DUARTE, M.C.; TAKEUCHI, C.; KUNTZ, J. Malvaceae in lista de espécies da flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB156>. Acesso em: 6 de agosto de 2018.

ESTEVES, G. Luehea in lista de espécies da flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2015. Disponível em :<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB9095>. Acesso em: 6 de agosto de 2018.

MENDES, L.P.M.; MACIEL, K.M.; VIEIRA, A.B.R.; MENDONÇA, L.C.V.; SILVA, R.M.F.; ROLIM NETO, P.J.; BARBOSA, W.L.R.; VIEIRA, J.M.S. Atividade antimicrobiana de extratos etanólicos de Peperômia pellucida e Portulaca pilosa. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, 32, 121-125, 2011.

OSTROSKY, Elissa A. et al. Métodos para avaliação da atividade antimicrobiana e determinação da Concentração Mínima Inibitória (CMI) de plantas medicinais, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2008000200026>. Acesso em: 6 de agosto de 2018.

PALMEIRA, J.D.; ALMEIDA, J.M.; FERREIRA, S.B.; SOUZA, J.H.; CATÃO, R.M.R.; ANTUNES, R.M.P.; FIGUEIREDO, M.C.; PEQUENO, A.S.; ARRUDA, T.A. Avaliação da atividade antimicrobiana in vitro e determinação da concentração inibitória mínima (CIM) de extratos hidroalcóolico de angico sobre cepas de staphylococcus aureus. Revista Brasileira de Análises Clínicas, 42, 33-37, 2010.

PEREIRA, G.C.M.; ARAÚJO, L.C.B.; LIMA, T.C.P. Avaliação da atividade antimicrobiana “in vitro” dos extratos de Luehea candicans. 2017. [Monografia]. Faculdade Estácio de São Luís- São Luís/MA.

SILVA, D.A. Estudo químico e avaliação de atividade antifúngica e antiproliferativa da espécie Luehea candicans Mart et Zucc. (Tiliaceae). 2004. [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual de Maringá – UEM. Maringá/PR.

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